O Relatório Trimestral de Inflação provavelmente vai fornecer as bases para um novo corte da Selic em outubro, avalia o analista de mercado e de economia internacional da Cruzeiro do Sul Corretora, Jason Vieira. Com base em declarações de membros do Banco Central, o analista estima novo corte de 0,50 ponto porcentual em outubro, seguido de outro na mesma magnitude em novembro, levando a taxa Selic para 11,00% ao fim do ano. Ele alerta, porém, que não é possível descartar um corte mais profundo do juro pelo Copom. Um corte mais profundo, prossegue Vieira, estaria mais para 1 ponto porcentual do que para 0,75 pp. O que o analista mais espera ver no Relatório que será divulgado amanhã é o detalhamento do cenário prospectivo do Banco Central para "tentarmos entender quais são os parâmetros que estão sendo utilizados para levar essa queda de juros". Ou, acrescenta ele, se o País vai passar por um processo de 'turquização' dos juros. "Isso significa que, de modo a manter o aquecimento econômico, vamos passar por um processo semelhante ao que aconteceu na Turquia de corte de juros até que se chegue a um certo nível que o BC deve definir. Isso é um ponto importante que esperamos deste relatório", afirmou em entrevista ao AE Broadcast Ao Vivo. Aparentemente, cita Vieira, não há tantos parâmetros técnicos para projetar a taxa Selic. Ele reforça que seu cenário central é de Selic em 11,00% ao fim do ano, mas enfatiza que "tudo é possível" até lá. O cenário alternativo, acrescenta o analista, embute Selic encerrando 2011 em 10,25% ou 10,00%. Para 2012, há uma gama de eventos que garantem pressão inflacionária, afirma Vieira, como pressões por reposição salarial, commodity, inflação inercial e demanda agregada com certo aquecimento no País. Mas, se a condução do juro brasileiro estiver espelhando o processo realizado na Turquia, o analista diz que fica "um tanto difícil imaginar o que o BC pode fazer com a taxa daqui até o final do ano. Ficou um cenário um pouco nebuloso para as projeções. Antes, quando se trabalhava com parâmetros técnicos, com projeções de inflação e de atividade econômica, se conseguia projetar cenário muito mais crível de taxa de juro do que se consegue agora", acrescentou. Vieira trabalha com projeção para o IPCA de 6,8% neste ano, contemplando apreciação do dólar na faixa atual. Para 2012, a estimativa inicial é de IPCA entre 5,5% e 6,0%. O analista observa que há reversão de preços de algumas commodities, mas o mesmo não deve ocorrer com as commodities agrícolas, que estão seguindo mais o processo de oferta e demanda, com quebra de safra, e podem pressionar a inflação doméstica. Em um cenário de dólar apreciado, e sem redução dos preços das commodities agrícolas, o analista considera que o corte do juro básico deixa o País mais vulnerável à elevação da inflação.
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