RIO - A norueguesa Statoil escolheu o Brasil para estrear na geração de energia solar, o que fará em parceria com a também norueguesa Scatec Solar. Com objetivo de olhar oportunidades de geração de energia solar em grande escala no País, o acordo foi anunciado ontem e começa com um projeto de US$ 215 milhões no Ceará, de 162 megawatts (MW), energia suficiente para abastecer 160 mil residências.
Como outras petroleiras, a Statoil vem diversificando a geração de energia com fontes mais limpas e já possui empreendimentos de energia eólica offshore pelo mundo, suficiente para atender 1 milhão de casas.
De acordo com a porta-voz da Statoil no projeto brasileiro, Elin Isaksen, a empresa já investiu US$ 2,5 bilhões em energia renovável, principalmente no setor eólico, “um começo natural para nós, que temos 40 anos de experiência no segmento offshore”, afirmou Elin, em entrevista por e-mail. A executiva vê a energia renovável como um complemento do portfólio de petróleo e gás da companhia.
O primeiro empreendimento solar da joint venture já estava na carteira da nova parceira: 80% da usina solar Apodi, adquirida pela Scatec no ano passado e cuja construção começou ontem. Na próxima semana as empresas vão divulgar o nome do banco que financiará 65% do projeto. Os outros 35% ficarão por conta dos sócios, sendo US$ 30 milhões de responsabilidade da Statoil.
Eólica. Sexta produtora de petróleo no Brasil e segunda maior operadora (responsável pela produção), a Statoil quer avaliar oportunidades também de energia eólica, mas não confirmou se irá participar dos leilões de energia programados para o fim do ano no Brasil. “Nossa prioridade é desenvolver e construir o projeto Apodi de forma segura.”
Para o presidente da Scatec Solar no Brasil, Marcelo Taulois, a parceria pode crescer muito no País, considerado pelas empresas um ambiente regulado e com grande potencial de crescimento. “Foi o casamento perfeito”, afirmou.”A Statoil traz a experiência local, a capacidade de financiamento, e a gente traz o ‘know how’, engenharia e execução.”
O executivo afirma ainda que o Brasil entrou no radar de empresas como a Scatec pela agenda positiva de desenvolvimento de energia solar. A parceria com a Statoil, prevê, será de longo prazo. “Vamos olhar projetos maiores e tem muita oportunidade de desenvolvimento no Brasil. (O investimento) vai depender dos projetos, mas agente tem um apetite grande”, afirmou.
Leilões. Taulois elogiou o sistema de leilões de energia elétrica no Brasil e o potencial de crescimento da energia solar no País. Desde 2014, quando foi realizado o primeiro leilão de energia solar no Brasil, projetos de cerca de 3 gigawatts (GW) foram adquiridos. Outros 7 GW deverão ser ofertados até 2024.
A geração, no entanto, ainda é tímida, correspondente a 0,23% do total ou 145 MW, de acordo com dados de ontem do Operador Nacional do Sistema (ONS). A previsão do governo no entanto é que até 2030 a geração solar corresponda a 10% da matriz elétrica brasileira.
“A gente olha para o Brasil e compara com o mundo. Já trabalhamos em ambientes mais hostis. O Brasil é um país regulado, você sabe passo a passo o que vai acontecer, e a agenda de energia renovável do Brasil é um ambiente muito positivo.”