O Google Maps e as disputas de fronteira


Ferramenta exibe fronteiras diferentes a públicos diferentes, dependendo da localização geográfica; a Crimeia é um exemplo desse tipo

Por Redação

As fronteiras internacionais são frequentemente difíceis de acompanhar nos mapas. Características topográficas tangíveis podem ser observadas nas imagens por satélite, mas as fronteiras entre muitos estados não são demarcadas e consistem em objeto de intensa disputa. Os perímetros podem ser formados por rios e estradas, mas podem também cruzar montanhas, desertos e zonas de conflito. 

Algumas regiões fronteiriças têm sido motivo de luta há centenas de anos, mudando de mãos dúzias de vezes. E alguns países, como a Índia, envolvida numa série de disputas territoriais, têm leis rigorosas especificando onde suas fronteiras devem ser representadas nos mapas. Assim sendo, como o Google Maps, a ferramenta de mapas mais consultada do mundo, lida com as fronteiras disputadas?

Todos os mapas são construções políticas: até o mais cuidadosamente desenhado deles revelará alguma forma de distorção geopolítica. Quando os cartógrafos tradicionais dos mapas impressos se veem diante de fronteiras questionáveis, eles têm à disposição algumas opções, que envolvem o juízo do cartógrafo. Dependendo do propósito e contexto do mapa, pode-se optar por uma fronteira marcada com linha tracejada ou sombreamento diferenciado para destacar a disputa. 

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Pode-se mostrar duas fronteiras, cada qual refletindo uma reivindicação nacional, com a terra em disputa entre elas. Ou pode-se optar por traçar uma linha em negrito definitiva, ignorando as disputas territoriais ou tomando deliberadamente o partido de um lado ou de outro. A revista The Economist costuma publicar vários mapas por semana, com frequência envolvendo regiões em disputa. Num mapa da Europa publicado no dia 30 de agosto, mostramos a Crimeia listrada em duas cores, por exemplo, para representar a disputa territorial entre Ucrânia e Rússia. Decisões como essa são constantemente analisadas.

O Google Maps conta com o mais abrangente conjunto de mapas do mundo, e também o maior número de leitores, com mais de um bilhão de usuários por mês. Este público global levou o Google a produzir várias versões locais dos mapas dos 200 países cobertos pelo serviço. Além de serem escritos em idiomas diferentes, os mapas também confirmam o noticiário local. Na maior parte do tempo, o Google age como um cartógrafo tradicional: linhas cinzentas contínuas representam fronteiras internacionais; linhas cinzentas pontilhadas mostram fronteiras "provisórias" ou "definidas em tratado"; e linhas cinzentas tracejadas indicam fronteiras "em disputa" entre países. 

Crimeia. Mas o site Disputed Territories, criado pelos estudiosos do Massachusetts Institute of Technology, identifica 12 regiões nas quais o Google exibe fronteiras diferentes a públicos diferentes, dependendo de sua localização geográfica. A Crimeia é um exemplo desse tipo: quando vista no Google Maps num navegador na Ucrânia, nenhuma fronteira nacional é exibida, incluindo a região no território soberano do país (imagem do meio, veja acima). Mas, quando vista de um computador localizado na Rússia, a península é demarcada por uma linha cinzenta contínua, como parte da Rússia. 

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Aqueles que acessam o mapa de outras partes do mundo veem uma linha tracejada, reconhecendo o status incerto da Crimeia desde a sua anexação pela Rússia em março. O Google também mostra seis versões das fronteiras em torno das Ilhas Spratly, reivindicadas por Brunei, China, Taiwan, Malásia e Filipinas.

Quando o Google lançou seu serviço de mapas em fevereiro de 2005, a empresa disse que os "mapas podem ser úteis e divertidos". Mas, uma década depois, as dimensões e o predomínio do Google numa área tão sensível significam que seus mapas são muito mais do que apenas isso. De fato, houve casos em que a empresa e seus mapas foram envolvidos em disputas diplomáticas entre vizinhos pouco amistosos, indicando a autoridade hoje atribuída aos mapas do Google.

A flexibilidade da internet significa que o Google pode escapar de algumas das queixas feitas contra a subjetividade dos cartógrafos. Mas, mesmo com as novas tecnologias, algumas das antigas imitações da cartografia tradicional continuam valendo./ TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

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© 2014 The Economist Newspaper Limited. Todos os direitos reservados.

Da Economist.com, traduzido por Anna Capovilla, publicado sob licença. O artigo original, em inglês, pode ser encontrado no site www.economist.com

As fronteiras internacionais são frequentemente difíceis de acompanhar nos mapas. Características topográficas tangíveis podem ser observadas nas imagens por satélite, mas as fronteiras entre muitos estados não são demarcadas e consistem em objeto de intensa disputa. Os perímetros podem ser formados por rios e estradas, mas podem também cruzar montanhas, desertos e zonas de conflito. 

Algumas regiões fronteiriças têm sido motivo de luta há centenas de anos, mudando de mãos dúzias de vezes. E alguns países, como a Índia, envolvida numa série de disputas territoriais, têm leis rigorosas especificando onde suas fronteiras devem ser representadas nos mapas. Assim sendo, como o Google Maps, a ferramenta de mapas mais consultada do mundo, lida com as fronteiras disputadas?

Todos os mapas são construções políticas: até o mais cuidadosamente desenhado deles revelará alguma forma de distorção geopolítica. Quando os cartógrafos tradicionais dos mapas impressos se veem diante de fronteiras questionáveis, eles têm à disposição algumas opções, que envolvem o juízo do cartógrafo. Dependendo do propósito e contexto do mapa, pode-se optar por uma fronteira marcada com linha tracejada ou sombreamento diferenciado para destacar a disputa. 

Pode-se mostrar duas fronteiras, cada qual refletindo uma reivindicação nacional, com a terra em disputa entre elas. Ou pode-se optar por traçar uma linha em negrito definitiva, ignorando as disputas territoriais ou tomando deliberadamente o partido de um lado ou de outro. A revista The Economist costuma publicar vários mapas por semana, com frequência envolvendo regiões em disputa. Num mapa da Europa publicado no dia 30 de agosto, mostramos a Crimeia listrada em duas cores, por exemplo, para representar a disputa territorial entre Ucrânia e Rússia. Decisões como essa são constantemente analisadas.

O Google Maps conta com o mais abrangente conjunto de mapas do mundo, e também o maior número de leitores, com mais de um bilhão de usuários por mês. Este público global levou o Google a produzir várias versões locais dos mapas dos 200 países cobertos pelo serviço. Além de serem escritos em idiomas diferentes, os mapas também confirmam o noticiário local. Na maior parte do tempo, o Google age como um cartógrafo tradicional: linhas cinzentas contínuas representam fronteiras internacionais; linhas cinzentas pontilhadas mostram fronteiras "provisórias" ou "definidas em tratado"; e linhas cinzentas tracejadas indicam fronteiras "em disputa" entre países. 

Crimeia. Mas o site Disputed Territories, criado pelos estudiosos do Massachusetts Institute of Technology, identifica 12 regiões nas quais o Google exibe fronteiras diferentes a públicos diferentes, dependendo de sua localização geográfica. A Crimeia é um exemplo desse tipo: quando vista no Google Maps num navegador na Ucrânia, nenhuma fronteira nacional é exibida, incluindo a região no território soberano do país (imagem do meio, veja acima). Mas, quando vista de um computador localizado na Rússia, a península é demarcada por uma linha cinzenta contínua, como parte da Rússia. 

Aqueles que acessam o mapa de outras partes do mundo veem uma linha tracejada, reconhecendo o status incerto da Crimeia desde a sua anexação pela Rússia em março. O Google também mostra seis versões das fronteiras em torno das Ilhas Spratly, reivindicadas por Brunei, China, Taiwan, Malásia e Filipinas.

Quando o Google lançou seu serviço de mapas em fevereiro de 2005, a empresa disse que os "mapas podem ser úteis e divertidos". Mas, uma década depois, as dimensões e o predomínio do Google numa área tão sensível significam que seus mapas são muito mais do que apenas isso. De fato, houve casos em que a empresa e seus mapas foram envolvidos em disputas diplomáticas entre vizinhos pouco amistosos, indicando a autoridade hoje atribuída aos mapas do Google.

A flexibilidade da internet significa que o Google pode escapar de algumas das queixas feitas contra a subjetividade dos cartógrafos. Mas, mesmo com as novas tecnologias, algumas das antigas imitações da cartografia tradicional continuam valendo./ TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

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Da Economist.com, traduzido por Anna Capovilla, publicado sob licença. O artigo original, em inglês, pode ser encontrado no site www.economist.com

As fronteiras internacionais são frequentemente difíceis de acompanhar nos mapas. Características topográficas tangíveis podem ser observadas nas imagens por satélite, mas as fronteiras entre muitos estados não são demarcadas e consistem em objeto de intensa disputa. Os perímetros podem ser formados por rios e estradas, mas podem também cruzar montanhas, desertos e zonas de conflito. 

Algumas regiões fronteiriças têm sido motivo de luta há centenas de anos, mudando de mãos dúzias de vezes. E alguns países, como a Índia, envolvida numa série de disputas territoriais, têm leis rigorosas especificando onde suas fronteiras devem ser representadas nos mapas. Assim sendo, como o Google Maps, a ferramenta de mapas mais consultada do mundo, lida com as fronteiras disputadas?

Todos os mapas são construções políticas: até o mais cuidadosamente desenhado deles revelará alguma forma de distorção geopolítica. Quando os cartógrafos tradicionais dos mapas impressos se veem diante de fronteiras questionáveis, eles têm à disposição algumas opções, que envolvem o juízo do cartógrafo. Dependendo do propósito e contexto do mapa, pode-se optar por uma fronteira marcada com linha tracejada ou sombreamento diferenciado para destacar a disputa. 

Pode-se mostrar duas fronteiras, cada qual refletindo uma reivindicação nacional, com a terra em disputa entre elas. Ou pode-se optar por traçar uma linha em negrito definitiva, ignorando as disputas territoriais ou tomando deliberadamente o partido de um lado ou de outro. A revista The Economist costuma publicar vários mapas por semana, com frequência envolvendo regiões em disputa. Num mapa da Europa publicado no dia 30 de agosto, mostramos a Crimeia listrada em duas cores, por exemplo, para representar a disputa territorial entre Ucrânia e Rússia. Decisões como essa são constantemente analisadas.

O Google Maps conta com o mais abrangente conjunto de mapas do mundo, e também o maior número de leitores, com mais de um bilhão de usuários por mês. Este público global levou o Google a produzir várias versões locais dos mapas dos 200 países cobertos pelo serviço. Além de serem escritos em idiomas diferentes, os mapas também confirmam o noticiário local. Na maior parte do tempo, o Google age como um cartógrafo tradicional: linhas cinzentas contínuas representam fronteiras internacionais; linhas cinzentas pontilhadas mostram fronteiras "provisórias" ou "definidas em tratado"; e linhas cinzentas tracejadas indicam fronteiras "em disputa" entre países. 

Crimeia. Mas o site Disputed Territories, criado pelos estudiosos do Massachusetts Institute of Technology, identifica 12 regiões nas quais o Google exibe fronteiras diferentes a públicos diferentes, dependendo de sua localização geográfica. A Crimeia é um exemplo desse tipo: quando vista no Google Maps num navegador na Ucrânia, nenhuma fronteira nacional é exibida, incluindo a região no território soberano do país (imagem do meio, veja acima). Mas, quando vista de um computador localizado na Rússia, a península é demarcada por uma linha cinzenta contínua, como parte da Rússia. 

Aqueles que acessam o mapa de outras partes do mundo veem uma linha tracejada, reconhecendo o status incerto da Crimeia desde a sua anexação pela Rússia em março. O Google também mostra seis versões das fronteiras em torno das Ilhas Spratly, reivindicadas por Brunei, China, Taiwan, Malásia e Filipinas.

Quando o Google lançou seu serviço de mapas em fevereiro de 2005, a empresa disse que os "mapas podem ser úteis e divertidos". Mas, uma década depois, as dimensões e o predomínio do Google numa área tão sensível significam que seus mapas são muito mais do que apenas isso. De fato, houve casos em que a empresa e seus mapas foram envolvidos em disputas diplomáticas entre vizinhos pouco amistosos, indicando a autoridade hoje atribuída aos mapas do Google.

A flexibilidade da internet significa que o Google pode escapar de algumas das queixas feitas contra a subjetividade dos cartógrafos. Mas, mesmo com as novas tecnologias, algumas das antigas imitações da cartografia tradicional continuam valendo./ TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

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Da Economist.com, traduzido por Anna Capovilla, publicado sob licença. O artigo original, em inglês, pode ser encontrado no site www.economist.com

As fronteiras internacionais são frequentemente difíceis de acompanhar nos mapas. Características topográficas tangíveis podem ser observadas nas imagens por satélite, mas as fronteiras entre muitos estados não são demarcadas e consistem em objeto de intensa disputa. Os perímetros podem ser formados por rios e estradas, mas podem também cruzar montanhas, desertos e zonas de conflito. 

Algumas regiões fronteiriças têm sido motivo de luta há centenas de anos, mudando de mãos dúzias de vezes. E alguns países, como a Índia, envolvida numa série de disputas territoriais, têm leis rigorosas especificando onde suas fronteiras devem ser representadas nos mapas. Assim sendo, como o Google Maps, a ferramenta de mapas mais consultada do mundo, lida com as fronteiras disputadas?

Todos os mapas são construções políticas: até o mais cuidadosamente desenhado deles revelará alguma forma de distorção geopolítica. Quando os cartógrafos tradicionais dos mapas impressos se veem diante de fronteiras questionáveis, eles têm à disposição algumas opções, que envolvem o juízo do cartógrafo. Dependendo do propósito e contexto do mapa, pode-se optar por uma fronteira marcada com linha tracejada ou sombreamento diferenciado para destacar a disputa. 

Pode-se mostrar duas fronteiras, cada qual refletindo uma reivindicação nacional, com a terra em disputa entre elas. Ou pode-se optar por traçar uma linha em negrito definitiva, ignorando as disputas territoriais ou tomando deliberadamente o partido de um lado ou de outro. A revista The Economist costuma publicar vários mapas por semana, com frequência envolvendo regiões em disputa. Num mapa da Europa publicado no dia 30 de agosto, mostramos a Crimeia listrada em duas cores, por exemplo, para representar a disputa territorial entre Ucrânia e Rússia. Decisões como essa são constantemente analisadas.

O Google Maps conta com o mais abrangente conjunto de mapas do mundo, e também o maior número de leitores, com mais de um bilhão de usuários por mês. Este público global levou o Google a produzir várias versões locais dos mapas dos 200 países cobertos pelo serviço. Além de serem escritos em idiomas diferentes, os mapas também confirmam o noticiário local. Na maior parte do tempo, o Google age como um cartógrafo tradicional: linhas cinzentas contínuas representam fronteiras internacionais; linhas cinzentas pontilhadas mostram fronteiras "provisórias" ou "definidas em tratado"; e linhas cinzentas tracejadas indicam fronteiras "em disputa" entre países. 

Crimeia. Mas o site Disputed Territories, criado pelos estudiosos do Massachusetts Institute of Technology, identifica 12 regiões nas quais o Google exibe fronteiras diferentes a públicos diferentes, dependendo de sua localização geográfica. A Crimeia é um exemplo desse tipo: quando vista no Google Maps num navegador na Ucrânia, nenhuma fronteira nacional é exibida, incluindo a região no território soberano do país (imagem do meio, veja acima). Mas, quando vista de um computador localizado na Rússia, a península é demarcada por uma linha cinzenta contínua, como parte da Rússia. 

Aqueles que acessam o mapa de outras partes do mundo veem uma linha tracejada, reconhecendo o status incerto da Crimeia desde a sua anexação pela Rússia em março. O Google também mostra seis versões das fronteiras em torno das Ilhas Spratly, reivindicadas por Brunei, China, Taiwan, Malásia e Filipinas.

Quando o Google lançou seu serviço de mapas em fevereiro de 2005, a empresa disse que os "mapas podem ser úteis e divertidos". Mas, uma década depois, as dimensões e o predomínio do Google numa área tão sensível significam que seus mapas são muito mais do que apenas isso. De fato, houve casos em que a empresa e seus mapas foram envolvidos em disputas diplomáticas entre vizinhos pouco amistosos, indicando a autoridade hoje atribuída aos mapas do Google.

A flexibilidade da internet significa que o Google pode escapar de algumas das queixas feitas contra a subjetividade dos cartógrafos. Mas, mesmo com as novas tecnologias, algumas das antigas imitações da cartografia tradicional continuam valendo./ TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

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