O silêncio de Obama


Por Rolf Kuntz

Mais protecionismo, mais abertura, mais esforço para a conclusão de um acordo global de comércio? Os exportadores brasileiros terão maior acesso ao mercado americano? Todas essas questões são da máxima importância, quando se trata da maior economia do planeta, geradora de um terço do produto bruto mundial. Mas o presidente Barack Obama não pronunciou, no discurso de posse, uma única palavra sobre a estratégia comercial de seu governo. Não fez ameaça protecionista nem promessa de liberalização, nem repetiu o compromisso de campanha de rever o Acordo Norte-americano de Livre Comércio (Nafta), posto em vigor há 15 anos por Estados Unidos, Canadá e México. Brasileiros comentaram com otimismo a reafirmação indireta, no discurso, da promessa de promover o uso de novas fontes de energia. Pode ser uma abertura, segundo os mais otimistas, para a importação de etanol brasileiro, mais eficiente e mais barato que o álcool americano produzido a partir do milho. Obama, porém, jamais vinculou a proposta de uso de fontes alternativas à abertura de mercado para os biocombustíveis brasileiros. Pelo menos, não o fez tão claramente quanto o outro candidato à Casa Branca, o republicano John McCain. Mas o governo brasileiro tem dado importância demasiada ao etanol, como fator de expansão do comércio brasileiro com os Estados Unidos. É uma visão pouco ambiciosa, quando o País dispõe de um sistema produtivo dos mais diversificados e encontra barreiras importantes, em alguns setores, para acesso ao mercado americano. A embaixada do Brasil em Washington produz há muito tempo um relatório anual sobre as barreiras a produtos brasileiros. Com a petização da embaixada, o relatório ganhou tons quase otimistas, como se o documento fosse destinado, acima de tudo, à celebração da amizade entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e George W. Bush. Mas os problemas do comércio permanecem, tanto nas barreiras quanto nas condições de competição no mercado global, distorcidas pelos subsídios americanos. Um acordo de livre comércio entre os dois países poderia facilitar a vida dos exportadores. Mas o Brasil não pode negociar sem o Mercosul e as negociações em bloco resultaram, em 2003-2004, no sepultamento do projeto da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Os governos do Brasil e da Argentina juntaram as suas incompetências para produzir esse resultado. Se nada mudar nesse quadro medíocre, resta apostar nas negociações globais de comércio, por enquanto congeladas. O governo de Barack Obama poderia retomá-las no ponto onde foram interrompidas, aproveitando os avanços obtidos até agora. Mas isso não é certo. Sua orientação ainda é obscura. O primeiro nome considerado para o posto de negociador comercial dos Estados Unidos foi o do deputado californiano Xavier Becerra. Esse deputado votou contra o acordo de comércio com países da América Central e disse arrepender-se de ter apoiado a criação do Nafta. Becerra desistiu do posto em dezembro, antes do anúncio oficial de sua escolha. Sindicalistas lamentaram sua desistência, porque apostavam numa atuação protecionista. Obama acabou convidando para o posto o advogado Ron Kirk, ex-prefeito de Dallas. Kirk não tem experiência na área do comércio internacional, mas apoiou politicamente o Nafta e a normalização de relações comerciais com a China. É geralmente apontado como defensor da liberalização, mas, quando candidato ao Senado, em 2002, falou contra a concessão do fast track (mandato para negociar) ao presidente Bush. Kirk talvez seja favorável a um comércio mais aberto, mas a deputada Hilda Solís, escolhida para o Departamento do Trabalho, apoia o protecionismo dos sindicatos e fez oposição aos acordos com os países centro-americanos e com a Colômbia. Três acordos assinados pelo Executivo - com a Colômbia, o Panamá e a Coreia - continuam dependentes de aprovação pelo Congresso. Obama não deu atenção significativa aos emergentes, no discurso, mas dirigiu-se aos países pobres. Prometeu-lhes ajuda para "fazer suas fazendas prosperar e deixar as águas limpas correr, para nutrir os corpos esfomeados e alimentar as mentes famintas". Não resistiu à tentação do paternalismo. Mas a referência a águas limpas é ambígua. Pode apenas indicar uma nova preocupação com o ambiente, quase nula no governo anterior, ou também a disposição de cobrar cláusulas ambientais nos acordos de comércio - uma mistura propícia ao protecionismo disfarçado. *Rolf Kuntz é jornalista

Mais protecionismo, mais abertura, mais esforço para a conclusão de um acordo global de comércio? Os exportadores brasileiros terão maior acesso ao mercado americano? Todas essas questões são da máxima importância, quando se trata da maior economia do planeta, geradora de um terço do produto bruto mundial. Mas o presidente Barack Obama não pronunciou, no discurso de posse, uma única palavra sobre a estratégia comercial de seu governo. Não fez ameaça protecionista nem promessa de liberalização, nem repetiu o compromisso de campanha de rever o Acordo Norte-americano de Livre Comércio (Nafta), posto em vigor há 15 anos por Estados Unidos, Canadá e México. Brasileiros comentaram com otimismo a reafirmação indireta, no discurso, da promessa de promover o uso de novas fontes de energia. Pode ser uma abertura, segundo os mais otimistas, para a importação de etanol brasileiro, mais eficiente e mais barato que o álcool americano produzido a partir do milho. Obama, porém, jamais vinculou a proposta de uso de fontes alternativas à abertura de mercado para os biocombustíveis brasileiros. Pelo menos, não o fez tão claramente quanto o outro candidato à Casa Branca, o republicano John McCain. Mas o governo brasileiro tem dado importância demasiada ao etanol, como fator de expansão do comércio brasileiro com os Estados Unidos. É uma visão pouco ambiciosa, quando o País dispõe de um sistema produtivo dos mais diversificados e encontra barreiras importantes, em alguns setores, para acesso ao mercado americano. A embaixada do Brasil em Washington produz há muito tempo um relatório anual sobre as barreiras a produtos brasileiros. Com a petização da embaixada, o relatório ganhou tons quase otimistas, como se o documento fosse destinado, acima de tudo, à celebração da amizade entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e George W. Bush. Mas os problemas do comércio permanecem, tanto nas barreiras quanto nas condições de competição no mercado global, distorcidas pelos subsídios americanos. Um acordo de livre comércio entre os dois países poderia facilitar a vida dos exportadores. Mas o Brasil não pode negociar sem o Mercosul e as negociações em bloco resultaram, em 2003-2004, no sepultamento do projeto da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Os governos do Brasil e da Argentina juntaram as suas incompetências para produzir esse resultado. Se nada mudar nesse quadro medíocre, resta apostar nas negociações globais de comércio, por enquanto congeladas. O governo de Barack Obama poderia retomá-las no ponto onde foram interrompidas, aproveitando os avanços obtidos até agora. Mas isso não é certo. Sua orientação ainda é obscura. O primeiro nome considerado para o posto de negociador comercial dos Estados Unidos foi o do deputado californiano Xavier Becerra. Esse deputado votou contra o acordo de comércio com países da América Central e disse arrepender-se de ter apoiado a criação do Nafta. Becerra desistiu do posto em dezembro, antes do anúncio oficial de sua escolha. Sindicalistas lamentaram sua desistência, porque apostavam numa atuação protecionista. Obama acabou convidando para o posto o advogado Ron Kirk, ex-prefeito de Dallas. Kirk não tem experiência na área do comércio internacional, mas apoiou politicamente o Nafta e a normalização de relações comerciais com a China. É geralmente apontado como defensor da liberalização, mas, quando candidato ao Senado, em 2002, falou contra a concessão do fast track (mandato para negociar) ao presidente Bush. Kirk talvez seja favorável a um comércio mais aberto, mas a deputada Hilda Solís, escolhida para o Departamento do Trabalho, apoia o protecionismo dos sindicatos e fez oposição aos acordos com os países centro-americanos e com a Colômbia. Três acordos assinados pelo Executivo - com a Colômbia, o Panamá e a Coreia - continuam dependentes de aprovação pelo Congresso. Obama não deu atenção significativa aos emergentes, no discurso, mas dirigiu-se aos países pobres. Prometeu-lhes ajuda para "fazer suas fazendas prosperar e deixar as águas limpas correr, para nutrir os corpos esfomeados e alimentar as mentes famintas". Não resistiu à tentação do paternalismo. Mas a referência a águas limpas é ambígua. Pode apenas indicar uma nova preocupação com o ambiente, quase nula no governo anterior, ou também a disposição de cobrar cláusulas ambientais nos acordos de comércio - uma mistura propícia ao protecionismo disfarçado. *Rolf Kuntz é jornalista

Mais protecionismo, mais abertura, mais esforço para a conclusão de um acordo global de comércio? Os exportadores brasileiros terão maior acesso ao mercado americano? Todas essas questões são da máxima importância, quando se trata da maior economia do planeta, geradora de um terço do produto bruto mundial. Mas o presidente Barack Obama não pronunciou, no discurso de posse, uma única palavra sobre a estratégia comercial de seu governo. Não fez ameaça protecionista nem promessa de liberalização, nem repetiu o compromisso de campanha de rever o Acordo Norte-americano de Livre Comércio (Nafta), posto em vigor há 15 anos por Estados Unidos, Canadá e México. Brasileiros comentaram com otimismo a reafirmação indireta, no discurso, da promessa de promover o uso de novas fontes de energia. Pode ser uma abertura, segundo os mais otimistas, para a importação de etanol brasileiro, mais eficiente e mais barato que o álcool americano produzido a partir do milho. Obama, porém, jamais vinculou a proposta de uso de fontes alternativas à abertura de mercado para os biocombustíveis brasileiros. Pelo menos, não o fez tão claramente quanto o outro candidato à Casa Branca, o republicano John McCain. Mas o governo brasileiro tem dado importância demasiada ao etanol, como fator de expansão do comércio brasileiro com os Estados Unidos. É uma visão pouco ambiciosa, quando o País dispõe de um sistema produtivo dos mais diversificados e encontra barreiras importantes, em alguns setores, para acesso ao mercado americano. A embaixada do Brasil em Washington produz há muito tempo um relatório anual sobre as barreiras a produtos brasileiros. Com a petização da embaixada, o relatório ganhou tons quase otimistas, como se o documento fosse destinado, acima de tudo, à celebração da amizade entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e George W. Bush. Mas os problemas do comércio permanecem, tanto nas barreiras quanto nas condições de competição no mercado global, distorcidas pelos subsídios americanos. Um acordo de livre comércio entre os dois países poderia facilitar a vida dos exportadores. Mas o Brasil não pode negociar sem o Mercosul e as negociações em bloco resultaram, em 2003-2004, no sepultamento do projeto da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Os governos do Brasil e da Argentina juntaram as suas incompetências para produzir esse resultado. Se nada mudar nesse quadro medíocre, resta apostar nas negociações globais de comércio, por enquanto congeladas. O governo de Barack Obama poderia retomá-las no ponto onde foram interrompidas, aproveitando os avanços obtidos até agora. Mas isso não é certo. Sua orientação ainda é obscura. O primeiro nome considerado para o posto de negociador comercial dos Estados Unidos foi o do deputado californiano Xavier Becerra. Esse deputado votou contra o acordo de comércio com países da América Central e disse arrepender-se de ter apoiado a criação do Nafta. Becerra desistiu do posto em dezembro, antes do anúncio oficial de sua escolha. Sindicalistas lamentaram sua desistência, porque apostavam numa atuação protecionista. Obama acabou convidando para o posto o advogado Ron Kirk, ex-prefeito de Dallas. Kirk não tem experiência na área do comércio internacional, mas apoiou politicamente o Nafta e a normalização de relações comerciais com a China. É geralmente apontado como defensor da liberalização, mas, quando candidato ao Senado, em 2002, falou contra a concessão do fast track (mandato para negociar) ao presidente Bush. Kirk talvez seja favorável a um comércio mais aberto, mas a deputada Hilda Solís, escolhida para o Departamento do Trabalho, apoia o protecionismo dos sindicatos e fez oposição aos acordos com os países centro-americanos e com a Colômbia. Três acordos assinados pelo Executivo - com a Colômbia, o Panamá e a Coreia - continuam dependentes de aprovação pelo Congresso. Obama não deu atenção significativa aos emergentes, no discurso, mas dirigiu-se aos países pobres. Prometeu-lhes ajuda para "fazer suas fazendas prosperar e deixar as águas limpas correr, para nutrir os corpos esfomeados e alimentar as mentes famintas". Não resistiu à tentação do paternalismo. Mas a referência a águas limpas é ambígua. Pode apenas indicar uma nova preocupação com o ambiente, quase nula no governo anterior, ou também a disposição de cobrar cláusulas ambientais nos acordos de comércio - uma mistura propícia ao protecionismo disfarçado. *Rolf Kuntz é jornalista

Mais protecionismo, mais abertura, mais esforço para a conclusão de um acordo global de comércio? Os exportadores brasileiros terão maior acesso ao mercado americano? Todas essas questões são da máxima importância, quando se trata da maior economia do planeta, geradora de um terço do produto bruto mundial. Mas o presidente Barack Obama não pronunciou, no discurso de posse, uma única palavra sobre a estratégia comercial de seu governo. Não fez ameaça protecionista nem promessa de liberalização, nem repetiu o compromisso de campanha de rever o Acordo Norte-americano de Livre Comércio (Nafta), posto em vigor há 15 anos por Estados Unidos, Canadá e México. Brasileiros comentaram com otimismo a reafirmação indireta, no discurso, da promessa de promover o uso de novas fontes de energia. Pode ser uma abertura, segundo os mais otimistas, para a importação de etanol brasileiro, mais eficiente e mais barato que o álcool americano produzido a partir do milho. Obama, porém, jamais vinculou a proposta de uso de fontes alternativas à abertura de mercado para os biocombustíveis brasileiros. Pelo menos, não o fez tão claramente quanto o outro candidato à Casa Branca, o republicano John McCain. Mas o governo brasileiro tem dado importância demasiada ao etanol, como fator de expansão do comércio brasileiro com os Estados Unidos. É uma visão pouco ambiciosa, quando o País dispõe de um sistema produtivo dos mais diversificados e encontra barreiras importantes, em alguns setores, para acesso ao mercado americano. A embaixada do Brasil em Washington produz há muito tempo um relatório anual sobre as barreiras a produtos brasileiros. Com a petização da embaixada, o relatório ganhou tons quase otimistas, como se o documento fosse destinado, acima de tudo, à celebração da amizade entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e George W. Bush. Mas os problemas do comércio permanecem, tanto nas barreiras quanto nas condições de competição no mercado global, distorcidas pelos subsídios americanos. Um acordo de livre comércio entre os dois países poderia facilitar a vida dos exportadores. Mas o Brasil não pode negociar sem o Mercosul e as negociações em bloco resultaram, em 2003-2004, no sepultamento do projeto da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Os governos do Brasil e da Argentina juntaram as suas incompetências para produzir esse resultado. Se nada mudar nesse quadro medíocre, resta apostar nas negociações globais de comércio, por enquanto congeladas. O governo de Barack Obama poderia retomá-las no ponto onde foram interrompidas, aproveitando os avanços obtidos até agora. Mas isso não é certo. Sua orientação ainda é obscura. O primeiro nome considerado para o posto de negociador comercial dos Estados Unidos foi o do deputado californiano Xavier Becerra. Esse deputado votou contra o acordo de comércio com países da América Central e disse arrepender-se de ter apoiado a criação do Nafta. Becerra desistiu do posto em dezembro, antes do anúncio oficial de sua escolha. Sindicalistas lamentaram sua desistência, porque apostavam numa atuação protecionista. Obama acabou convidando para o posto o advogado Ron Kirk, ex-prefeito de Dallas. Kirk não tem experiência na área do comércio internacional, mas apoiou politicamente o Nafta e a normalização de relações comerciais com a China. É geralmente apontado como defensor da liberalização, mas, quando candidato ao Senado, em 2002, falou contra a concessão do fast track (mandato para negociar) ao presidente Bush. Kirk talvez seja favorável a um comércio mais aberto, mas a deputada Hilda Solís, escolhida para o Departamento do Trabalho, apoia o protecionismo dos sindicatos e fez oposição aos acordos com os países centro-americanos e com a Colômbia. Três acordos assinados pelo Executivo - com a Colômbia, o Panamá e a Coreia - continuam dependentes de aprovação pelo Congresso. Obama não deu atenção significativa aos emergentes, no discurso, mas dirigiu-se aos países pobres. Prometeu-lhes ajuda para "fazer suas fazendas prosperar e deixar as águas limpas correr, para nutrir os corpos esfomeados e alimentar as mentes famintas". Não resistiu à tentação do paternalismo. Mas a referência a águas limpas é ambígua. Pode apenas indicar uma nova preocupação com o ambiente, quase nula no governo anterior, ou também a disposição de cobrar cláusulas ambientais nos acordos de comércio - uma mistura propícia ao protecionismo disfarçado. *Rolf Kuntz é jornalista

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