De janeiro a novembro, a perda líquida da poupança (retiradas menos depósitos) já alcançou R$ 58,357 bilhões. Assim, não será surpresa se a saída líquida das cadernetas de poupança ficar próxima a R$ 60 bilhões em todo o ano de 2015.
O saldo nessa modalidade, incluindo a poupança rural, chegou a R$ 647,6 bilhões em novembro, 2,27% a menos, em termos nominais, do que o saldo ao fim de 2014 (R$ 662,7 bilhões). A redução parece pequena, mas se deve notar que, no período de janeiro a novembro a inflação, medida pelo IPCA, foi de 9,62%. Nos últimos 12 meses findos em novembro, a inflação alcançou 10,48%, enquanto a poupança rendeu 7,94%, 2,54 pontos porcentuais a menos, deixando claro quanto o investidor que permaneceu nessa aplicação perdeu em poder de compra.
A poupança deixou há muito de competir com outras modalidades de investimento, sendo utilizada por pequenos poupadores ou para aplicações a curto prazo. O desinteresse por ela pode ser ainda mais acentuado se o Comitê de Política Monetária (Copom), voltar a elevar a taxa Selic, atualmente em 14,25%.
A progressiva derrocada das cadernetas não parece impressionar as autoridades monetárias, mas preocupa, sim – e muito –, o setor imobiliário. Pela legislação em vigor, 65% dos recursos da poupança devem ser destinados à construção civil, que vêm passando por uma severa crise.
O quadro se agrava porque as instituições financeiras, além de terem se tornado mais seletivas na concessão de crédito, têm reajustado o custo dos financiamentos para a compra da casa própria. Os juros para essa área vêm aumentando tanto no sistema bancário privado como nos bancos públicos.
A Caixa Econômica Federal, que responde pela maior parcela do crédito imobiliário, já elevou os juros para essa modalidade três vezes este ano.