Depois de sete anos e gastos de mais de US$ 3,5 milhões com advogados, os produtores de algodão do Brasil querem um "acordo de paz" com os Estados Unidos em relação aos subsídios americanos ao setor. A Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa) vai propor ao Itamaraty que negocie com o governo de Barack Obama compensações para pôr fim à guerra. Essa compensações viriam em forma de maior acesso ao mercado americano para têxteis nacionais. O Brasil saiu como vencedor da disputa mais polêmica já tratada pelos tribunais da Organização Mundial do Comércio (OMC). A entidade declarou a vitória final do Brasil contra os subsídios americanos ao algodão, abrindo a possibilidade legal de retaliação aos EUA. Na próxima segunda-feira, o Brasil vai defender o direito de retaliar os EUA em US$ 2,6 bilhões por causa dos subsídios ao algodão. O Itamaraty apresentará provas à OMC de que o governo americano jamais retirou os subsídios ao setor, sete anos após o início da disputa entre os países. O Brasil espera que, até abril, a OMC determine se o valor apresentado pelo Itamaraty está de acordo com os danos sofridos. Nos EUA, o pedido de retaliação promete ter repercussões. O setor do algodão é considerado o lobby mais poderoso no setor agrícola. Para a Abrapa, porém, as retaliações não serão uma saída para a crise. "O que queremos é que se negocie uma compensação ao setor pelos danos causados", disse o presidente da Abrapa, Haroldo Cunha. "Não acreditamos que o Brasil vá retaliar os Estados Unidos." A ideia do setor, que será apresentada ao chanceler Celso Amorim na semana que vem, é que o Brasil negocie uma abertura no mercado americano para as exportações têxteis do País. Dessa forma, o setor ganharia. Já uma retaliação não traria nenhum ganho real aos produtores de algodão ou ao setor. O governo havia indicado que poderia retaliar não apenas aumentando taxas de importação de bens americanos, mas também suspendendo patentes de empresas americanas, iniciativa polêmica.
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