Recuperação está vulnerável à incerteza política e lentidão de reformas, alerta OMC


Na avaliação da Organização, a decisão do governo de Michel Temer de congelar gastos por 20 anos não resolverá a crise e crescimento será fraco por um longo período

Por Jamil Chade e correspondente

GENEBRA - O crescimento da economia brasileira será lento por um período prolongado e sua recuperação continuará vulnerável às incertezas políticas do País. Quem faz o alerta é a Organização Mundial do Comércio que, nesta segunda-feira, iniciou uma sabatina do País e que vai avaliar as políticas comerciais adotadas nos últimos quatro anos. A constatação, porém, é de que apenas reformas estruturais podem voltar a dar fôlego para a expansão da economia. 

"A previsão é de que a economia brasileira iniciará um processo de recuperação gradual em 2017", apontou o informe. "Mas o crescimento será fraco durante um período prolongado", ponderou a OMC, citando dado do FMI. "Apesar da solidez dos parâmetros fundamentais da economia brasileira, subsistem os riscos de uma deterioração. A economia segue sendo vulnerável a uma volta da intensificação da incerteza política e da lentidão no momento de corrigir os desequilíbrios fiscais", alertou. 

Para a OMC,apenas reformas estruturais podem voltar a dar fôlego para a expansão da economia Foto: Marcos Correa/Presidência da República
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Chamando as leis trabalhistas no Brasil de "obsoletas" e o sistema tributário de "complexo", a OMC insiste no caminho das reformas."A prosperidade e o crescimento sustentável futuro dependem de que se realizem reformas estruturais que impulsionem a produtividade em várias esferas, incluindo uma reforma do regime fiscal e de incentivos, excessivamente complexos, e uma redução das limitações de regras que pesam sobre as empresas, a correção das deficiências de infraestrutura e a solução dos problemas relacionados com as pensões e o mercado de trabalho", alertou a OMC. 

Na avaliação da entidade, a recessão que atravessou o País estava relacionada com a "erosão da confiança nas políticas nacionais, na incerteza política que provocaram as investigações sobre a corrupção na Petrobras e um endurecimento das condições de concessão de créditos". Outros elementos seriam a fraca demanda internacional e a queda nos preços de commodities. O resultado foi uma das mais profundas recessões da história do Brasil. 

Usando dados do FMI, a entidade estima que a recuperação começa em 2017. Mas a produção aumentaria apenas 0,5% em 2017 e 1,5% em 2018. Entre 2019 e 2021, a taxa tampouco passaria 2%. Já a dívida pública continuaria aumentando, passando de 82% em 2017 para 93% em 2021. 

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Na avaliação da OMC, a decisão do governo de Michel Temer de congelar gastos por 20 anos não resolverá a crise. "Ainda que essas iniciativas tratem de corrigir o recente agravamento dos desequilíbrios fiscais, eles não abordam as deficiências de longa data do sistema fiscal brasileiro, que continua desincentivando o espírito empresarial", disse, acusando o regime tributário de "complexo e imprevisível". Não por acaso, o Brasil ocupa o 181o posto entre 190 economias avaliadas sobre a facilidade em pagar impostos, exigindo mais de 2 mil horas. 

Na avaliação da entidade, as apenas as reformas "incrementariam a resistência da economia brasileira e ajudaria a alcançar seus objetivos econômicos e de bem-estar".

Outra constatação aponta para investimentos insuficientes em infraestrutura e pesquisa. "Inverter essa tendência e criar um entorno empresarial mais dinâmico contribuiria para melhorar as perspectivas de crescimento", alertou. Mas, para isso, o Brasil teria de "agilizar a administração do setor público" com o objetivo de reformar o sistema fiscal "visivelmente complexo" e colocar fim à guerra fiscal entre os estados. 

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Obsoleto. A OMC ainda chama o regime trabalhista nacional de "obsoleto" e sugere a redução da burocracia. "O regime trabalhista do Brasil requer uma reforma mais profunda, em que se aborde também o complexo corpo de leis e jurisprudências, a propensão a resolver assuntos trabalhistas mediante o litígio, no lugar de negociações coletivas, o desincentivo às relações trabalhistas duradouras e o investimento na formação de funcionários", apontou a OMC. 

Para a entidade, reduzir os custos de litígios trabalhistas seria "benéfico para a competitividade da economia brasileira". 

As deficiências na infraestrutura do País também foram destacadas pela OMC como um dos problemas da economia. "Ao que parece, a qualidade geral das infraestruturas do Brasil é inferior a quase todos seus concorrentes nos mercados de exportação", alertou. Essas deficiências seriam ainda mais graves quando se associa a isso um indicador de qualidade do transporte no Brasil. 

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O que pode mudar no seu emprego com a reforma trabalhista

1 | 12

GOVERNO APOSTA NA REFORMA PARA RETOMAR EMPREGOS

Foto: Dida Sampaio/Estadão
2 | 12

1.Contratos fixos, intermitentes e parciais

Foto: Sergio Castro/Estadão
3 | 12

2. Jornada de trabalho

Foto: Pixabay
4 | 12

3. Troca de roupa e banheiro

Foto: Pixabay
5 | 12

4. Transporte

Foto: Felipe Rau/Estadão
6 | 12

6. Férias

Foto: Pixabay
7 | 12

7. Contribuição sindical

Foto: Amanda Perobelli/Estadão
8 | 12

8. Trabalho insalubre

Foto: AP Photo / Felipe Dana
9 | 12

9. Home office

Foto: Pixabay
10 | 12

10. Multa por discriminação

Foto: Pixabay
11 | 12

12. Demissão

12 | 12

14. Processo judicial e honorários da Justiça

Foto: Pixabay

Se em alguns casos o problema foi a manutenção inadequada ou o uso intensivo desses meios de transporte, o principal obstáculo foi o "prolongado período de investimentos insuficientes em comparação a outros países". 

Para a OMC, uma reforma não poderia estar completa sem um incremento da transparência, em especial nas operações de empresas estatais. De acordo com o levantamento, existem ainda mais de 150 companhias com participação federal. 

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Para completar, a entidade também sugere que se de maior autonomia ao Banco Central, inclusive com leis que garantam sua atuação independente do debate político.

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Radiografia da marcha das contas públicas, no terceiro bimestre, mostrando pressão sobre a meta fiscal, é o destaque da semana que ainda terá dados do setor externo, mercadoformal de trabalho e arrecadação de tributos, em junho.

GENEBRA - O crescimento da economia brasileira será lento por um período prolongado e sua recuperação continuará vulnerável às incertezas políticas do País. Quem faz o alerta é a Organização Mundial do Comércio que, nesta segunda-feira, iniciou uma sabatina do País e que vai avaliar as políticas comerciais adotadas nos últimos quatro anos. A constatação, porém, é de que apenas reformas estruturais podem voltar a dar fôlego para a expansão da economia. 

"A previsão é de que a economia brasileira iniciará um processo de recuperação gradual em 2017", apontou o informe. "Mas o crescimento será fraco durante um período prolongado", ponderou a OMC, citando dado do FMI. "Apesar da solidez dos parâmetros fundamentais da economia brasileira, subsistem os riscos de uma deterioração. A economia segue sendo vulnerável a uma volta da intensificação da incerteza política e da lentidão no momento de corrigir os desequilíbrios fiscais", alertou. 

Para a OMC,apenas reformas estruturais podem voltar a dar fôlego para a expansão da economia Foto: Marcos Correa/Presidência da República

Chamando as leis trabalhistas no Brasil de "obsoletas" e o sistema tributário de "complexo", a OMC insiste no caminho das reformas."A prosperidade e o crescimento sustentável futuro dependem de que se realizem reformas estruturais que impulsionem a produtividade em várias esferas, incluindo uma reforma do regime fiscal e de incentivos, excessivamente complexos, e uma redução das limitações de regras que pesam sobre as empresas, a correção das deficiências de infraestrutura e a solução dos problemas relacionados com as pensões e o mercado de trabalho", alertou a OMC. 

Na avaliação da entidade, a recessão que atravessou o País estava relacionada com a "erosão da confiança nas políticas nacionais, na incerteza política que provocaram as investigações sobre a corrupção na Petrobras e um endurecimento das condições de concessão de créditos". Outros elementos seriam a fraca demanda internacional e a queda nos preços de commodities. O resultado foi uma das mais profundas recessões da história do Brasil. 

Usando dados do FMI, a entidade estima que a recuperação começa em 2017. Mas a produção aumentaria apenas 0,5% em 2017 e 1,5% em 2018. Entre 2019 e 2021, a taxa tampouco passaria 2%. Já a dívida pública continuaria aumentando, passando de 82% em 2017 para 93% em 2021. 

Na avaliação da OMC, a decisão do governo de Michel Temer de congelar gastos por 20 anos não resolverá a crise. "Ainda que essas iniciativas tratem de corrigir o recente agravamento dos desequilíbrios fiscais, eles não abordam as deficiências de longa data do sistema fiscal brasileiro, que continua desincentivando o espírito empresarial", disse, acusando o regime tributário de "complexo e imprevisível". Não por acaso, o Brasil ocupa o 181o posto entre 190 economias avaliadas sobre a facilidade em pagar impostos, exigindo mais de 2 mil horas. 

Na avaliação da entidade, as apenas as reformas "incrementariam a resistência da economia brasileira e ajudaria a alcançar seus objetivos econômicos e de bem-estar".

Outra constatação aponta para investimentos insuficientes em infraestrutura e pesquisa. "Inverter essa tendência e criar um entorno empresarial mais dinâmico contribuiria para melhorar as perspectivas de crescimento", alertou. Mas, para isso, o Brasil teria de "agilizar a administração do setor público" com o objetivo de reformar o sistema fiscal "visivelmente complexo" e colocar fim à guerra fiscal entre os estados. 

Obsoleto. A OMC ainda chama o regime trabalhista nacional de "obsoleto" e sugere a redução da burocracia. "O regime trabalhista do Brasil requer uma reforma mais profunda, em que se aborde também o complexo corpo de leis e jurisprudências, a propensão a resolver assuntos trabalhistas mediante o litígio, no lugar de negociações coletivas, o desincentivo às relações trabalhistas duradouras e o investimento na formação de funcionários", apontou a OMC. 

Para a entidade, reduzir os custos de litígios trabalhistas seria "benéfico para a competitividade da economia brasileira". 

As deficiências na infraestrutura do País também foram destacadas pela OMC como um dos problemas da economia. "Ao que parece, a qualidade geral das infraestruturas do Brasil é inferior a quase todos seus concorrentes nos mercados de exportação", alertou. Essas deficiências seriam ainda mais graves quando se associa a isso um indicador de qualidade do transporte no Brasil. 

O que pode mudar no seu emprego com a reforma trabalhista

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1.Contratos fixos, intermitentes e parciais

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2. Jornada de trabalho

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4 | 12

3. Troca de roupa e banheiro

Foto: Pixabay
5 | 12

4. Transporte

Foto: Felipe Rau/Estadão
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6. Férias

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7 | 12

7. Contribuição sindical

Foto: Amanda Perobelli/Estadão
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8. Trabalho insalubre

Foto: AP Photo / Felipe Dana
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9. Home office

Foto: Pixabay
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10. Multa por discriminação

Foto: Pixabay
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12. Demissão

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14. Processo judicial e honorários da Justiça

Foto: Pixabay

Se em alguns casos o problema foi a manutenção inadequada ou o uso intensivo desses meios de transporte, o principal obstáculo foi o "prolongado período de investimentos insuficientes em comparação a outros países". 

Para a OMC, uma reforma não poderia estar completa sem um incremento da transparência, em especial nas operações de empresas estatais. De acordo com o levantamento, existem ainda mais de 150 companhias com participação federal. 

Para completar, a entidade também sugere que se de maior autonomia ao Banco Central, inclusive com leis que garantam sua atuação independente do debate político.

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Radiografia da marcha das contas públicas, no terceiro bimestre, mostrando pressão sobre a meta fiscal, é o destaque da semana que ainda terá dados do setor externo, mercadoformal de trabalho e arrecadação de tributos, em junho.

GENEBRA - O crescimento da economia brasileira será lento por um período prolongado e sua recuperação continuará vulnerável às incertezas políticas do País. Quem faz o alerta é a Organização Mundial do Comércio que, nesta segunda-feira, iniciou uma sabatina do País e que vai avaliar as políticas comerciais adotadas nos últimos quatro anos. A constatação, porém, é de que apenas reformas estruturais podem voltar a dar fôlego para a expansão da economia. 

"A previsão é de que a economia brasileira iniciará um processo de recuperação gradual em 2017", apontou o informe. "Mas o crescimento será fraco durante um período prolongado", ponderou a OMC, citando dado do FMI. "Apesar da solidez dos parâmetros fundamentais da economia brasileira, subsistem os riscos de uma deterioração. A economia segue sendo vulnerável a uma volta da intensificação da incerteza política e da lentidão no momento de corrigir os desequilíbrios fiscais", alertou. 

Para a OMC,apenas reformas estruturais podem voltar a dar fôlego para a expansão da economia Foto: Marcos Correa/Presidência da República

Chamando as leis trabalhistas no Brasil de "obsoletas" e o sistema tributário de "complexo", a OMC insiste no caminho das reformas."A prosperidade e o crescimento sustentável futuro dependem de que se realizem reformas estruturais que impulsionem a produtividade em várias esferas, incluindo uma reforma do regime fiscal e de incentivos, excessivamente complexos, e uma redução das limitações de regras que pesam sobre as empresas, a correção das deficiências de infraestrutura e a solução dos problemas relacionados com as pensões e o mercado de trabalho", alertou a OMC. 

Na avaliação da entidade, a recessão que atravessou o País estava relacionada com a "erosão da confiança nas políticas nacionais, na incerteza política que provocaram as investigações sobre a corrupção na Petrobras e um endurecimento das condições de concessão de créditos". Outros elementos seriam a fraca demanda internacional e a queda nos preços de commodities. O resultado foi uma das mais profundas recessões da história do Brasil. 

Usando dados do FMI, a entidade estima que a recuperação começa em 2017. Mas a produção aumentaria apenas 0,5% em 2017 e 1,5% em 2018. Entre 2019 e 2021, a taxa tampouco passaria 2%. Já a dívida pública continuaria aumentando, passando de 82% em 2017 para 93% em 2021. 

Na avaliação da OMC, a decisão do governo de Michel Temer de congelar gastos por 20 anos não resolverá a crise. "Ainda que essas iniciativas tratem de corrigir o recente agravamento dos desequilíbrios fiscais, eles não abordam as deficiências de longa data do sistema fiscal brasileiro, que continua desincentivando o espírito empresarial", disse, acusando o regime tributário de "complexo e imprevisível". Não por acaso, o Brasil ocupa o 181o posto entre 190 economias avaliadas sobre a facilidade em pagar impostos, exigindo mais de 2 mil horas. 

Na avaliação da entidade, as apenas as reformas "incrementariam a resistência da economia brasileira e ajudaria a alcançar seus objetivos econômicos e de bem-estar".

Outra constatação aponta para investimentos insuficientes em infraestrutura e pesquisa. "Inverter essa tendência e criar um entorno empresarial mais dinâmico contribuiria para melhorar as perspectivas de crescimento", alertou. Mas, para isso, o Brasil teria de "agilizar a administração do setor público" com o objetivo de reformar o sistema fiscal "visivelmente complexo" e colocar fim à guerra fiscal entre os estados. 

Obsoleto. A OMC ainda chama o regime trabalhista nacional de "obsoleto" e sugere a redução da burocracia. "O regime trabalhista do Brasil requer uma reforma mais profunda, em que se aborde também o complexo corpo de leis e jurisprudências, a propensão a resolver assuntos trabalhistas mediante o litígio, no lugar de negociações coletivas, o desincentivo às relações trabalhistas duradouras e o investimento na formação de funcionários", apontou a OMC. 

Para a entidade, reduzir os custos de litígios trabalhistas seria "benéfico para a competitividade da economia brasileira". 

As deficiências na infraestrutura do País também foram destacadas pela OMC como um dos problemas da economia. "Ao que parece, a qualidade geral das infraestruturas do Brasil é inferior a quase todos seus concorrentes nos mercados de exportação", alertou. Essas deficiências seriam ainda mais graves quando se associa a isso um indicador de qualidade do transporte no Brasil. 

O que pode mudar no seu emprego com a reforma trabalhista

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GOVERNO APOSTA NA REFORMA PARA RETOMAR EMPREGOS

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1.Contratos fixos, intermitentes e parciais

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2. Jornada de trabalho

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3. Troca de roupa e banheiro

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4. Transporte

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6. Férias

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7. Contribuição sindical

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8. Trabalho insalubre

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9. Home office

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10. Multa por discriminação

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12. Demissão

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14. Processo judicial e honorários da Justiça

Foto: Pixabay

Se em alguns casos o problema foi a manutenção inadequada ou o uso intensivo desses meios de transporte, o principal obstáculo foi o "prolongado período de investimentos insuficientes em comparação a outros países". 

Para a OMC, uma reforma não poderia estar completa sem um incremento da transparência, em especial nas operações de empresas estatais. De acordo com o levantamento, existem ainda mais de 150 companhias com participação federal. 

Para completar, a entidade também sugere que se de maior autonomia ao Banco Central, inclusive com leis que garantam sua atuação independente do debate político.

Seu navegador não suporta esse video.

Radiografia da marcha das contas públicas, no terceiro bimestre, mostrando pressão sobre a meta fiscal, é o destaque da semana que ainda terá dados do setor externo, mercadoformal de trabalho e arrecadação de tributos, em junho.

GENEBRA - O crescimento da economia brasileira será lento por um período prolongado e sua recuperação continuará vulnerável às incertezas políticas do País. Quem faz o alerta é a Organização Mundial do Comércio que, nesta segunda-feira, iniciou uma sabatina do País e que vai avaliar as políticas comerciais adotadas nos últimos quatro anos. A constatação, porém, é de que apenas reformas estruturais podem voltar a dar fôlego para a expansão da economia. 

"A previsão é de que a economia brasileira iniciará um processo de recuperação gradual em 2017", apontou o informe. "Mas o crescimento será fraco durante um período prolongado", ponderou a OMC, citando dado do FMI. "Apesar da solidez dos parâmetros fundamentais da economia brasileira, subsistem os riscos de uma deterioração. A economia segue sendo vulnerável a uma volta da intensificação da incerteza política e da lentidão no momento de corrigir os desequilíbrios fiscais", alertou. 

Para a OMC,apenas reformas estruturais podem voltar a dar fôlego para a expansão da economia Foto: Marcos Correa/Presidência da República

Chamando as leis trabalhistas no Brasil de "obsoletas" e o sistema tributário de "complexo", a OMC insiste no caminho das reformas."A prosperidade e o crescimento sustentável futuro dependem de que se realizem reformas estruturais que impulsionem a produtividade em várias esferas, incluindo uma reforma do regime fiscal e de incentivos, excessivamente complexos, e uma redução das limitações de regras que pesam sobre as empresas, a correção das deficiências de infraestrutura e a solução dos problemas relacionados com as pensões e o mercado de trabalho", alertou a OMC. 

Na avaliação da entidade, a recessão que atravessou o País estava relacionada com a "erosão da confiança nas políticas nacionais, na incerteza política que provocaram as investigações sobre a corrupção na Petrobras e um endurecimento das condições de concessão de créditos". Outros elementos seriam a fraca demanda internacional e a queda nos preços de commodities. O resultado foi uma das mais profundas recessões da história do Brasil. 

Usando dados do FMI, a entidade estima que a recuperação começa em 2017. Mas a produção aumentaria apenas 0,5% em 2017 e 1,5% em 2018. Entre 2019 e 2021, a taxa tampouco passaria 2%. Já a dívida pública continuaria aumentando, passando de 82% em 2017 para 93% em 2021. 

Na avaliação da OMC, a decisão do governo de Michel Temer de congelar gastos por 20 anos não resolverá a crise. "Ainda que essas iniciativas tratem de corrigir o recente agravamento dos desequilíbrios fiscais, eles não abordam as deficiências de longa data do sistema fiscal brasileiro, que continua desincentivando o espírito empresarial", disse, acusando o regime tributário de "complexo e imprevisível". Não por acaso, o Brasil ocupa o 181o posto entre 190 economias avaliadas sobre a facilidade em pagar impostos, exigindo mais de 2 mil horas. 

Na avaliação da entidade, as apenas as reformas "incrementariam a resistência da economia brasileira e ajudaria a alcançar seus objetivos econômicos e de bem-estar".

Outra constatação aponta para investimentos insuficientes em infraestrutura e pesquisa. "Inverter essa tendência e criar um entorno empresarial mais dinâmico contribuiria para melhorar as perspectivas de crescimento", alertou. Mas, para isso, o Brasil teria de "agilizar a administração do setor público" com o objetivo de reformar o sistema fiscal "visivelmente complexo" e colocar fim à guerra fiscal entre os estados. 

Obsoleto. A OMC ainda chama o regime trabalhista nacional de "obsoleto" e sugere a redução da burocracia. "O regime trabalhista do Brasil requer uma reforma mais profunda, em que se aborde também o complexo corpo de leis e jurisprudências, a propensão a resolver assuntos trabalhistas mediante o litígio, no lugar de negociações coletivas, o desincentivo às relações trabalhistas duradouras e o investimento na formação de funcionários", apontou a OMC. 

Para a entidade, reduzir os custos de litígios trabalhistas seria "benéfico para a competitividade da economia brasileira". 

As deficiências na infraestrutura do País também foram destacadas pela OMC como um dos problemas da economia. "Ao que parece, a qualidade geral das infraestruturas do Brasil é inferior a quase todos seus concorrentes nos mercados de exportação", alertou. Essas deficiências seriam ainda mais graves quando se associa a isso um indicador de qualidade do transporte no Brasil. 

O que pode mudar no seu emprego com a reforma trabalhista

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1.Contratos fixos, intermitentes e parciais

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2. Jornada de trabalho

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3. Troca de roupa e banheiro

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10. Multa por discriminação

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12. Demissão

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14. Processo judicial e honorários da Justiça

Foto: Pixabay

Se em alguns casos o problema foi a manutenção inadequada ou o uso intensivo desses meios de transporte, o principal obstáculo foi o "prolongado período de investimentos insuficientes em comparação a outros países". 

Para a OMC, uma reforma não poderia estar completa sem um incremento da transparência, em especial nas operações de empresas estatais. De acordo com o levantamento, existem ainda mais de 150 companhias com participação federal. 

Para completar, a entidade também sugere que se de maior autonomia ao Banco Central, inclusive com leis que garantam sua atuação independente do debate político.

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