Rússia aumentará importações do Brasil para compensar produtos dos EUA e UE


Governo russo confirmou que elevará as importações de produtos brasileiros; Putin anunciou lista de países afetados por embargo, que inclui EUA, Europa, Austrália, Canadá e Noruega

Por Jamil Chade

GENEBRA - O governo de Vladimir Putin anuncia que vai aumentar as importações de alimentos brasileiros como forma de compensar as barreiras colocadas sobre americanos e europeus. Ontem, o Kremlin manteve negociações com uma delegação brasileira para estabelecer mecanismos imediatos para expandir as exportações de bens agrícolas nacionais para o mercado russo. 

A aproximação com o Brasil aconteceu no mesmo dia em que Moscou anunciou que, a partir de hoje, sanções contra a importação de alimentos do Ocidente entrariam em vigor. O Brasil, que não condenou Moscou por suas ações na Ucrânia e chegou a receber Putin em uma visita de estado no auge da crise, não faz parte da lista e deve ver suas exportações aumentarem de forma importante nos próximos meses. 

Europeus podem perder até 2 bilhões de euros em vendas para o mercado russo Foto: Mikhail Klimentiev/EFE
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A principal entidade agrícola do governo russo, a Rosselkhoznadzor, anunciou que iniciou consultas com governos latino-americanos para expandir o abastecimento de alimentos e, assim, compensar a queda nas importações principalmente da Europa. 

"Encontros com diplomatas do Equador, Brasil, Chile e Argentina serão mantidos no dia 7 de agosto. Eles vão focar na possibilidade de expandir o abastecimento de alimentos desses países para o mercado russo, declarou em nota o Serviço Federal de Veterinária e Monitoramento Fitossanitário. 

A Rosselkhoznadzor indicou que levantou as barreiras sobre os produtores brasileiros que tenham interesse em exportar para a Rússia. Na terça-feira, numa reunião entre brasileiros e russos, o Itamaraty confirmou aos representantes de Moscou que tem interesse em aumentar as vendas e que estava disposto dar garantias de que as vendas vão estar dentro das normas russas. 

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"Levando em consideração os resultados das negociações e diante do interesse dos importadores russos e aceitando as garantias veterinárias do Brasil, Rosselkhoznadzor acredita que é possível retirar temporariamente uma série de restrições a empresas brasileiras", indicou. 

Quem também confirmou o aumento das compras de itens brasileiros foi o ministro da Agricultura da Rússia, Nikolai Fyodorov. Em coletiva de imprensa, ele indicou que o setor de carne será abastecido por mais carne brasileiro e queijo da Nova Zelândia.

Embargo. A decisão de aumentar as importações brasileiras vem no momento da imposição de sanções contra americanos e europeus, depois que Europa e EUA se uniram para estabelecer o maior embargo contra a Rússia desde o final da Guerra Fria e por conta do comportamento do Kremlin no conflito no Leste da Ucrânia. 

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"As restrições foram impostas por um ano", declarou o primeiro-ministro Dmitri Medvedev em seu comunicado. "Mas se os nossos parceiros demonstrarem uma atitude construtiva, o governo está disposto a rever os tempos dessas restrições", declarou. 

Os países afetados serão aqueles que adotaram medidas contra os russos: EUA. União Europeia, Canadá, Australia e Noruega. 

A lista de produtos banidos inclui carne bovina, suína e de frango (fresca e congelada), carnes defumadas e salgadas, peixes, leite e produtos lácteos, legumes, frutas, nozes, salsichas e queijos. Mas produtos como alimentos para crianças e vinhos poderão continuar a entrada no mercado russo.

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Medvedev também alertou quase imediatamente ao setor privado russo que vai reagir se empresas locais optarem por aumentar preços de seus produtos aos consumidores, tentando lucrar com a situação. "Alerto que isso será tratado de forma severa", indicou. O presidente americano, Barack Obama, alertou que as sanções russas afetariam acima de tudo a população russa. 

A Rússia importa US$ 43 bilhões por ano em alimentos e se tornou no maior destino das exportações de produtos agrícolas da UE, além de ser o segundo maior importador de frango americano. 

Para o governo russo, os europeus podem perder até 12 bilhões de euros com a medida, 10% de tudo o que o bloco exporta ao mundo em alimentos.

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Para a FAO, liderada pelo brasileiro José Graziano, quem também vai perder serão os consumidores russos. "A primeira vítima é o mercado doméstico russo", declarou o economista chefe da FAO, Abdolreza Abbassian. "Isso terá implicações também para os países produtores", admitiu. 

Guerra. Do lado europeu, Bruxelas informou nesta quinta-feira que vai levar as barreiras comerciais dos russos aos tribunais da Organização Mundial do Comércio (OMC). "Restrições comerciais de larga escala motivadas por assuntos políticos são uma violação das regras da OMC", declarou a UE. 

A chanceler lituana, Linas Linkevi?ius, confirmou que o embargo poder se transformar em uma guerra nos tribunais. "Vamos realizar consultas. Essas medidas terão consequências", declarou. Hoje, russos e europeus já estão envolvidos em cinco batalhas jurídicas por conta de barreiras comerciais, incluindo no setor de energia, carne suína e veículos. 

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Brasil. Se europeus podem perder bilhões de euros em vendas para o mercado russo, a medida pode favorecer as exportações brasileiras que concorrerem diretamente com a UE pelo mercado de carnes de Moscou. 

Nos últimos dias, russos já indicaram que, depois de anos de debates, passaram a reconhecer os certificados sanitários de frigoríficos brasileiros. O governo de Dilma Rousseff ainda recebeu Vladimir Putin e a diplomacia brasileira deixou claro que não pretendia aplicar sanções contra os russos. 

Durante a negociação para a adesão da Rússia à OMC, Moscou deu preferências aos americanos e europeus em detrimento dos produtos brasileiros, que ganharam cotas menores. 

Nos últimos anos, o comércio entre Brasil e Rússia sofreu um abalo depois de atingir seu momento máximo em 2011. Naquele ano, as exportações brasileiras atingiram US$ 4,2 bilhões. Mas, no ano seguinte, uma queda de 25% foi registrada. Em 2013, mais uma contração e o volume chegava a apenas US$ 2,9 bilhões. 

Embargos contra a carne brasileira, uma economia russa deteriorada e um cenário internacional complicado acabaram afetando as vendas nacionais para o mercado russo.

Em 2014, porém, o fluxo voltou a dar sinais de uma retomada. Até junho deste ano, as vendas brasileiras no mercado da Rússia tinham chegado a US$ 1,6 bilhão, um incremento de quase 10% em comparação aos volumes do primeiro semestre de 2013.

No mesmo período, as exportações russas para o Brasil ganharam fôlego. Entre 2010 e 2011, as vendas russas ao mercado brasileiro aumentaram em 54% em grande parte graças à elevação do preço de energia. O ano terminaria com vendas de US$ 2.9 bilhões. 

2012 e 2013 registraram uma queda também nas vendas russas ao Brasil, mas em uma proporção menor, de 5% e 4% respectivamente. Já em 2014, as exportações russas voltaram a aumentar e num ritmo superior às vendas brasileiras, atingindo uma alta de 17%. Hoje a vantagem comercial do Brasil que chegou a ser de mais de US$ 1,3 bilhão não passa de US$ 300 milhões. 

Veja abaixo a lista de produtos:

-Carne bovina, suína e de frango, fresca e congelada 

- Carnes defumadas e salgadas

- Peixes

- Leite e produtos lácteos

- Legumes

- Frutas

- Nozes 

- Salsichas 

- Queijos

(Texto atualizado às 9h50)

GENEBRA - O governo de Vladimir Putin anuncia que vai aumentar as importações de alimentos brasileiros como forma de compensar as barreiras colocadas sobre americanos e europeus. Ontem, o Kremlin manteve negociações com uma delegação brasileira para estabelecer mecanismos imediatos para expandir as exportações de bens agrícolas nacionais para o mercado russo. 

A aproximação com o Brasil aconteceu no mesmo dia em que Moscou anunciou que, a partir de hoje, sanções contra a importação de alimentos do Ocidente entrariam em vigor. O Brasil, que não condenou Moscou por suas ações na Ucrânia e chegou a receber Putin em uma visita de estado no auge da crise, não faz parte da lista e deve ver suas exportações aumentarem de forma importante nos próximos meses. 

Europeus podem perder até 2 bilhões de euros em vendas para o mercado russo Foto: Mikhail Klimentiev/EFE

A principal entidade agrícola do governo russo, a Rosselkhoznadzor, anunciou que iniciou consultas com governos latino-americanos para expandir o abastecimento de alimentos e, assim, compensar a queda nas importações principalmente da Europa. 

"Encontros com diplomatas do Equador, Brasil, Chile e Argentina serão mantidos no dia 7 de agosto. Eles vão focar na possibilidade de expandir o abastecimento de alimentos desses países para o mercado russo, declarou em nota o Serviço Federal de Veterinária e Monitoramento Fitossanitário. 

A Rosselkhoznadzor indicou que levantou as barreiras sobre os produtores brasileiros que tenham interesse em exportar para a Rússia. Na terça-feira, numa reunião entre brasileiros e russos, o Itamaraty confirmou aos representantes de Moscou que tem interesse em aumentar as vendas e que estava disposto dar garantias de que as vendas vão estar dentro das normas russas. 

"Levando em consideração os resultados das negociações e diante do interesse dos importadores russos e aceitando as garantias veterinárias do Brasil, Rosselkhoznadzor acredita que é possível retirar temporariamente uma série de restrições a empresas brasileiras", indicou. 

Quem também confirmou o aumento das compras de itens brasileiros foi o ministro da Agricultura da Rússia, Nikolai Fyodorov. Em coletiva de imprensa, ele indicou que o setor de carne será abastecido por mais carne brasileiro e queijo da Nova Zelândia.

Embargo. A decisão de aumentar as importações brasileiras vem no momento da imposição de sanções contra americanos e europeus, depois que Europa e EUA se uniram para estabelecer o maior embargo contra a Rússia desde o final da Guerra Fria e por conta do comportamento do Kremlin no conflito no Leste da Ucrânia. 

"As restrições foram impostas por um ano", declarou o primeiro-ministro Dmitri Medvedev em seu comunicado. "Mas se os nossos parceiros demonstrarem uma atitude construtiva, o governo está disposto a rever os tempos dessas restrições", declarou. 

Os países afetados serão aqueles que adotaram medidas contra os russos: EUA. União Europeia, Canadá, Australia e Noruega. 

A lista de produtos banidos inclui carne bovina, suína e de frango (fresca e congelada), carnes defumadas e salgadas, peixes, leite e produtos lácteos, legumes, frutas, nozes, salsichas e queijos. Mas produtos como alimentos para crianças e vinhos poderão continuar a entrada no mercado russo.

Medvedev também alertou quase imediatamente ao setor privado russo que vai reagir se empresas locais optarem por aumentar preços de seus produtos aos consumidores, tentando lucrar com a situação. "Alerto que isso será tratado de forma severa", indicou. O presidente americano, Barack Obama, alertou que as sanções russas afetariam acima de tudo a população russa. 

A Rússia importa US$ 43 bilhões por ano em alimentos e se tornou no maior destino das exportações de produtos agrícolas da UE, além de ser o segundo maior importador de frango americano. 

Para o governo russo, os europeus podem perder até 12 bilhões de euros com a medida, 10% de tudo o que o bloco exporta ao mundo em alimentos.

Para a FAO, liderada pelo brasileiro José Graziano, quem também vai perder serão os consumidores russos. "A primeira vítima é o mercado doméstico russo", declarou o economista chefe da FAO, Abdolreza Abbassian. "Isso terá implicações também para os países produtores", admitiu. 

Guerra. Do lado europeu, Bruxelas informou nesta quinta-feira que vai levar as barreiras comerciais dos russos aos tribunais da Organização Mundial do Comércio (OMC). "Restrições comerciais de larga escala motivadas por assuntos políticos são uma violação das regras da OMC", declarou a UE. 

A chanceler lituana, Linas Linkevi?ius, confirmou que o embargo poder se transformar em uma guerra nos tribunais. "Vamos realizar consultas. Essas medidas terão consequências", declarou. Hoje, russos e europeus já estão envolvidos em cinco batalhas jurídicas por conta de barreiras comerciais, incluindo no setor de energia, carne suína e veículos. 

Brasil. Se europeus podem perder bilhões de euros em vendas para o mercado russo, a medida pode favorecer as exportações brasileiras que concorrerem diretamente com a UE pelo mercado de carnes de Moscou. 

Nos últimos dias, russos já indicaram que, depois de anos de debates, passaram a reconhecer os certificados sanitários de frigoríficos brasileiros. O governo de Dilma Rousseff ainda recebeu Vladimir Putin e a diplomacia brasileira deixou claro que não pretendia aplicar sanções contra os russos. 

Durante a negociação para a adesão da Rússia à OMC, Moscou deu preferências aos americanos e europeus em detrimento dos produtos brasileiros, que ganharam cotas menores. 

Nos últimos anos, o comércio entre Brasil e Rússia sofreu um abalo depois de atingir seu momento máximo em 2011. Naquele ano, as exportações brasileiras atingiram US$ 4,2 bilhões. Mas, no ano seguinte, uma queda de 25% foi registrada. Em 2013, mais uma contração e o volume chegava a apenas US$ 2,9 bilhões. 

Embargos contra a carne brasileira, uma economia russa deteriorada e um cenário internacional complicado acabaram afetando as vendas nacionais para o mercado russo.

Em 2014, porém, o fluxo voltou a dar sinais de uma retomada. Até junho deste ano, as vendas brasileiras no mercado da Rússia tinham chegado a US$ 1,6 bilhão, um incremento de quase 10% em comparação aos volumes do primeiro semestre de 2013.

No mesmo período, as exportações russas para o Brasil ganharam fôlego. Entre 2010 e 2011, as vendas russas ao mercado brasileiro aumentaram em 54% em grande parte graças à elevação do preço de energia. O ano terminaria com vendas de US$ 2.9 bilhões. 

2012 e 2013 registraram uma queda também nas vendas russas ao Brasil, mas em uma proporção menor, de 5% e 4% respectivamente. Já em 2014, as exportações russas voltaram a aumentar e num ritmo superior às vendas brasileiras, atingindo uma alta de 17%. Hoje a vantagem comercial do Brasil que chegou a ser de mais de US$ 1,3 bilhão não passa de US$ 300 milhões. 

Veja abaixo a lista de produtos:

-Carne bovina, suína e de frango, fresca e congelada 

- Carnes defumadas e salgadas

- Peixes

- Leite e produtos lácteos

- Legumes

- Frutas

- Nozes 

- Salsichas 

- Queijos

(Texto atualizado às 9h50)

GENEBRA - O governo de Vladimir Putin anuncia que vai aumentar as importações de alimentos brasileiros como forma de compensar as barreiras colocadas sobre americanos e europeus. Ontem, o Kremlin manteve negociações com uma delegação brasileira para estabelecer mecanismos imediatos para expandir as exportações de bens agrícolas nacionais para o mercado russo. 

A aproximação com o Brasil aconteceu no mesmo dia em que Moscou anunciou que, a partir de hoje, sanções contra a importação de alimentos do Ocidente entrariam em vigor. O Brasil, que não condenou Moscou por suas ações na Ucrânia e chegou a receber Putin em uma visita de estado no auge da crise, não faz parte da lista e deve ver suas exportações aumentarem de forma importante nos próximos meses. 

Europeus podem perder até 2 bilhões de euros em vendas para o mercado russo Foto: Mikhail Klimentiev/EFE

A principal entidade agrícola do governo russo, a Rosselkhoznadzor, anunciou que iniciou consultas com governos latino-americanos para expandir o abastecimento de alimentos e, assim, compensar a queda nas importações principalmente da Europa. 

"Encontros com diplomatas do Equador, Brasil, Chile e Argentina serão mantidos no dia 7 de agosto. Eles vão focar na possibilidade de expandir o abastecimento de alimentos desses países para o mercado russo, declarou em nota o Serviço Federal de Veterinária e Monitoramento Fitossanitário. 

A Rosselkhoznadzor indicou que levantou as barreiras sobre os produtores brasileiros que tenham interesse em exportar para a Rússia. Na terça-feira, numa reunião entre brasileiros e russos, o Itamaraty confirmou aos representantes de Moscou que tem interesse em aumentar as vendas e que estava disposto dar garantias de que as vendas vão estar dentro das normas russas. 

"Levando em consideração os resultados das negociações e diante do interesse dos importadores russos e aceitando as garantias veterinárias do Brasil, Rosselkhoznadzor acredita que é possível retirar temporariamente uma série de restrições a empresas brasileiras", indicou. 

Quem também confirmou o aumento das compras de itens brasileiros foi o ministro da Agricultura da Rússia, Nikolai Fyodorov. Em coletiva de imprensa, ele indicou que o setor de carne será abastecido por mais carne brasileiro e queijo da Nova Zelândia.

Embargo. A decisão de aumentar as importações brasileiras vem no momento da imposição de sanções contra americanos e europeus, depois que Europa e EUA se uniram para estabelecer o maior embargo contra a Rússia desde o final da Guerra Fria e por conta do comportamento do Kremlin no conflito no Leste da Ucrânia. 

"As restrições foram impostas por um ano", declarou o primeiro-ministro Dmitri Medvedev em seu comunicado. "Mas se os nossos parceiros demonstrarem uma atitude construtiva, o governo está disposto a rever os tempos dessas restrições", declarou. 

Os países afetados serão aqueles que adotaram medidas contra os russos: EUA. União Europeia, Canadá, Australia e Noruega. 

A lista de produtos banidos inclui carne bovina, suína e de frango (fresca e congelada), carnes defumadas e salgadas, peixes, leite e produtos lácteos, legumes, frutas, nozes, salsichas e queijos. Mas produtos como alimentos para crianças e vinhos poderão continuar a entrada no mercado russo.

Medvedev também alertou quase imediatamente ao setor privado russo que vai reagir se empresas locais optarem por aumentar preços de seus produtos aos consumidores, tentando lucrar com a situação. "Alerto que isso será tratado de forma severa", indicou. O presidente americano, Barack Obama, alertou que as sanções russas afetariam acima de tudo a população russa. 

A Rússia importa US$ 43 bilhões por ano em alimentos e se tornou no maior destino das exportações de produtos agrícolas da UE, além de ser o segundo maior importador de frango americano. 

Para o governo russo, os europeus podem perder até 12 bilhões de euros com a medida, 10% de tudo o que o bloco exporta ao mundo em alimentos.

Para a FAO, liderada pelo brasileiro José Graziano, quem também vai perder serão os consumidores russos. "A primeira vítima é o mercado doméstico russo", declarou o economista chefe da FAO, Abdolreza Abbassian. "Isso terá implicações também para os países produtores", admitiu. 

Guerra. Do lado europeu, Bruxelas informou nesta quinta-feira que vai levar as barreiras comerciais dos russos aos tribunais da Organização Mundial do Comércio (OMC). "Restrições comerciais de larga escala motivadas por assuntos políticos são uma violação das regras da OMC", declarou a UE. 

A chanceler lituana, Linas Linkevi?ius, confirmou que o embargo poder se transformar em uma guerra nos tribunais. "Vamos realizar consultas. Essas medidas terão consequências", declarou. Hoje, russos e europeus já estão envolvidos em cinco batalhas jurídicas por conta de barreiras comerciais, incluindo no setor de energia, carne suína e veículos. 

Brasil. Se europeus podem perder bilhões de euros em vendas para o mercado russo, a medida pode favorecer as exportações brasileiras que concorrerem diretamente com a UE pelo mercado de carnes de Moscou. 

Nos últimos dias, russos já indicaram que, depois de anos de debates, passaram a reconhecer os certificados sanitários de frigoríficos brasileiros. O governo de Dilma Rousseff ainda recebeu Vladimir Putin e a diplomacia brasileira deixou claro que não pretendia aplicar sanções contra os russos. 

Durante a negociação para a adesão da Rússia à OMC, Moscou deu preferências aos americanos e europeus em detrimento dos produtos brasileiros, que ganharam cotas menores. 

Nos últimos anos, o comércio entre Brasil e Rússia sofreu um abalo depois de atingir seu momento máximo em 2011. Naquele ano, as exportações brasileiras atingiram US$ 4,2 bilhões. Mas, no ano seguinte, uma queda de 25% foi registrada. Em 2013, mais uma contração e o volume chegava a apenas US$ 2,9 bilhões. 

Embargos contra a carne brasileira, uma economia russa deteriorada e um cenário internacional complicado acabaram afetando as vendas nacionais para o mercado russo.

Em 2014, porém, o fluxo voltou a dar sinais de uma retomada. Até junho deste ano, as vendas brasileiras no mercado da Rússia tinham chegado a US$ 1,6 bilhão, um incremento de quase 10% em comparação aos volumes do primeiro semestre de 2013.

No mesmo período, as exportações russas para o Brasil ganharam fôlego. Entre 2010 e 2011, as vendas russas ao mercado brasileiro aumentaram em 54% em grande parte graças à elevação do preço de energia. O ano terminaria com vendas de US$ 2.9 bilhões. 

2012 e 2013 registraram uma queda também nas vendas russas ao Brasil, mas em uma proporção menor, de 5% e 4% respectivamente. Já em 2014, as exportações russas voltaram a aumentar e num ritmo superior às vendas brasileiras, atingindo uma alta de 17%. Hoje a vantagem comercial do Brasil que chegou a ser de mais de US$ 1,3 bilhão não passa de US$ 300 milhões. 

Veja abaixo a lista de produtos:

-Carne bovina, suína e de frango, fresca e congelada 

- Carnes defumadas e salgadas

- Peixes

- Leite e produtos lácteos

- Legumes

- Frutas

- Nozes 

- Salsichas 

- Queijos

(Texto atualizado às 9h50)

GENEBRA - O governo de Vladimir Putin anuncia que vai aumentar as importações de alimentos brasileiros como forma de compensar as barreiras colocadas sobre americanos e europeus. Ontem, o Kremlin manteve negociações com uma delegação brasileira para estabelecer mecanismos imediatos para expandir as exportações de bens agrícolas nacionais para o mercado russo. 

A aproximação com o Brasil aconteceu no mesmo dia em que Moscou anunciou que, a partir de hoje, sanções contra a importação de alimentos do Ocidente entrariam em vigor. O Brasil, que não condenou Moscou por suas ações na Ucrânia e chegou a receber Putin em uma visita de estado no auge da crise, não faz parte da lista e deve ver suas exportações aumentarem de forma importante nos próximos meses. 

Europeus podem perder até 2 bilhões de euros em vendas para o mercado russo Foto: Mikhail Klimentiev/EFE

A principal entidade agrícola do governo russo, a Rosselkhoznadzor, anunciou que iniciou consultas com governos latino-americanos para expandir o abastecimento de alimentos e, assim, compensar a queda nas importações principalmente da Europa. 

"Encontros com diplomatas do Equador, Brasil, Chile e Argentina serão mantidos no dia 7 de agosto. Eles vão focar na possibilidade de expandir o abastecimento de alimentos desses países para o mercado russo, declarou em nota o Serviço Federal de Veterinária e Monitoramento Fitossanitário. 

A Rosselkhoznadzor indicou que levantou as barreiras sobre os produtores brasileiros que tenham interesse em exportar para a Rússia. Na terça-feira, numa reunião entre brasileiros e russos, o Itamaraty confirmou aos representantes de Moscou que tem interesse em aumentar as vendas e que estava disposto dar garantias de que as vendas vão estar dentro das normas russas. 

"Levando em consideração os resultados das negociações e diante do interesse dos importadores russos e aceitando as garantias veterinárias do Brasil, Rosselkhoznadzor acredita que é possível retirar temporariamente uma série de restrições a empresas brasileiras", indicou. 

Quem também confirmou o aumento das compras de itens brasileiros foi o ministro da Agricultura da Rússia, Nikolai Fyodorov. Em coletiva de imprensa, ele indicou que o setor de carne será abastecido por mais carne brasileiro e queijo da Nova Zelândia.

Embargo. A decisão de aumentar as importações brasileiras vem no momento da imposição de sanções contra americanos e europeus, depois que Europa e EUA se uniram para estabelecer o maior embargo contra a Rússia desde o final da Guerra Fria e por conta do comportamento do Kremlin no conflito no Leste da Ucrânia. 

"As restrições foram impostas por um ano", declarou o primeiro-ministro Dmitri Medvedev em seu comunicado. "Mas se os nossos parceiros demonstrarem uma atitude construtiva, o governo está disposto a rever os tempos dessas restrições", declarou. 

Os países afetados serão aqueles que adotaram medidas contra os russos: EUA. União Europeia, Canadá, Australia e Noruega. 

A lista de produtos banidos inclui carne bovina, suína e de frango (fresca e congelada), carnes defumadas e salgadas, peixes, leite e produtos lácteos, legumes, frutas, nozes, salsichas e queijos. Mas produtos como alimentos para crianças e vinhos poderão continuar a entrada no mercado russo.

Medvedev também alertou quase imediatamente ao setor privado russo que vai reagir se empresas locais optarem por aumentar preços de seus produtos aos consumidores, tentando lucrar com a situação. "Alerto que isso será tratado de forma severa", indicou. O presidente americano, Barack Obama, alertou que as sanções russas afetariam acima de tudo a população russa. 

A Rússia importa US$ 43 bilhões por ano em alimentos e se tornou no maior destino das exportações de produtos agrícolas da UE, além de ser o segundo maior importador de frango americano. 

Para o governo russo, os europeus podem perder até 12 bilhões de euros com a medida, 10% de tudo o que o bloco exporta ao mundo em alimentos.

Para a FAO, liderada pelo brasileiro José Graziano, quem também vai perder serão os consumidores russos. "A primeira vítima é o mercado doméstico russo", declarou o economista chefe da FAO, Abdolreza Abbassian. "Isso terá implicações também para os países produtores", admitiu. 

Guerra. Do lado europeu, Bruxelas informou nesta quinta-feira que vai levar as barreiras comerciais dos russos aos tribunais da Organização Mundial do Comércio (OMC). "Restrições comerciais de larga escala motivadas por assuntos políticos são uma violação das regras da OMC", declarou a UE. 

A chanceler lituana, Linas Linkevi?ius, confirmou que o embargo poder se transformar em uma guerra nos tribunais. "Vamos realizar consultas. Essas medidas terão consequências", declarou. Hoje, russos e europeus já estão envolvidos em cinco batalhas jurídicas por conta de barreiras comerciais, incluindo no setor de energia, carne suína e veículos. 

Brasil. Se europeus podem perder bilhões de euros em vendas para o mercado russo, a medida pode favorecer as exportações brasileiras que concorrerem diretamente com a UE pelo mercado de carnes de Moscou. 

Nos últimos dias, russos já indicaram que, depois de anos de debates, passaram a reconhecer os certificados sanitários de frigoríficos brasileiros. O governo de Dilma Rousseff ainda recebeu Vladimir Putin e a diplomacia brasileira deixou claro que não pretendia aplicar sanções contra os russos. 

Durante a negociação para a adesão da Rússia à OMC, Moscou deu preferências aos americanos e europeus em detrimento dos produtos brasileiros, que ganharam cotas menores. 

Nos últimos anos, o comércio entre Brasil e Rússia sofreu um abalo depois de atingir seu momento máximo em 2011. Naquele ano, as exportações brasileiras atingiram US$ 4,2 bilhões. Mas, no ano seguinte, uma queda de 25% foi registrada. Em 2013, mais uma contração e o volume chegava a apenas US$ 2,9 bilhões. 

Embargos contra a carne brasileira, uma economia russa deteriorada e um cenário internacional complicado acabaram afetando as vendas nacionais para o mercado russo.

Em 2014, porém, o fluxo voltou a dar sinais de uma retomada. Até junho deste ano, as vendas brasileiras no mercado da Rússia tinham chegado a US$ 1,6 bilhão, um incremento de quase 10% em comparação aos volumes do primeiro semestre de 2013.

No mesmo período, as exportações russas para o Brasil ganharam fôlego. Entre 2010 e 2011, as vendas russas ao mercado brasileiro aumentaram em 54% em grande parte graças à elevação do preço de energia. O ano terminaria com vendas de US$ 2.9 bilhões. 

2012 e 2013 registraram uma queda também nas vendas russas ao Brasil, mas em uma proporção menor, de 5% e 4% respectivamente. Já em 2014, as exportações russas voltaram a aumentar e num ritmo superior às vendas brasileiras, atingindo uma alta de 17%. Hoje a vantagem comercial do Brasil que chegou a ser de mais de US$ 1,3 bilhão não passa de US$ 300 milhões. 

Veja abaixo a lista de produtos:

-Carne bovina, suína e de frango, fresca e congelada 

- Carnes defumadas e salgadas

- Peixes

- Leite e produtos lácteos

- Legumes

- Frutas

- Nozes 

- Salsichas 

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