‘Saída de Dilma não inaugura período de reformas’


Ex-ministro acredita,porém, que eventualruptura pode ter oefeito de melhoraras expectativas

Por Lu Aiko Otta, Adriana Fernandes e BRASÍLIA

O eventual encerramento do mandato da presidente Dilma Rousseff não inaugurará um período de reformas econômicas, mas certamente melhorará a gestão da economia, com reflexos positivos para o ambiente e as expectativas. Principalmente se houver uma cooperação entre o atual vice-presidente, Michel Temer (PMDB), e as oposições. Essa é a avaliação do ex-ministro da Fazenda Mailson da Nóbrega. Por haver comandado uma economia em crise a bordo de um governo politicamente fraco, Mailson tem sido comparado ao atual ministro da Fazenda, Nelson Barbosa. O ex-ministro concorda que há similaridade, mas aponta para diferenças básicas. Do ponto de vista econômico, o Brasil está melhor do que na sua época. Do ponto de vista político, acha ele, Barbosa enfrenta um quadro mais difícil do que o seu. Confira os principais trechos da entrevista concedida ao Estado:

  Foto: ESTADAO CONTEUDO

Quais as implicações da delação premiada do senador Delcídio Amaral (PT-MS) e da condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva?

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Esses fatos alteraram o cenário político. As chances de impeachment aumentaram muito. Até agora, eu achava que o mais provável era a Dilma ficar até o fim do mandato. Isso mudou.

Como isso afeta a economia?

Está aí a reação dos mercados (dólar em queda e Bolsa em alta, ambos sinais de otimismo). Eles entendem que a saída de Dilma sinaliza uma mudança, evita a deterioração do ambiente econômico, minimiza os riscos de uma reviravolta política. É típico de quem joga no curto prazo, um certo exagero. É pouco provável que a saída de Dilma inaugure um novo período de reformas estruturais. O Temer pode ter melhores condições de articulação do que ela, mas daí a coordenar e liderar um processo de grandes reformas, acho pouco provável.

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Por que Temer contaria com um ambiente mais favorável?

O impeachment é um incentivo para a cooperação da oposição, sobretudo se houver um compromisso de o Temer não concorrer em 2018. Ganharia ele pela adesão da oposição a um mínimo de reformas, uma ajuda para conduzir o governo e evitar o aprofundamento da recessão.

E o Lula?

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Os desdobramentos da condução coercitiva do Lula estão por acontecer. A alegação de que ele poderia ter dado o depoimento sem a espetacularização pode ser uma deixa para a mobilização da militância. Isso pode se traduzir num apoio maior das bases petistas à preservação do mandato da presidente Dilma. Não é um fato determinante, definitivo para o processo de impeachment. Mas acho que ele pode decretar a inviabilidade eleitoral de Lula para 2018. Isso também anima os mercados. A volta dele é um receio que circula nos mercados.

Ele praticamente se lançou candidato na entrevista que concedeu na sexta-feira.

Ele não poderia dizer outra coisa. Foi para demonstrar que não se abateu. Mas eu acho que a Lava Jato ainda vai ter muitos desdobramentos. Embora ninguém possa desprezar a força eleitoral do Lula, a probabilidade de ele voltar em 2018 é muito baixa.

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O sr., então, vê um quadro mais para o positivo do que o de uma ruptura em função do impeachment.

O impeachment não é desastroso se for feito dentro da lei. Mas ele é traumático porque paralisa o governo. Inibe a aprovação de medidas.

O sr. vê similaridade entre sua situação, nos anos 1980, e a do ministro Nelson Barbosa?

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Acho que tem alguma semelhança, porque é uma situação em que o governo não tem base política para enfrentar os problemas estruturais. Acho que tem duas diferenças básicas. Primeiro, o Brasil é hoje bem melhor do que naquela época: tem instituições sólidas, dependendo do conceito já é um país de classe média, o sistema financeiro é sólido, o agronegócio é dos mais competitivos. Tem muitas vantagens. E eu diria que, no campo político, (hoje) é pior do que naquela época.

Por quê?

O presidente Sarney, por maior que fosse sua fragilização no momento, tinha uma capacidade muito interessante de articulação, de conversar com os líderes. Afinal, ele chegou lá porque tinha sido deputado, governador, senador, líder de partido. Tinha 30 anos de estrada. E tem no DNA dele a habilidade política. A Dilma é um poste que chegou ao governo e às vezes se mostra desconfortável com essa articulação política.

O eventual encerramento do mandato da presidente Dilma Rousseff não inaugurará um período de reformas econômicas, mas certamente melhorará a gestão da economia, com reflexos positivos para o ambiente e as expectativas. Principalmente se houver uma cooperação entre o atual vice-presidente, Michel Temer (PMDB), e as oposições. Essa é a avaliação do ex-ministro da Fazenda Mailson da Nóbrega. Por haver comandado uma economia em crise a bordo de um governo politicamente fraco, Mailson tem sido comparado ao atual ministro da Fazenda, Nelson Barbosa. O ex-ministro concorda que há similaridade, mas aponta para diferenças básicas. Do ponto de vista econômico, o Brasil está melhor do que na sua época. Do ponto de vista político, acha ele, Barbosa enfrenta um quadro mais difícil do que o seu. Confira os principais trechos da entrevista concedida ao Estado:

  Foto: ESTADAO CONTEUDO

Quais as implicações da delação premiada do senador Delcídio Amaral (PT-MS) e da condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva?

Esses fatos alteraram o cenário político. As chances de impeachment aumentaram muito. Até agora, eu achava que o mais provável era a Dilma ficar até o fim do mandato. Isso mudou.

Como isso afeta a economia?

Está aí a reação dos mercados (dólar em queda e Bolsa em alta, ambos sinais de otimismo). Eles entendem que a saída de Dilma sinaliza uma mudança, evita a deterioração do ambiente econômico, minimiza os riscos de uma reviravolta política. É típico de quem joga no curto prazo, um certo exagero. É pouco provável que a saída de Dilma inaugure um novo período de reformas estruturais. O Temer pode ter melhores condições de articulação do que ela, mas daí a coordenar e liderar um processo de grandes reformas, acho pouco provável.

Por que Temer contaria com um ambiente mais favorável?

O impeachment é um incentivo para a cooperação da oposição, sobretudo se houver um compromisso de o Temer não concorrer em 2018. Ganharia ele pela adesão da oposição a um mínimo de reformas, uma ajuda para conduzir o governo e evitar o aprofundamento da recessão.

E o Lula?

Os desdobramentos da condução coercitiva do Lula estão por acontecer. A alegação de que ele poderia ter dado o depoimento sem a espetacularização pode ser uma deixa para a mobilização da militância. Isso pode se traduzir num apoio maior das bases petistas à preservação do mandato da presidente Dilma. Não é um fato determinante, definitivo para o processo de impeachment. Mas acho que ele pode decretar a inviabilidade eleitoral de Lula para 2018. Isso também anima os mercados. A volta dele é um receio que circula nos mercados.

Ele praticamente se lançou candidato na entrevista que concedeu na sexta-feira.

Ele não poderia dizer outra coisa. Foi para demonstrar que não se abateu. Mas eu acho que a Lava Jato ainda vai ter muitos desdobramentos. Embora ninguém possa desprezar a força eleitoral do Lula, a probabilidade de ele voltar em 2018 é muito baixa.

O sr., então, vê um quadro mais para o positivo do que o de uma ruptura em função do impeachment.

O impeachment não é desastroso se for feito dentro da lei. Mas ele é traumático porque paralisa o governo. Inibe a aprovação de medidas.

O sr. vê similaridade entre sua situação, nos anos 1980, e a do ministro Nelson Barbosa?

Acho que tem alguma semelhança, porque é uma situação em que o governo não tem base política para enfrentar os problemas estruturais. Acho que tem duas diferenças básicas. Primeiro, o Brasil é hoje bem melhor do que naquela época: tem instituições sólidas, dependendo do conceito já é um país de classe média, o sistema financeiro é sólido, o agronegócio é dos mais competitivos. Tem muitas vantagens. E eu diria que, no campo político, (hoje) é pior do que naquela época.

Por quê?

O presidente Sarney, por maior que fosse sua fragilização no momento, tinha uma capacidade muito interessante de articulação, de conversar com os líderes. Afinal, ele chegou lá porque tinha sido deputado, governador, senador, líder de partido. Tinha 30 anos de estrada. E tem no DNA dele a habilidade política. A Dilma é um poste que chegou ao governo e às vezes se mostra desconfortável com essa articulação política.

O eventual encerramento do mandato da presidente Dilma Rousseff não inaugurará um período de reformas econômicas, mas certamente melhorará a gestão da economia, com reflexos positivos para o ambiente e as expectativas. Principalmente se houver uma cooperação entre o atual vice-presidente, Michel Temer (PMDB), e as oposições. Essa é a avaliação do ex-ministro da Fazenda Mailson da Nóbrega. Por haver comandado uma economia em crise a bordo de um governo politicamente fraco, Mailson tem sido comparado ao atual ministro da Fazenda, Nelson Barbosa. O ex-ministro concorda que há similaridade, mas aponta para diferenças básicas. Do ponto de vista econômico, o Brasil está melhor do que na sua época. Do ponto de vista político, acha ele, Barbosa enfrenta um quadro mais difícil do que o seu. Confira os principais trechos da entrevista concedida ao Estado:

  Foto: ESTADAO CONTEUDO

Quais as implicações da delação premiada do senador Delcídio Amaral (PT-MS) e da condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva?

Esses fatos alteraram o cenário político. As chances de impeachment aumentaram muito. Até agora, eu achava que o mais provável era a Dilma ficar até o fim do mandato. Isso mudou.

Como isso afeta a economia?

Está aí a reação dos mercados (dólar em queda e Bolsa em alta, ambos sinais de otimismo). Eles entendem que a saída de Dilma sinaliza uma mudança, evita a deterioração do ambiente econômico, minimiza os riscos de uma reviravolta política. É típico de quem joga no curto prazo, um certo exagero. É pouco provável que a saída de Dilma inaugure um novo período de reformas estruturais. O Temer pode ter melhores condições de articulação do que ela, mas daí a coordenar e liderar um processo de grandes reformas, acho pouco provável.

Por que Temer contaria com um ambiente mais favorável?

O impeachment é um incentivo para a cooperação da oposição, sobretudo se houver um compromisso de o Temer não concorrer em 2018. Ganharia ele pela adesão da oposição a um mínimo de reformas, uma ajuda para conduzir o governo e evitar o aprofundamento da recessão.

E o Lula?

Os desdobramentos da condução coercitiva do Lula estão por acontecer. A alegação de que ele poderia ter dado o depoimento sem a espetacularização pode ser uma deixa para a mobilização da militância. Isso pode se traduzir num apoio maior das bases petistas à preservação do mandato da presidente Dilma. Não é um fato determinante, definitivo para o processo de impeachment. Mas acho que ele pode decretar a inviabilidade eleitoral de Lula para 2018. Isso também anima os mercados. A volta dele é um receio que circula nos mercados.

Ele praticamente se lançou candidato na entrevista que concedeu na sexta-feira.

Ele não poderia dizer outra coisa. Foi para demonstrar que não se abateu. Mas eu acho que a Lava Jato ainda vai ter muitos desdobramentos. Embora ninguém possa desprezar a força eleitoral do Lula, a probabilidade de ele voltar em 2018 é muito baixa.

O sr., então, vê um quadro mais para o positivo do que o de uma ruptura em função do impeachment.

O impeachment não é desastroso se for feito dentro da lei. Mas ele é traumático porque paralisa o governo. Inibe a aprovação de medidas.

O sr. vê similaridade entre sua situação, nos anos 1980, e a do ministro Nelson Barbosa?

Acho que tem alguma semelhança, porque é uma situação em que o governo não tem base política para enfrentar os problemas estruturais. Acho que tem duas diferenças básicas. Primeiro, o Brasil é hoje bem melhor do que naquela época: tem instituições sólidas, dependendo do conceito já é um país de classe média, o sistema financeiro é sólido, o agronegócio é dos mais competitivos. Tem muitas vantagens. E eu diria que, no campo político, (hoje) é pior do que naquela época.

Por quê?

O presidente Sarney, por maior que fosse sua fragilização no momento, tinha uma capacidade muito interessante de articulação, de conversar com os líderes. Afinal, ele chegou lá porque tinha sido deputado, governador, senador, líder de partido. Tinha 30 anos de estrada. E tem no DNA dele a habilidade política. A Dilma é um poste que chegou ao governo e às vezes se mostra desconfortável com essa articulação política.

O eventual encerramento do mandato da presidente Dilma Rousseff não inaugurará um período de reformas econômicas, mas certamente melhorará a gestão da economia, com reflexos positivos para o ambiente e as expectativas. Principalmente se houver uma cooperação entre o atual vice-presidente, Michel Temer (PMDB), e as oposições. Essa é a avaliação do ex-ministro da Fazenda Mailson da Nóbrega. Por haver comandado uma economia em crise a bordo de um governo politicamente fraco, Mailson tem sido comparado ao atual ministro da Fazenda, Nelson Barbosa. O ex-ministro concorda que há similaridade, mas aponta para diferenças básicas. Do ponto de vista econômico, o Brasil está melhor do que na sua época. Do ponto de vista político, acha ele, Barbosa enfrenta um quadro mais difícil do que o seu. Confira os principais trechos da entrevista concedida ao Estado:

  Foto: ESTADAO CONTEUDO

Quais as implicações da delação premiada do senador Delcídio Amaral (PT-MS) e da condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva?

Esses fatos alteraram o cenário político. As chances de impeachment aumentaram muito. Até agora, eu achava que o mais provável era a Dilma ficar até o fim do mandato. Isso mudou.

Como isso afeta a economia?

Está aí a reação dos mercados (dólar em queda e Bolsa em alta, ambos sinais de otimismo). Eles entendem que a saída de Dilma sinaliza uma mudança, evita a deterioração do ambiente econômico, minimiza os riscos de uma reviravolta política. É típico de quem joga no curto prazo, um certo exagero. É pouco provável que a saída de Dilma inaugure um novo período de reformas estruturais. O Temer pode ter melhores condições de articulação do que ela, mas daí a coordenar e liderar um processo de grandes reformas, acho pouco provável.

Por que Temer contaria com um ambiente mais favorável?

O impeachment é um incentivo para a cooperação da oposição, sobretudo se houver um compromisso de o Temer não concorrer em 2018. Ganharia ele pela adesão da oposição a um mínimo de reformas, uma ajuda para conduzir o governo e evitar o aprofundamento da recessão.

E o Lula?

Os desdobramentos da condução coercitiva do Lula estão por acontecer. A alegação de que ele poderia ter dado o depoimento sem a espetacularização pode ser uma deixa para a mobilização da militância. Isso pode se traduzir num apoio maior das bases petistas à preservação do mandato da presidente Dilma. Não é um fato determinante, definitivo para o processo de impeachment. Mas acho que ele pode decretar a inviabilidade eleitoral de Lula para 2018. Isso também anima os mercados. A volta dele é um receio que circula nos mercados.

Ele praticamente se lançou candidato na entrevista que concedeu na sexta-feira.

Ele não poderia dizer outra coisa. Foi para demonstrar que não se abateu. Mas eu acho que a Lava Jato ainda vai ter muitos desdobramentos. Embora ninguém possa desprezar a força eleitoral do Lula, a probabilidade de ele voltar em 2018 é muito baixa.

O sr., então, vê um quadro mais para o positivo do que o de uma ruptura em função do impeachment.

O impeachment não é desastroso se for feito dentro da lei. Mas ele é traumático porque paralisa o governo. Inibe a aprovação de medidas.

O sr. vê similaridade entre sua situação, nos anos 1980, e a do ministro Nelson Barbosa?

Acho que tem alguma semelhança, porque é uma situação em que o governo não tem base política para enfrentar os problemas estruturais. Acho que tem duas diferenças básicas. Primeiro, o Brasil é hoje bem melhor do que naquela época: tem instituições sólidas, dependendo do conceito já é um país de classe média, o sistema financeiro é sólido, o agronegócio é dos mais competitivos. Tem muitas vantagens. E eu diria que, no campo político, (hoje) é pior do que naquela época.

Por quê?

O presidente Sarney, por maior que fosse sua fragilização no momento, tinha uma capacidade muito interessante de articulação, de conversar com os líderes. Afinal, ele chegou lá porque tinha sido deputado, governador, senador, líder de partido. Tinha 30 anos de estrada. E tem no DNA dele a habilidade política. A Dilma é um poste que chegou ao governo e às vezes se mostra desconfortável com essa articulação política.

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