‘Silêncio das ruas’ teve duplo sentido


Enquanto parte dos acadêmicos e analistas considerou a greve um sucesso, outros consideraram a mobilização fraca, por falta de gente na rua

Por Alexa Salomão

Acostumados aos recentes protestos, com milhares de populares tomando avenidas pelo País, a greve geral com “clima de feriado” provocou reações dúbias entre acadêmicos e analistas acostumados a observar – e interpretar – fenômenos econômicos, sociais e políticos que emergem das massas. Enquanto alguns avaliaram o “silêncio das ruas” como um sinal de baixo engajamento, outros consideraram o ato um sucesso, alegando que uma greve pressupõe a parada que se viu.

Maior parte do transporte coletivo não funcionou; índice de congestionamento em SP ficou bem abaixo da média Foto: Amanda Pereobelli/Estadão

Para uma parcela dos observadores, os piquetes pontuais em ruas vazias deixaram a impressão de que a maioria das pessoas não foi trabalhar por pura falta de opção para se locomover ou medo de represália, já que na véspera se espalhou a informação de que manifestantes iriam interditar avenidas de grandes cidades e rodovias.

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A GREVE FOI FRACA Samuel Pessôa, Pesquisador do Ibre

“Fazer greve é parar porque você quer impor prejuízo para o patrão (...). Essa foi uma greve política, contra algumas medidas do governo Temer: não ir para rua, nesse caso, não é greve, é feriado.” 

A GREVE FUNCIONOU Carlos Melo, Cientista político/ Insper“Podemos dizer que as corporações, seja de metroviários ou professores, deram um sinal de força. (...) Há, agora, um argumento a mais: O povo é contra as reformas.”

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Nesse caso, o movimento estaria restrito a ação organizada de alguns sindicatos, corporações, grupos estudantis. Teria faltado a adesão espontânea da população, como se viu nos protestos contrários ao aumento da passagem do transporte público, em 2013, e em favor do impeachment, no ano passado.

Veja fotos da greve geral de abril

1 | 39

Largo da Batata foi a concentração em São Paulo

Foto: Nilton Fukuda/Estadão
2 | 39

Ato contra reformas em SP

Foto: Alex Silva/Estadão
3 | 39

Polícia dispersa ato em São Paulo

Foto: Nilton Fukuda/Estadão
4 | 39

Ato no centro do Rio teve vandalismo

Foto: Wilton Júnior/Estadão
5 | 39

Polícia do Rio

Foto: Wilton Júnior/Estadão
6 | 39

Manifestação do Rio teve confronto e vandalismo

Foto: Wilton Júnior/Estadão
7 | 39

Black blocs em Goiânia

Foto: Marília Assunção/Estadão
8 | 39

Faria Lima vazia

Foto: Foto: Amanda Perobelli/Estadão
9 | 39

Santos Dumont

Foto: FOTO WILTON JUNIOR/ESTADÃO
10 | 39

ctv-z1p-confusao-sts-dumont

Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO
11 | 39

Manifestante no Rio

Foto: FOTO WILTON JUNIOR/ESTADâ
12 | 39

Niterói

Foto: FOTO FABIO MOTTA/ESTAD?O
13 | 39

CUT

Foto: FABIO MOTTA/ESTADÂO
14 | 39

Confusão

Foto: FABIO MOTTA/ESTADÂO
15 | 39

Zona leste de São Paulo

Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO
16 | 39

Ragueb Chohfi

Foto: Werther Santana/Estadão
17 | 39

Bloqueio

Foto: Werther Santana/Estadão
18 | 39

Faixas

Foto: Werther Santana/Estadão
19 | 39

Brasília

Foto: Luci Ribeiro
20 | 39

Avenida Francisco Morato

Foto: Amanda Perobelli/Estadão
21 | 39

Estudantes secundaristas participam da manifestação

Foto: Amanda Perobelli/Estadão
22 | 39

Manifestantes dificultam a passagem de carros

Foto: Amanda Perobelli/Estadão
23 | 39

Fortaleza

Foto: Carmen Pompeu/Estadão
24 | 39

Goiânia

Foto: Marilia Assunção
25 | 39

VLT no Rio de Janeiro

Foto: Constança Rezente
26 | 39

Terminal Bandeira

Foto: Enviada pela leitora Angelica Barros
27 | 39

Avenida Giovani Gronchi

Foto: Amanda Perobelli/Estadão
28 | 39

Bloqueio

Foto: Amanda Perobelli/Estadão
29 | 39

Rio de Janeiro

Foto: Marcio Dolzan/Estadão
30 | 39

Avenida João Dias

Foto: GABRIELA BILO / ESTADAO CONTEUDO
31 | 39

Policiamento

Foto: Gabriela Biló/Estadão
32 | 39

Congonhas

Foto: Hélvio Romero
33 | 39

Washington Luiz

Foto: Hélvio Romero/Estadão
34 | 39

Policiamento

Foto: Hélvio Romero/Estadão
35 | 39

Manifestação

Foto: Celso Filho
36 | 39

Estação Itaquera

Foto: Felipe Rau/Estadão
37 | 39

Itaquera

Foto: Felipe Rau/Estação
38 | 39

Bancos protegem suas fachadas no Rio

Foto: Wilton Junior/Estadão
39 | 39

Consolação

Foto: Nilton Fukuda/Estadão

“Não poderia haver silêncio nas ruas porque essa greve teve uma natureza diferente das greves por salários, como a dos metalúrgicos”, diz o pesquisador Samuel Pessôa, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

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E Pessôa explica o ponto de vista: “Fazer greve é parar porque você quer impor um prejuízo para o seu patrão; é usar um instrumento de barganha na relação conflituosa entre capital e trabalho, mas essa foi uma greve puramente política, contra algumas medidas do governo Temer: não ir para rua, nesse caso, não é greve, é feriado.”

Essa também foi a percepção do economista-chefe da Rio Bravo, Evandro Buccini, que teve ontem um dia de trabalho comum. Ficou para ele a percepção de que a mobilização deixou a desejar. “Pareceu um movimento isolado, com impacto baixo, mas se mobilizações similares se repetirem nas próximas semanas, posso reconsiderar a avaliação”, disse Buccini.

Sinal de força. O cientista político Carlos Melo, professor do Insper e colunista do Estado, tem a análise oposta. “Podemos dizer que as corporações, seja de metroviários, motoristas de ônibus ou professores, deram um sinal de força”, diz ele. Como essas são as categorias com capacidade de articulação e pressão política, avalia Melo, a greve tende a ecoar negativamente sobre a votação das reformas, em especial da reforma da Previdência, que sofre mais resistência.

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“Deputados que já criavam problemas para o governo, com medo de votar, percebem que as corporações estão organizadas. Na base, elas podem pressioná-lo ainda mais: colocar a foto, o nome e o voto dele em cartazes. Há, agora, um argumento a mais: o povo é contra as reformas.”

O “feriadão” nacional também seria um alerta. Foi sinal de adesão. Seja por falta de transporte público, vontade ficar em casa ou protesto de fato, para os padrões desse tipo de mobilização, gente demais aderiu.

“Não deixa de ser até certo ponto surpreendente que o movimento tenha se estruturado nacionalmente, algo que não é frequente na história do Brasil: á última greve nacional do gênero ocorreu em 1996”, diz Ruy Braga, chefe do Departamento de Sociologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP).

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Braga lembra que greves gerais são difíceis de construir em qualquer lugar do mundo, porque exigem um nível elevado de integração entre movimentos sociais, sindicais e instituições muito diferentes. “O consenso é sempre complicado, mas aparentemente o consenso foi alcançado na reação a mudanças na lei trabalhista e, principalmente, na Previdência”, diz ele.

Acostumados aos recentes protestos, com milhares de populares tomando avenidas pelo País, a greve geral com “clima de feriado” provocou reações dúbias entre acadêmicos e analistas acostumados a observar – e interpretar – fenômenos econômicos, sociais e políticos que emergem das massas. Enquanto alguns avaliaram o “silêncio das ruas” como um sinal de baixo engajamento, outros consideraram o ato um sucesso, alegando que uma greve pressupõe a parada que se viu.

Maior parte do transporte coletivo não funcionou; índice de congestionamento em SP ficou bem abaixo da média Foto: Amanda Pereobelli/Estadão

Para uma parcela dos observadores, os piquetes pontuais em ruas vazias deixaram a impressão de que a maioria das pessoas não foi trabalhar por pura falta de opção para se locomover ou medo de represália, já que na véspera se espalhou a informação de que manifestantes iriam interditar avenidas de grandes cidades e rodovias.

A GREVE FOI FRACA Samuel Pessôa, Pesquisador do Ibre

“Fazer greve é parar porque você quer impor prejuízo para o patrão (...). Essa foi uma greve política, contra algumas medidas do governo Temer: não ir para rua, nesse caso, não é greve, é feriado.” 

A GREVE FUNCIONOU Carlos Melo, Cientista político/ Insper“Podemos dizer que as corporações, seja de metroviários ou professores, deram um sinal de força. (...) Há, agora, um argumento a mais: O povo é contra as reformas.”

Nesse caso, o movimento estaria restrito a ação organizada de alguns sindicatos, corporações, grupos estudantis. Teria faltado a adesão espontânea da população, como se viu nos protestos contrários ao aumento da passagem do transporte público, em 2013, e em favor do impeachment, no ano passado.

Veja fotos da greve geral de abril

1 | 39

Largo da Batata foi a concentração em São Paulo

Foto: Nilton Fukuda/Estadão
2 | 39

Ato contra reformas em SP

Foto: Alex Silva/Estadão
3 | 39

Polícia dispersa ato em São Paulo

Foto: Nilton Fukuda/Estadão
4 | 39

Ato no centro do Rio teve vandalismo

Foto: Wilton Júnior/Estadão
5 | 39

Polícia do Rio

Foto: Wilton Júnior/Estadão
6 | 39

Manifestação do Rio teve confronto e vandalismo

Foto: Wilton Júnior/Estadão
7 | 39

Black blocs em Goiânia

Foto: Marília Assunção/Estadão
8 | 39

Faria Lima vazia

Foto: Foto: Amanda Perobelli/Estadão
9 | 39

Santos Dumont

Foto: FOTO WILTON JUNIOR/ESTADÃO
10 | 39

ctv-z1p-confusao-sts-dumont

Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO
11 | 39

Manifestante no Rio

Foto: FOTO WILTON JUNIOR/ESTADâ
12 | 39

Niterói

Foto: FOTO FABIO MOTTA/ESTAD?O
13 | 39

CUT

Foto: FABIO MOTTA/ESTADÂO
14 | 39

Confusão

Foto: FABIO MOTTA/ESTADÂO
15 | 39

Zona leste de São Paulo

Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO
16 | 39

Ragueb Chohfi

Foto: Werther Santana/Estadão
17 | 39

Bloqueio

Foto: Werther Santana/Estadão
18 | 39

Faixas

Foto: Werther Santana/Estadão
19 | 39

Brasília

Foto: Luci Ribeiro
20 | 39

Avenida Francisco Morato

Foto: Amanda Perobelli/Estadão
21 | 39

Estudantes secundaristas participam da manifestação

Foto: Amanda Perobelli/Estadão
22 | 39

Manifestantes dificultam a passagem de carros

Foto: Amanda Perobelli/Estadão
23 | 39

Fortaleza

Foto: Carmen Pompeu/Estadão
24 | 39

Goiânia

Foto: Marilia Assunção
25 | 39

VLT no Rio de Janeiro

Foto: Constança Rezente
26 | 39

Terminal Bandeira

Foto: Enviada pela leitora Angelica Barros
27 | 39

Avenida Giovani Gronchi

Foto: Amanda Perobelli/Estadão
28 | 39

Bloqueio

Foto: Amanda Perobelli/Estadão
29 | 39

Rio de Janeiro

Foto: Marcio Dolzan/Estadão
30 | 39

Avenida João Dias

Foto: GABRIELA BILO / ESTADAO CONTEUDO
31 | 39

Policiamento

Foto: Gabriela Biló/Estadão
32 | 39

Congonhas

Foto: Hélvio Romero
33 | 39

Washington Luiz

Foto: Hélvio Romero/Estadão
34 | 39

Policiamento

Foto: Hélvio Romero/Estadão
35 | 39

Manifestação

Foto: Celso Filho
36 | 39

Estação Itaquera

Foto: Felipe Rau/Estadão
37 | 39

Itaquera

Foto: Felipe Rau/Estação
38 | 39

Bancos protegem suas fachadas no Rio

Foto: Wilton Junior/Estadão
39 | 39

Consolação

Foto: Nilton Fukuda/Estadão

“Não poderia haver silêncio nas ruas porque essa greve teve uma natureza diferente das greves por salários, como a dos metalúrgicos”, diz o pesquisador Samuel Pessôa, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

E Pessôa explica o ponto de vista: “Fazer greve é parar porque você quer impor um prejuízo para o seu patrão; é usar um instrumento de barganha na relação conflituosa entre capital e trabalho, mas essa foi uma greve puramente política, contra algumas medidas do governo Temer: não ir para rua, nesse caso, não é greve, é feriado.”

Essa também foi a percepção do economista-chefe da Rio Bravo, Evandro Buccini, que teve ontem um dia de trabalho comum. Ficou para ele a percepção de que a mobilização deixou a desejar. “Pareceu um movimento isolado, com impacto baixo, mas se mobilizações similares se repetirem nas próximas semanas, posso reconsiderar a avaliação”, disse Buccini.

Sinal de força. O cientista político Carlos Melo, professor do Insper e colunista do Estado, tem a análise oposta. “Podemos dizer que as corporações, seja de metroviários, motoristas de ônibus ou professores, deram um sinal de força”, diz ele. Como essas são as categorias com capacidade de articulação e pressão política, avalia Melo, a greve tende a ecoar negativamente sobre a votação das reformas, em especial da reforma da Previdência, que sofre mais resistência.

“Deputados que já criavam problemas para o governo, com medo de votar, percebem que as corporações estão organizadas. Na base, elas podem pressioná-lo ainda mais: colocar a foto, o nome e o voto dele em cartazes. Há, agora, um argumento a mais: o povo é contra as reformas.”

O “feriadão” nacional também seria um alerta. Foi sinal de adesão. Seja por falta de transporte público, vontade ficar em casa ou protesto de fato, para os padrões desse tipo de mobilização, gente demais aderiu.

“Não deixa de ser até certo ponto surpreendente que o movimento tenha se estruturado nacionalmente, algo que não é frequente na história do Brasil: á última greve nacional do gênero ocorreu em 1996”, diz Ruy Braga, chefe do Departamento de Sociologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP).

Braga lembra que greves gerais são difíceis de construir em qualquer lugar do mundo, porque exigem um nível elevado de integração entre movimentos sociais, sindicais e instituições muito diferentes. “O consenso é sempre complicado, mas aparentemente o consenso foi alcançado na reação a mudanças na lei trabalhista e, principalmente, na Previdência”, diz ele.

Acostumados aos recentes protestos, com milhares de populares tomando avenidas pelo País, a greve geral com “clima de feriado” provocou reações dúbias entre acadêmicos e analistas acostumados a observar – e interpretar – fenômenos econômicos, sociais e políticos que emergem das massas. Enquanto alguns avaliaram o “silêncio das ruas” como um sinal de baixo engajamento, outros consideraram o ato um sucesso, alegando que uma greve pressupõe a parada que se viu.

Maior parte do transporte coletivo não funcionou; índice de congestionamento em SP ficou bem abaixo da média Foto: Amanda Pereobelli/Estadão

Para uma parcela dos observadores, os piquetes pontuais em ruas vazias deixaram a impressão de que a maioria das pessoas não foi trabalhar por pura falta de opção para se locomover ou medo de represália, já que na véspera se espalhou a informação de que manifestantes iriam interditar avenidas de grandes cidades e rodovias.

A GREVE FOI FRACA Samuel Pessôa, Pesquisador do Ibre

“Fazer greve é parar porque você quer impor prejuízo para o patrão (...). Essa foi uma greve política, contra algumas medidas do governo Temer: não ir para rua, nesse caso, não é greve, é feriado.” 

A GREVE FUNCIONOU Carlos Melo, Cientista político/ Insper“Podemos dizer que as corporações, seja de metroviários ou professores, deram um sinal de força. (...) Há, agora, um argumento a mais: O povo é contra as reformas.”

Nesse caso, o movimento estaria restrito a ação organizada de alguns sindicatos, corporações, grupos estudantis. Teria faltado a adesão espontânea da população, como se viu nos protestos contrários ao aumento da passagem do transporte público, em 2013, e em favor do impeachment, no ano passado.

Veja fotos da greve geral de abril

1 | 39

Largo da Batata foi a concentração em São Paulo

Foto: Nilton Fukuda/Estadão
2 | 39

Ato contra reformas em SP

Foto: Alex Silva/Estadão
3 | 39

Polícia dispersa ato em São Paulo

Foto: Nilton Fukuda/Estadão
4 | 39

Ato no centro do Rio teve vandalismo

Foto: Wilton Júnior/Estadão
5 | 39

Polícia do Rio

Foto: Wilton Júnior/Estadão
6 | 39

Manifestação do Rio teve confronto e vandalismo

Foto: Wilton Júnior/Estadão
7 | 39

Black blocs em Goiânia

Foto: Marília Assunção/Estadão
8 | 39

Faria Lima vazia

Foto: Foto: Amanda Perobelli/Estadão
9 | 39

Santos Dumont

Foto: FOTO WILTON JUNIOR/ESTADÃO
10 | 39

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Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO
11 | 39

Manifestante no Rio

Foto: FOTO WILTON JUNIOR/ESTADâ
12 | 39

Niterói

Foto: FOTO FABIO MOTTA/ESTAD?O
13 | 39

CUT

Foto: FABIO MOTTA/ESTADÂO
14 | 39

Confusão

Foto: FABIO MOTTA/ESTADÂO
15 | 39

Zona leste de São Paulo

Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO
16 | 39

Ragueb Chohfi

Foto: Werther Santana/Estadão
17 | 39

Bloqueio

Foto: Werther Santana/Estadão
18 | 39

Faixas

Foto: Werther Santana/Estadão
19 | 39

Brasília

Foto: Luci Ribeiro
20 | 39

Avenida Francisco Morato

Foto: Amanda Perobelli/Estadão
21 | 39

Estudantes secundaristas participam da manifestação

Foto: Amanda Perobelli/Estadão
22 | 39

Manifestantes dificultam a passagem de carros

Foto: Amanda Perobelli/Estadão
23 | 39

Fortaleza

Foto: Carmen Pompeu/Estadão
24 | 39

Goiânia

Foto: Marilia Assunção
25 | 39

VLT no Rio de Janeiro

Foto: Constança Rezente
26 | 39

Terminal Bandeira

Foto: Enviada pela leitora Angelica Barros
27 | 39

Avenida Giovani Gronchi

Foto: Amanda Perobelli/Estadão
28 | 39

Bloqueio

Foto: Amanda Perobelli/Estadão
29 | 39

Rio de Janeiro

Foto: Marcio Dolzan/Estadão
30 | 39

Avenida João Dias

Foto: GABRIELA BILO / ESTADAO CONTEUDO
31 | 39

Policiamento

Foto: Gabriela Biló/Estadão
32 | 39

Congonhas

Foto: Hélvio Romero
33 | 39

Washington Luiz

Foto: Hélvio Romero/Estadão
34 | 39

Policiamento

Foto: Hélvio Romero/Estadão
35 | 39

Manifestação

Foto: Celso Filho
36 | 39

Estação Itaquera

Foto: Felipe Rau/Estadão
37 | 39

Itaquera

Foto: Felipe Rau/Estação
38 | 39

Bancos protegem suas fachadas no Rio

Foto: Wilton Junior/Estadão
39 | 39

Consolação

Foto: Nilton Fukuda/Estadão

“Não poderia haver silêncio nas ruas porque essa greve teve uma natureza diferente das greves por salários, como a dos metalúrgicos”, diz o pesquisador Samuel Pessôa, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

E Pessôa explica o ponto de vista: “Fazer greve é parar porque você quer impor um prejuízo para o seu patrão; é usar um instrumento de barganha na relação conflituosa entre capital e trabalho, mas essa foi uma greve puramente política, contra algumas medidas do governo Temer: não ir para rua, nesse caso, não é greve, é feriado.”

Essa também foi a percepção do economista-chefe da Rio Bravo, Evandro Buccini, que teve ontem um dia de trabalho comum. Ficou para ele a percepção de que a mobilização deixou a desejar. “Pareceu um movimento isolado, com impacto baixo, mas se mobilizações similares se repetirem nas próximas semanas, posso reconsiderar a avaliação”, disse Buccini.

Sinal de força. O cientista político Carlos Melo, professor do Insper e colunista do Estado, tem a análise oposta. “Podemos dizer que as corporações, seja de metroviários, motoristas de ônibus ou professores, deram um sinal de força”, diz ele. Como essas são as categorias com capacidade de articulação e pressão política, avalia Melo, a greve tende a ecoar negativamente sobre a votação das reformas, em especial da reforma da Previdência, que sofre mais resistência.

“Deputados que já criavam problemas para o governo, com medo de votar, percebem que as corporações estão organizadas. Na base, elas podem pressioná-lo ainda mais: colocar a foto, o nome e o voto dele em cartazes. Há, agora, um argumento a mais: o povo é contra as reformas.”

O “feriadão” nacional também seria um alerta. Foi sinal de adesão. Seja por falta de transporte público, vontade ficar em casa ou protesto de fato, para os padrões desse tipo de mobilização, gente demais aderiu.

“Não deixa de ser até certo ponto surpreendente que o movimento tenha se estruturado nacionalmente, algo que não é frequente na história do Brasil: á última greve nacional do gênero ocorreu em 1996”, diz Ruy Braga, chefe do Departamento de Sociologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP).

Braga lembra que greves gerais são difíceis de construir em qualquer lugar do mundo, porque exigem um nível elevado de integração entre movimentos sociais, sindicais e instituições muito diferentes. “O consenso é sempre complicado, mas aparentemente o consenso foi alcançado na reação a mudanças na lei trabalhista e, principalmente, na Previdência”, diz ele.

Acostumados aos recentes protestos, com milhares de populares tomando avenidas pelo País, a greve geral com “clima de feriado” provocou reações dúbias entre acadêmicos e analistas acostumados a observar – e interpretar – fenômenos econômicos, sociais e políticos que emergem das massas. Enquanto alguns avaliaram o “silêncio das ruas” como um sinal de baixo engajamento, outros consideraram o ato um sucesso, alegando que uma greve pressupõe a parada que se viu.

Maior parte do transporte coletivo não funcionou; índice de congestionamento em SP ficou bem abaixo da média Foto: Amanda Pereobelli/Estadão

Para uma parcela dos observadores, os piquetes pontuais em ruas vazias deixaram a impressão de que a maioria das pessoas não foi trabalhar por pura falta de opção para se locomover ou medo de represália, já que na véspera se espalhou a informação de que manifestantes iriam interditar avenidas de grandes cidades e rodovias.

A GREVE FOI FRACA Samuel Pessôa, Pesquisador do Ibre

“Fazer greve é parar porque você quer impor prejuízo para o patrão (...). Essa foi uma greve política, contra algumas medidas do governo Temer: não ir para rua, nesse caso, não é greve, é feriado.” 

A GREVE FUNCIONOU Carlos Melo, Cientista político/ Insper“Podemos dizer que as corporações, seja de metroviários ou professores, deram um sinal de força. (...) Há, agora, um argumento a mais: O povo é contra as reformas.”

Nesse caso, o movimento estaria restrito a ação organizada de alguns sindicatos, corporações, grupos estudantis. Teria faltado a adesão espontânea da população, como se viu nos protestos contrários ao aumento da passagem do transporte público, em 2013, e em favor do impeachment, no ano passado.

Veja fotos da greve geral de abril

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Largo da Batata foi a concentração em São Paulo

Foto: Nilton Fukuda/Estadão
2 | 39

Ato contra reformas em SP

Foto: Alex Silva/Estadão
3 | 39

Polícia dispersa ato em São Paulo

Foto: Nilton Fukuda/Estadão
4 | 39

Ato no centro do Rio teve vandalismo

Foto: Wilton Júnior/Estadão
5 | 39

Polícia do Rio

Foto: Wilton Júnior/Estadão
6 | 39

Manifestação do Rio teve confronto e vandalismo

Foto: Wilton Júnior/Estadão
7 | 39

Black blocs em Goiânia

Foto: Marília Assunção/Estadão
8 | 39

Faria Lima vazia

Foto: Foto: Amanda Perobelli/Estadão
9 | 39

Santos Dumont

Foto: FOTO WILTON JUNIOR/ESTADÃO
10 | 39

ctv-z1p-confusao-sts-dumont

Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO
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Manifestante no Rio

Foto: FOTO WILTON JUNIOR/ESTADâ
12 | 39

Niterói

Foto: FOTO FABIO MOTTA/ESTAD?O
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CUT

Foto: FABIO MOTTA/ESTADÂO
14 | 39

Confusão

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Zona leste de São Paulo

Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO
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Ragueb Chohfi

Foto: Werther Santana/Estadão
17 | 39

Bloqueio

Foto: Werther Santana/Estadão
18 | 39

Faixas

Foto: Werther Santana/Estadão
19 | 39

Brasília

Foto: Luci Ribeiro
20 | 39

Avenida Francisco Morato

Foto: Amanda Perobelli/Estadão
21 | 39

Estudantes secundaristas participam da manifestação

Foto: Amanda Perobelli/Estadão
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Manifestantes dificultam a passagem de carros

Foto: Amanda Perobelli/Estadão
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Fortaleza

Foto: Carmen Pompeu/Estadão
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Goiânia

Foto: Marilia Assunção
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VLT no Rio de Janeiro

Foto: Constança Rezente
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Terminal Bandeira

Foto: Enviada pela leitora Angelica Barros
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Avenida Giovani Gronchi

Foto: Amanda Perobelli/Estadão
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Bloqueio

Foto: Amanda Perobelli/Estadão
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Rio de Janeiro

Foto: Marcio Dolzan/Estadão
30 | 39

Avenida João Dias

Foto: GABRIELA BILO / ESTADAO CONTEUDO
31 | 39

Policiamento

Foto: Gabriela Biló/Estadão
32 | 39

Congonhas

Foto: Hélvio Romero
33 | 39

Washington Luiz

Foto: Hélvio Romero/Estadão
34 | 39

Policiamento

Foto: Hélvio Romero/Estadão
35 | 39

Manifestação

Foto: Celso Filho
36 | 39

Estação Itaquera

Foto: Felipe Rau/Estadão
37 | 39

Itaquera

Foto: Felipe Rau/Estação
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Bancos protegem suas fachadas no Rio

Foto: Wilton Junior/Estadão
39 | 39

Consolação

Foto: Nilton Fukuda/Estadão

“Não poderia haver silêncio nas ruas porque essa greve teve uma natureza diferente das greves por salários, como a dos metalúrgicos”, diz o pesquisador Samuel Pessôa, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

E Pessôa explica o ponto de vista: “Fazer greve é parar porque você quer impor um prejuízo para o seu patrão; é usar um instrumento de barganha na relação conflituosa entre capital e trabalho, mas essa foi uma greve puramente política, contra algumas medidas do governo Temer: não ir para rua, nesse caso, não é greve, é feriado.”

Essa também foi a percepção do economista-chefe da Rio Bravo, Evandro Buccini, que teve ontem um dia de trabalho comum. Ficou para ele a percepção de que a mobilização deixou a desejar. “Pareceu um movimento isolado, com impacto baixo, mas se mobilizações similares se repetirem nas próximas semanas, posso reconsiderar a avaliação”, disse Buccini.

Sinal de força. O cientista político Carlos Melo, professor do Insper e colunista do Estado, tem a análise oposta. “Podemos dizer que as corporações, seja de metroviários, motoristas de ônibus ou professores, deram um sinal de força”, diz ele. Como essas são as categorias com capacidade de articulação e pressão política, avalia Melo, a greve tende a ecoar negativamente sobre a votação das reformas, em especial da reforma da Previdência, que sofre mais resistência.

“Deputados que já criavam problemas para o governo, com medo de votar, percebem que as corporações estão organizadas. Na base, elas podem pressioná-lo ainda mais: colocar a foto, o nome e o voto dele em cartazes. Há, agora, um argumento a mais: o povo é contra as reformas.”

O “feriadão” nacional também seria um alerta. Foi sinal de adesão. Seja por falta de transporte público, vontade ficar em casa ou protesto de fato, para os padrões desse tipo de mobilização, gente demais aderiu.

“Não deixa de ser até certo ponto surpreendente que o movimento tenha se estruturado nacionalmente, algo que não é frequente na história do Brasil: á última greve nacional do gênero ocorreu em 1996”, diz Ruy Braga, chefe do Departamento de Sociologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP).

Braga lembra que greves gerais são difíceis de construir em qualquer lugar do mundo, porque exigem um nível elevado de integração entre movimentos sociais, sindicais e instituições muito diferentes. “O consenso é sempre complicado, mas aparentemente o consenso foi alcançado na reação a mudanças na lei trabalhista e, principalmente, na Previdência”, diz ele.

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