A pesquisa “Futuro do Trabalho: onde estamos e para onde vamos” da plataforma de inteligência Futuros Possíveis, mostra que 87% dos entrevistados consideram ser capazes de garantir emprego no futuro, confiantes que possuem as competências técnicas e socioemocionais necessárias para enfrentar os desafios do mercado, mas apenas metade das pessoas ouvidas sabem quais são essas habilidades.
Essa é uma contradição entre autoimagem e realidade que põe em risco o emprego desses trabalhadores. Hugo Liguori, mentor de carreira, afirma que esse é um fenômeno irônico e preocupante. “Muita gente vai continuar se sentindo preparada para o futuro e útil até perder o emprego sem nem sequer se dar conta de como e por que isso aconteceu”, afirma.
“O baixo nível de autoconsciência pode levar os indivíduos a superestimar suas habilidades sem reconhecer a necessidade de desenvolvimento contínuo.”
Soft skills são desconhecidas
O estudo mostra que 49% dos entrevistados não sabem dizer o que são as competências socioemocionais (soft skills) exigidas pelos empregadores, mesmo afirmando se sentirem preparadas para o futuro.
Angelica Mari, CEO da Futuros Possíveis
A CEO atribui esse cenário de desconhecimento de habilidades fundamentais ao uso de estrangeirismos e à falta de clareza no meio corporativo.
“Esse descompasso pode criar entraves em processos de seleção ou de desenvolvimento de carreira. E no geral as pessoas não conseguem se conectar com o que não entendem”, afirma.
Segundo ela, a constatação de que metade das pessoas desconhece o significado de competências socioemocionais destaca o desafio de comunicação, com a utilização de termos estrangeiros e complexos que dificultam a compreensão.
“Esse cenário evidencia a necessidade de clareza e uma abordagem mais acessível para que as pessoas compreendam e desenvolvam essas habilidades essenciais para o mercado de trabalho.”
Como enfrentar esse cenário?
Para enfrentar esses dilemas sobre a preparação para o futuro, ler sobre o assunto para entender esses termos é um ponto importante, afirma Mari.
Por mais que sejam jargões, é importante estar por dentro e ter clareza sobre quais competências podem se aplicar à sua função atual ou a trabalhos futuros.
Qual é o papel das empresas?
Segundo a CEO, as empresas precisam se envolver e contribuir para a capacitação e preparação para o futuro dos colaboradores, oferecendo tempo para poderem se qualificar.
“O fato é que as pessoas precisam de tempo para se qualificar para o futuro, e elas não têm isso”, afirma.
Mari destaca a importância de uma revisão por parte das empresas de como elas operam, seja em termos de jornadas mais curtas ou de modelos de trabalho flexíveis. Além de serem transparentes e francos sobre o que elas esperam de seus colaboradores.
“É válido ter uma conversa franca sobre o que as pessoas estão realmente interessadas em fazer, e como elas podem contribuir e investir numa capacitação para que possam trabalhar de acordo com os talentos e interesses”, aconselha Mari.
A pesquisa
A pesquisa da Futuros Possíveis foi feita online em fevereiro de 2024, com 2.011 homens e mulheres acima de 16 anos, de todo o Brasil e de todas as classes sociais, que estavam trabalhando ou procurando emprego.
A confiança dos trabalhadores em suas habilidades técnicas e socioemocionais teve um recuo de seis pontos percentuais em relação à pesquisa do ano passado, quando 93% consideravam estar para o trabalho do futuro.
Veja alguns destaques da pesquisa:
- Consideram ter as habilidades técnicas e socioemocionais para se manter empregados no futuro:
- Sim - 87% (2023: 93%)
- Não -13% (2023: 7%)
- Sabem o que são competências socioemocionais ou soft skills relacionadas ao trabalho:
- Sim - 51%
- Não - 49%
- Sabem quais são as habilidades técnicas previstas pelas empresas para se manter empregados no futuro:
- Sim - 50%
- Não - 50%