Ele jogava handebol, mas não viu futuro; foi estudar administração e virou CEO da Kraft Heinz


Fernando Rosa, da Kraft Heinz, é entrevistado na série ‘DNA da Liderança’, que conta histórias de líderes e traz dicas de carreiras

Por Bruna Klingspiegel
Atualização:
Foto: TABA BENEDICTO
Entrevista comFernando RosaCEO da Kraft Heinz

Desde que assumiu o cargo de CEO da Kraft Heinz em 2019, o administrador Fernando Rosa teve sua rotina virada do avesso. Equilibrar as responsabilidades profissionais com seu papel fundamental como pai é um dos seus maiores desafios. Ele destaca a importância de entender que o trabalho não deve ser tudo na vida. A empresa é um lugar para aprender e crescer, mas não deve controlar completamente nosso tempo e nossas aspirações.

“Sou vendedor e pai do Felipe e do Guilherme, e sempre vou manter essa identidade. Eu estou CEO, estou presidente de uma multinacional, mas amanhã posso não estar nessa posição”, declara.

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Ele chegou a jogar handebol em alguns clubes até os 23 anos, mas deu uma guinada na carreira quando não viu futuro profissional no esporte. Foi estudar administração e construiu seu caminho de executivo.

Na Kraft Heinz, ele implementou uma cultura empresarial que valoriza o engajamento e o reconhecimento, reduzindo significativamente a rotatividade. “O engajamento é muito mais importante hoje nas empresas do que apenas cargo e salário”, enfatiza. “As pessoas precisam se identificar com a empresa e se sentirem reconhecidas pelo seu trabalho.”

Para aqueles que aspiram a cargos de liderança, ele aconselha encontrar um ambiente de trabalho que respeite quem você é. ”É importante achar um lugar para trabalhar que tenha valores e objetivos parecidos com os seus. Quando você encontra um lugar assim, pode ser você mesmo, não precisa fingir ser outra pessoa.”

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O CEO da Kraft Heinz no Brasil Fernando Rosa.  Foto: Taba Benedicto/Estadão

Confira trechos da entrevista ao Estadão:

Como foi o início da sua carreira? Você sempre quis ser um líder?

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Minha vida profissional começou no handebol. Jogava handebol desde a escola, depois fui para alguns clubes e a seleção. A primeira página da minha carteira de trabalho, por exemplo, é de atleta profissional. Mas infelizmente, o esporte é amador, especialmente falando do Brasil.

É complicado. Um dia, aos 23 anos, meu pai falou que eu deveria parar de jogar profissionalmente. Então, fiz faculdade de administração, muito inspirado no meu pai, que trabalhou muitos anos em multinacionais na área financeira.

Minha referência profissional era fazer o mesmo caminho do meu pai, trabalhar em grandes empresas. Na faculdade, eu fui presidente da atlética e foi aí que comecei a ter experiência de liderança. Eu organizava muitos eventos e comecei a conhecer muitas pessoas.

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Quando fui procurar estágio, recorri às pessoas com quem já havia trabalhado. A Coca-Cola, por meio da cervejaria Kaiser na época, havia feito um grande evento comigo, e eu conheci o pessoal de marketing.

Quando fui procurar estágio, eles me ligaram: “Olha, tem um processo aqui rolando, você quer participar?” Então, sem grandes planejamentos, eu acabei virando estagiário da Coca-Cola, e foi aí que me apaixonei pela área comercial.

E como foi a transição para cargos de liderança?

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No estágio, eu comecei a construir as minhas aspirações, e meu grande objetivo tornou-se ser diretor comercial ou liderar a área de vendas de grandes companhias.

Com o passar do tempo, percebi que poderia ir ainda mais longe e comecei a traçar um caminho para liderar uma organização completa, assumindo a responsabilidade por todas as áreas e adquirindo conhecimento em uma variedade de outros temas interessantes. Do estágio na Coca, virei analista de Trade Marketing e fui subindo até chegar a coordenação da área.

Cerca de 5, 6 anos atrás, começaram a surgir oportunidades nessa direção, e há três anos assumi a posição de CEO da Kraft Heinz no Brasil.

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Como você define seu estilo de liderança?

Acho que as pessoas confundem ou acham que líderes mais austeros. que cobram resultados. não podem inspirar as pessoas. Acredito em estabelecer um equilíbrio.

É importante conseguir que as pessoas acreditem em você, acreditem em seus sonhos e saibam que você estará lá nas horas boas e nas horas ruins.

Conectar-se com as pessoas dessa forma permite que você suba a barra e cobre resultados cada vez maiores, sempre com um resultado excepcional e fora da curva. As pessoas fazem isso porque acreditam na jornada e se sentem inspiradas pela liderança.

Você pode transformar uma empresa mesmo com altas expectativas e cobranças constantes por resultados, desde que a primeira parte, a conexão com as pessoas, esteja presente.

As pessoas não seguem uma liderança apenas pelo resultado, elas precisam se inspirar e acreditar que, nos momentos difíceis, não estarão sozinhas.

É assim que você consegue resultados extraordinários e se conecta profundamente com sua equipe. Esse é o modelo de liderança em que acredito: primeiro, conectar as pessoas e fazê-las acreditar na empresa, para que se sintam apoiadas.

Você falou sobre a importância de se conectar com as pessoas e promover o engajamento. Como aplica isso no dia a dia, especialmente em uma empresa tão grande como a Kraft Heinz?

O engajamento é muito mais importante hoje nas empresas do que apenas cargo e salário. O mais importante é você proporcionar para as pessoas um ambiente onde elas possam ser elas mesmas.

Nossa luta diária é estabelecer uma cultura e permitir isso. E que os valores da companhia conversem com os valores dela. Porque se ela não se reconhece no ambiente, essa pessoa vai embora.

Quando cheguei aqui na companhia, a rotatividade era de 47%, hoje é 8%. A gente fez isso estabelecendo uma cultura única da companhia para que as pessoas que queiram estar aqui se identifiquem com a empresa.

Além disso, proporcionamos uma linha de reconhecimento muito sólido. Então se elas forem colaborativas e não individuais e se elas entregarem o que a gente se desafia a entregar, o reconhecimento vai vir naturalmente, e a gente procura que ele seja mais rápido do que é nas empresas normalmente.

Esse mix fez com que a gente conectasse as pessoas ao nosso sonho, e que elas tivessem orgulho de falar que trabalham aqui.

O que mudou na sua rotina quando você se tornou CEO?

Mudou completamente. No início, minha agenda estava quase exclusivamente focada internamente na empresa. Agora, minha agenda é principalmente voltada para atividades externas à empresa, porque eu me tornei o rosto da empresa.

Eu sou a Kraft em tudo o que faço, até na minha vida pessoal. Isso tem um impacto enorme na minha rotina e na rotina da minha família, assim como nas pessoas ao meu redor.

Preciso adquirir rapidamente um amplo conhecimento em uma variedade de tópicos, porque as pessoas esperam isso de mim.

Imagine que trabalhei por 20 anos na área comercial ou de marketing, e de repente, estou tomando decisões sobre planos de fábricas, engajamento de RH e outros assuntos que nunca estiveram na minha agenda durante esses 20 anos.

Agora, não apenas esses temas fazem parte da minha agenda, mas também dependem das minhas decisões. Então minha preocupação principal é adquirir conhecimento em diversas áreas e garantir que tenha as pessoas certas em posições importantes.

Como equilibra a sua vida pessoal e profissional?

Este é, de longe, o meu maior desafio diário. Desde pequeno, minha família sempre me ensinou a estabelecer prioridades na vida. No entanto, desde que me tornei pai, essa responsabilidade se intensificou significativamente.

Tenho dois filhos, um de 8 anos e outro de 6, e eles não se importam se sou o CEO da Kraft Heinz. O que eles querem é ter um pai presente, alguém que esteja próximo deles.

Portanto, não posso usar a desculpa de que sou o CEO e tenho uma agenda lotada. Coloco meus filhos no centro das minhas decisões e prioridades o tempo todo.

Tento equilibrar isso com minha agenda de CEO e meu trabalho. Quando estou com eles, quero que seja um tempo de qualidade, um momento de conexão genuína.

Meus filhos jogam futebol. Muitas vezes, tenho reuniões marcadas, mas saio da reunião para assistir ao jogo deles, torcer por eles e, após o jogo, volto ao trabalho. Não é fácil, mas nunca deixo de fazer isso.

Sou o Fernando Rosa, vendedor e pai do Felipe e do Guilherme, e sempre vou manter essa identidade. Eu estou CEO, estou presidente de uma multinacional, mas amanhã posso não estar nessa posição.

Muitas pessoas perdem a noção de quem são à medida que avançam em suas carreiras e acabam não tendo tempo para suas famílias ou para fazer o que gostam. Isso pode levar a um abismo pessoal, prejudicando a saúde e os relacionamentos.

Tenho muita preocupação com isso e tento mostrar às pessoas que trabalham comigo a importância de equilibrar vida profissional e pessoal.

Aqui na nossa empresa, estamos tentando estabelecer uma cultura que valorize esse equilíbrio. Trabalho não deve ser o centro absoluto da vida de alguém. A empresa deve ser vista como um ambiente onde podemos aprender e crescer, mas não deve dominar completamente nossa vida.

Devemos buscar um equilíbrio saudável entre trabalho e vida pessoal, onde a alegria e a tristeza não dependam apenas dos resultados no trabalho. É importante estabelecer uma relação saudável entre a empresa e seus funcionários.

Que conselho daria para aqueles que desejam chegar a cargos de liderança, especialmente quem está no início de carreira e não sabe por onde começar?

Primeiro, é importante encontrar um lugar para trabalhar que tenha valores e objetivos parecidos com os seus. Quando você encontra um lugar assim, pode ser você mesmo, não precisa fingir ser outra pessoa.

Sempre procurei trabalhar em lugares que eu admirava e que pensavam como eu, e sempre me senti bem nesses lugares.

Infelizmente, vejo muita gente ficando frustrada porque trabalha em lugares que não reconhecem o que elas são, onde elas realmente são boas.

Já vi pessoas com muito talento que não conseguiram crescer em suas carreiras porque tentavam ser alguém que não eram, achando que isso as ajudaria a ter sucesso.

Mas, mais cedo ou mais tarde, fica claro que você não pode fingir ser outra pessoa por muito tempo. Por isso, é importante encontrar um lugar onde você possa ser você mesmo o tempo todo.

Desde que assumiu o cargo de CEO da Kraft Heinz em 2019, o administrador Fernando Rosa teve sua rotina virada do avesso. Equilibrar as responsabilidades profissionais com seu papel fundamental como pai é um dos seus maiores desafios. Ele destaca a importância de entender que o trabalho não deve ser tudo na vida. A empresa é um lugar para aprender e crescer, mas não deve controlar completamente nosso tempo e nossas aspirações.

“Sou vendedor e pai do Felipe e do Guilherme, e sempre vou manter essa identidade. Eu estou CEO, estou presidente de uma multinacional, mas amanhã posso não estar nessa posição”, declara.

Ele chegou a jogar handebol em alguns clubes até os 23 anos, mas deu uma guinada na carreira quando não viu futuro profissional no esporte. Foi estudar administração e construiu seu caminho de executivo.

Na Kraft Heinz, ele implementou uma cultura empresarial que valoriza o engajamento e o reconhecimento, reduzindo significativamente a rotatividade. “O engajamento é muito mais importante hoje nas empresas do que apenas cargo e salário”, enfatiza. “As pessoas precisam se identificar com a empresa e se sentirem reconhecidas pelo seu trabalho.”

Para aqueles que aspiram a cargos de liderança, ele aconselha encontrar um ambiente de trabalho que respeite quem você é. ”É importante achar um lugar para trabalhar que tenha valores e objetivos parecidos com os seus. Quando você encontra um lugar assim, pode ser você mesmo, não precisa fingir ser outra pessoa.”

O CEO da Kraft Heinz no Brasil Fernando Rosa.  Foto: Taba Benedicto/Estadão

Confira trechos da entrevista ao Estadão:

Como foi o início da sua carreira? Você sempre quis ser um líder?

Minha vida profissional começou no handebol. Jogava handebol desde a escola, depois fui para alguns clubes e a seleção. A primeira página da minha carteira de trabalho, por exemplo, é de atleta profissional. Mas infelizmente, o esporte é amador, especialmente falando do Brasil.

É complicado. Um dia, aos 23 anos, meu pai falou que eu deveria parar de jogar profissionalmente. Então, fiz faculdade de administração, muito inspirado no meu pai, que trabalhou muitos anos em multinacionais na área financeira.

Minha referência profissional era fazer o mesmo caminho do meu pai, trabalhar em grandes empresas. Na faculdade, eu fui presidente da atlética e foi aí que comecei a ter experiência de liderança. Eu organizava muitos eventos e comecei a conhecer muitas pessoas.

Quando fui procurar estágio, recorri às pessoas com quem já havia trabalhado. A Coca-Cola, por meio da cervejaria Kaiser na época, havia feito um grande evento comigo, e eu conheci o pessoal de marketing.

Quando fui procurar estágio, eles me ligaram: “Olha, tem um processo aqui rolando, você quer participar?” Então, sem grandes planejamentos, eu acabei virando estagiário da Coca-Cola, e foi aí que me apaixonei pela área comercial.

E como foi a transição para cargos de liderança?

No estágio, eu comecei a construir as minhas aspirações, e meu grande objetivo tornou-se ser diretor comercial ou liderar a área de vendas de grandes companhias.

Com o passar do tempo, percebi que poderia ir ainda mais longe e comecei a traçar um caminho para liderar uma organização completa, assumindo a responsabilidade por todas as áreas e adquirindo conhecimento em uma variedade de outros temas interessantes. Do estágio na Coca, virei analista de Trade Marketing e fui subindo até chegar a coordenação da área.

Cerca de 5, 6 anos atrás, começaram a surgir oportunidades nessa direção, e há três anos assumi a posição de CEO da Kraft Heinz no Brasil.

Como você define seu estilo de liderança?

Acho que as pessoas confundem ou acham que líderes mais austeros. que cobram resultados. não podem inspirar as pessoas. Acredito em estabelecer um equilíbrio.

É importante conseguir que as pessoas acreditem em você, acreditem em seus sonhos e saibam que você estará lá nas horas boas e nas horas ruins.

Conectar-se com as pessoas dessa forma permite que você suba a barra e cobre resultados cada vez maiores, sempre com um resultado excepcional e fora da curva. As pessoas fazem isso porque acreditam na jornada e se sentem inspiradas pela liderança.

Você pode transformar uma empresa mesmo com altas expectativas e cobranças constantes por resultados, desde que a primeira parte, a conexão com as pessoas, esteja presente.

As pessoas não seguem uma liderança apenas pelo resultado, elas precisam se inspirar e acreditar que, nos momentos difíceis, não estarão sozinhas.

É assim que você consegue resultados extraordinários e se conecta profundamente com sua equipe. Esse é o modelo de liderança em que acredito: primeiro, conectar as pessoas e fazê-las acreditar na empresa, para que se sintam apoiadas.

Você falou sobre a importância de se conectar com as pessoas e promover o engajamento. Como aplica isso no dia a dia, especialmente em uma empresa tão grande como a Kraft Heinz?

O engajamento é muito mais importante hoje nas empresas do que apenas cargo e salário. O mais importante é você proporcionar para as pessoas um ambiente onde elas possam ser elas mesmas.

Nossa luta diária é estabelecer uma cultura e permitir isso. E que os valores da companhia conversem com os valores dela. Porque se ela não se reconhece no ambiente, essa pessoa vai embora.

Quando cheguei aqui na companhia, a rotatividade era de 47%, hoje é 8%. A gente fez isso estabelecendo uma cultura única da companhia para que as pessoas que queiram estar aqui se identifiquem com a empresa.

Além disso, proporcionamos uma linha de reconhecimento muito sólido. Então se elas forem colaborativas e não individuais e se elas entregarem o que a gente se desafia a entregar, o reconhecimento vai vir naturalmente, e a gente procura que ele seja mais rápido do que é nas empresas normalmente.

Esse mix fez com que a gente conectasse as pessoas ao nosso sonho, e que elas tivessem orgulho de falar que trabalham aqui.

O que mudou na sua rotina quando você se tornou CEO?

Mudou completamente. No início, minha agenda estava quase exclusivamente focada internamente na empresa. Agora, minha agenda é principalmente voltada para atividades externas à empresa, porque eu me tornei o rosto da empresa.

Eu sou a Kraft em tudo o que faço, até na minha vida pessoal. Isso tem um impacto enorme na minha rotina e na rotina da minha família, assim como nas pessoas ao meu redor.

Preciso adquirir rapidamente um amplo conhecimento em uma variedade de tópicos, porque as pessoas esperam isso de mim.

Imagine que trabalhei por 20 anos na área comercial ou de marketing, e de repente, estou tomando decisões sobre planos de fábricas, engajamento de RH e outros assuntos que nunca estiveram na minha agenda durante esses 20 anos.

Agora, não apenas esses temas fazem parte da minha agenda, mas também dependem das minhas decisões. Então minha preocupação principal é adquirir conhecimento em diversas áreas e garantir que tenha as pessoas certas em posições importantes.

Como equilibra a sua vida pessoal e profissional?

Este é, de longe, o meu maior desafio diário. Desde pequeno, minha família sempre me ensinou a estabelecer prioridades na vida. No entanto, desde que me tornei pai, essa responsabilidade se intensificou significativamente.

Tenho dois filhos, um de 8 anos e outro de 6, e eles não se importam se sou o CEO da Kraft Heinz. O que eles querem é ter um pai presente, alguém que esteja próximo deles.

Portanto, não posso usar a desculpa de que sou o CEO e tenho uma agenda lotada. Coloco meus filhos no centro das minhas decisões e prioridades o tempo todo.

Tento equilibrar isso com minha agenda de CEO e meu trabalho. Quando estou com eles, quero que seja um tempo de qualidade, um momento de conexão genuína.

Meus filhos jogam futebol. Muitas vezes, tenho reuniões marcadas, mas saio da reunião para assistir ao jogo deles, torcer por eles e, após o jogo, volto ao trabalho. Não é fácil, mas nunca deixo de fazer isso.

Sou o Fernando Rosa, vendedor e pai do Felipe e do Guilherme, e sempre vou manter essa identidade. Eu estou CEO, estou presidente de uma multinacional, mas amanhã posso não estar nessa posição.

Muitas pessoas perdem a noção de quem são à medida que avançam em suas carreiras e acabam não tendo tempo para suas famílias ou para fazer o que gostam. Isso pode levar a um abismo pessoal, prejudicando a saúde e os relacionamentos.

Tenho muita preocupação com isso e tento mostrar às pessoas que trabalham comigo a importância de equilibrar vida profissional e pessoal.

Aqui na nossa empresa, estamos tentando estabelecer uma cultura que valorize esse equilíbrio. Trabalho não deve ser o centro absoluto da vida de alguém. A empresa deve ser vista como um ambiente onde podemos aprender e crescer, mas não deve dominar completamente nossa vida.

Devemos buscar um equilíbrio saudável entre trabalho e vida pessoal, onde a alegria e a tristeza não dependam apenas dos resultados no trabalho. É importante estabelecer uma relação saudável entre a empresa e seus funcionários.

Que conselho daria para aqueles que desejam chegar a cargos de liderança, especialmente quem está no início de carreira e não sabe por onde começar?

Primeiro, é importante encontrar um lugar para trabalhar que tenha valores e objetivos parecidos com os seus. Quando você encontra um lugar assim, pode ser você mesmo, não precisa fingir ser outra pessoa.

Sempre procurei trabalhar em lugares que eu admirava e que pensavam como eu, e sempre me senti bem nesses lugares.

Infelizmente, vejo muita gente ficando frustrada porque trabalha em lugares que não reconhecem o que elas são, onde elas realmente são boas.

Já vi pessoas com muito talento que não conseguiram crescer em suas carreiras porque tentavam ser alguém que não eram, achando que isso as ajudaria a ter sucesso.

Mas, mais cedo ou mais tarde, fica claro que você não pode fingir ser outra pessoa por muito tempo. Por isso, é importante encontrar um lugar onde você possa ser você mesmo o tempo todo.

Desde que assumiu o cargo de CEO da Kraft Heinz em 2019, o administrador Fernando Rosa teve sua rotina virada do avesso. Equilibrar as responsabilidades profissionais com seu papel fundamental como pai é um dos seus maiores desafios. Ele destaca a importância de entender que o trabalho não deve ser tudo na vida. A empresa é um lugar para aprender e crescer, mas não deve controlar completamente nosso tempo e nossas aspirações.

“Sou vendedor e pai do Felipe e do Guilherme, e sempre vou manter essa identidade. Eu estou CEO, estou presidente de uma multinacional, mas amanhã posso não estar nessa posição”, declara.

Ele chegou a jogar handebol em alguns clubes até os 23 anos, mas deu uma guinada na carreira quando não viu futuro profissional no esporte. Foi estudar administração e construiu seu caminho de executivo.

Na Kraft Heinz, ele implementou uma cultura empresarial que valoriza o engajamento e o reconhecimento, reduzindo significativamente a rotatividade. “O engajamento é muito mais importante hoje nas empresas do que apenas cargo e salário”, enfatiza. “As pessoas precisam se identificar com a empresa e se sentirem reconhecidas pelo seu trabalho.”

Para aqueles que aspiram a cargos de liderança, ele aconselha encontrar um ambiente de trabalho que respeite quem você é. ”É importante achar um lugar para trabalhar que tenha valores e objetivos parecidos com os seus. Quando você encontra um lugar assim, pode ser você mesmo, não precisa fingir ser outra pessoa.”

O CEO da Kraft Heinz no Brasil Fernando Rosa.  Foto: Taba Benedicto/Estadão

Confira trechos da entrevista ao Estadão:

Como foi o início da sua carreira? Você sempre quis ser um líder?

Minha vida profissional começou no handebol. Jogava handebol desde a escola, depois fui para alguns clubes e a seleção. A primeira página da minha carteira de trabalho, por exemplo, é de atleta profissional. Mas infelizmente, o esporte é amador, especialmente falando do Brasil.

É complicado. Um dia, aos 23 anos, meu pai falou que eu deveria parar de jogar profissionalmente. Então, fiz faculdade de administração, muito inspirado no meu pai, que trabalhou muitos anos em multinacionais na área financeira.

Minha referência profissional era fazer o mesmo caminho do meu pai, trabalhar em grandes empresas. Na faculdade, eu fui presidente da atlética e foi aí que comecei a ter experiência de liderança. Eu organizava muitos eventos e comecei a conhecer muitas pessoas.

Quando fui procurar estágio, recorri às pessoas com quem já havia trabalhado. A Coca-Cola, por meio da cervejaria Kaiser na época, havia feito um grande evento comigo, e eu conheci o pessoal de marketing.

Quando fui procurar estágio, eles me ligaram: “Olha, tem um processo aqui rolando, você quer participar?” Então, sem grandes planejamentos, eu acabei virando estagiário da Coca-Cola, e foi aí que me apaixonei pela área comercial.

E como foi a transição para cargos de liderança?

No estágio, eu comecei a construir as minhas aspirações, e meu grande objetivo tornou-se ser diretor comercial ou liderar a área de vendas de grandes companhias.

Com o passar do tempo, percebi que poderia ir ainda mais longe e comecei a traçar um caminho para liderar uma organização completa, assumindo a responsabilidade por todas as áreas e adquirindo conhecimento em uma variedade de outros temas interessantes. Do estágio na Coca, virei analista de Trade Marketing e fui subindo até chegar a coordenação da área.

Cerca de 5, 6 anos atrás, começaram a surgir oportunidades nessa direção, e há três anos assumi a posição de CEO da Kraft Heinz no Brasil.

Como você define seu estilo de liderança?

Acho que as pessoas confundem ou acham que líderes mais austeros. que cobram resultados. não podem inspirar as pessoas. Acredito em estabelecer um equilíbrio.

É importante conseguir que as pessoas acreditem em você, acreditem em seus sonhos e saibam que você estará lá nas horas boas e nas horas ruins.

Conectar-se com as pessoas dessa forma permite que você suba a barra e cobre resultados cada vez maiores, sempre com um resultado excepcional e fora da curva. As pessoas fazem isso porque acreditam na jornada e se sentem inspiradas pela liderança.

Você pode transformar uma empresa mesmo com altas expectativas e cobranças constantes por resultados, desde que a primeira parte, a conexão com as pessoas, esteja presente.

As pessoas não seguem uma liderança apenas pelo resultado, elas precisam se inspirar e acreditar que, nos momentos difíceis, não estarão sozinhas.

É assim que você consegue resultados extraordinários e se conecta profundamente com sua equipe. Esse é o modelo de liderança em que acredito: primeiro, conectar as pessoas e fazê-las acreditar na empresa, para que se sintam apoiadas.

Você falou sobre a importância de se conectar com as pessoas e promover o engajamento. Como aplica isso no dia a dia, especialmente em uma empresa tão grande como a Kraft Heinz?

O engajamento é muito mais importante hoje nas empresas do que apenas cargo e salário. O mais importante é você proporcionar para as pessoas um ambiente onde elas possam ser elas mesmas.

Nossa luta diária é estabelecer uma cultura e permitir isso. E que os valores da companhia conversem com os valores dela. Porque se ela não se reconhece no ambiente, essa pessoa vai embora.

Quando cheguei aqui na companhia, a rotatividade era de 47%, hoje é 8%. A gente fez isso estabelecendo uma cultura única da companhia para que as pessoas que queiram estar aqui se identifiquem com a empresa.

Além disso, proporcionamos uma linha de reconhecimento muito sólido. Então se elas forem colaborativas e não individuais e se elas entregarem o que a gente se desafia a entregar, o reconhecimento vai vir naturalmente, e a gente procura que ele seja mais rápido do que é nas empresas normalmente.

Esse mix fez com que a gente conectasse as pessoas ao nosso sonho, e que elas tivessem orgulho de falar que trabalham aqui.

O que mudou na sua rotina quando você se tornou CEO?

Mudou completamente. No início, minha agenda estava quase exclusivamente focada internamente na empresa. Agora, minha agenda é principalmente voltada para atividades externas à empresa, porque eu me tornei o rosto da empresa.

Eu sou a Kraft em tudo o que faço, até na minha vida pessoal. Isso tem um impacto enorme na minha rotina e na rotina da minha família, assim como nas pessoas ao meu redor.

Preciso adquirir rapidamente um amplo conhecimento em uma variedade de tópicos, porque as pessoas esperam isso de mim.

Imagine que trabalhei por 20 anos na área comercial ou de marketing, e de repente, estou tomando decisões sobre planos de fábricas, engajamento de RH e outros assuntos que nunca estiveram na minha agenda durante esses 20 anos.

Agora, não apenas esses temas fazem parte da minha agenda, mas também dependem das minhas decisões. Então minha preocupação principal é adquirir conhecimento em diversas áreas e garantir que tenha as pessoas certas em posições importantes.

Como equilibra a sua vida pessoal e profissional?

Este é, de longe, o meu maior desafio diário. Desde pequeno, minha família sempre me ensinou a estabelecer prioridades na vida. No entanto, desde que me tornei pai, essa responsabilidade se intensificou significativamente.

Tenho dois filhos, um de 8 anos e outro de 6, e eles não se importam se sou o CEO da Kraft Heinz. O que eles querem é ter um pai presente, alguém que esteja próximo deles.

Portanto, não posso usar a desculpa de que sou o CEO e tenho uma agenda lotada. Coloco meus filhos no centro das minhas decisões e prioridades o tempo todo.

Tento equilibrar isso com minha agenda de CEO e meu trabalho. Quando estou com eles, quero que seja um tempo de qualidade, um momento de conexão genuína.

Meus filhos jogam futebol. Muitas vezes, tenho reuniões marcadas, mas saio da reunião para assistir ao jogo deles, torcer por eles e, após o jogo, volto ao trabalho. Não é fácil, mas nunca deixo de fazer isso.

Sou o Fernando Rosa, vendedor e pai do Felipe e do Guilherme, e sempre vou manter essa identidade. Eu estou CEO, estou presidente de uma multinacional, mas amanhã posso não estar nessa posição.

Muitas pessoas perdem a noção de quem são à medida que avançam em suas carreiras e acabam não tendo tempo para suas famílias ou para fazer o que gostam. Isso pode levar a um abismo pessoal, prejudicando a saúde e os relacionamentos.

Tenho muita preocupação com isso e tento mostrar às pessoas que trabalham comigo a importância de equilibrar vida profissional e pessoal.

Aqui na nossa empresa, estamos tentando estabelecer uma cultura que valorize esse equilíbrio. Trabalho não deve ser o centro absoluto da vida de alguém. A empresa deve ser vista como um ambiente onde podemos aprender e crescer, mas não deve dominar completamente nossa vida.

Devemos buscar um equilíbrio saudável entre trabalho e vida pessoal, onde a alegria e a tristeza não dependam apenas dos resultados no trabalho. É importante estabelecer uma relação saudável entre a empresa e seus funcionários.

Que conselho daria para aqueles que desejam chegar a cargos de liderança, especialmente quem está no início de carreira e não sabe por onde começar?

Primeiro, é importante encontrar um lugar para trabalhar que tenha valores e objetivos parecidos com os seus. Quando você encontra um lugar assim, pode ser você mesmo, não precisa fingir ser outra pessoa.

Sempre procurei trabalhar em lugares que eu admirava e que pensavam como eu, e sempre me senti bem nesses lugares.

Infelizmente, vejo muita gente ficando frustrada porque trabalha em lugares que não reconhecem o que elas são, onde elas realmente são boas.

Já vi pessoas com muito talento que não conseguiram crescer em suas carreiras porque tentavam ser alguém que não eram, achando que isso as ajudaria a ter sucesso.

Mas, mais cedo ou mais tarde, fica claro que você não pode fingir ser outra pessoa por muito tempo. Por isso, é importante encontrar um lugar onde você possa ser você mesmo o tempo todo.

Desde que assumiu o cargo de CEO da Kraft Heinz em 2019, o administrador Fernando Rosa teve sua rotina virada do avesso. Equilibrar as responsabilidades profissionais com seu papel fundamental como pai é um dos seus maiores desafios. Ele destaca a importância de entender que o trabalho não deve ser tudo na vida. A empresa é um lugar para aprender e crescer, mas não deve controlar completamente nosso tempo e nossas aspirações.

“Sou vendedor e pai do Felipe e do Guilherme, e sempre vou manter essa identidade. Eu estou CEO, estou presidente de uma multinacional, mas amanhã posso não estar nessa posição”, declara.

Ele chegou a jogar handebol em alguns clubes até os 23 anos, mas deu uma guinada na carreira quando não viu futuro profissional no esporte. Foi estudar administração e construiu seu caminho de executivo.

Na Kraft Heinz, ele implementou uma cultura empresarial que valoriza o engajamento e o reconhecimento, reduzindo significativamente a rotatividade. “O engajamento é muito mais importante hoje nas empresas do que apenas cargo e salário”, enfatiza. “As pessoas precisam se identificar com a empresa e se sentirem reconhecidas pelo seu trabalho.”

Para aqueles que aspiram a cargos de liderança, ele aconselha encontrar um ambiente de trabalho que respeite quem você é. ”É importante achar um lugar para trabalhar que tenha valores e objetivos parecidos com os seus. Quando você encontra um lugar assim, pode ser você mesmo, não precisa fingir ser outra pessoa.”

O CEO da Kraft Heinz no Brasil Fernando Rosa.  Foto: Taba Benedicto/Estadão

Confira trechos da entrevista ao Estadão:

Como foi o início da sua carreira? Você sempre quis ser um líder?

Minha vida profissional começou no handebol. Jogava handebol desde a escola, depois fui para alguns clubes e a seleção. A primeira página da minha carteira de trabalho, por exemplo, é de atleta profissional. Mas infelizmente, o esporte é amador, especialmente falando do Brasil.

É complicado. Um dia, aos 23 anos, meu pai falou que eu deveria parar de jogar profissionalmente. Então, fiz faculdade de administração, muito inspirado no meu pai, que trabalhou muitos anos em multinacionais na área financeira.

Minha referência profissional era fazer o mesmo caminho do meu pai, trabalhar em grandes empresas. Na faculdade, eu fui presidente da atlética e foi aí que comecei a ter experiência de liderança. Eu organizava muitos eventos e comecei a conhecer muitas pessoas.

Quando fui procurar estágio, recorri às pessoas com quem já havia trabalhado. A Coca-Cola, por meio da cervejaria Kaiser na época, havia feito um grande evento comigo, e eu conheci o pessoal de marketing.

Quando fui procurar estágio, eles me ligaram: “Olha, tem um processo aqui rolando, você quer participar?” Então, sem grandes planejamentos, eu acabei virando estagiário da Coca-Cola, e foi aí que me apaixonei pela área comercial.

E como foi a transição para cargos de liderança?

No estágio, eu comecei a construir as minhas aspirações, e meu grande objetivo tornou-se ser diretor comercial ou liderar a área de vendas de grandes companhias.

Com o passar do tempo, percebi que poderia ir ainda mais longe e comecei a traçar um caminho para liderar uma organização completa, assumindo a responsabilidade por todas as áreas e adquirindo conhecimento em uma variedade de outros temas interessantes. Do estágio na Coca, virei analista de Trade Marketing e fui subindo até chegar a coordenação da área.

Cerca de 5, 6 anos atrás, começaram a surgir oportunidades nessa direção, e há três anos assumi a posição de CEO da Kraft Heinz no Brasil.

Como você define seu estilo de liderança?

Acho que as pessoas confundem ou acham que líderes mais austeros. que cobram resultados. não podem inspirar as pessoas. Acredito em estabelecer um equilíbrio.

É importante conseguir que as pessoas acreditem em você, acreditem em seus sonhos e saibam que você estará lá nas horas boas e nas horas ruins.

Conectar-se com as pessoas dessa forma permite que você suba a barra e cobre resultados cada vez maiores, sempre com um resultado excepcional e fora da curva. As pessoas fazem isso porque acreditam na jornada e se sentem inspiradas pela liderança.

Você pode transformar uma empresa mesmo com altas expectativas e cobranças constantes por resultados, desde que a primeira parte, a conexão com as pessoas, esteja presente.

As pessoas não seguem uma liderança apenas pelo resultado, elas precisam se inspirar e acreditar que, nos momentos difíceis, não estarão sozinhas.

É assim que você consegue resultados extraordinários e se conecta profundamente com sua equipe. Esse é o modelo de liderança em que acredito: primeiro, conectar as pessoas e fazê-las acreditar na empresa, para que se sintam apoiadas.

Você falou sobre a importância de se conectar com as pessoas e promover o engajamento. Como aplica isso no dia a dia, especialmente em uma empresa tão grande como a Kraft Heinz?

O engajamento é muito mais importante hoje nas empresas do que apenas cargo e salário. O mais importante é você proporcionar para as pessoas um ambiente onde elas possam ser elas mesmas.

Nossa luta diária é estabelecer uma cultura e permitir isso. E que os valores da companhia conversem com os valores dela. Porque se ela não se reconhece no ambiente, essa pessoa vai embora.

Quando cheguei aqui na companhia, a rotatividade era de 47%, hoje é 8%. A gente fez isso estabelecendo uma cultura única da companhia para que as pessoas que queiram estar aqui se identifiquem com a empresa.

Além disso, proporcionamos uma linha de reconhecimento muito sólido. Então se elas forem colaborativas e não individuais e se elas entregarem o que a gente se desafia a entregar, o reconhecimento vai vir naturalmente, e a gente procura que ele seja mais rápido do que é nas empresas normalmente.

Esse mix fez com que a gente conectasse as pessoas ao nosso sonho, e que elas tivessem orgulho de falar que trabalham aqui.

O que mudou na sua rotina quando você se tornou CEO?

Mudou completamente. No início, minha agenda estava quase exclusivamente focada internamente na empresa. Agora, minha agenda é principalmente voltada para atividades externas à empresa, porque eu me tornei o rosto da empresa.

Eu sou a Kraft em tudo o que faço, até na minha vida pessoal. Isso tem um impacto enorme na minha rotina e na rotina da minha família, assim como nas pessoas ao meu redor.

Preciso adquirir rapidamente um amplo conhecimento em uma variedade de tópicos, porque as pessoas esperam isso de mim.

Imagine que trabalhei por 20 anos na área comercial ou de marketing, e de repente, estou tomando decisões sobre planos de fábricas, engajamento de RH e outros assuntos que nunca estiveram na minha agenda durante esses 20 anos.

Agora, não apenas esses temas fazem parte da minha agenda, mas também dependem das minhas decisões. Então minha preocupação principal é adquirir conhecimento em diversas áreas e garantir que tenha as pessoas certas em posições importantes.

Como equilibra a sua vida pessoal e profissional?

Este é, de longe, o meu maior desafio diário. Desde pequeno, minha família sempre me ensinou a estabelecer prioridades na vida. No entanto, desde que me tornei pai, essa responsabilidade se intensificou significativamente.

Tenho dois filhos, um de 8 anos e outro de 6, e eles não se importam se sou o CEO da Kraft Heinz. O que eles querem é ter um pai presente, alguém que esteja próximo deles.

Portanto, não posso usar a desculpa de que sou o CEO e tenho uma agenda lotada. Coloco meus filhos no centro das minhas decisões e prioridades o tempo todo.

Tento equilibrar isso com minha agenda de CEO e meu trabalho. Quando estou com eles, quero que seja um tempo de qualidade, um momento de conexão genuína.

Meus filhos jogam futebol. Muitas vezes, tenho reuniões marcadas, mas saio da reunião para assistir ao jogo deles, torcer por eles e, após o jogo, volto ao trabalho. Não é fácil, mas nunca deixo de fazer isso.

Sou o Fernando Rosa, vendedor e pai do Felipe e do Guilherme, e sempre vou manter essa identidade. Eu estou CEO, estou presidente de uma multinacional, mas amanhã posso não estar nessa posição.

Muitas pessoas perdem a noção de quem são à medida que avançam em suas carreiras e acabam não tendo tempo para suas famílias ou para fazer o que gostam. Isso pode levar a um abismo pessoal, prejudicando a saúde e os relacionamentos.

Tenho muita preocupação com isso e tento mostrar às pessoas que trabalham comigo a importância de equilibrar vida profissional e pessoal.

Aqui na nossa empresa, estamos tentando estabelecer uma cultura que valorize esse equilíbrio. Trabalho não deve ser o centro absoluto da vida de alguém. A empresa deve ser vista como um ambiente onde podemos aprender e crescer, mas não deve dominar completamente nossa vida.

Devemos buscar um equilíbrio saudável entre trabalho e vida pessoal, onde a alegria e a tristeza não dependam apenas dos resultados no trabalho. É importante estabelecer uma relação saudável entre a empresa e seus funcionários.

Que conselho daria para aqueles que desejam chegar a cargos de liderança, especialmente quem está no início de carreira e não sabe por onde começar?

Primeiro, é importante encontrar um lugar para trabalhar que tenha valores e objetivos parecidos com os seus. Quando você encontra um lugar assim, pode ser você mesmo, não precisa fingir ser outra pessoa.

Sempre procurei trabalhar em lugares que eu admirava e que pensavam como eu, e sempre me senti bem nesses lugares.

Infelizmente, vejo muita gente ficando frustrada porque trabalha em lugares que não reconhecem o que elas são, onde elas realmente são boas.

Já vi pessoas com muito talento que não conseguiram crescer em suas carreiras porque tentavam ser alguém que não eram, achando que isso as ajudaria a ter sucesso.

Mas, mais cedo ou mais tarde, fica claro que você não pode fingir ser outra pessoa por muito tempo. Por isso, é importante encontrar um lugar onde você possa ser você mesmo o tempo todo.

Entrevista por Bruna Klingspiegel

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