ATENAS - O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, disse nesta sexta-feira, 31, que nunca teve a intenção de tirar seu país da zona do euro, mas que realmente pediu ao seu então ministro das Finanças para preparar um plano de contingência, no caso de que o país se visse forçado a dar esse passo. "Claro, obviamente, eu ordenei pessoalmente a o ex-ministro das Finanças Yannis Varoufakis que organizasse uma equipe para gerenciar uma situação de emergência", afirmou ele aos congressistas, no Parlamento em Atenas. Tsipras disse que o governo tinha a obrigação de se preparar para a ameaça de uma saída.
Tsipras foi forçado a responder a questão no Parlamento depois que Varoufakis, revelou nesta semana esforços para violar informações tributárias com objetivo de criar um sistema paralelo de pagamentos, causando choque e indignação na Grécia. As declarações foram dadas após um telefonema de Varoufakis com investidores internacionais, tornado público nesta semana. Durante esse telefonema, o ex-ministro afirmou que contratou meses atrás um amigo, especialista em computação, para invadir dados oficiais e obter informação necessária para estabelecer um sistema paralelo de pagamentos, baseado na emissão de títulos por Atenas, caso o país não pudesse mais usar o euro.
Varoufakis foi demitido do posto de ministro das Finanças por Tsipras no início de junho, para ajudar na negociação com os credores. Nesta semana, a Suprema Corte grega enviou ao Parlamento o caso de dois processos contra Varoufakis, apresentados por cidadãos. O Parlamento terá de decidir se o ex-ministro deve ter imunidade ou se pode ser julgado. Os processos foram apresentados após as últimas revelações do ex-ministro de que tentou estabelecer um sistema de pagamentos paralelo.
"Não desenvolvemos ou tínhamos um plano para tirar o país do euro, mas realmente tínhamos planos de emergência", disse Tsipras ao Parlamento. "Se nossos parceiros e credores haviam preparado um plano para a saída da Grécia, nós como governo não deveríamos ter preparado nossa defesa?", afirmou. Ele comparou o plano a um país preparando suas defesas antes de uma guerra, dizendo que é obrigação de um governo responsável ter planos de contingência prontos.
O primeiro ministro ainda disse que a ideia de um banco de dados fornecendo senhas de gregos para realizar pagamentos para quitar valores em atraso dificilmente era "um plano secreto e satânico para tirar o país do euro".