Crise da Grécia
Em um curto discurso em um protesto que reuniu milhares de manifestantes a favor do "não" no plebiscito de domingo, o primeiro-ministro grego Alexis Tsipras conclamou os presentes a mostrar nas urnas que a Grécia não se curvará a ultimatos. "Eu os conclamo no domingo a dizer um grande e orgulhoso não aos ultimatos", afirmou o primeiro-ministro. "E a virar as costas para aqueles que estão nos oprimindo."
No domingo, os gregos vão as urnas para dizer "sim" ou "não" às condições da renegociação da dívida grega e do pacote de ajuda ao país definidos pela União Europeia. Na terça-feira, a Grécia se tornou o primeiro país desenvolvido a dar calote em uma dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Com dificuldades em negociar, o líder grego convocou um referendo para jogar a decisão sobre as negociações nas mãos da população.
"Nosso país foi o berço da civilização europeia", afirmou Tsipras aos presentes. "Hoje nós lotamos as ruas de Atenas para rejeitar a ideia de depressão e de ameaças. Diremos um 'não' absoluto às divisões. Qualquer que seja o resultado, será uma vitória da democracia."
Divisão. O 'não', no entanto, está longe de ser uma unanimidade na Grécia. Levantamentos mostram a população dividida sobre o voto no domingo. Nas proximidades do estádio Kallimarmaro, em um bairro nobre da capital grega, milhares de atenienses se reuniram para argumentar pelo "sim" às condições da negociação da dívida impostas pela União Europeia.
Uma pesquisa do Instituto Alco, divulgada nesta sexta pelo jornal Ethnos, dá a vitória para o sim, mas por uma margem bastante apertada: 44,8%, contra 43,4% do não. Está longe de ser um resultado garantido: a margem de erro é de 3 pontos porcentuais, para mais ou para menos, e quase 12% dos eleitores ainda se dizem indecisos. O Instituto Alco é considerado uma das empresas de pesquisa mais respeitadas do País.