Blog dos Colégios

A cultura da performance: um dos aspectos do suicídio juvenil?


Se o ato de se matar é a confissão de que se foi ultrapassado pela vida, mais e mais, o suicídio juvenil é um ensaio final para o absurdo. Vidas em seu nascedouro, repletas de força e esperanças, não poderiam chegar a esse término inaceitável.

Por Colégio FAAP

Em nosso último post falamos daquela que seria uma forma de enfrentamento desse terrível evento que, insisto, carece de estatísticas que nos mostrem suas reais dimensões. E que jamais pode ser menosprezado, pois fere, na alma, tudo o que há de mais precioso em uma sociedade: seus jovens e o que representam.

O que nos obriga a retornar a este tema é a questão da espetacularização do suicídio enquanto um reflexo mesmo da cultura contemporânea e que, de alguma forma, pode lançar um pouco de luz nessa escuridão da razão.

Se a "era do Espetáculo", conforme Gilles Lipovetsky definiu nosso tempo, explicaria todo um conjunto de atitudes, o conceito de performance, enquanto a hipertrofia individual do espetáculo, nos permite entender melhor este tempo em que se vive para os outros.

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Citando Paula Sibila ("Autenticidade e performance : a construção de si como personagem visível", Revista Fronteiras - 2015), "a era da performance, por se tratar de um momento histórico que registra pressões inéditas sobre os corpos e as subjetividades, instando-os  a que melhorem constantemente seu desempenho nos domínios mais diversos. Na vida cotidiana. Performar é ser exibido ao extremo, sublinhando uma ação para aqueles que a assistem."

Qualquer análise epidérmica revela a exatidão das reflexões apontadas no parágrafo anterior. Esse viver intensamente para os outros nos remete a outras questões que envolvem mais uma dificuldade do jovem existir em nossos dias. Como fica a existência de um adolescente tímido, com todas as dificuldades comuns a essa fase, tendo a obrigação de aparecer na massa sufocante? Como aparecer e brilhar com tanta concorrência?

Diante de comportamentos que buscam a exposição constante da vida privada, o cotidiano de um jovem introvertido, sem nenhuma vocação artística ou esportiva, seguramente, o coloca na pior posição da hierarquia humana, a de perdedor. Para esse perfil de jovem, transformar a própria morte numa performance não seria um clímax ideal para a consagração de uma vida obscura e frustrante?

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Evidentemente, tal hipótese é antiga. Mas, dentro desse indiscutível contexto em que viver tem que ser espetacular, ela precisa ser mais refletida e nós, educadores, devemos detectar comportamentos reclusos e buscar, de todas as formas, oferecer a esses jovens oportunidades de expressão que recuperem sua autoestima, que lhes deem uma vitrine para a vida e não um  caminho para a morte.

 

 

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Professor Henrique Vailati Neto é diretor do Colégio FAAP - SP. Formado em História e Pedagogia, com mestrado em Administração. É professor universitário nas disciplinas de Sociologia e Ciência Política. Tem quatro filhos e quatro netos.

 

Troque ideia com o professor: col.diretoria@faap.br

Em nosso último post falamos daquela que seria uma forma de enfrentamento desse terrível evento que, insisto, carece de estatísticas que nos mostrem suas reais dimensões. E que jamais pode ser menosprezado, pois fere, na alma, tudo o que há de mais precioso em uma sociedade: seus jovens e o que representam.

O que nos obriga a retornar a este tema é a questão da espetacularização do suicídio enquanto um reflexo mesmo da cultura contemporânea e que, de alguma forma, pode lançar um pouco de luz nessa escuridão da razão.

Se a "era do Espetáculo", conforme Gilles Lipovetsky definiu nosso tempo, explicaria todo um conjunto de atitudes, o conceito de performance, enquanto a hipertrofia individual do espetáculo, nos permite entender melhor este tempo em que se vive para os outros.

Citando Paula Sibila ("Autenticidade e performance : a construção de si como personagem visível", Revista Fronteiras - 2015), "a era da performance, por se tratar de um momento histórico que registra pressões inéditas sobre os corpos e as subjetividades, instando-os  a que melhorem constantemente seu desempenho nos domínios mais diversos. Na vida cotidiana. Performar é ser exibido ao extremo, sublinhando uma ação para aqueles que a assistem."

Qualquer análise epidérmica revela a exatidão das reflexões apontadas no parágrafo anterior. Esse viver intensamente para os outros nos remete a outras questões que envolvem mais uma dificuldade do jovem existir em nossos dias. Como fica a existência de um adolescente tímido, com todas as dificuldades comuns a essa fase, tendo a obrigação de aparecer na massa sufocante? Como aparecer e brilhar com tanta concorrência?

Diante de comportamentos que buscam a exposição constante da vida privada, o cotidiano de um jovem introvertido, sem nenhuma vocação artística ou esportiva, seguramente, o coloca na pior posição da hierarquia humana, a de perdedor. Para esse perfil de jovem, transformar a própria morte numa performance não seria um clímax ideal para a consagração de uma vida obscura e frustrante?

Evidentemente, tal hipótese é antiga. Mas, dentro desse indiscutível contexto em que viver tem que ser espetacular, ela precisa ser mais refletida e nós, educadores, devemos detectar comportamentos reclusos e buscar, de todas as formas, oferecer a esses jovens oportunidades de expressão que recuperem sua autoestima, que lhes deem uma vitrine para a vida e não um  caminho para a morte.

 

 

Professor Henrique Vailati Neto é diretor do Colégio FAAP - SP. Formado em História e Pedagogia, com mestrado em Administração. É professor universitário nas disciplinas de Sociologia e Ciência Política. Tem quatro filhos e quatro netos.

 

Troque ideia com o professor: col.diretoria@faap.br

Em nosso último post falamos daquela que seria uma forma de enfrentamento desse terrível evento que, insisto, carece de estatísticas que nos mostrem suas reais dimensões. E que jamais pode ser menosprezado, pois fere, na alma, tudo o que há de mais precioso em uma sociedade: seus jovens e o que representam.

O que nos obriga a retornar a este tema é a questão da espetacularização do suicídio enquanto um reflexo mesmo da cultura contemporânea e que, de alguma forma, pode lançar um pouco de luz nessa escuridão da razão.

Se a "era do Espetáculo", conforme Gilles Lipovetsky definiu nosso tempo, explicaria todo um conjunto de atitudes, o conceito de performance, enquanto a hipertrofia individual do espetáculo, nos permite entender melhor este tempo em que se vive para os outros.

Citando Paula Sibila ("Autenticidade e performance : a construção de si como personagem visível", Revista Fronteiras - 2015), "a era da performance, por se tratar de um momento histórico que registra pressões inéditas sobre os corpos e as subjetividades, instando-os  a que melhorem constantemente seu desempenho nos domínios mais diversos. Na vida cotidiana. Performar é ser exibido ao extremo, sublinhando uma ação para aqueles que a assistem."

Qualquer análise epidérmica revela a exatidão das reflexões apontadas no parágrafo anterior. Esse viver intensamente para os outros nos remete a outras questões que envolvem mais uma dificuldade do jovem existir em nossos dias. Como fica a existência de um adolescente tímido, com todas as dificuldades comuns a essa fase, tendo a obrigação de aparecer na massa sufocante? Como aparecer e brilhar com tanta concorrência?

Diante de comportamentos que buscam a exposição constante da vida privada, o cotidiano de um jovem introvertido, sem nenhuma vocação artística ou esportiva, seguramente, o coloca na pior posição da hierarquia humana, a de perdedor. Para esse perfil de jovem, transformar a própria morte numa performance não seria um clímax ideal para a consagração de uma vida obscura e frustrante?

Evidentemente, tal hipótese é antiga. Mas, dentro desse indiscutível contexto em que viver tem que ser espetacular, ela precisa ser mais refletida e nós, educadores, devemos detectar comportamentos reclusos e buscar, de todas as formas, oferecer a esses jovens oportunidades de expressão que recuperem sua autoestima, que lhes deem uma vitrine para a vida e não um  caminho para a morte.

 

 

Professor Henrique Vailati Neto é diretor do Colégio FAAP - SP. Formado em História e Pedagogia, com mestrado em Administração. É professor universitário nas disciplinas de Sociologia e Ciência Política. Tem quatro filhos e quatro netos.

 

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Em nosso último post falamos daquela que seria uma forma de enfrentamento desse terrível evento que, insisto, carece de estatísticas que nos mostrem suas reais dimensões. E que jamais pode ser menosprezado, pois fere, na alma, tudo o que há de mais precioso em uma sociedade: seus jovens e o que representam.

O que nos obriga a retornar a este tema é a questão da espetacularização do suicídio enquanto um reflexo mesmo da cultura contemporânea e que, de alguma forma, pode lançar um pouco de luz nessa escuridão da razão.

Se a "era do Espetáculo", conforme Gilles Lipovetsky definiu nosso tempo, explicaria todo um conjunto de atitudes, o conceito de performance, enquanto a hipertrofia individual do espetáculo, nos permite entender melhor este tempo em que se vive para os outros.

Citando Paula Sibila ("Autenticidade e performance : a construção de si como personagem visível", Revista Fronteiras - 2015), "a era da performance, por se tratar de um momento histórico que registra pressões inéditas sobre os corpos e as subjetividades, instando-os  a que melhorem constantemente seu desempenho nos domínios mais diversos. Na vida cotidiana. Performar é ser exibido ao extremo, sublinhando uma ação para aqueles que a assistem."

Qualquer análise epidérmica revela a exatidão das reflexões apontadas no parágrafo anterior. Esse viver intensamente para os outros nos remete a outras questões que envolvem mais uma dificuldade do jovem existir em nossos dias. Como fica a existência de um adolescente tímido, com todas as dificuldades comuns a essa fase, tendo a obrigação de aparecer na massa sufocante? Como aparecer e brilhar com tanta concorrência?

Diante de comportamentos que buscam a exposição constante da vida privada, o cotidiano de um jovem introvertido, sem nenhuma vocação artística ou esportiva, seguramente, o coloca na pior posição da hierarquia humana, a de perdedor. Para esse perfil de jovem, transformar a própria morte numa performance não seria um clímax ideal para a consagração de uma vida obscura e frustrante?

Evidentemente, tal hipótese é antiga. Mas, dentro desse indiscutível contexto em que viver tem que ser espetacular, ela precisa ser mais refletida e nós, educadores, devemos detectar comportamentos reclusos e buscar, de todas as formas, oferecer a esses jovens oportunidades de expressão que recuperem sua autoestima, que lhes deem uma vitrine para a vida e não um  caminho para a morte.

 

 

Professor Henrique Vailati Neto é diretor do Colégio FAAP - SP. Formado em História e Pedagogia, com mestrado em Administração. É professor universitário nas disciplinas de Sociologia e Ciência Política. Tem quatro filhos e quatro netos.

 

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