SÃO PAULO - Professores de escolas particulares disseram não ver rivalidade entre o trabalho em sala de aula e os vídeos com conteúdo escolar do YouTube. Para os educadores, se o formato consegue atrair o interesse dos jovens pelo conhecimento, ele pode ser um bom aliado desde que haja um acompanhamento e certificação da qualidade do material.
"Qualquer ferramenta que desperte o interesse do aluno para o estudo precisa ser ao menos estudada e avaliada pelos educadores. Nós temos que estar abertos ao menos para entender o que os atrai para esse tipo de aula", disse a coordenadora da Esfera Escola Internacional, Renata Leão, em Alphaville, na Grande São Paulo.
Para o próximo ano, a escola vai começar a ofertar como atividade optativa, aulas de youtuber. A ideia não é apenas que os alunos saibam fazer os próprios vídeos, mas também aprendam a identificar conteúdos confiáveis e certificados, especialmente os que são voltados para o conteúdo escolar.
"Os riscos na internet pegam um espectro muito grande, pode ser que eles aprendam algum conceito errado ou até mesmo que vejam algo ilegal ou inapropriado para a idade. Por isso, temos que estar atentos e ajudá-los a selecionar o que vão assistir."
Renata disse que os alunos muitas vezes compartilham com os professores os vídeos e canais que têm assistido, o que facilita aos educadores identificar que tipo de conteúdo e formato os atrai.
"Não significa que eles irão copiar, mas vão entender com o que os alunos estão se identificando."
Renata Leão, coordenadora da Esfera Escola Internacional
Axé Silva, professor de Geografia do Colégio Dante Alighieri, um dos mais tradicionais de São Paulo, dá aulas "analógicas" e também mantém um canal no YouTube voltado para os conteúdos de sua disciplina.
"É uma ferramenta a mais que pode agregar ao aprendizado desde que bem utilizado", contou.
Nas aulas presenciais, ele não costuma trabalhar com os próprios vídeos ou de outros youtubers, mas com o que chama de "fontes primárias", como de organizações ou fontes oficiais sobre o assunto. Mas convida os alunos a assistirem a seus vídeos após as aulas.
No canal, ele aborda os temas de sala de aula com a ajuda de convidados. Tem vídeos sobre refugiados, questão agrária, feminismo, etc.
"Existe uma facilidade para o aluno, que é poder assistir quando e onde quiser. Mas é importante questionar se há regularidade, se o aluno inclui os vídeos em sua rotina. O que eu percebo é que isso não acontece. Eles só assistem em momentos específicos, antes das provas bimestrais ou antes dos vestibulares", disse. "Por isso, não oferece risco à escola. Nunca vai haver essa substituição."
Veja vídeo do canal Café com Axé, do professor Axé Silva:
Axé Silva, professor do Colégio Dante Alighieri e edutuber