Em um ano em que a Casa Cor se propõe a dialogar com a moda, ele é o único participante a realizar o caminho inverso: de consagrado estilista se aventura agora pelo mundo do design de interiores. Trata-se de Jum Nakao, que materializa em uma Suíte Conceitual de 65 m² suas reflexões sobre a necessidade de o homem contemporâneo retomar seu equilíbrio com a natureza. Qual conceito norteou seu projeto? Mais do que realizar um ambiente, nossa proposta foi transportar o visitante para um outro espaço, um bosque com duas estações: outono, para repousar, e inverno, para se revigorar. Abrimos mão de paredes. Temos apenas uma vaporosa cortina, que contorna o espaço como se fosse uma bruma. No centro, uma cama resplandece iluminada pela luz que vaza por entre uma copa de árvore com folhas de papel, sugerindo que estamos em um bosque. Ao fundo, porém, o visitante se dá conta da súbita mudança de estações. Lá, tudo é branco como a neve. Estamos no inverno. Quais elementos foram essenciais na construção do espaço? A iluminação foi essencial para recriar as atmosferas invernal e outonal. Também o tecido tencionado. Procuramos ainda explicitar as contradições inerentes ao vidro: leveza e rigidez, visibilidade e invisibilidade, fragilidade e resistência. Como a moda surge em seu projeto? Moda hoje não se restringe à roupa, mas a todos os objetos e hábitos que habitam o universo de cada um. Vestir uma casa é como vestir uma pessoa. O que muda é o referencial, já que nos interiores o que vestimos é o entorno de cada um. Roupas e casas nada mais são que uma extensão de quem os habita. Quer se trate de uma roupa ou de um ambiente, o que eu modelo e esculpo não é o papel ou o tecido. Mas sim a percepção humana. / MARCELO LIMA
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