Jornalistas se unem para lutar contra o assédio na profissão


Campanha #jornalistascontraoassedio quer mostrar a jornalistas assediadas que elas não estão sozinhas

Por Anita Efraim
Atualização:
Projeto foi motivado pela demissão da repórter do iG, assediada por Biel Foto: Reprodução/ YouTube

A demissão da repórter do iG, assediada pelo cantor Biel em uma entrevista, gerou revolta nas redes sociais. Os leitores do portal passaram a comentar em todas os posts no Facebook, mesmo que as notícias não tivessem relação com o caso.

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Em resposta a isso, jornalistas criaram um coletivo chamado Jornalistas Contra o Assédio. De acordo com Janaina Garcia, uma das fundadoras do projeto, o objetivo da iniciativa é manter vivo o debate sobre o assédio na atividade jornalística. "Nossa meta é desnaturalizar os discursos dessa natureza e mostrar que, se são comuns, não, eles não são normais", explica. 

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Janaina afirma que, desde que o projeto foi criado, no dia 20 de junho, as organizadoras já receberam dezenas de relatos pela página do Facebook. "Desde quem afirma já ter sido estuprada por chefe, mas orientada a não levar a denúncia adiante para não comprometer a carreira, até jornalista assediada por fontes - do poder público, ou não - como simples condição de obtenção de informações jornalísticas", relata a jornalista e complementa: "isso é um absurdo". 

Em solidariedade a repórter, a colaboradora Odara Gallo decidiu acabar com a parceria que tinha com o iG. Por um comunicado em seu Facebook, a jornalista esclareceu que o rompimento era por causa dos "acontecimentos recentes" e encerrou com a hashtag #jornalistascontraoassedio. Leia o e-mail que Odara enviou ao portal: 

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"Caros,

Quando aceitei a proposta do iG Delas de reproduzir conteúdo do blog Quê Cê Qué?, o fiz imaginando que meus textos e relatos poderiam ajudar mães e pais na educação de muitas crianças. Na penúltima semana, quando foi bravamente publicada no iG a reportagem sobre o assédio sofrido por uma repórter pelo cantor Biel, mais uma vez admirei a postura do veículo em denunciar assédios e, de uma forma ou de outra, ajudar pais e mães na educação dos seus filhos (conversando sobre assédio) e filhas (as ensinando a nunca se calarem).

Na última semana, quando soube da demissão da repórter assediada, percebi que o compromisso com o combate à violência contra a mulher não era da empresa de comunicação, mas sim dos jornalistas que lá trabalham. Por isso, não posso aceitar continuar publicando em um veículo que simbolicamente reforça o medo da denúncia nas mulheres e o comportamento assediador nos homens. Da mesma forma que a demissão da jornalista simboliza cumplicidade do iG com a cultura de assédio, eu continuar permitindo que meus conteúdos sejam aqui reproduzidos, já que não é minha ocupação principal, também o é. Dessa forma, agradeço a nossa parceria até o momento, mas prefiro encerrá-la por conta dos episódios citados."

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Os assédios sofridos por mulheres jornalistas são tanto sexuais quanto morais. Janaina opina que não é surpreendente, mas ainda é chocante saber que profissionais são preteridas de coberturas mais relevantes pela questão de gênero. "Da mesma maneira que é chocante perceber que o desejo ou não por filhos ainda é questão colocada nas entrevistas de emprego com as candidatas às vagas, nunca com os candidatos", diz a jornalista. 

Os casos de abusos sexuais acontecem dentro e fora das redações, mas, de acordo com a jornalista, o mais comum é que as repórteres sejam as mais assediadas, independente da área da cobertura. Já o assédio moral acontece com todas: "Hoje mesmo a editora que assinou a reportagem sobre o assédio à jovem foi demitida - não deixa de ser simbólico", disse Janaina em entrevista realizada na última sexta-feira, 24.  O objetivo da ação é mostrar às mulheres que foram assediadas que não estão sozinhas, é ajudar"à medida em que podemos dizer a ela que, puxa, se o relato dela vier à tona, e mais o de outras ali, mais outras acolá, veremos que é possível que se crie uma rede de proteção em que, unidas, será menos doloroso e mais efetivo lutar para que isso seja desnaturalizado", diz Janaina. 

A campanha reconhece que o machismo atinge muito mais mulheres que homens na profissão, mas não diferencia a atuação dos gêneros na busca pela igualdade e pelo respeito.

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Feministas recriam 'Química' de Biel em paródia do Youtube

Projeto foi motivado pela demissão da repórter do iG, assediada por Biel Foto: Reprodução/ YouTube

A demissão da repórter do iG, assediada pelo cantor Biel em uma entrevista, gerou revolta nas redes sociais. Os leitores do portal passaram a comentar em todas os posts no Facebook, mesmo que as notícias não tivessem relação com o caso.

Em resposta a isso, jornalistas criaram um coletivo chamado Jornalistas Contra o Assédio. De acordo com Janaina Garcia, uma das fundadoras do projeto, o objetivo da iniciativa é manter vivo o debate sobre o assédio na atividade jornalística. "Nossa meta é desnaturalizar os discursos dessa natureza e mostrar que, se são comuns, não, eles não são normais", explica. 

Janaina afirma que, desde que o projeto foi criado, no dia 20 de junho, as organizadoras já receberam dezenas de relatos pela página do Facebook. "Desde quem afirma já ter sido estuprada por chefe, mas orientada a não levar a denúncia adiante para não comprometer a carreira, até jornalista assediada por fontes - do poder público, ou não - como simples condição de obtenção de informações jornalísticas", relata a jornalista e complementa: "isso é um absurdo". 

Em solidariedade a repórter, a colaboradora Odara Gallo decidiu acabar com a parceria que tinha com o iG. Por um comunicado em seu Facebook, a jornalista esclareceu que o rompimento era por causa dos "acontecimentos recentes" e encerrou com a hashtag #jornalistascontraoassedio. Leia o e-mail que Odara enviou ao portal: 

"Caros,

Quando aceitei a proposta do iG Delas de reproduzir conteúdo do blog Quê Cê Qué?, o fiz imaginando que meus textos e relatos poderiam ajudar mães e pais na educação de muitas crianças. Na penúltima semana, quando foi bravamente publicada no iG a reportagem sobre o assédio sofrido por uma repórter pelo cantor Biel, mais uma vez admirei a postura do veículo em denunciar assédios e, de uma forma ou de outra, ajudar pais e mães na educação dos seus filhos (conversando sobre assédio) e filhas (as ensinando a nunca se calarem).

Na última semana, quando soube da demissão da repórter assediada, percebi que o compromisso com o combate à violência contra a mulher não era da empresa de comunicação, mas sim dos jornalistas que lá trabalham. Por isso, não posso aceitar continuar publicando em um veículo que simbolicamente reforça o medo da denúncia nas mulheres e o comportamento assediador nos homens. Da mesma forma que a demissão da jornalista simboliza cumplicidade do iG com a cultura de assédio, eu continuar permitindo que meus conteúdos sejam aqui reproduzidos, já que não é minha ocupação principal, também o é. Dessa forma, agradeço a nossa parceria até o momento, mas prefiro encerrá-la por conta dos episódios citados."

Os assédios sofridos por mulheres jornalistas são tanto sexuais quanto morais. Janaina opina que não é surpreendente, mas ainda é chocante saber que profissionais são preteridas de coberturas mais relevantes pela questão de gênero. "Da mesma maneira que é chocante perceber que o desejo ou não por filhos ainda é questão colocada nas entrevistas de emprego com as candidatas às vagas, nunca com os candidatos", diz a jornalista. 

Os casos de abusos sexuais acontecem dentro e fora das redações, mas, de acordo com a jornalista, o mais comum é que as repórteres sejam as mais assediadas, independente da área da cobertura. Já o assédio moral acontece com todas: "Hoje mesmo a editora que assinou a reportagem sobre o assédio à jovem foi demitida - não deixa de ser simbólico", disse Janaina em entrevista realizada na última sexta-feira, 24.  O objetivo da ação é mostrar às mulheres que foram assediadas que não estão sozinhas, é ajudar"à medida em que podemos dizer a ela que, puxa, se o relato dela vier à tona, e mais o de outras ali, mais outras acolá, veremos que é possível que se crie uma rede de proteção em que, unidas, será menos doloroso e mais efetivo lutar para que isso seja desnaturalizado", diz Janaina. 

A campanha reconhece que o machismo atinge muito mais mulheres que homens na profissão, mas não diferencia a atuação dos gêneros na busca pela igualdade e pelo respeito.

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Projeto foi motivado pela demissão da repórter do iG, assediada por Biel Foto: Reprodução/ YouTube

A demissão da repórter do iG, assediada pelo cantor Biel em uma entrevista, gerou revolta nas redes sociais. Os leitores do portal passaram a comentar em todas os posts no Facebook, mesmo que as notícias não tivessem relação com o caso.

Em resposta a isso, jornalistas criaram um coletivo chamado Jornalistas Contra o Assédio. De acordo com Janaina Garcia, uma das fundadoras do projeto, o objetivo da iniciativa é manter vivo o debate sobre o assédio na atividade jornalística. "Nossa meta é desnaturalizar os discursos dessa natureza e mostrar que, se são comuns, não, eles não são normais", explica. 

Janaina afirma que, desde que o projeto foi criado, no dia 20 de junho, as organizadoras já receberam dezenas de relatos pela página do Facebook. "Desde quem afirma já ter sido estuprada por chefe, mas orientada a não levar a denúncia adiante para não comprometer a carreira, até jornalista assediada por fontes - do poder público, ou não - como simples condição de obtenção de informações jornalísticas", relata a jornalista e complementa: "isso é um absurdo". 

Em solidariedade a repórter, a colaboradora Odara Gallo decidiu acabar com a parceria que tinha com o iG. Por um comunicado em seu Facebook, a jornalista esclareceu que o rompimento era por causa dos "acontecimentos recentes" e encerrou com a hashtag #jornalistascontraoassedio. Leia o e-mail que Odara enviou ao portal: 

"Caros,

Quando aceitei a proposta do iG Delas de reproduzir conteúdo do blog Quê Cê Qué?, o fiz imaginando que meus textos e relatos poderiam ajudar mães e pais na educação de muitas crianças. Na penúltima semana, quando foi bravamente publicada no iG a reportagem sobre o assédio sofrido por uma repórter pelo cantor Biel, mais uma vez admirei a postura do veículo em denunciar assédios e, de uma forma ou de outra, ajudar pais e mães na educação dos seus filhos (conversando sobre assédio) e filhas (as ensinando a nunca se calarem).

Na última semana, quando soube da demissão da repórter assediada, percebi que o compromisso com o combate à violência contra a mulher não era da empresa de comunicação, mas sim dos jornalistas que lá trabalham. Por isso, não posso aceitar continuar publicando em um veículo que simbolicamente reforça o medo da denúncia nas mulheres e o comportamento assediador nos homens. Da mesma forma que a demissão da jornalista simboliza cumplicidade do iG com a cultura de assédio, eu continuar permitindo que meus conteúdos sejam aqui reproduzidos, já que não é minha ocupação principal, também o é. Dessa forma, agradeço a nossa parceria até o momento, mas prefiro encerrá-la por conta dos episódios citados."

Os assédios sofridos por mulheres jornalistas são tanto sexuais quanto morais. Janaina opina que não é surpreendente, mas ainda é chocante saber que profissionais são preteridas de coberturas mais relevantes pela questão de gênero. "Da mesma maneira que é chocante perceber que o desejo ou não por filhos ainda é questão colocada nas entrevistas de emprego com as candidatas às vagas, nunca com os candidatos", diz a jornalista. 

Os casos de abusos sexuais acontecem dentro e fora das redações, mas, de acordo com a jornalista, o mais comum é que as repórteres sejam as mais assediadas, independente da área da cobertura. Já o assédio moral acontece com todas: "Hoje mesmo a editora que assinou a reportagem sobre o assédio à jovem foi demitida - não deixa de ser simbólico", disse Janaina em entrevista realizada na última sexta-feira, 24.  O objetivo da ação é mostrar às mulheres que foram assediadas que não estão sozinhas, é ajudar"à medida em que podemos dizer a ela que, puxa, se o relato dela vier à tona, e mais o de outras ali, mais outras acolá, veremos que é possível que se crie uma rede de proteção em que, unidas, será menos doloroso e mais efetivo lutar para que isso seja desnaturalizado", diz Janaina. 

A campanha reconhece que o machismo atinge muito mais mulheres que homens na profissão, mas não diferencia a atuação dos gêneros na busca pela igualdade e pelo respeito.

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A internet é uma ferramenta empoderadora, aceitem

Feministas recriam 'Química' de Biel em paródia do Youtube

Projeto foi motivado pela demissão da repórter do iG, assediada por Biel Foto: Reprodução/ YouTube

A demissão da repórter do iG, assediada pelo cantor Biel em uma entrevista, gerou revolta nas redes sociais. Os leitores do portal passaram a comentar em todas os posts no Facebook, mesmo que as notícias não tivessem relação com o caso.

Em resposta a isso, jornalistas criaram um coletivo chamado Jornalistas Contra o Assédio. De acordo com Janaina Garcia, uma das fundadoras do projeto, o objetivo da iniciativa é manter vivo o debate sobre o assédio na atividade jornalística. "Nossa meta é desnaturalizar os discursos dessa natureza e mostrar que, se são comuns, não, eles não são normais", explica. 

Janaina afirma que, desde que o projeto foi criado, no dia 20 de junho, as organizadoras já receberam dezenas de relatos pela página do Facebook. "Desde quem afirma já ter sido estuprada por chefe, mas orientada a não levar a denúncia adiante para não comprometer a carreira, até jornalista assediada por fontes - do poder público, ou não - como simples condição de obtenção de informações jornalísticas", relata a jornalista e complementa: "isso é um absurdo". 

Em solidariedade a repórter, a colaboradora Odara Gallo decidiu acabar com a parceria que tinha com o iG. Por um comunicado em seu Facebook, a jornalista esclareceu que o rompimento era por causa dos "acontecimentos recentes" e encerrou com a hashtag #jornalistascontraoassedio. Leia o e-mail que Odara enviou ao portal: 

"Caros,

Quando aceitei a proposta do iG Delas de reproduzir conteúdo do blog Quê Cê Qué?, o fiz imaginando que meus textos e relatos poderiam ajudar mães e pais na educação de muitas crianças. Na penúltima semana, quando foi bravamente publicada no iG a reportagem sobre o assédio sofrido por uma repórter pelo cantor Biel, mais uma vez admirei a postura do veículo em denunciar assédios e, de uma forma ou de outra, ajudar pais e mães na educação dos seus filhos (conversando sobre assédio) e filhas (as ensinando a nunca se calarem).

Na última semana, quando soube da demissão da repórter assediada, percebi que o compromisso com o combate à violência contra a mulher não era da empresa de comunicação, mas sim dos jornalistas que lá trabalham. Por isso, não posso aceitar continuar publicando em um veículo que simbolicamente reforça o medo da denúncia nas mulheres e o comportamento assediador nos homens. Da mesma forma que a demissão da jornalista simboliza cumplicidade do iG com a cultura de assédio, eu continuar permitindo que meus conteúdos sejam aqui reproduzidos, já que não é minha ocupação principal, também o é. Dessa forma, agradeço a nossa parceria até o momento, mas prefiro encerrá-la por conta dos episódios citados."

Os assédios sofridos por mulheres jornalistas são tanto sexuais quanto morais. Janaina opina que não é surpreendente, mas ainda é chocante saber que profissionais são preteridas de coberturas mais relevantes pela questão de gênero. "Da mesma maneira que é chocante perceber que o desejo ou não por filhos ainda é questão colocada nas entrevistas de emprego com as candidatas às vagas, nunca com os candidatos", diz a jornalista. 

Os casos de abusos sexuais acontecem dentro e fora das redações, mas, de acordo com a jornalista, o mais comum é que as repórteres sejam as mais assediadas, independente da área da cobertura. Já o assédio moral acontece com todas: "Hoje mesmo a editora que assinou a reportagem sobre o assédio à jovem foi demitida - não deixa de ser simbólico", disse Janaina em entrevista realizada na última sexta-feira, 24.  O objetivo da ação é mostrar às mulheres que foram assediadas que não estão sozinhas, é ajudar"à medida em que podemos dizer a ela que, puxa, se o relato dela vier à tona, e mais o de outras ali, mais outras acolá, veremos que é possível que se crie uma rede de proteção em que, unidas, será menos doloroso e mais efetivo lutar para que isso seja desnaturalizado", diz Janaina. 

A campanha reconhece que o machismo atinge muito mais mulheres que homens na profissão, mas não diferencia a atuação dos gêneros na busca pela igualdade e pelo respeito.

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