Self-service de humor

Opinião|Cadeia para todos os sem nenhum caráter


Por Carlos Castelo

Com os recentes superpoderes da Justiça vieram as delações premiadas. Com as delações premiadas, prisões absolutamente inusitadas em todo e qualquer segmento social.

Está chegando o dia em que colocarão no cárcere figuras públicas do passado que cometeram crimes e não foram exemplarmente punidas.

Como aquele herói sem nenhum caráter chamado Macunaína.

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Muitos sabem que ele, espantado com as máquinas de São Paulo, transformou seu irmão Jiguê num telefone. Só este ato, em si, já seria suficiente para arrolá-lo - no sentido bíblico - em qualquer Lava Jato da vida.

Mas os crimes de Macunaíma não pararam aí.

Nesse telefone, que era seu irmão, ele falou com o gigante Venceslau Pietro Pietra. E lhe afirmou que uma francesa iria visitá-lo para conversarem sobre negócios. No entanto, a francesa era o próprio Macunaíma disfarçado  - seu intuito era tomar do gigante a pedrinha que lhe dava a imagem de Ci, Mãe do Mato, seu grande amor.

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Quando percebeu o golpe, o gigante Venceslau quis comer o herói - no sentido gastronômico - que fugiu até cair num buraco, fora do qual o gigante espreitava e aguardava a sua saída.

Espertamente, o herói se embrulhou na fantasia de francesa e o gigante, pensando serem apenas trapos, o arremessou para longe. Sem perceber que os panos eram Macunaíma.

Com muita raiva de Venceslau, porque ainda não recuperara o amuleto, Macunaíma resolveu espancá-lo. Para tanto foi até o Rio de Janeiro pedir ajuda ao Exu.

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(Percebam aqui o momento em que Macunaíma deixa de atuar sozinho e começa a formação de quadrilha).

Não bastava para ele punir o inimigo. Chegando nesta macumba, queria que o gigante sofresse. Por isso, Exu aprisionou em seu corpo o EU do gigante para levar chutes, bofetadas, pontapés e bordoadas do herói. O Exu não sentia nada, pois quem estava em seu corpo era o gigante Venceslau.

Macunaíma deu fim ao monstruoso Venceslau derrubando-o dentro de uma caldeira fervente. Foi o fim para o comedor de gente que virou molho de tomate para macarronada.

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Finalmente, o herói consegue recuperar a muiraquitã, o seu querido amuleto e volta às matas.

A pergunta que a Justiça deve estar se fazendo em 2015 é: o que são esses crimes de Macunaíma perto de inocentes propinas? O indivíduo, claramente um pária social, distorce a realidade, usa de tramoias para iludir terceiros, tortura, mata com requintes de crueldade e ainda vira questão de Literatura no vestibular da Fuvest?

Esse homem deveria, inclusive, para o bem da sociedade brasileira, ter sido conduzido a um reformatório quando menor de idade. E por uma razão muito simples: os relatos de gente de seu rol o dão como um menino mentiroso, traidor, que pratica muitas safadezas, fala muitos palavrões, além de ser extremamente preguiçoso.

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Tais práticas não combinam mais com o momento de transparência do país. Por isso é de se esperar para breve uma nova ação, que muito provavelmente se chamará "Operação Semana de 22", que exumará o corpo dessa figura indolente e pusilâmine das matas amazônicas e reescreverá a literatura nacional em bases mais justas e realísticas.

 

 

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Com os recentes superpoderes da Justiça vieram as delações premiadas. Com as delações premiadas, prisões absolutamente inusitadas em todo e qualquer segmento social.

Está chegando o dia em que colocarão no cárcere figuras públicas do passado que cometeram crimes e não foram exemplarmente punidas.

Como aquele herói sem nenhum caráter chamado Macunaína.

Muitos sabem que ele, espantado com as máquinas de São Paulo, transformou seu irmão Jiguê num telefone. Só este ato, em si, já seria suficiente para arrolá-lo - no sentido bíblico - em qualquer Lava Jato da vida.

Mas os crimes de Macunaíma não pararam aí.

Nesse telefone, que era seu irmão, ele falou com o gigante Venceslau Pietro Pietra. E lhe afirmou que uma francesa iria visitá-lo para conversarem sobre negócios. No entanto, a francesa era o próprio Macunaíma disfarçado  - seu intuito era tomar do gigante a pedrinha que lhe dava a imagem de Ci, Mãe do Mato, seu grande amor.

Quando percebeu o golpe, o gigante Venceslau quis comer o herói - no sentido gastronômico - que fugiu até cair num buraco, fora do qual o gigante espreitava e aguardava a sua saída.

Espertamente, o herói se embrulhou na fantasia de francesa e o gigante, pensando serem apenas trapos, o arremessou para longe. Sem perceber que os panos eram Macunaíma.

Com muita raiva de Venceslau, porque ainda não recuperara o amuleto, Macunaíma resolveu espancá-lo. Para tanto foi até o Rio de Janeiro pedir ajuda ao Exu.

(Percebam aqui o momento em que Macunaíma deixa de atuar sozinho e começa a formação de quadrilha).

Não bastava para ele punir o inimigo. Chegando nesta macumba, queria que o gigante sofresse. Por isso, Exu aprisionou em seu corpo o EU do gigante para levar chutes, bofetadas, pontapés e bordoadas do herói. O Exu não sentia nada, pois quem estava em seu corpo era o gigante Venceslau.

Macunaíma deu fim ao monstruoso Venceslau derrubando-o dentro de uma caldeira fervente. Foi o fim para o comedor de gente que virou molho de tomate para macarronada.

Finalmente, o herói consegue recuperar a muiraquitã, o seu querido amuleto e volta às matas.

A pergunta que a Justiça deve estar se fazendo em 2015 é: o que são esses crimes de Macunaíma perto de inocentes propinas? O indivíduo, claramente um pária social, distorce a realidade, usa de tramoias para iludir terceiros, tortura, mata com requintes de crueldade e ainda vira questão de Literatura no vestibular da Fuvest?

Esse homem deveria, inclusive, para o bem da sociedade brasileira, ter sido conduzido a um reformatório quando menor de idade. E por uma razão muito simples: os relatos de gente de seu rol o dão como um menino mentiroso, traidor, que pratica muitas safadezas, fala muitos palavrões, além de ser extremamente preguiçoso.

Tais práticas não combinam mais com o momento de transparência do país. Por isso é de se esperar para breve uma nova ação, que muito provavelmente se chamará "Operação Semana de 22", que exumará o corpo dessa figura indolente e pusilâmine das matas amazônicas e reescreverá a literatura nacional em bases mais justas e realísticas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Com os recentes superpoderes da Justiça vieram as delações premiadas. Com as delações premiadas, prisões absolutamente inusitadas em todo e qualquer segmento social.

Está chegando o dia em que colocarão no cárcere figuras públicas do passado que cometeram crimes e não foram exemplarmente punidas.

Como aquele herói sem nenhum caráter chamado Macunaína.

Muitos sabem que ele, espantado com as máquinas de São Paulo, transformou seu irmão Jiguê num telefone. Só este ato, em si, já seria suficiente para arrolá-lo - no sentido bíblico - em qualquer Lava Jato da vida.

Mas os crimes de Macunaíma não pararam aí.

Nesse telefone, que era seu irmão, ele falou com o gigante Venceslau Pietro Pietra. E lhe afirmou que uma francesa iria visitá-lo para conversarem sobre negócios. No entanto, a francesa era o próprio Macunaíma disfarçado  - seu intuito era tomar do gigante a pedrinha que lhe dava a imagem de Ci, Mãe do Mato, seu grande amor.

Quando percebeu o golpe, o gigante Venceslau quis comer o herói - no sentido gastronômico - que fugiu até cair num buraco, fora do qual o gigante espreitava e aguardava a sua saída.

Espertamente, o herói se embrulhou na fantasia de francesa e o gigante, pensando serem apenas trapos, o arremessou para longe. Sem perceber que os panos eram Macunaíma.

Com muita raiva de Venceslau, porque ainda não recuperara o amuleto, Macunaíma resolveu espancá-lo. Para tanto foi até o Rio de Janeiro pedir ajuda ao Exu.

(Percebam aqui o momento em que Macunaíma deixa de atuar sozinho e começa a formação de quadrilha).

Não bastava para ele punir o inimigo. Chegando nesta macumba, queria que o gigante sofresse. Por isso, Exu aprisionou em seu corpo o EU do gigante para levar chutes, bofetadas, pontapés e bordoadas do herói. O Exu não sentia nada, pois quem estava em seu corpo era o gigante Venceslau.

Macunaíma deu fim ao monstruoso Venceslau derrubando-o dentro de uma caldeira fervente. Foi o fim para o comedor de gente que virou molho de tomate para macarronada.

Finalmente, o herói consegue recuperar a muiraquitã, o seu querido amuleto e volta às matas.

A pergunta que a Justiça deve estar se fazendo em 2015 é: o que são esses crimes de Macunaíma perto de inocentes propinas? O indivíduo, claramente um pária social, distorce a realidade, usa de tramoias para iludir terceiros, tortura, mata com requintes de crueldade e ainda vira questão de Literatura no vestibular da Fuvest?

Esse homem deveria, inclusive, para o bem da sociedade brasileira, ter sido conduzido a um reformatório quando menor de idade. E por uma razão muito simples: os relatos de gente de seu rol o dão como um menino mentiroso, traidor, que pratica muitas safadezas, fala muitos palavrões, além de ser extremamente preguiçoso.

Tais práticas não combinam mais com o momento de transparência do país. Por isso é de se esperar para breve uma nova ação, que muito provavelmente se chamará "Operação Semana de 22", que exumará o corpo dessa figura indolente e pusilâmine das matas amazônicas e reescreverá a literatura nacional em bases mais justas e realísticas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Com os recentes superpoderes da Justiça vieram as delações premiadas. Com as delações premiadas, prisões absolutamente inusitadas em todo e qualquer segmento social.

Está chegando o dia em que colocarão no cárcere figuras públicas do passado que cometeram crimes e não foram exemplarmente punidas.

Como aquele herói sem nenhum caráter chamado Macunaína.

Muitos sabem que ele, espantado com as máquinas de São Paulo, transformou seu irmão Jiguê num telefone. Só este ato, em si, já seria suficiente para arrolá-lo - no sentido bíblico - em qualquer Lava Jato da vida.

Mas os crimes de Macunaíma não pararam aí.

Nesse telefone, que era seu irmão, ele falou com o gigante Venceslau Pietro Pietra. E lhe afirmou que uma francesa iria visitá-lo para conversarem sobre negócios. No entanto, a francesa era o próprio Macunaíma disfarçado  - seu intuito era tomar do gigante a pedrinha que lhe dava a imagem de Ci, Mãe do Mato, seu grande amor.

Quando percebeu o golpe, o gigante Venceslau quis comer o herói - no sentido gastronômico - que fugiu até cair num buraco, fora do qual o gigante espreitava e aguardava a sua saída.

Espertamente, o herói se embrulhou na fantasia de francesa e o gigante, pensando serem apenas trapos, o arremessou para longe. Sem perceber que os panos eram Macunaíma.

Com muita raiva de Venceslau, porque ainda não recuperara o amuleto, Macunaíma resolveu espancá-lo. Para tanto foi até o Rio de Janeiro pedir ajuda ao Exu.

(Percebam aqui o momento em que Macunaíma deixa de atuar sozinho e começa a formação de quadrilha).

Não bastava para ele punir o inimigo. Chegando nesta macumba, queria que o gigante sofresse. Por isso, Exu aprisionou em seu corpo o EU do gigante para levar chutes, bofetadas, pontapés e bordoadas do herói. O Exu não sentia nada, pois quem estava em seu corpo era o gigante Venceslau.

Macunaíma deu fim ao monstruoso Venceslau derrubando-o dentro de uma caldeira fervente. Foi o fim para o comedor de gente que virou molho de tomate para macarronada.

Finalmente, o herói consegue recuperar a muiraquitã, o seu querido amuleto e volta às matas.

A pergunta que a Justiça deve estar se fazendo em 2015 é: o que são esses crimes de Macunaíma perto de inocentes propinas? O indivíduo, claramente um pária social, distorce a realidade, usa de tramoias para iludir terceiros, tortura, mata com requintes de crueldade e ainda vira questão de Literatura no vestibular da Fuvest?

Esse homem deveria, inclusive, para o bem da sociedade brasileira, ter sido conduzido a um reformatório quando menor de idade. E por uma razão muito simples: os relatos de gente de seu rol o dão como um menino mentiroso, traidor, que pratica muitas safadezas, fala muitos palavrões, além de ser extremamente preguiçoso.

Tais práticas não combinam mais com o momento de transparência do país. Por isso é de se esperar para breve uma nova ação, que muito provavelmente se chamará "Operação Semana de 22", que exumará o corpo dessa figura indolente e pusilâmine das matas amazônicas e reescreverá a literatura nacional em bases mais justas e realísticas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Opinião por Carlos Castelo

Carlos Castelo. Cronista, compositor e frasista. É ainda sócio fundador do grupo de humor Língua de Trapo.

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