Self-service de humor

Opinião|Retrato do hambúrguer quando orgânico


Por Carlos Castelo

"Eu não sou vegetariano, mas como animais que são".

(Groucho Marx)

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(Pixabay)

Pensa que é fácil ser hambúrguer orgânico?

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Primeiro, a gente precisa ser 100% de origem vegetal. Mas tem um detalhe: ainda precisa ter textura e cheiro de carne. Aí, na preparação, vai proteína de ervilha, proteína de soja e de grão de bico. Fora a beterraba pra imitar a cor e o sangue da carne. E tudo sem glúten, sem transgênicos e claro, sem carne.

Ah, é tanta coisa que até esqueci o essencial! A mega seleção dos ingredientes. A ervilha precisa ser "a" ervilha, a beterraba não é qualquer beterraba: é a mais bonita e roxinha da horta. Sem falar no grão de bico da hora. Tudo precisa ser do bom e do melhor.

Pra gente chegar até um pão de hambúrguer acontece muita coisa.  Passamos por salas de refrigeração,  congelamento, equipamentos de esterilização, cozimento. O pessoal mede a temperatura toda hora.  Pra nós é meio chatinho permanecer estocados a -1ºC, mas ficamos livres de qualquer tipo de micróbio.

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A história da nossa criação também é muito bonita. Os caras pegaram máquinas de fazer hambúrguer de carne e as estudaram um tempão. Não havia maquinário de fazer carne vegetal orgânica. Já pensou o trabalho, a grana que não foi pra fazer um projeto assim? E tudo meio no escuro. As pessoas, em geral, têm resistência ao novo. Mesmo existindo um avanço na procura por alimentos saudáveis, um aumento no número de veganos, vegetarianos, mas vai saber? E, se na hora do hambúrguer, o povo não curtisse? Nunca se sabe, o mercado é uma loteria.

Vem dando muito certo a minha vida, sabe? Não posso me queixar. É ótimo quando você está num ramo que admira e curte pertencer. A gente vê o esforço da galerinha pra manter os padrões de qualidade, o amor com que eles preparam cada um de nós.

Que bom que o mundo não é só fake news, ideologia do ódio. Mesmo em meio ao extremo consumo das sociedades pode haver espaço pra escolhas mais sensatas. Mais a ver com um modo de vida equilibrado. E eu, enquanto um hambúrguer orgânico, me sinto partícipe dessa corrente do bem. Desse movimento que quer o ser humano mais pleno, mais no seu aqui-agora.

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Tenho consciência de que sou apenas um hambúrguer orgânico. Nem chego a parafuso na gigantesca engrenagem do universo. Mas combino com atitudes positivas do tipo andar descalço, meditar, amar os seres vivos, ter empatia pelo outro, rir, tirar uma soneca, sair correndo nas areias de uma praia, ouvir o silêncio, ficar em contato com a natureza, dançar, cantar, dar uma pausa ligeira durante o trabalho, se espreguiçar.

E, olha, eu digo mais...

     ***

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-  Yeda, isso é hambúrguer orgânico?

- Poutz, peguei errado no supermercado...

- Vou jogar essa merda fora. Pede no app um Duplo Quarterão pra gente.

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- Boua!

"Eu não sou vegetariano, mas como animais que são".

(Groucho Marx)

 

(Pixabay)

Pensa que é fácil ser hambúrguer orgânico?

Primeiro, a gente precisa ser 100% de origem vegetal. Mas tem um detalhe: ainda precisa ter textura e cheiro de carne. Aí, na preparação, vai proteína de ervilha, proteína de soja e de grão de bico. Fora a beterraba pra imitar a cor e o sangue da carne. E tudo sem glúten, sem transgênicos e claro, sem carne.

Ah, é tanta coisa que até esqueci o essencial! A mega seleção dos ingredientes. A ervilha precisa ser "a" ervilha, a beterraba não é qualquer beterraba: é a mais bonita e roxinha da horta. Sem falar no grão de bico da hora. Tudo precisa ser do bom e do melhor.

Pra gente chegar até um pão de hambúrguer acontece muita coisa.  Passamos por salas de refrigeração,  congelamento, equipamentos de esterilização, cozimento. O pessoal mede a temperatura toda hora.  Pra nós é meio chatinho permanecer estocados a -1ºC, mas ficamos livres de qualquer tipo de micróbio.

A história da nossa criação também é muito bonita. Os caras pegaram máquinas de fazer hambúrguer de carne e as estudaram um tempão. Não havia maquinário de fazer carne vegetal orgânica. Já pensou o trabalho, a grana que não foi pra fazer um projeto assim? E tudo meio no escuro. As pessoas, em geral, têm resistência ao novo. Mesmo existindo um avanço na procura por alimentos saudáveis, um aumento no número de veganos, vegetarianos, mas vai saber? E, se na hora do hambúrguer, o povo não curtisse? Nunca se sabe, o mercado é uma loteria.

Vem dando muito certo a minha vida, sabe? Não posso me queixar. É ótimo quando você está num ramo que admira e curte pertencer. A gente vê o esforço da galerinha pra manter os padrões de qualidade, o amor com que eles preparam cada um de nós.

Que bom que o mundo não é só fake news, ideologia do ódio. Mesmo em meio ao extremo consumo das sociedades pode haver espaço pra escolhas mais sensatas. Mais a ver com um modo de vida equilibrado. E eu, enquanto um hambúrguer orgânico, me sinto partícipe dessa corrente do bem. Desse movimento que quer o ser humano mais pleno, mais no seu aqui-agora.

Tenho consciência de que sou apenas um hambúrguer orgânico. Nem chego a parafuso na gigantesca engrenagem do universo. Mas combino com atitudes positivas do tipo andar descalço, meditar, amar os seres vivos, ter empatia pelo outro, rir, tirar uma soneca, sair correndo nas areias de uma praia, ouvir o silêncio, ficar em contato com a natureza, dançar, cantar, dar uma pausa ligeira durante o trabalho, se espreguiçar.

E, olha, eu digo mais...

     ***

-  Yeda, isso é hambúrguer orgânico?

- Poutz, peguei errado no supermercado...

- Vou jogar essa merda fora. Pede no app um Duplo Quarterão pra gente.

- Boua!

"Eu não sou vegetariano, mas como animais que são".

(Groucho Marx)

 

(Pixabay)

Pensa que é fácil ser hambúrguer orgânico?

Primeiro, a gente precisa ser 100% de origem vegetal. Mas tem um detalhe: ainda precisa ter textura e cheiro de carne. Aí, na preparação, vai proteína de ervilha, proteína de soja e de grão de bico. Fora a beterraba pra imitar a cor e o sangue da carne. E tudo sem glúten, sem transgênicos e claro, sem carne.

Ah, é tanta coisa que até esqueci o essencial! A mega seleção dos ingredientes. A ervilha precisa ser "a" ervilha, a beterraba não é qualquer beterraba: é a mais bonita e roxinha da horta. Sem falar no grão de bico da hora. Tudo precisa ser do bom e do melhor.

Pra gente chegar até um pão de hambúrguer acontece muita coisa.  Passamos por salas de refrigeração,  congelamento, equipamentos de esterilização, cozimento. O pessoal mede a temperatura toda hora.  Pra nós é meio chatinho permanecer estocados a -1ºC, mas ficamos livres de qualquer tipo de micróbio.

A história da nossa criação também é muito bonita. Os caras pegaram máquinas de fazer hambúrguer de carne e as estudaram um tempão. Não havia maquinário de fazer carne vegetal orgânica. Já pensou o trabalho, a grana que não foi pra fazer um projeto assim? E tudo meio no escuro. As pessoas, em geral, têm resistência ao novo. Mesmo existindo um avanço na procura por alimentos saudáveis, um aumento no número de veganos, vegetarianos, mas vai saber? E, se na hora do hambúrguer, o povo não curtisse? Nunca se sabe, o mercado é uma loteria.

Vem dando muito certo a minha vida, sabe? Não posso me queixar. É ótimo quando você está num ramo que admira e curte pertencer. A gente vê o esforço da galerinha pra manter os padrões de qualidade, o amor com que eles preparam cada um de nós.

Que bom que o mundo não é só fake news, ideologia do ódio. Mesmo em meio ao extremo consumo das sociedades pode haver espaço pra escolhas mais sensatas. Mais a ver com um modo de vida equilibrado. E eu, enquanto um hambúrguer orgânico, me sinto partícipe dessa corrente do bem. Desse movimento que quer o ser humano mais pleno, mais no seu aqui-agora.

Tenho consciência de que sou apenas um hambúrguer orgânico. Nem chego a parafuso na gigantesca engrenagem do universo. Mas combino com atitudes positivas do tipo andar descalço, meditar, amar os seres vivos, ter empatia pelo outro, rir, tirar uma soneca, sair correndo nas areias de uma praia, ouvir o silêncio, ficar em contato com a natureza, dançar, cantar, dar uma pausa ligeira durante o trabalho, se espreguiçar.

E, olha, eu digo mais...

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-  Yeda, isso é hambúrguer orgânico?

- Poutz, peguei errado no supermercado...

- Vou jogar essa merda fora. Pede no app um Duplo Quarterão pra gente.

- Boua!

"Eu não sou vegetariano, mas como animais que são".

(Groucho Marx)

 

(Pixabay)

Pensa que é fácil ser hambúrguer orgânico?

Primeiro, a gente precisa ser 100% de origem vegetal. Mas tem um detalhe: ainda precisa ter textura e cheiro de carne. Aí, na preparação, vai proteína de ervilha, proteína de soja e de grão de bico. Fora a beterraba pra imitar a cor e o sangue da carne. E tudo sem glúten, sem transgênicos e claro, sem carne.

Ah, é tanta coisa que até esqueci o essencial! A mega seleção dos ingredientes. A ervilha precisa ser "a" ervilha, a beterraba não é qualquer beterraba: é a mais bonita e roxinha da horta. Sem falar no grão de bico da hora. Tudo precisa ser do bom e do melhor.

Pra gente chegar até um pão de hambúrguer acontece muita coisa.  Passamos por salas de refrigeração,  congelamento, equipamentos de esterilização, cozimento. O pessoal mede a temperatura toda hora.  Pra nós é meio chatinho permanecer estocados a -1ºC, mas ficamos livres de qualquer tipo de micróbio.

A história da nossa criação também é muito bonita. Os caras pegaram máquinas de fazer hambúrguer de carne e as estudaram um tempão. Não havia maquinário de fazer carne vegetal orgânica. Já pensou o trabalho, a grana que não foi pra fazer um projeto assim? E tudo meio no escuro. As pessoas, em geral, têm resistência ao novo. Mesmo existindo um avanço na procura por alimentos saudáveis, um aumento no número de veganos, vegetarianos, mas vai saber? E, se na hora do hambúrguer, o povo não curtisse? Nunca se sabe, o mercado é uma loteria.

Vem dando muito certo a minha vida, sabe? Não posso me queixar. É ótimo quando você está num ramo que admira e curte pertencer. A gente vê o esforço da galerinha pra manter os padrões de qualidade, o amor com que eles preparam cada um de nós.

Que bom que o mundo não é só fake news, ideologia do ódio. Mesmo em meio ao extremo consumo das sociedades pode haver espaço pra escolhas mais sensatas. Mais a ver com um modo de vida equilibrado. E eu, enquanto um hambúrguer orgânico, me sinto partícipe dessa corrente do bem. Desse movimento que quer o ser humano mais pleno, mais no seu aqui-agora.

Tenho consciência de que sou apenas um hambúrguer orgânico. Nem chego a parafuso na gigantesca engrenagem do universo. Mas combino com atitudes positivas do tipo andar descalço, meditar, amar os seres vivos, ter empatia pelo outro, rir, tirar uma soneca, sair correndo nas areias de uma praia, ouvir o silêncio, ficar em contato com a natureza, dançar, cantar, dar uma pausa ligeira durante o trabalho, se espreguiçar.

E, olha, eu digo mais...

     ***

-  Yeda, isso é hambúrguer orgânico?

- Poutz, peguei errado no supermercado...

- Vou jogar essa merda fora. Pede no app um Duplo Quarterão pra gente.

- Boua!

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Opinião por Carlos Castelo

Carlos Castelo. Cronista, compositor e frasista. É ainda sócio fundador do grupo de humor Língua de Trapo.

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