Self-service de humor

Opinião|A pedra do reino dos céus


Ariano é homenageado em sua chegada ao Paraíso.

Por Carlos Castelo

Ariano chegou ao Paraíso e foi logo colocado ao lado do Todo Poderoso numa tribuna de honra. Não tardou a iniciar-se um desfile sertanejo-mouro revisitado em sua homenagem.

Eram cerca de oitenta cavaleiros e centenas de participantes. Os arreios dos animais que formavam o tropel vinham atulhados de medalhas e moedas de ouro. Em contato com o Sol celestial traziam à suavidade das nuvens fagulhas metálicas.

Na frente, de olhar sonhoso, pontuavam dois cavaleiros - à guisa dos matinadores que abrem os desfiles de Cavalhada.

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O mais adiantado conduzia na mão uma bandeira na tradição armorial. Dividida por dois campos - um direito e outro esquerdo - exibia, de um lado, três Mickeys em campo de ouro e, do outro, um enorme Pato Donald de prata.

Logo atrás desse primeiro matinador, vinha um segundo homem, a pé. Manejava habilmente uma guitarra e dela gritava um rock britânico. Ariano não teve dúvida ao vê-lo surgir: era aquele rapazinho dos Beatles, o John Lennon.

Em seguida, a cavalo, via-se uma donzela vestida em trajes diáfanos e aciganados. Foi difícil crer que a dama de peitos macios que se requebrava inteira, acompanhando os sons produzidos pelo pau elétrico do roqueiro, era aquela tal de Amy Winehouse.

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À frente do bloco seguinte estava um homem esbelto, de pele clara. Trazia um paletó de miçangas prateadas com debruns na gola, uma rosa vermelha à botoeira, colete, calça "saint tropez" com riscas de giz, botinhas negro-­pardas abotoadas de lado por uma fieira de botões, e polainas brancas. Numa das mãos, uma luva de couro cinza. Caminhava de avante à ré, tresandando, um verdadeiro desafiante das leis da Física newtoniana.

John Lennon e Amy Winehouse deram lugar à desconcertante melodia daquele novo integrante do cortejo: Michael Jackson.

Dançando em torno de si mesmo, feito um calango doido, ele entoava aos borbotões:

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'Cause this is thriller

Thriller night

And no one's gonna save you From the beast about to strike You know it's thriller

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Thriller night

You're fighting for your life Inside a killer

Thriller tonight, yeah'

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Nem bem o departamento "moonwalk" passou, veio o segmento mais ruidoso de todos. Homens e mulheres vestindo gibões engalanados por milhares de luzinhas piscantes, iguaizinhas aos líquenes de uma lagoa do Taperoá numa tarde de sol fagulhante. Promoviam uma coreografia não-euclidiana ao som de uma lambada paraense.

Quando o barulhento corso sumiu nas nuvens, o Altíssimo mirou o Cronista Fidalgo, Rapsodo-Acadêmico e Poeta-Escrivão. Olhou-o sem nada pronunciar. Queria apenas sentir o que ele achara da singela homenagem.

Mas Ariano, homem das palavras, logo materializou sua sensação. Virou-se para o Criador e disse:

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- Mas Moço, que diabo de cabroeira é essa? Aqui é o Céu mesmo? Porque se for, eu quero ir já pras fornalhas do Inferno!

 

Crônica por quilo no Facebook.

Twitter

 

Ariano chegou ao Paraíso e foi logo colocado ao lado do Todo Poderoso numa tribuna de honra. Não tardou a iniciar-se um desfile sertanejo-mouro revisitado em sua homenagem.

Eram cerca de oitenta cavaleiros e centenas de participantes. Os arreios dos animais que formavam o tropel vinham atulhados de medalhas e moedas de ouro. Em contato com o Sol celestial traziam à suavidade das nuvens fagulhas metálicas.

Na frente, de olhar sonhoso, pontuavam dois cavaleiros - à guisa dos matinadores que abrem os desfiles de Cavalhada.

O mais adiantado conduzia na mão uma bandeira na tradição armorial. Dividida por dois campos - um direito e outro esquerdo - exibia, de um lado, três Mickeys em campo de ouro e, do outro, um enorme Pato Donald de prata.

Logo atrás desse primeiro matinador, vinha um segundo homem, a pé. Manejava habilmente uma guitarra e dela gritava um rock britânico. Ariano não teve dúvida ao vê-lo surgir: era aquele rapazinho dos Beatles, o John Lennon.

Em seguida, a cavalo, via-se uma donzela vestida em trajes diáfanos e aciganados. Foi difícil crer que a dama de peitos macios que se requebrava inteira, acompanhando os sons produzidos pelo pau elétrico do roqueiro, era aquela tal de Amy Winehouse.

À frente do bloco seguinte estava um homem esbelto, de pele clara. Trazia um paletó de miçangas prateadas com debruns na gola, uma rosa vermelha à botoeira, colete, calça "saint tropez" com riscas de giz, botinhas negro-­pardas abotoadas de lado por uma fieira de botões, e polainas brancas. Numa das mãos, uma luva de couro cinza. Caminhava de avante à ré, tresandando, um verdadeiro desafiante das leis da Física newtoniana.

John Lennon e Amy Winehouse deram lugar à desconcertante melodia daquele novo integrante do cortejo: Michael Jackson.

Dançando em torno de si mesmo, feito um calango doido, ele entoava aos borbotões:

'Cause this is thriller

Thriller night

And no one's gonna save you From the beast about to strike You know it's thriller

Thriller night

You're fighting for your life Inside a killer

Thriller tonight, yeah'

Nem bem o departamento "moonwalk" passou, veio o segmento mais ruidoso de todos. Homens e mulheres vestindo gibões engalanados por milhares de luzinhas piscantes, iguaizinhas aos líquenes de uma lagoa do Taperoá numa tarde de sol fagulhante. Promoviam uma coreografia não-euclidiana ao som de uma lambada paraense.

Quando o barulhento corso sumiu nas nuvens, o Altíssimo mirou o Cronista Fidalgo, Rapsodo-Acadêmico e Poeta-Escrivão. Olhou-o sem nada pronunciar. Queria apenas sentir o que ele achara da singela homenagem.

Mas Ariano, homem das palavras, logo materializou sua sensação. Virou-se para o Criador e disse:

- Mas Moço, que diabo de cabroeira é essa? Aqui é o Céu mesmo? Porque se for, eu quero ir já pras fornalhas do Inferno!

 

Crônica por quilo no Facebook.

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Ariano chegou ao Paraíso e foi logo colocado ao lado do Todo Poderoso numa tribuna de honra. Não tardou a iniciar-se um desfile sertanejo-mouro revisitado em sua homenagem.

Eram cerca de oitenta cavaleiros e centenas de participantes. Os arreios dos animais que formavam o tropel vinham atulhados de medalhas e moedas de ouro. Em contato com o Sol celestial traziam à suavidade das nuvens fagulhas metálicas.

Na frente, de olhar sonhoso, pontuavam dois cavaleiros - à guisa dos matinadores que abrem os desfiles de Cavalhada.

O mais adiantado conduzia na mão uma bandeira na tradição armorial. Dividida por dois campos - um direito e outro esquerdo - exibia, de um lado, três Mickeys em campo de ouro e, do outro, um enorme Pato Donald de prata.

Logo atrás desse primeiro matinador, vinha um segundo homem, a pé. Manejava habilmente uma guitarra e dela gritava um rock britânico. Ariano não teve dúvida ao vê-lo surgir: era aquele rapazinho dos Beatles, o John Lennon.

Em seguida, a cavalo, via-se uma donzela vestida em trajes diáfanos e aciganados. Foi difícil crer que a dama de peitos macios que se requebrava inteira, acompanhando os sons produzidos pelo pau elétrico do roqueiro, era aquela tal de Amy Winehouse.

À frente do bloco seguinte estava um homem esbelto, de pele clara. Trazia um paletó de miçangas prateadas com debruns na gola, uma rosa vermelha à botoeira, colete, calça "saint tropez" com riscas de giz, botinhas negro-­pardas abotoadas de lado por uma fieira de botões, e polainas brancas. Numa das mãos, uma luva de couro cinza. Caminhava de avante à ré, tresandando, um verdadeiro desafiante das leis da Física newtoniana.

John Lennon e Amy Winehouse deram lugar à desconcertante melodia daquele novo integrante do cortejo: Michael Jackson.

Dançando em torno de si mesmo, feito um calango doido, ele entoava aos borbotões:

'Cause this is thriller

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And no one's gonna save you From the beast about to strike You know it's thriller

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You're fighting for your life Inside a killer

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Nem bem o departamento "moonwalk" passou, veio o segmento mais ruidoso de todos. Homens e mulheres vestindo gibões engalanados por milhares de luzinhas piscantes, iguaizinhas aos líquenes de uma lagoa do Taperoá numa tarde de sol fagulhante. Promoviam uma coreografia não-euclidiana ao som de uma lambada paraense.

Quando o barulhento corso sumiu nas nuvens, o Altíssimo mirou o Cronista Fidalgo, Rapsodo-Acadêmico e Poeta-Escrivão. Olhou-o sem nada pronunciar. Queria apenas sentir o que ele achara da singela homenagem.

Mas Ariano, homem das palavras, logo materializou sua sensação. Virou-se para o Criador e disse:

- Mas Moço, que diabo de cabroeira é essa? Aqui é o Céu mesmo? Porque se for, eu quero ir já pras fornalhas do Inferno!

 

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Ariano chegou ao Paraíso e foi logo colocado ao lado do Todo Poderoso numa tribuna de honra. Não tardou a iniciar-se um desfile sertanejo-mouro revisitado em sua homenagem.

Eram cerca de oitenta cavaleiros e centenas de participantes. Os arreios dos animais que formavam o tropel vinham atulhados de medalhas e moedas de ouro. Em contato com o Sol celestial traziam à suavidade das nuvens fagulhas metálicas.

Na frente, de olhar sonhoso, pontuavam dois cavaleiros - à guisa dos matinadores que abrem os desfiles de Cavalhada.

O mais adiantado conduzia na mão uma bandeira na tradição armorial. Dividida por dois campos - um direito e outro esquerdo - exibia, de um lado, três Mickeys em campo de ouro e, do outro, um enorme Pato Donald de prata.

Logo atrás desse primeiro matinador, vinha um segundo homem, a pé. Manejava habilmente uma guitarra e dela gritava um rock britânico. Ariano não teve dúvida ao vê-lo surgir: era aquele rapazinho dos Beatles, o John Lennon.

Em seguida, a cavalo, via-se uma donzela vestida em trajes diáfanos e aciganados. Foi difícil crer que a dama de peitos macios que se requebrava inteira, acompanhando os sons produzidos pelo pau elétrico do roqueiro, era aquela tal de Amy Winehouse.

À frente do bloco seguinte estava um homem esbelto, de pele clara. Trazia um paletó de miçangas prateadas com debruns na gola, uma rosa vermelha à botoeira, colete, calça "saint tropez" com riscas de giz, botinhas negro-­pardas abotoadas de lado por uma fieira de botões, e polainas brancas. Numa das mãos, uma luva de couro cinza. Caminhava de avante à ré, tresandando, um verdadeiro desafiante das leis da Física newtoniana.

John Lennon e Amy Winehouse deram lugar à desconcertante melodia daquele novo integrante do cortejo: Michael Jackson.

Dançando em torno de si mesmo, feito um calango doido, ele entoava aos borbotões:

'Cause this is thriller

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And no one's gonna save you From the beast about to strike You know it's thriller

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You're fighting for your life Inside a killer

Thriller tonight, yeah'

Nem bem o departamento "moonwalk" passou, veio o segmento mais ruidoso de todos. Homens e mulheres vestindo gibões engalanados por milhares de luzinhas piscantes, iguaizinhas aos líquenes de uma lagoa do Taperoá numa tarde de sol fagulhante. Promoviam uma coreografia não-euclidiana ao som de uma lambada paraense.

Quando o barulhento corso sumiu nas nuvens, o Altíssimo mirou o Cronista Fidalgo, Rapsodo-Acadêmico e Poeta-Escrivão. Olhou-o sem nada pronunciar. Queria apenas sentir o que ele achara da singela homenagem.

Mas Ariano, homem das palavras, logo materializou sua sensação. Virou-se para o Criador e disse:

- Mas Moço, que diabo de cabroeira é essa? Aqui é o Céu mesmo? Porque se for, eu quero ir já pras fornalhas do Inferno!

 

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Opinião por Carlos Castelo

Carlos Castelo. Cronista, compositor e frasista. É ainda sócio fundador do grupo de humor Língua de Trapo.

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