Psiquiatria e sociedade

Opinião|Cartas de gratidão - Obrigado, Professor Luiz Barco


Carta de gratidão ao professor que me mostrou ser possível unir ciência e cultura.

Por Daniel Martins de Barros
 Foto: Estadão

Caro Professor Luiz Barco,

Talvez o senhor já esteja cansado de ouvir gente falando que aprendeu a gostar de Matemática graças ao seu trabalho. Fique tranquilo, não é para isso que escrevo. Não por desgostar da matéria, mas justamente pelo contrário: eu já gostava antes de começar a acompanhar suas colunas na revista Superinteressante, lá pelos anos 1990. Mas sim, escrevo para agradecer. Só que minha gratidão ao seu trabalho é de outra ordem.

continua após a publicidade

Há um tempo escrevi para o Almyr Gajardoni agradecendo pelo projeto da Superinteressante (não sei se ele recebeu a carta). No meio da mensagem eu citava um encontro que tive com o senhor num evento na USP, quando com voz trêmula fui declarar que era seu fã. Infelizmente eu não tinha conteúdo para estender a conversa, mas só conhecê-lo foi motivo de tremenda alegria na época.

Não tem problema. Naqueles dias eu ainda não tinha a dimensão do impacto de seu trabalho em minha formação. Acho que hoje, olhando para trás, tenho mais condições de agradecer.

Tirante a presença ubíqua da Matemática em nossas vidas, minha formação tem muito pouco a ver com o conteúdo que absorvi das suas colunas na revista. Tornei-me médico, especializei-me em Psiquiatria e posteriormente graduei-me em Filosofia. Nada a ver com a Matemática, podem pensar alguns. Mas apenas os que não sabem do seu tremendo talento em aplicar o raciocínio matemático ao dia-a-dia, mostrando a relevância da matéria para a vida real. E sempre transmitindo como ela pode ser prazerosa, bela e divertida.

continua após a publicidade

Ao longo da vida acabei também me enveredando pelo mundo da comunicação, esforçando-me para traduzir a complexidade de nosso mundo cerebral e mental para o cotidiano das pessoas. Tentando, na medida do possível, manter o tom leve, cativando o leitor. Como - vejo agora - aprendi com o senhor. Não posso deixar de imaginar que seu trabalho influenciou minhas escolhas de carreira. Consciente disso ou não, ler seus artigos, assistir os episódios de sua série Arte & Matemática, saber que um professor de Matemática podia dar aula na Escola de Comunicações e Artes, tudo isso me fez ver que o conhecimento não conhecia fronteiras. O senhor me ensinou que era possível aproximar ciência e cultura antes que C. P. Snow me ensinasse que era possível (e equivocado) separá-las.

Muito obrigado. Seu trabalho é uma prova do que disse Henry Brooks Adams sobre a docência: "Um professor afeta a eternidade; ele nunca pode saber até onde vai sua influência."

Um abraço agradecido,

continua após a publicidade

Daniel

 Foto: Estadão

Caro Professor Luiz Barco,

Talvez o senhor já esteja cansado de ouvir gente falando que aprendeu a gostar de Matemática graças ao seu trabalho. Fique tranquilo, não é para isso que escrevo. Não por desgostar da matéria, mas justamente pelo contrário: eu já gostava antes de começar a acompanhar suas colunas na revista Superinteressante, lá pelos anos 1990. Mas sim, escrevo para agradecer. Só que minha gratidão ao seu trabalho é de outra ordem.

Há um tempo escrevi para o Almyr Gajardoni agradecendo pelo projeto da Superinteressante (não sei se ele recebeu a carta). No meio da mensagem eu citava um encontro que tive com o senhor num evento na USP, quando com voz trêmula fui declarar que era seu fã. Infelizmente eu não tinha conteúdo para estender a conversa, mas só conhecê-lo foi motivo de tremenda alegria na época.

Não tem problema. Naqueles dias eu ainda não tinha a dimensão do impacto de seu trabalho em minha formação. Acho que hoje, olhando para trás, tenho mais condições de agradecer.

Tirante a presença ubíqua da Matemática em nossas vidas, minha formação tem muito pouco a ver com o conteúdo que absorvi das suas colunas na revista. Tornei-me médico, especializei-me em Psiquiatria e posteriormente graduei-me em Filosofia. Nada a ver com a Matemática, podem pensar alguns. Mas apenas os que não sabem do seu tremendo talento em aplicar o raciocínio matemático ao dia-a-dia, mostrando a relevância da matéria para a vida real. E sempre transmitindo como ela pode ser prazerosa, bela e divertida.

Ao longo da vida acabei também me enveredando pelo mundo da comunicação, esforçando-me para traduzir a complexidade de nosso mundo cerebral e mental para o cotidiano das pessoas. Tentando, na medida do possível, manter o tom leve, cativando o leitor. Como - vejo agora - aprendi com o senhor. Não posso deixar de imaginar que seu trabalho influenciou minhas escolhas de carreira. Consciente disso ou não, ler seus artigos, assistir os episódios de sua série Arte & Matemática, saber que um professor de Matemática podia dar aula na Escola de Comunicações e Artes, tudo isso me fez ver que o conhecimento não conhecia fronteiras. O senhor me ensinou que era possível aproximar ciência e cultura antes que C. P. Snow me ensinasse que era possível (e equivocado) separá-las.

Muito obrigado. Seu trabalho é uma prova do que disse Henry Brooks Adams sobre a docência: "Um professor afeta a eternidade; ele nunca pode saber até onde vai sua influência."

Um abraço agradecido,

Daniel

 Foto: Estadão

Caro Professor Luiz Barco,

Talvez o senhor já esteja cansado de ouvir gente falando que aprendeu a gostar de Matemática graças ao seu trabalho. Fique tranquilo, não é para isso que escrevo. Não por desgostar da matéria, mas justamente pelo contrário: eu já gostava antes de começar a acompanhar suas colunas na revista Superinteressante, lá pelos anos 1990. Mas sim, escrevo para agradecer. Só que minha gratidão ao seu trabalho é de outra ordem.

Há um tempo escrevi para o Almyr Gajardoni agradecendo pelo projeto da Superinteressante (não sei se ele recebeu a carta). No meio da mensagem eu citava um encontro que tive com o senhor num evento na USP, quando com voz trêmula fui declarar que era seu fã. Infelizmente eu não tinha conteúdo para estender a conversa, mas só conhecê-lo foi motivo de tremenda alegria na época.

Não tem problema. Naqueles dias eu ainda não tinha a dimensão do impacto de seu trabalho em minha formação. Acho que hoje, olhando para trás, tenho mais condições de agradecer.

Tirante a presença ubíqua da Matemática em nossas vidas, minha formação tem muito pouco a ver com o conteúdo que absorvi das suas colunas na revista. Tornei-me médico, especializei-me em Psiquiatria e posteriormente graduei-me em Filosofia. Nada a ver com a Matemática, podem pensar alguns. Mas apenas os que não sabem do seu tremendo talento em aplicar o raciocínio matemático ao dia-a-dia, mostrando a relevância da matéria para a vida real. E sempre transmitindo como ela pode ser prazerosa, bela e divertida.

Ao longo da vida acabei também me enveredando pelo mundo da comunicação, esforçando-me para traduzir a complexidade de nosso mundo cerebral e mental para o cotidiano das pessoas. Tentando, na medida do possível, manter o tom leve, cativando o leitor. Como - vejo agora - aprendi com o senhor. Não posso deixar de imaginar que seu trabalho influenciou minhas escolhas de carreira. Consciente disso ou não, ler seus artigos, assistir os episódios de sua série Arte & Matemática, saber que um professor de Matemática podia dar aula na Escola de Comunicações e Artes, tudo isso me fez ver que o conhecimento não conhecia fronteiras. O senhor me ensinou que era possível aproximar ciência e cultura antes que C. P. Snow me ensinasse que era possível (e equivocado) separá-las.

Muito obrigado. Seu trabalho é uma prova do que disse Henry Brooks Adams sobre a docência: "Um professor afeta a eternidade; ele nunca pode saber até onde vai sua influência."

Um abraço agradecido,

Daniel

 Foto: Estadão

Caro Professor Luiz Barco,

Talvez o senhor já esteja cansado de ouvir gente falando que aprendeu a gostar de Matemática graças ao seu trabalho. Fique tranquilo, não é para isso que escrevo. Não por desgostar da matéria, mas justamente pelo contrário: eu já gostava antes de começar a acompanhar suas colunas na revista Superinteressante, lá pelos anos 1990. Mas sim, escrevo para agradecer. Só que minha gratidão ao seu trabalho é de outra ordem.

Há um tempo escrevi para o Almyr Gajardoni agradecendo pelo projeto da Superinteressante (não sei se ele recebeu a carta). No meio da mensagem eu citava um encontro que tive com o senhor num evento na USP, quando com voz trêmula fui declarar que era seu fã. Infelizmente eu não tinha conteúdo para estender a conversa, mas só conhecê-lo foi motivo de tremenda alegria na época.

Não tem problema. Naqueles dias eu ainda não tinha a dimensão do impacto de seu trabalho em minha formação. Acho que hoje, olhando para trás, tenho mais condições de agradecer.

Tirante a presença ubíqua da Matemática em nossas vidas, minha formação tem muito pouco a ver com o conteúdo que absorvi das suas colunas na revista. Tornei-me médico, especializei-me em Psiquiatria e posteriormente graduei-me em Filosofia. Nada a ver com a Matemática, podem pensar alguns. Mas apenas os que não sabem do seu tremendo talento em aplicar o raciocínio matemático ao dia-a-dia, mostrando a relevância da matéria para a vida real. E sempre transmitindo como ela pode ser prazerosa, bela e divertida.

Ao longo da vida acabei também me enveredando pelo mundo da comunicação, esforçando-me para traduzir a complexidade de nosso mundo cerebral e mental para o cotidiano das pessoas. Tentando, na medida do possível, manter o tom leve, cativando o leitor. Como - vejo agora - aprendi com o senhor. Não posso deixar de imaginar que seu trabalho influenciou minhas escolhas de carreira. Consciente disso ou não, ler seus artigos, assistir os episódios de sua série Arte & Matemática, saber que um professor de Matemática podia dar aula na Escola de Comunicações e Artes, tudo isso me fez ver que o conhecimento não conhecia fronteiras. O senhor me ensinou que era possível aproximar ciência e cultura antes que C. P. Snow me ensinasse que era possível (e equivocado) separá-las.

Muito obrigado. Seu trabalho é uma prova do que disse Henry Brooks Adams sobre a docência: "Um professor afeta a eternidade; ele nunca pode saber até onde vai sua influência."

Um abraço agradecido,

Daniel

Opinião por Daniel Martins de Barros

Professor colaborador do Dep. de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP. Autor do livro 'Rir é Preciso'

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.