Psiquiatria e sociedade

Opinião|Como cumprir resoluções de ano novo (Parte 4 de 4)


Por Daniel Martins de Barros

Finalizando a série sobre as resoluções de ano novo, hoje vamos falar sobre a força de vontade na coluna Ideias no Ar, da Rádio Estadão - quais as dicas baseadas em evidências científicas ajudam a aumentá-la. Como vimos ao longo dos últimos posts (nas partes 1, 2 e 3), a falta de força de vontade é um dos principais motivos para a baixa adesão às mudanças de hábitos, mas existem formas comprovadas de lidar com o problema.

Em primeiro lugar é importante saber que o autocontrole gasta energia. Cansa mesmo. No entanto, assim como a força física, que pode se esgotar diante de um esforço intenso mas fica fortalecida quando repetidamente exercitada, a força de vontade também pode ser treinada. Estudos mostraram que quando as pessoas passam um tempo exercendo o autocontrole em uma determinada atividade - por exemplo, resistindo a comer besteiras ao longo do dia - desenvolvem melhor capacidade de se controlar em outras coisas quando necessário. Então a primeira dica é treinar: assim como num programa de atividades físicas, comece devagar, escolhendo comportamentos não muito difíceis de segurar, mas mantenha a regularidade no exercício. Considere o equivalente a uma academia mental.

Continuando com a analogia, é importante descansar. Quando estamos cansados, com baixa energia, é mais difícil manter decisões que dependam de esforço mental. Essa é uma das razões pelas quais dormir pouco engorda. Além disso, assim como na academia, repor a energia pode ajudar. Melhor que isso: pode nem ser necessário consumir açúcar - mais de um estudo já havia mostrado que ingerir bebidas com glicose aumenta a persistência em tarefas que necessitem de força de vontade, só que novas evidências provaram que o simples bochecho com essas líquidos adocicados é suficiente para melhorar a performance. Imagina-se que ativação de receptores de açúcar na boca dá um estímulo extra por ativar os centros de recompensa do cérebro e renovando a motivação. Então, carregar algumas balas nos bolsos é outra estratégia interessante.

continua após a publicidade

Por fim, nunca subestime o poder da tentação. A não se que queiramos adotar o lema do Oscar Wilde, segundo a melhor maneira de lidar com uma tentação é ceder a ela, é importante saber que mais cedo ou mais tarde a força de vontade fraqueja. Quando estamos longe da maçã proibida, quando bem alimentados, descansados e tranquilamente pensando no futuro, é fácil cair no chamado "viés de contenção" - nesses contextos achamos que seremos mais forte que na realidade, colocando mais fé na nossa capacidade de contenção, e por isso não nos precavendo o suficiente (Por exemplo: "Vou comprar essa caixa de bombons mas vou comê-los aos poucos, tenho certeza que a caixa vai durar o um mês..."). Considere sempre que, para mudar um comportamento, o ideal é evitar as situações que sejam evitáveis. Não se engane: a carne é realmente fraca (é só uma questão de tempo) e por isso não deve ser tentada.

Não existem fórmulas fáceis para manter as resoluções de ano novo. Mas vários aspectos envolvidos com motivação, formação de hábitos e autocontrole vêm sendo estudados cientificamente, e essas dicas que procuramos juntar duras as quintas-feiras de dezembro podem aumentar a probabilidade de seus planos para o ano que vem se concretizarem.

Feliz ano novo!

continua após a publicidade

Finalizando a série sobre as resoluções de ano novo, hoje vamos falar sobre a força de vontade na coluna Ideias no Ar, da Rádio Estadão - quais as dicas baseadas em evidências científicas ajudam a aumentá-la. Como vimos ao longo dos últimos posts (nas partes 1, 2 e 3), a falta de força de vontade é um dos principais motivos para a baixa adesão às mudanças de hábitos, mas existem formas comprovadas de lidar com o problema.

Em primeiro lugar é importante saber que o autocontrole gasta energia. Cansa mesmo. No entanto, assim como a força física, que pode se esgotar diante de um esforço intenso mas fica fortalecida quando repetidamente exercitada, a força de vontade também pode ser treinada. Estudos mostraram que quando as pessoas passam um tempo exercendo o autocontrole em uma determinada atividade - por exemplo, resistindo a comer besteiras ao longo do dia - desenvolvem melhor capacidade de se controlar em outras coisas quando necessário. Então a primeira dica é treinar: assim como num programa de atividades físicas, comece devagar, escolhendo comportamentos não muito difíceis de segurar, mas mantenha a regularidade no exercício. Considere o equivalente a uma academia mental.

Continuando com a analogia, é importante descansar. Quando estamos cansados, com baixa energia, é mais difícil manter decisões que dependam de esforço mental. Essa é uma das razões pelas quais dormir pouco engorda. Além disso, assim como na academia, repor a energia pode ajudar. Melhor que isso: pode nem ser necessário consumir açúcar - mais de um estudo já havia mostrado que ingerir bebidas com glicose aumenta a persistência em tarefas que necessitem de força de vontade, só que novas evidências provaram que o simples bochecho com essas líquidos adocicados é suficiente para melhorar a performance. Imagina-se que ativação de receptores de açúcar na boca dá um estímulo extra por ativar os centros de recompensa do cérebro e renovando a motivação. Então, carregar algumas balas nos bolsos é outra estratégia interessante.

Por fim, nunca subestime o poder da tentação. A não se que queiramos adotar o lema do Oscar Wilde, segundo a melhor maneira de lidar com uma tentação é ceder a ela, é importante saber que mais cedo ou mais tarde a força de vontade fraqueja. Quando estamos longe da maçã proibida, quando bem alimentados, descansados e tranquilamente pensando no futuro, é fácil cair no chamado "viés de contenção" - nesses contextos achamos que seremos mais forte que na realidade, colocando mais fé na nossa capacidade de contenção, e por isso não nos precavendo o suficiente (Por exemplo: "Vou comprar essa caixa de bombons mas vou comê-los aos poucos, tenho certeza que a caixa vai durar o um mês..."). Considere sempre que, para mudar um comportamento, o ideal é evitar as situações que sejam evitáveis. Não se engane: a carne é realmente fraca (é só uma questão de tempo) e por isso não deve ser tentada.

Não existem fórmulas fáceis para manter as resoluções de ano novo. Mas vários aspectos envolvidos com motivação, formação de hábitos e autocontrole vêm sendo estudados cientificamente, e essas dicas que procuramos juntar duras as quintas-feiras de dezembro podem aumentar a probabilidade de seus planos para o ano que vem se concretizarem.

Feliz ano novo!

Finalizando a série sobre as resoluções de ano novo, hoje vamos falar sobre a força de vontade na coluna Ideias no Ar, da Rádio Estadão - quais as dicas baseadas em evidências científicas ajudam a aumentá-la. Como vimos ao longo dos últimos posts (nas partes 1, 2 e 3), a falta de força de vontade é um dos principais motivos para a baixa adesão às mudanças de hábitos, mas existem formas comprovadas de lidar com o problema.

Em primeiro lugar é importante saber que o autocontrole gasta energia. Cansa mesmo. No entanto, assim como a força física, que pode se esgotar diante de um esforço intenso mas fica fortalecida quando repetidamente exercitada, a força de vontade também pode ser treinada. Estudos mostraram que quando as pessoas passam um tempo exercendo o autocontrole em uma determinada atividade - por exemplo, resistindo a comer besteiras ao longo do dia - desenvolvem melhor capacidade de se controlar em outras coisas quando necessário. Então a primeira dica é treinar: assim como num programa de atividades físicas, comece devagar, escolhendo comportamentos não muito difíceis de segurar, mas mantenha a regularidade no exercício. Considere o equivalente a uma academia mental.

Continuando com a analogia, é importante descansar. Quando estamos cansados, com baixa energia, é mais difícil manter decisões que dependam de esforço mental. Essa é uma das razões pelas quais dormir pouco engorda. Além disso, assim como na academia, repor a energia pode ajudar. Melhor que isso: pode nem ser necessário consumir açúcar - mais de um estudo já havia mostrado que ingerir bebidas com glicose aumenta a persistência em tarefas que necessitem de força de vontade, só que novas evidências provaram que o simples bochecho com essas líquidos adocicados é suficiente para melhorar a performance. Imagina-se que ativação de receptores de açúcar na boca dá um estímulo extra por ativar os centros de recompensa do cérebro e renovando a motivação. Então, carregar algumas balas nos bolsos é outra estratégia interessante.

Por fim, nunca subestime o poder da tentação. A não se que queiramos adotar o lema do Oscar Wilde, segundo a melhor maneira de lidar com uma tentação é ceder a ela, é importante saber que mais cedo ou mais tarde a força de vontade fraqueja. Quando estamos longe da maçã proibida, quando bem alimentados, descansados e tranquilamente pensando no futuro, é fácil cair no chamado "viés de contenção" - nesses contextos achamos que seremos mais forte que na realidade, colocando mais fé na nossa capacidade de contenção, e por isso não nos precavendo o suficiente (Por exemplo: "Vou comprar essa caixa de bombons mas vou comê-los aos poucos, tenho certeza que a caixa vai durar o um mês..."). Considere sempre que, para mudar um comportamento, o ideal é evitar as situações que sejam evitáveis. Não se engane: a carne é realmente fraca (é só uma questão de tempo) e por isso não deve ser tentada.

Não existem fórmulas fáceis para manter as resoluções de ano novo. Mas vários aspectos envolvidos com motivação, formação de hábitos e autocontrole vêm sendo estudados cientificamente, e essas dicas que procuramos juntar duras as quintas-feiras de dezembro podem aumentar a probabilidade de seus planos para o ano que vem se concretizarem.

Feliz ano novo!

Finalizando a série sobre as resoluções de ano novo, hoje vamos falar sobre a força de vontade na coluna Ideias no Ar, da Rádio Estadão - quais as dicas baseadas em evidências científicas ajudam a aumentá-la. Como vimos ao longo dos últimos posts (nas partes 1, 2 e 3), a falta de força de vontade é um dos principais motivos para a baixa adesão às mudanças de hábitos, mas existem formas comprovadas de lidar com o problema.

Em primeiro lugar é importante saber que o autocontrole gasta energia. Cansa mesmo. No entanto, assim como a força física, que pode se esgotar diante de um esforço intenso mas fica fortalecida quando repetidamente exercitada, a força de vontade também pode ser treinada. Estudos mostraram que quando as pessoas passam um tempo exercendo o autocontrole em uma determinada atividade - por exemplo, resistindo a comer besteiras ao longo do dia - desenvolvem melhor capacidade de se controlar em outras coisas quando necessário. Então a primeira dica é treinar: assim como num programa de atividades físicas, comece devagar, escolhendo comportamentos não muito difíceis de segurar, mas mantenha a regularidade no exercício. Considere o equivalente a uma academia mental.

Continuando com a analogia, é importante descansar. Quando estamos cansados, com baixa energia, é mais difícil manter decisões que dependam de esforço mental. Essa é uma das razões pelas quais dormir pouco engorda. Além disso, assim como na academia, repor a energia pode ajudar. Melhor que isso: pode nem ser necessário consumir açúcar - mais de um estudo já havia mostrado que ingerir bebidas com glicose aumenta a persistência em tarefas que necessitem de força de vontade, só que novas evidências provaram que o simples bochecho com essas líquidos adocicados é suficiente para melhorar a performance. Imagina-se que ativação de receptores de açúcar na boca dá um estímulo extra por ativar os centros de recompensa do cérebro e renovando a motivação. Então, carregar algumas balas nos bolsos é outra estratégia interessante.

Por fim, nunca subestime o poder da tentação. A não se que queiramos adotar o lema do Oscar Wilde, segundo a melhor maneira de lidar com uma tentação é ceder a ela, é importante saber que mais cedo ou mais tarde a força de vontade fraqueja. Quando estamos longe da maçã proibida, quando bem alimentados, descansados e tranquilamente pensando no futuro, é fácil cair no chamado "viés de contenção" - nesses contextos achamos que seremos mais forte que na realidade, colocando mais fé na nossa capacidade de contenção, e por isso não nos precavendo o suficiente (Por exemplo: "Vou comprar essa caixa de bombons mas vou comê-los aos poucos, tenho certeza que a caixa vai durar o um mês..."). Considere sempre que, para mudar um comportamento, o ideal é evitar as situações que sejam evitáveis. Não se engane: a carne é realmente fraca (é só uma questão de tempo) e por isso não deve ser tentada.

Não existem fórmulas fáceis para manter as resoluções de ano novo. Mas vários aspectos envolvidos com motivação, formação de hábitos e autocontrole vêm sendo estudados cientificamente, e essas dicas que procuramos juntar duras as quintas-feiras de dezembro podem aumentar a probabilidade de seus planos para o ano que vem se concretizarem.

Feliz ano novo!

Opinião por Daniel Martins de Barros

Professor colaborador do Dep. de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP. Autor do livro 'Rir é Preciso'

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.