Psiquiatria e sociedade

Opinião|Intermediários - o Rivotril dos corruptos


Mas existe outro papel desempenhado pelos intermediários nos casos de corrupção: eles reduzem o sentimento de culpa dos corruptos. São como calmantes para as consciências ao se colocarem numa posição de homens de negócios, dando um ar quase estéril à lamaceira que engolfa a todos. O Rivotril dos corruptos.

Por Daniel Martins de Barros

No mais novo escândalo da Petrobrás, a presidente Dilma disse em entrevista ao Estadão que acha estarrecedor funcionários de carreira estarem envolvidos. Bom, como se diz hoje em dia, "sabe de nada, inocente": esses sujeitos são os intermediários perfeitos. Seu conhecimento prático da organização e das pessoas que com ela querem fazer negócios é ímpar, o que os torna muito valorosos para quem deseja comprar alguma facilidade. Não só porque sabem quais caminhos devem ser percorridos, como bem apontou Humberto Dantas na Rádio Estadão, mas também porque reduzem o risco de flagrante ao acobertar os envolvidos (isso quando não optam pela delação premiada).

Mas existe outro papel desempenhado pelos intermediários nos casos de corrupção: eles reduzem o sentimento de culpa dos corruptos. São como calmantes para as consciências ao se colocarem numa posição de homens de negócios, dando um ar quase estéril à lamaceira que engolfa a todos. O Rivotril dos corruptos.

Se parece bobagem, vale a pena conhecer um estudo publicado na revista Experimental Economy no ano passado (explicado nesse vídeo). A ideia era simples: voluntários se dividiam em grupos representando um cidadão, um político, o povo ou um intermediário. Diante de uma situação como obter uma redução de imposto ou furar a fila num hospital, havia a possibilidade do cidadão oferecer propina ao funcionário público, em benefício próprio e prejuízo do povo. Três cenários foram colocados: um sem qualquer informação, quando o cidadão devia decidir se tentaria o suborno e quanto dinheiro daria; um segundo, no qual já se sabia de antemão quanto custava cada "facilidade"; e o último, com o intermediário entre o cidadão e o funcionário. Os resultados foram bastante claros: quando estavam voando no escuro, só metade dos cidadãos pagou propina; quando conheciam os preços, 88,64% optou pelo suborno; mas na presença de um intermediário, 97,5% foi por essa via. Com relação aos funcionários, estavam dispostos a ser corrompidos 92,31% no primeiro cenário, 95,45% no segundo, e nada menos do que 100% no terceiro. Ou seja, o intermediário claramente não está só facilitando a negociação. De fato essa figura alivia a consciência daqueles que optam pela propina, aumentando significativamente a chance de que esses crimes ocorram.

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No fim das contas, não deveria espantar que funcionários de carreira intermedeiem negócios escusos. O que assusta mesmo é pensar na quantidade de serviços prestados por eles dos quais nós sequer temos ideia.

No mais novo escândalo da Petrobrás, a presidente Dilma disse em entrevista ao Estadão que acha estarrecedor funcionários de carreira estarem envolvidos. Bom, como se diz hoje em dia, "sabe de nada, inocente": esses sujeitos são os intermediários perfeitos. Seu conhecimento prático da organização e das pessoas que com ela querem fazer negócios é ímpar, o que os torna muito valorosos para quem deseja comprar alguma facilidade. Não só porque sabem quais caminhos devem ser percorridos, como bem apontou Humberto Dantas na Rádio Estadão, mas também porque reduzem o risco de flagrante ao acobertar os envolvidos (isso quando não optam pela delação premiada).

Mas existe outro papel desempenhado pelos intermediários nos casos de corrupção: eles reduzem o sentimento de culpa dos corruptos. São como calmantes para as consciências ao se colocarem numa posição de homens de negócios, dando um ar quase estéril à lamaceira que engolfa a todos. O Rivotril dos corruptos.

Se parece bobagem, vale a pena conhecer um estudo publicado na revista Experimental Economy no ano passado (explicado nesse vídeo). A ideia era simples: voluntários se dividiam em grupos representando um cidadão, um político, o povo ou um intermediário. Diante de uma situação como obter uma redução de imposto ou furar a fila num hospital, havia a possibilidade do cidadão oferecer propina ao funcionário público, em benefício próprio e prejuízo do povo. Três cenários foram colocados: um sem qualquer informação, quando o cidadão devia decidir se tentaria o suborno e quanto dinheiro daria; um segundo, no qual já se sabia de antemão quanto custava cada "facilidade"; e o último, com o intermediário entre o cidadão e o funcionário. Os resultados foram bastante claros: quando estavam voando no escuro, só metade dos cidadãos pagou propina; quando conheciam os preços, 88,64% optou pelo suborno; mas na presença de um intermediário, 97,5% foi por essa via. Com relação aos funcionários, estavam dispostos a ser corrompidos 92,31% no primeiro cenário, 95,45% no segundo, e nada menos do que 100% no terceiro. Ou seja, o intermediário claramente não está só facilitando a negociação. De fato essa figura alivia a consciência daqueles que optam pela propina, aumentando significativamente a chance de que esses crimes ocorram.

No fim das contas, não deveria espantar que funcionários de carreira intermedeiem negócios escusos. O que assusta mesmo é pensar na quantidade de serviços prestados por eles dos quais nós sequer temos ideia.

No mais novo escândalo da Petrobrás, a presidente Dilma disse em entrevista ao Estadão que acha estarrecedor funcionários de carreira estarem envolvidos. Bom, como se diz hoje em dia, "sabe de nada, inocente": esses sujeitos são os intermediários perfeitos. Seu conhecimento prático da organização e das pessoas que com ela querem fazer negócios é ímpar, o que os torna muito valorosos para quem deseja comprar alguma facilidade. Não só porque sabem quais caminhos devem ser percorridos, como bem apontou Humberto Dantas na Rádio Estadão, mas também porque reduzem o risco de flagrante ao acobertar os envolvidos (isso quando não optam pela delação premiada).

Mas existe outro papel desempenhado pelos intermediários nos casos de corrupção: eles reduzem o sentimento de culpa dos corruptos. São como calmantes para as consciências ao se colocarem numa posição de homens de negócios, dando um ar quase estéril à lamaceira que engolfa a todos. O Rivotril dos corruptos.

Se parece bobagem, vale a pena conhecer um estudo publicado na revista Experimental Economy no ano passado (explicado nesse vídeo). A ideia era simples: voluntários se dividiam em grupos representando um cidadão, um político, o povo ou um intermediário. Diante de uma situação como obter uma redução de imposto ou furar a fila num hospital, havia a possibilidade do cidadão oferecer propina ao funcionário público, em benefício próprio e prejuízo do povo. Três cenários foram colocados: um sem qualquer informação, quando o cidadão devia decidir se tentaria o suborno e quanto dinheiro daria; um segundo, no qual já se sabia de antemão quanto custava cada "facilidade"; e o último, com o intermediário entre o cidadão e o funcionário. Os resultados foram bastante claros: quando estavam voando no escuro, só metade dos cidadãos pagou propina; quando conheciam os preços, 88,64% optou pelo suborno; mas na presença de um intermediário, 97,5% foi por essa via. Com relação aos funcionários, estavam dispostos a ser corrompidos 92,31% no primeiro cenário, 95,45% no segundo, e nada menos do que 100% no terceiro. Ou seja, o intermediário claramente não está só facilitando a negociação. De fato essa figura alivia a consciência daqueles que optam pela propina, aumentando significativamente a chance de que esses crimes ocorram.

No fim das contas, não deveria espantar que funcionários de carreira intermedeiem negócios escusos. O que assusta mesmo é pensar na quantidade de serviços prestados por eles dos quais nós sequer temos ideia.

No mais novo escândalo da Petrobrás, a presidente Dilma disse em entrevista ao Estadão que acha estarrecedor funcionários de carreira estarem envolvidos. Bom, como se diz hoje em dia, "sabe de nada, inocente": esses sujeitos são os intermediários perfeitos. Seu conhecimento prático da organização e das pessoas que com ela querem fazer negócios é ímpar, o que os torna muito valorosos para quem deseja comprar alguma facilidade. Não só porque sabem quais caminhos devem ser percorridos, como bem apontou Humberto Dantas na Rádio Estadão, mas também porque reduzem o risco de flagrante ao acobertar os envolvidos (isso quando não optam pela delação premiada).

Mas existe outro papel desempenhado pelos intermediários nos casos de corrupção: eles reduzem o sentimento de culpa dos corruptos. São como calmantes para as consciências ao se colocarem numa posição de homens de negócios, dando um ar quase estéril à lamaceira que engolfa a todos. O Rivotril dos corruptos.

Se parece bobagem, vale a pena conhecer um estudo publicado na revista Experimental Economy no ano passado (explicado nesse vídeo). A ideia era simples: voluntários se dividiam em grupos representando um cidadão, um político, o povo ou um intermediário. Diante de uma situação como obter uma redução de imposto ou furar a fila num hospital, havia a possibilidade do cidadão oferecer propina ao funcionário público, em benefício próprio e prejuízo do povo. Três cenários foram colocados: um sem qualquer informação, quando o cidadão devia decidir se tentaria o suborno e quanto dinheiro daria; um segundo, no qual já se sabia de antemão quanto custava cada "facilidade"; e o último, com o intermediário entre o cidadão e o funcionário. Os resultados foram bastante claros: quando estavam voando no escuro, só metade dos cidadãos pagou propina; quando conheciam os preços, 88,64% optou pelo suborno; mas na presença de um intermediário, 97,5% foi por essa via. Com relação aos funcionários, estavam dispostos a ser corrompidos 92,31% no primeiro cenário, 95,45% no segundo, e nada menos do que 100% no terceiro. Ou seja, o intermediário claramente não está só facilitando a negociação. De fato essa figura alivia a consciência daqueles que optam pela propina, aumentando significativamente a chance de que esses crimes ocorram.

No fim das contas, não deveria espantar que funcionários de carreira intermedeiem negócios escusos. O que assusta mesmo é pensar na quantidade de serviços prestados por eles dos quais nós sequer temos ideia.

Opinião por Daniel Martins de Barros

Professor colaborador do Dep. de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP. Autor do livro 'Rir é Preciso'

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