Um manual prático para desastrados

O amor educa até os caducos


Por Gilberto Amendola

A frase que eu usava saindo da boca dela. As mesmas pausas. A ênfase na silaba errada. E Aquela palavra que eu sempre repetia: quiproquó.

Tem mais humor quando é ela quem diz - isso não posso negar.

O dela é um quiproquó pueril. Sexy. Lascivo. Imagino corpos sobrepostos em um quiproquó erótico. Diferente do meu, que é vulgar e italianado. O meu que é um quiproquó de corpos sobrepostos como o espólio de uma guerra perdida.

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Amor é linguagem, fluidez de sintaxes e construções.

Língua e quiproquó.

Quando ela foi embora, e foi pra sempre, esqueceu de deixar pra trás o verbo, a camisa do verbo, o humor do verbo e o emprego do verbo.

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Foi com ela, o verbo. Lá ficou. Vez ou outra, quando tenho coragem, me ouço. Me ouço no discurso, no tom, no som, no vento que passa entre os dentes, por entre o diastema dela.

Diastema, que baita palavra!

Quando digo diastema penso em um antibiótico amargo. Na boca dela, o diastema é um tipo de brigadeiro.

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Penso em reclamar, mas calo. Calo com as palavras que ela usa até gastar. Palavras que vão perder o viço antes mesmo que eu possa me apropriar delas novamente.

Seria preciso se desalfabetizar. Desaprender o bê-a-bá da velha convivência.

O amor educa até os caducos.

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Eu mesmo roubei umas coisas. Umas gírias. Uns hiatos. Umas interjeições tímidas e recatadas. Agora sou eu mas era dela. Foi algo que eu comprei sem precisar.

Ela também não precisa daquilo que levou e, de certo, usa só por distração.

Usa sem notar que é meu.

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Nem gosto dela. É só um jeito de falar.

 

A frase que eu usava saindo da boca dela. As mesmas pausas. A ênfase na silaba errada. E Aquela palavra que eu sempre repetia: quiproquó.

Tem mais humor quando é ela quem diz - isso não posso negar.

O dela é um quiproquó pueril. Sexy. Lascivo. Imagino corpos sobrepostos em um quiproquó erótico. Diferente do meu, que é vulgar e italianado. O meu que é um quiproquó de corpos sobrepostos como o espólio de uma guerra perdida.

Amor é linguagem, fluidez de sintaxes e construções.

Língua e quiproquó.

Quando ela foi embora, e foi pra sempre, esqueceu de deixar pra trás o verbo, a camisa do verbo, o humor do verbo e o emprego do verbo.

Foi com ela, o verbo. Lá ficou. Vez ou outra, quando tenho coragem, me ouço. Me ouço no discurso, no tom, no som, no vento que passa entre os dentes, por entre o diastema dela.

Diastema, que baita palavra!

Quando digo diastema penso em um antibiótico amargo. Na boca dela, o diastema é um tipo de brigadeiro.

Penso em reclamar, mas calo. Calo com as palavras que ela usa até gastar. Palavras que vão perder o viço antes mesmo que eu possa me apropriar delas novamente.

Seria preciso se desalfabetizar. Desaprender o bê-a-bá da velha convivência.

O amor educa até os caducos.

Eu mesmo roubei umas coisas. Umas gírias. Uns hiatos. Umas interjeições tímidas e recatadas. Agora sou eu mas era dela. Foi algo que eu comprei sem precisar.

Ela também não precisa daquilo que levou e, de certo, usa só por distração.

Usa sem notar que é meu.

Nem gosto dela. É só um jeito de falar.

 

A frase que eu usava saindo da boca dela. As mesmas pausas. A ênfase na silaba errada. E Aquela palavra que eu sempre repetia: quiproquó.

Tem mais humor quando é ela quem diz - isso não posso negar.

O dela é um quiproquó pueril. Sexy. Lascivo. Imagino corpos sobrepostos em um quiproquó erótico. Diferente do meu, que é vulgar e italianado. O meu que é um quiproquó de corpos sobrepostos como o espólio de uma guerra perdida.

Amor é linguagem, fluidez de sintaxes e construções.

Língua e quiproquó.

Quando ela foi embora, e foi pra sempre, esqueceu de deixar pra trás o verbo, a camisa do verbo, o humor do verbo e o emprego do verbo.

Foi com ela, o verbo. Lá ficou. Vez ou outra, quando tenho coragem, me ouço. Me ouço no discurso, no tom, no som, no vento que passa entre os dentes, por entre o diastema dela.

Diastema, que baita palavra!

Quando digo diastema penso em um antibiótico amargo. Na boca dela, o diastema é um tipo de brigadeiro.

Penso em reclamar, mas calo. Calo com as palavras que ela usa até gastar. Palavras que vão perder o viço antes mesmo que eu possa me apropriar delas novamente.

Seria preciso se desalfabetizar. Desaprender o bê-a-bá da velha convivência.

O amor educa até os caducos.

Eu mesmo roubei umas coisas. Umas gírias. Uns hiatos. Umas interjeições tímidas e recatadas. Agora sou eu mas era dela. Foi algo que eu comprei sem precisar.

Ela também não precisa daquilo que levou e, de certo, usa só por distração.

Usa sem notar que é meu.

Nem gosto dela. É só um jeito de falar.

 

A frase que eu usava saindo da boca dela. As mesmas pausas. A ênfase na silaba errada. E Aquela palavra que eu sempre repetia: quiproquó.

Tem mais humor quando é ela quem diz - isso não posso negar.

O dela é um quiproquó pueril. Sexy. Lascivo. Imagino corpos sobrepostos em um quiproquó erótico. Diferente do meu, que é vulgar e italianado. O meu que é um quiproquó de corpos sobrepostos como o espólio de uma guerra perdida.

Amor é linguagem, fluidez de sintaxes e construções.

Língua e quiproquó.

Quando ela foi embora, e foi pra sempre, esqueceu de deixar pra trás o verbo, a camisa do verbo, o humor do verbo e o emprego do verbo.

Foi com ela, o verbo. Lá ficou. Vez ou outra, quando tenho coragem, me ouço. Me ouço no discurso, no tom, no som, no vento que passa entre os dentes, por entre o diastema dela.

Diastema, que baita palavra!

Quando digo diastema penso em um antibiótico amargo. Na boca dela, o diastema é um tipo de brigadeiro.

Penso em reclamar, mas calo. Calo com as palavras que ela usa até gastar. Palavras que vão perder o viço antes mesmo que eu possa me apropriar delas novamente.

Seria preciso se desalfabetizar. Desaprender o bê-a-bá da velha convivência.

O amor educa até os caducos.

Eu mesmo roubei umas coisas. Umas gírias. Uns hiatos. Umas interjeições tímidas e recatadas. Agora sou eu mas era dela. Foi algo que eu comprei sem precisar.

Ela também não precisa daquilo que levou e, de certo, usa só por distração.

Usa sem notar que é meu.

Nem gosto dela. É só um jeito de falar.

 

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