Impressões sobre a vida e seus arredores

Bah para os escritores


Quem, afinal, eles pensam que são?

Por Raul Drewnick

Se você for um desses tipos que os outros chamam de escritores, sabe muito bem que a coisa não é fácil. Mas os outros, os que não escrevem, têm opinião diferente: escrever é fácil, extremamente fácil.

Se os escritores perguntam por que eles, então, não escrevem, a resposta vem acompanhada de um sorriso bem zombeteiro: nem todos estão no mundo para realizar o óbvio. E, diante dessa resposta, os escritores quase se veem forçados a agradecer a generosidade de quem deixa para eles algo que, nada mais, nada menos, é a aspiração, o pão, a vida, a glória.

Qualquer protesto que os escritores resolvam armar sobre o modo simplório com que é encarado o que fazem é inútil. Se algum deles se queixa de como é angustiante o ato da escrita, desde o passo inicial - a escolha do assunto -, o que ouve é isto:

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"E o amor? Acabou o amor? Não é dele que vocês sempre falam?"

Então o escritor tenta explicar que, por desinteresse dos jovens, o amor não é mais assunto desde John Travolta e Olivia Newton-John.

"Falem de outra coisa então, ora."

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"Do quê, por exemplo?"

"Da falta de amor."

"Há quanto tempo você não lê um romance? Todos eles falam há cinquenta anos exatamente disso, da falta de amor."

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"E como vocês deixaram que isso acontecesse?"

"Isso o quê?"

"Que o amor viesse a faltar."

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"Está pondo a culpa em nós?"

"E em quem mais se deveria pôr? Todos sabem que quem inventa o amor e quem o desinventa são vocês, desde o início do mundo, desde a primeira palavra escrita. É só para isso que vocês servem."

"Só para isso?", dizemos. "Inventar o amor e desinventá-lo é pouco?"

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Nesse ponto, os jovens sempre nos olham com piedade e algum desprezo. É uma mensagem fácil de entender, mas, por sermos considerados tolos, uma gargalhada ecoa, para que não possamos alegar nenhuma dúvida: o amor hoje é quase um assunto só de apostila, de vestibular. Não chega a ser desconhecido como os catetos e as hipotenusas, mas sempre convém, ao citá-lo, estar preparado para responder à inevitável pergunta: amor?

De tanto os antigos dizerem que o amor não é um sentimento que possa ser entendido pelos jovens, estes já estão desistindo de compreendê-lo. Quando algum sessentão ou oitentão, especialmente se for alguém metido a escritor, lhes diz que não conhecer o amor é imperdoável, eles costumam sair-se com esta:

"E você, tiozinho, sabe o que é o ponto G?"

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Se você for um desses tipos que os outros chamam de escritores, sabe muito bem que a coisa não é fácil. Mas os outros, os que não escrevem, têm opinião diferente: escrever é fácil, extremamente fácil.

Se os escritores perguntam por que eles, então, não escrevem, a resposta vem acompanhada de um sorriso bem zombeteiro: nem todos estão no mundo para realizar o óbvio. E, diante dessa resposta, os escritores quase se veem forçados a agradecer a generosidade de quem deixa para eles algo que, nada mais, nada menos, é a aspiração, o pão, a vida, a glória.

Qualquer protesto que os escritores resolvam armar sobre o modo simplório com que é encarado o que fazem é inútil. Se algum deles se queixa de como é angustiante o ato da escrita, desde o passo inicial - a escolha do assunto -, o que ouve é isto:

"E o amor? Acabou o amor? Não é dele que vocês sempre falam?"

Então o escritor tenta explicar que, por desinteresse dos jovens, o amor não é mais assunto desde John Travolta e Olivia Newton-John.

"Falem de outra coisa então, ora."

"Do quê, por exemplo?"

"Da falta de amor."

"Há quanto tempo você não lê um romance? Todos eles falam há cinquenta anos exatamente disso, da falta de amor."

"E como vocês deixaram que isso acontecesse?"

"Isso o quê?"

"Que o amor viesse a faltar."

"Está pondo a culpa em nós?"

"E em quem mais se deveria pôr? Todos sabem que quem inventa o amor e quem o desinventa são vocês, desde o início do mundo, desde a primeira palavra escrita. É só para isso que vocês servem."

"Só para isso?", dizemos. "Inventar o amor e desinventá-lo é pouco?"

Nesse ponto, os jovens sempre nos olham com piedade e algum desprezo. É uma mensagem fácil de entender, mas, por sermos considerados tolos, uma gargalhada ecoa, para que não possamos alegar nenhuma dúvida: o amor hoje é quase um assunto só de apostila, de vestibular. Não chega a ser desconhecido como os catetos e as hipotenusas, mas sempre convém, ao citá-lo, estar preparado para responder à inevitável pergunta: amor?

De tanto os antigos dizerem que o amor não é um sentimento que possa ser entendido pelos jovens, estes já estão desistindo de compreendê-lo. Quando algum sessentão ou oitentão, especialmente se for alguém metido a escritor, lhes diz que não conhecer o amor é imperdoável, eles costumam sair-se com esta:

"E você, tiozinho, sabe o que é o ponto G?"

 

 

 

 

Se você for um desses tipos que os outros chamam de escritores, sabe muito bem que a coisa não é fácil. Mas os outros, os que não escrevem, têm opinião diferente: escrever é fácil, extremamente fácil.

Se os escritores perguntam por que eles, então, não escrevem, a resposta vem acompanhada de um sorriso bem zombeteiro: nem todos estão no mundo para realizar o óbvio. E, diante dessa resposta, os escritores quase se veem forçados a agradecer a generosidade de quem deixa para eles algo que, nada mais, nada menos, é a aspiração, o pão, a vida, a glória.

Qualquer protesto que os escritores resolvam armar sobre o modo simplório com que é encarado o que fazem é inútil. Se algum deles se queixa de como é angustiante o ato da escrita, desde o passo inicial - a escolha do assunto -, o que ouve é isto:

"E o amor? Acabou o amor? Não é dele que vocês sempre falam?"

Então o escritor tenta explicar que, por desinteresse dos jovens, o amor não é mais assunto desde John Travolta e Olivia Newton-John.

"Falem de outra coisa então, ora."

"Do quê, por exemplo?"

"Da falta de amor."

"Há quanto tempo você não lê um romance? Todos eles falam há cinquenta anos exatamente disso, da falta de amor."

"E como vocês deixaram que isso acontecesse?"

"Isso o quê?"

"Que o amor viesse a faltar."

"Está pondo a culpa em nós?"

"E em quem mais se deveria pôr? Todos sabem que quem inventa o amor e quem o desinventa são vocês, desde o início do mundo, desde a primeira palavra escrita. É só para isso que vocês servem."

"Só para isso?", dizemos. "Inventar o amor e desinventá-lo é pouco?"

Nesse ponto, os jovens sempre nos olham com piedade e algum desprezo. É uma mensagem fácil de entender, mas, por sermos considerados tolos, uma gargalhada ecoa, para que não possamos alegar nenhuma dúvida: o amor hoje é quase um assunto só de apostila, de vestibular. Não chega a ser desconhecido como os catetos e as hipotenusas, mas sempre convém, ao citá-lo, estar preparado para responder à inevitável pergunta: amor?

De tanto os antigos dizerem que o amor não é um sentimento que possa ser entendido pelos jovens, estes já estão desistindo de compreendê-lo. Quando algum sessentão ou oitentão, especialmente se for alguém metido a escritor, lhes diz que não conhecer o amor é imperdoável, eles costumam sair-se com esta:

"E você, tiozinho, sabe o que é o ponto G?"

 

 

 

 

Se você for um desses tipos que os outros chamam de escritores, sabe muito bem que a coisa não é fácil. Mas os outros, os que não escrevem, têm opinião diferente: escrever é fácil, extremamente fácil.

Se os escritores perguntam por que eles, então, não escrevem, a resposta vem acompanhada de um sorriso bem zombeteiro: nem todos estão no mundo para realizar o óbvio. E, diante dessa resposta, os escritores quase se veem forçados a agradecer a generosidade de quem deixa para eles algo que, nada mais, nada menos, é a aspiração, o pão, a vida, a glória.

Qualquer protesto que os escritores resolvam armar sobre o modo simplório com que é encarado o que fazem é inútil. Se algum deles se queixa de como é angustiante o ato da escrita, desde o passo inicial - a escolha do assunto -, o que ouve é isto:

"E o amor? Acabou o amor? Não é dele que vocês sempre falam?"

Então o escritor tenta explicar que, por desinteresse dos jovens, o amor não é mais assunto desde John Travolta e Olivia Newton-John.

"Falem de outra coisa então, ora."

"Do quê, por exemplo?"

"Da falta de amor."

"Há quanto tempo você não lê um romance? Todos eles falam há cinquenta anos exatamente disso, da falta de amor."

"E como vocês deixaram que isso acontecesse?"

"Isso o quê?"

"Que o amor viesse a faltar."

"Está pondo a culpa em nós?"

"E em quem mais se deveria pôr? Todos sabem que quem inventa o amor e quem o desinventa são vocês, desde o início do mundo, desde a primeira palavra escrita. É só para isso que vocês servem."

"Só para isso?", dizemos. "Inventar o amor e desinventá-lo é pouco?"

Nesse ponto, os jovens sempre nos olham com piedade e algum desprezo. É uma mensagem fácil de entender, mas, por sermos considerados tolos, uma gargalhada ecoa, para que não possamos alegar nenhuma dúvida: o amor hoje é quase um assunto só de apostila, de vestibular. Não chega a ser desconhecido como os catetos e as hipotenusas, mas sempre convém, ao citá-lo, estar preparado para responder à inevitável pergunta: amor?

De tanto os antigos dizerem que o amor não é um sentimento que possa ser entendido pelos jovens, estes já estão desistindo de compreendê-lo. Quando algum sessentão ou oitentão, especialmente se for alguém metido a escritor, lhes diz que não conhecer o amor é imperdoável, eles costumam sair-se com esta:

"E você, tiozinho, sabe o que é o ponto G?"

 

 

 

 

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