A evolução de estilo de Lady Gaga


Após aparecer coberta de bolhas de sabão e até vestindo um pedaço de carne, a cantora americana abandona o visual caricato e assume seu lado fashionista com looks de grifes como Saint Laurent e Marc Jacobs

Por Vanessa Friedman
Do vestido de carne à Saint Laurent. Como evoluiu o estilo de Lady Gaga em seis anos Foto: Yana Paskova/The New York Times

O que está acontecendo com Lady Gaga? Fiquei pensando nisso desde que a mulher que sempre lançou mão de looks ultrajantes decidiu comemorar seu 30º aniversário com um minivestido Saint Laurent cor de ouro metálico, meio oitentista, da mais recente coleção exibida pelo estilista em Paris. E não só o vestido como todo o look parecia saído da passarela - do batom vermelho ao cabelo penteado para cima. 

Não deveria ser uma surpresa: Lady Gaga, cujo nome verdadeiro é Stefani Germanotta, começou a vestir segundo as páginas da Vogue há algum tempo. Por exemplo: quando usou um Balenciaga no baile do Metropolitan e um longo Versace de veludo preto à la Marilyn. Teve também o vermelho de paetês Gucci no Super Bowl. Sem contar o Marc Jacobs azul royal bordado, um tributo a David Bowie, no Grammy.

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A evolução de estilo da Lady Gaga

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Lady Gaga

Foto: REUTERS/Mike Blake
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Lady Gaga

Foto: Yana Paskova/The New York Times
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Lady Gaga

Foto: Noel West/ The New York Times
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Lady Gaga

Foto: Noel West/The New York Times
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Lady Gaga

Foto: Noel West/The New York Times
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Lady Gaga

Foto: Nina Westervelt/The New York Times

Ainda assim, considerando toda a trajetória de Gaga, o modelo Saint Laurent foi um choque. O look está tão distante da roupa de carne com que ela apareceu na cerimônia de premiação do MTV Video Music Award quanto poderia. (Feita de carne crua, a roupa do estilista Franc Fernandez foi vombinada com botas). Seis anos se passaram entre o look comestível e o Saint Laurent fashion.

Mas quem pensa que ela mudou de ideia com relação ao estilo está enganado. Não é porque ela tenha deixado um pouco de lado que podemos concluir que a moda "silenciou" Lady Gaga dos tempos das "roupas ultrajantes". Trata-se de Lady Gaga: uma mulher que construiu sua carreira na convicção de que a imagem pode reforçar e refletir o poder de sua música e de sua mensagem. Não há nenhuma razão para pensar que ela tenha mudado.

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Todas as estrelas pop precisam transformar sua imagem - ou pelo menos precisam tentar. Do contrário, correm o risco de, como Madonna, se tornarem uma paródia de si mesmas. A transformação de Lady Gaga é, aliás, uma das mais impressionantes. Ela partiu da rebeldia que dá as costas à moda mais tradicional que forçava os fãs a brigar com suas próprias concepções sobre beleza para virar uma espécie de dublê de estilista.

Ela sempre teve seus momentos de total excentricidade, é verdade. Como no ano passado, por exemplo, quando exibiu um vestido de rede totalmente transparente numa viagem a Londres, com sutiã e calcinhas por cima de calças rasgadas na Songwriters Hall of Fame Induction and Awards. Seriam bizarrices no corpo de qualquer um, exceto no de Lady Gaga - algo tremendamente elegante e apropriado.

Lady Gaga simplesmente assume novos figurinos conforme as fases de sua carreira. Essa última mudança tem muito a ver com o lançamento de seu quarto álbum: uma compilação de standards de jazz feito em colaboração com Tony Bennett. Oupode ser entendida também como mais um exemplo da moda representando suas próprias antíteses. Com essa prática, Lady Gaga deixa de se tornar repentinamente convencional para virar de ponta cabeça qualquer tipo de convenção.

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Quando ela adere à linha da indústria, ela faz algo radical - possivelmente mais radical do que as coisas do início de carreira feitas para chamar a atenção, quando saiu de uma casca de ovo numa roupa de látex cor de gema no Grammy de 2011, ou tocando piano com um casaco de bolhas de plástico. Ela desafia um dogma muito respeitado, que diz que, seja lá o que você vista, você deve ser a marca dominante da relação. 

O importante é que, apesar de todo o estardalhaço em torno de sua aparição na passarela de Marc Jacobs durante a Semana da Moda de Nova York, em fevereiro, e da expectativa de que algo extraordinário iria ocorrer, o acontecimento foi que ela desfilou na passarela com as outras modelos. Se não fosse tão baixinha, seria impossível distingui-la das outras. (Aliás, a maioria dos convidados ficou coçando a cabeça e sussurrando para o vizinho: “É ela mesma?”).

Lady Gaga parece suplicar para ser diferente. Ela não se colocou no papel de “musa”, um clichê dos dias atuais, mas sim como uma lançadora de moda. Tanto para os estilistas que a vestem, quanto para os que já vestiram, como o ex-stylist de Lady Gaga, Nicola Formichetti, fundador de sua própria marca, Nicopanda, e diretor artístico da Diesel. Ou quanto para o atual colaborador dela, Brandon Maxwell, que lançou a etiqueta com seu nome em 2015, e é hoje finalista do premio dos jovens estilistas LVMH - ele desenhou o vestido macacão usado por Lady Gaga na cerimônia do Oscar, em fevereiro.

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Ela vai na deles. Maluca. 

Tradução de Anna Capovilla.

Do vestido de carne à Saint Laurent. Como evoluiu o estilo de Lady Gaga em seis anos Foto: Yana Paskova/The New York Times

O que está acontecendo com Lady Gaga? Fiquei pensando nisso desde que a mulher que sempre lançou mão de looks ultrajantes decidiu comemorar seu 30º aniversário com um minivestido Saint Laurent cor de ouro metálico, meio oitentista, da mais recente coleção exibida pelo estilista em Paris. E não só o vestido como todo o look parecia saído da passarela - do batom vermelho ao cabelo penteado para cima. 

Não deveria ser uma surpresa: Lady Gaga, cujo nome verdadeiro é Stefani Germanotta, começou a vestir segundo as páginas da Vogue há algum tempo. Por exemplo: quando usou um Balenciaga no baile do Metropolitan e um longo Versace de veludo preto à la Marilyn. Teve também o vermelho de paetês Gucci no Super Bowl. Sem contar o Marc Jacobs azul royal bordado, um tributo a David Bowie, no Grammy.

A evolução de estilo da Lady Gaga

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Lady Gaga

Foto: REUTERS/Mike Blake
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Foto: Yana Paskova/The New York Times
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Foto: Noel West/ The New York Times
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Foto: Noel West/The New York Times
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Foto: Noel West/The New York Times
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Lady Gaga

Foto: Nina Westervelt/The New York Times

Ainda assim, considerando toda a trajetória de Gaga, o modelo Saint Laurent foi um choque. O look está tão distante da roupa de carne com que ela apareceu na cerimônia de premiação do MTV Video Music Award quanto poderia. (Feita de carne crua, a roupa do estilista Franc Fernandez foi vombinada com botas). Seis anos se passaram entre o look comestível e o Saint Laurent fashion.

Mas quem pensa que ela mudou de ideia com relação ao estilo está enganado. Não é porque ela tenha deixado um pouco de lado que podemos concluir que a moda "silenciou" Lady Gaga dos tempos das "roupas ultrajantes". Trata-se de Lady Gaga: uma mulher que construiu sua carreira na convicção de que a imagem pode reforçar e refletir o poder de sua música e de sua mensagem. Não há nenhuma razão para pensar que ela tenha mudado.

Todas as estrelas pop precisam transformar sua imagem - ou pelo menos precisam tentar. Do contrário, correm o risco de, como Madonna, se tornarem uma paródia de si mesmas. A transformação de Lady Gaga é, aliás, uma das mais impressionantes. Ela partiu da rebeldia que dá as costas à moda mais tradicional que forçava os fãs a brigar com suas próprias concepções sobre beleza para virar uma espécie de dublê de estilista.

Ela sempre teve seus momentos de total excentricidade, é verdade. Como no ano passado, por exemplo, quando exibiu um vestido de rede totalmente transparente numa viagem a Londres, com sutiã e calcinhas por cima de calças rasgadas na Songwriters Hall of Fame Induction and Awards. Seriam bizarrices no corpo de qualquer um, exceto no de Lady Gaga - algo tremendamente elegante e apropriado.

Lady Gaga simplesmente assume novos figurinos conforme as fases de sua carreira. Essa última mudança tem muito a ver com o lançamento de seu quarto álbum: uma compilação de standards de jazz feito em colaboração com Tony Bennett. Oupode ser entendida também como mais um exemplo da moda representando suas próprias antíteses. Com essa prática, Lady Gaga deixa de se tornar repentinamente convencional para virar de ponta cabeça qualquer tipo de convenção.

Quando ela adere à linha da indústria, ela faz algo radical - possivelmente mais radical do que as coisas do início de carreira feitas para chamar a atenção, quando saiu de uma casca de ovo numa roupa de látex cor de gema no Grammy de 2011, ou tocando piano com um casaco de bolhas de plástico. Ela desafia um dogma muito respeitado, que diz que, seja lá o que você vista, você deve ser a marca dominante da relação. 

O importante é que, apesar de todo o estardalhaço em torno de sua aparição na passarela de Marc Jacobs durante a Semana da Moda de Nova York, em fevereiro, e da expectativa de que algo extraordinário iria ocorrer, o acontecimento foi que ela desfilou na passarela com as outras modelos. Se não fosse tão baixinha, seria impossível distingui-la das outras. (Aliás, a maioria dos convidados ficou coçando a cabeça e sussurrando para o vizinho: “É ela mesma?”).

Lady Gaga parece suplicar para ser diferente. Ela não se colocou no papel de “musa”, um clichê dos dias atuais, mas sim como uma lançadora de moda. Tanto para os estilistas que a vestem, quanto para os que já vestiram, como o ex-stylist de Lady Gaga, Nicola Formichetti, fundador de sua própria marca, Nicopanda, e diretor artístico da Diesel. Ou quanto para o atual colaborador dela, Brandon Maxwell, que lançou a etiqueta com seu nome em 2015, e é hoje finalista do premio dos jovens estilistas LVMH - ele desenhou o vestido macacão usado por Lady Gaga na cerimônia do Oscar, em fevereiro.

Ela vai na deles. Maluca. 

Tradução de Anna Capovilla.

Do vestido de carne à Saint Laurent. Como evoluiu o estilo de Lady Gaga em seis anos Foto: Yana Paskova/The New York Times

O que está acontecendo com Lady Gaga? Fiquei pensando nisso desde que a mulher que sempre lançou mão de looks ultrajantes decidiu comemorar seu 30º aniversário com um minivestido Saint Laurent cor de ouro metálico, meio oitentista, da mais recente coleção exibida pelo estilista em Paris. E não só o vestido como todo o look parecia saído da passarela - do batom vermelho ao cabelo penteado para cima. 

Não deveria ser uma surpresa: Lady Gaga, cujo nome verdadeiro é Stefani Germanotta, começou a vestir segundo as páginas da Vogue há algum tempo. Por exemplo: quando usou um Balenciaga no baile do Metropolitan e um longo Versace de veludo preto à la Marilyn. Teve também o vermelho de paetês Gucci no Super Bowl. Sem contar o Marc Jacobs azul royal bordado, um tributo a David Bowie, no Grammy.

A evolução de estilo da Lady Gaga

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Foto: REUTERS/Mike Blake
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Foto: Yana Paskova/The New York Times
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Foto: Noel West/The New York Times
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Foto: Noel West/The New York Times
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Foto: Nina Westervelt/The New York Times

Ainda assim, considerando toda a trajetória de Gaga, o modelo Saint Laurent foi um choque. O look está tão distante da roupa de carne com que ela apareceu na cerimônia de premiação do MTV Video Music Award quanto poderia. (Feita de carne crua, a roupa do estilista Franc Fernandez foi vombinada com botas). Seis anos se passaram entre o look comestível e o Saint Laurent fashion.

Mas quem pensa que ela mudou de ideia com relação ao estilo está enganado. Não é porque ela tenha deixado um pouco de lado que podemos concluir que a moda "silenciou" Lady Gaga dos tempos das "roupas ultrajantes". Trata-se de Lady Gaga: uma mulher que construiu sua carreira na convicção de que a imagem pode reforçar e refletir o poder de sua música e de sua mensagem. Não há nenhuma razão para pensar que ela tenha mudado.

Todas as estrelas pop precisam transformar sua imagem - ou pelo menos precisam tentar. Do contrário, correm o risco de, como Madonna, se tornarem uma paródia de si mesmas. A transformação de Lady Gaga é, aliás, uma das mais impressionantes. Ela partiu da rebeldia que dá as costas à moda mais tradicional que forçava os fãs a brigar com suas próprias concepções sobre beleza para virar uma espécie de dublê de estilista.

Ela sempre teve seus momentos de total excentricidade, é verdade. Como no ano passado, por exemplo, quando exibiu um vestido de rede totalmente transparente numa viagem a Londres, com sutiã e calcinhas por cima de calças rasgadas na Songwriters Hall of Fame Induction and Awards. Seriam bizarrices no corpo de qualquer um, exceto no de Lady Gaga - algo tremendamente elegante e apropriado.

Lady Gaga simplesmente assume novos figurinos conforme as fases de sua carreira. Essa última mudança tem muito a ver com o lançamento de seu quarto álbum: uma compilação de standards de jazz feito em colaboração com Tony Bennett. Oupode ser entendida também como mais um exemplo da moda representando suas próprias antíteses. Com essa prática, Lady Gaga deixa de se tornar repentinamente convencional para virar de ponta cabeça qualquer tipo de convenção.

Quando ela adere à linha da indústria, ela faz algo radical - possivelmente mais radical do que as coisas do início de carreira feitas para chamar a atenção, quando saiu de uma casca de ovo numa roupa de látex cor de gema no Grammy de 2011, ou tocando piano com um casaco de bolhas de plástico. Ela desafia um dogma muito respeitado, que diz que, seja lá o que você vista, você deve ser a marca dominante da relação. 

O importante é que, apesar de todo o estardalhaço em torno de sua aparição na passarela de Marc Jacobs durante a Semana da Moda de Nova York, em fevereiro, e da expectativa de que algo extraordinário iria ocorrer, o acontecimento foi que ela desfilou na passarela com as outras modelos. Se não fosse tão baixinha, seria impossível distingui-la das outras. (Aliás, a maioria dos convidados ficou coçando a cabeça e sussurrando para o vizinho: “É ela mesma?”).

Lady Gaga parece suplicar para ser diferente. Ela não se colocou no papel de “musa”, um clichê dos dias atuais, mas sim como uma lançadora de moda. Tanto para os estilistas que a vestem, quanto para os que já vestiram, como o ex-stylist de Lady Gaga, Nicola Formichetti, fundador de sua própria marca, Nicopanda, e diretor artístico da Diesel. Ou quanto para o atual colaborador dela, Brandon Maxwell, que lançou a etiqueta com seu nome em 2015, e é hoje finalista do premio dos jovens estilistas LVMH - ele desenhou o vestido macacão usado por Lady Gaga na cerimônia do Oscar, em fevereiro.

Ela vai na deles. Maluca. 

Tradução de Anna Capovilla.

Do vestido de carne à Saint Laurent. Como evoluiu o estilo de Lady Gaga em seis anos Foto: Yana Paskova/The New York Times

O que está acontecendo com Lady Gaga? Fiquei pensando nisso desde que a mulher que sempre lançou mão de looks ultrajantes decidiu comemorar seu 30º aniversário com um minivestido Saint Laurent cor de ouro metálico, meio oitentista, da mais recente coleção exibida pelo estilista em Paris. E não só o vestido como todo o look parecia saído da passarela - do batom vermelho ao cabelo penteado para cima. 

Não deveria ser uma surpresa: Lady Gaga, cujo nome verdadeiro é Stefani Germanotta, começou a vestir segundo as páginas da Vogue há algum tempo. Por exemplo: quando usou um Balenciaga no baile do Metropolitan e um longo Versace de veludo preto à la Marilyn. Teve também o vermelho de paetês Gucci no Super Bowl. Sem contar o Marc Jacobs azul royal bordado, um tributo a David Bowie, no Grammy.

A evolução de estilo da Lady Gaga

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Foto: Noel West/The New York Times
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Lady Gaga

Foto: Nina Westervelt/The New York Times

Ainda assim, considerando toda a trajetória de Gaga, o modelo Saint Laurent foi um choque. O look está tão distante da roupa de carne com que ela apareceu na cerimônia de premiação do MTV Video Music Award quanto poderia. (Feita de carne crua, a roupa do estilista Franc Fernandez foi vombinada com botas). Seis anos se passaram entre o look comestível e o Saint Laurent fashion.

Mas quem pensa que ela mudou de ideia com relação ao estilo está enganado. Não é porque ela tenha deixado um pouco de lado que podemos concluir que a moda "silenciou" Lady Gaga dos tempos das "roupas ultrajantes". Trata-se de Lady Gaga: uma mulher que construiu sua carreira na convicção de que a imagem pode reforçar e refletir o poder de sua música e de sua mensagem. Não há nenhuma razão para pensar que ela tenha mudado.

Todas as estrelas pop precisam transformar sua imagem - ou pelo menos precisam tentar. Do contrário, correm o risco de, como Madonna, se tornarem uma paródia de si mesmas. A transformação de Lady Gaga é, aliás, uma das mais impressionantes. Ela partiu da rebeldia que dá as costas à moda mais tradicional que forçava os fãs a brigar com suas próprias concepções sobre beleza para virar uma espécie de dublê de estilista.

Ela sempre teve seus momentos de total excentricidade, é verdade. Como no ano passado, por exemplo, quando exibiu um vestido de rede totalmente transparente numa viagem a Londres, com sutiã e calcinhas por cima de calças rasgadas na Songwriters Hall of Fame Induction and Awards. Seriam bizarrices no corpo de qualquer um, exceto no de Lady Gaga - algo tremendamente elegante e apropriado.

Lady Gaga simplesmente assume novos figurinos conforme as fases de sua carreira. Essa última mudança tem muito a ver com o lançamento de seu quarto álbum: uma compilação de standards de jazz feito em colaboração com Tony Bennett. Oupode ser entendida também como mais um exemplo da moda representando suas próprias antíteses. Com essa prática, Lady Gaga deixa de se tornar repentinamente convencional para virar de ponta cabeça qualquer tipo de convenção.

Quando ela adere à linha da indústria, ela faz algo radical - possivelmente mais radical do que as coisas do início de carreira feitas para chamar a atenção, quando saiu de uma casca de ovo numa roupa de látex cor de gema no Grammy de 2011, ou tocando piano com um casaco de bolhas de plástico. Ela desafia um dogma muito respeitado, que diz que, seja lá o que você vista, você deve ser a marca dominante da relação. 

O importante é que, apesar de todo o estardalhaço em torno de sua aparição na passarela de Marc Jacobs durante a Semana da Moda de Nova York, em fevereiro, e da expectativa de que algo extraordinário iria ocorrer, o acontecimento foi que ela desfilou na passarela com as outras modelos. Se não fosse tão baixinha, seria impossível distingui-la das outras. (Aliás, a maioria dos convidados ficou coçando a cabeça e sussurrando para o vizinho: “É ela mesma?”).

Lady Gaga parece suplicar para ser diferente. Ela não se colocou no papel de “musa”, um clichê dos dias atuais, mas sim como uma lançadora de moda. Tanto para os estilistas que a vestem, quanto para os que já vestiram, como o ex-stylist de Lady Gaga, Nicola Formichetti, fundador de sua própria marca, Nicopanda, e diretor artístico da Diesel. Ou quanto para o atual colaborador dela, Brandon Maxwell, que lançou a etiqueta com seu nome em 2015, e é hoje finalista do premio dos jovens estilistas LVMH - ele desenhou o vestido macacão usado por Lady Gaga na cerimônia do Oscar, em fevereiro.

Ela vai na deles. Maluca. 

Tradução de Anna Capovilla.

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