Uma premiação inédita na moda brasileira reuniu boa parte dos empresários e da imprensa do setor nesta quarta, 25, em São Paulo. Criado para contemplar marcas de moda e beleza que adotam práticas sustentáveis em sua cadeia produtiva, o Prêmio Ecoera foi entregue no auditório do Centro Universitário Belas Artes, na Vila Mariana. “Nosso desejo redefinir o sucesso nos negócios a partir do case de empresas que usam seu poder para tratar de questões sociais e ambientais”, afirma Chiara Gadaleta, idealizadora do evento. Criadora da marca Ecoera, ela encampa há dez anos a causa da moda sustentável e tornou-se a principal porta-voz do tema no País.
No total, seis iniciativas ganharam destaque em três diferentes categorias - a “planeta”, focada em meio-ambiente, a “pessoas”, focada em mão de obra, e a “Ecoera”, em ambos. A marca de moda masculina Reserva e a grife Dudalina estão entre as contempladas (veja o quadro completo abaixo). Todos as 80 marcas inscritas inicialmente precisaram responder a um questionário detalhado sobre suas práticas, criado a partir de uma metodologia aplicada pelo Sistema B, que oferece certificação a empresas engajadas em assuntos sócio-ambientais. Cada uma recebeu uma pontuação, posteriormente validada por um conselho formado por profissionais de diferentes áreas.
No evento, o chef Alex Atala, a consultora de moda Costanza Pascolato e a jornalista Lilian Pacce entregaram alguns dos troféus. “Estou realizada. É incrível observar o impacto que esse tipo de ação pode ter”, afirma Chiara. As inscrições para a segunda edição do Prêmio Ecoera começam em abril.
Os vencedores
Categoria Planeta Empresas com até 49 funcionários: ETNO Botânica No mercado desde 2007, a empresa paulista desenvolve produtos têxteis sustentáveis e realiza pesquisas na área. Além de uma linha de tintas feitas com pigmentos e corantes naturais, produz fios e tecidos em algodão orgânico, seda natural, linho e lãs especiais.
Empresas com 50 ou mais funcionários: Grupo Lunelli A preocupação da empresa catarinense com as questões ambientais vem desde 1998, quando iniciou um processo para recuperar a mata ciliar nas margens de rios do estado. Em 2002, o grupo, que tem marcas como a Lez a Lez, implantou um sistema com o objetivo de garantir a manutenção e a melhoria de procedimentos relacionados à gestão ambiental. Entre eles, cuidados com a emissão atmosférica, análise de ruído e destinação de resíduos contaminados a aterros sanitários. Categoria Pessoas Empresas com até 49 funcionários: Catarina Mina A cultura do artesanato é o foco da empresa de Fortaleza e, para isso, valoriza as ideias e o modo de produção das costureiras e artesãs. Elas podem, por exemplo, trabalhar em casa, em seu próprio tempo e ritmo. Outra ação pioneira neste sentido é expor os custos envolvidos na produção de cada peça, desde o preço dos fios e a mão de obra até a embalagem final.
Empresas com 50 ou mais funcionários: Reserva Paridade salarial, apoio a empreendedores e projetos sociais, entregas de bicicleta e consumo de energia reduzido estão entre os motivos para a premiação da grife carioca. Uma das preferidas entre os mais moderninhos, a marca é conhecida por suas camisetas, bermudas e acessórios com visual descolado.
Ecoera Empresas com até 49 funcionários: Insecta Shoes Sem usar matéria-prima animal, a marca de Porto Alegre produz sapatos artesanais eco-friendly e colecionáveis. Aqui, o lema é reaproveitar. A sola é feita com borracha triturada totalmente reciclada e roupas e estampas vintages dão vida a modelos exclusivos.
Empresas com 50 ou mais funcionários: Dudalina Com 110 lojas, entre elas três franquias internacionais, o grupo catarinense investe em práticas de produção sustentáveis, como economia de energia e água e controle das emissões de gases de efeito estufa. Na gestão de pessoas, há programas para desenvolvimento de carreira e bonificações como forma de estímulo. Em 2007, a marca criou o Instituto Adelina, que implanta ações de responsabilidade social em comunidades em todo o Brasil.