Crônicas do cotidiano

A eleição e a paz


Não custa nada. Nem 20 centavos.

Por Ricardo Chapola

Participei de alguns atos das chamadas Jornadas de Junho no ano passado, protestando pelo mesmo que os coxinhas, os croquetes, os risoles e as bolinhas de queijo. Vi amigos petistas dando as mãos a amigos tucanos, todos cansados de tudo aquilo que estava aí. Aqui, naquela época, tínhamos Alckmin, como agora, e Dilma, como agora.

 

 Foto: Estadão
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Ilustração: Felipe Blanco

Pouca coisa mudou desde a última vez que o gigante acordou, dia daquela belíssima esbórnia suprapartidária. Voltou a hibernar pouco depois, despertando outra vez recentemente - e, pelo visto, de mau humor. Não houve festa, cortaram os salgados, meus amigos romperam. Foi uma merda. E continuou uma merda. E ainda está uma merda.

No ano passado também tinha merda. Pouca, mas tinha. Foi o suficiente para dar no que deu. Hoje o que não falta é adubo para novos arroubos revolucionários. As pessoas sempre negam. Eu insisto em não querer acreditar. Mas o que parece é que foi tudo mesmo só pelos 20 centavos. Com eles no bolso, a Petrobrás ficou suja, a água secou e só o que dizem é que folia com Heineken e coxinha é coisa de playboy. Brahma e espetinho, de pobre. Lacoste é coisa de direita. Camisa xadrez, esquerda.

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+ Siga-me no Twitter + Leia outros textos do blog _________________________________   Esse tipo de pensamento se alastrou pelo País. Os nervos estão à flor da pele. Nas ruas, quem votou em Aécio é esnobado por quem votou na Dilma, que é xingado por quem votou no Alckmin, que é hostilizado por quem foi de Padilha. No domingo, depois do resultado, um gordinho deixava o diretório do PSDB de São Paulo aborrecido, com todo o direito. Um carro cheio de petistas passou em sua frente, buzinando freneticamente, com todo o direito. Os dois começaram se atacar, um sendo chamado de pobre e o outro de gordinho filho da puta, como se renda ou excesso de peso significassem alguma coisa na vitória ou na derrota de alguém.   Nem o Facebook salva. As listas com "os 10 livros prediletos de Sheila Melo" sumiram. Os testes também: desapareceram. O espaço foi todo preenchido pelas asneiras ditas no mundo real, variando a um grau sempre pior. Pais discutem com filhos, recriminando-os pela suposta rebeldia exacerbada. Gente tendo lampejos separatistas em um País que convive com as desigualdades desde a sua descoberta. Notícias mentirosas, gozações desmedidas, preconceito.   Saudade dos selfies, das fotos de comida, da futilidade irritante do Facebook. Saudade de ver as patricinhas e barbudos da FFLCH se pegando, sem que se preocupassem com o número que cada um colocou na urna. Saudade de quando a passagem de ônibus era capaz de unir todos os corações. A paz não custa nada. Nem mesmo 20 centavos.

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Participei de alguns atos das chamadas Jornadas de Junho no ano passado, protestando pelo mesmo que os coxinhas, os croquetes, os risoles e as bolinhas de queijo. Vi amigos petistas dando as mãos a amigos tucanos, todos cansados de tudo aquilo que estava aí. Aqui, naquela época, tínhamos Alckmin, como agora, e Dilma, como agora.

 

 Foto: Estadão

Ilustração: Felipe Blanco

Pouca coisa mudou desde a última vez que o gigante acordou, dia daquela belíssima esbórnia suprapartidária. Voltou a hibernar pouco depois, despertando outra vez recentemente - e, pelo visto, de mau humor. Não houve festa, cortaram os salgados, meus amigos romperam. Foi uma merda. E continuou uma merda. E ainda está uma merda.

No ano passado também tinha merda. Pouca, mas tinha. Foi o suficiente para dar no que deu. Hoje o que não falta é adubo para novos arroubos revolucionários. As pessoas sempre negam. Eu insisto em não querer acreditar. Mas o que parece é que foi tudo mesmo só pelos 20 centavos. Com eles no bolso, a Petrobrás ficou suja, a água secou e só o que dizem é que folia com Heineken e coxinha é coisa de playboy. Brahma e espetinho, de pobre. Lacoste é coisa de direita. Camisa xadrez, esquerda.

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+ Siga-me no Twitter + Leia outros textos do blog _________________________________   Esse tipo de pensamento se alastrou pelo País. Os nervos estão à flor da pele. Nas ruas, quem votou em Aécio é esnobado por quem votou na Dilma, que é xingado por quem votou no Alckmin, que é hostilizado por quem foi de Padilha. No domingo, depois do resultado, um gordinho deixava o diretório do PSDB de São Paulo aborrecido, com todo o direito. Um carro cheio de petistas passou em sua frente, buzinando freneticamente, com todo o direito. Os dois começaram se atacar, um sendo chamado de pobre e o outro de gordinho filho da puta, como se renda ou excesso de peso significassem alguma coisa na vitória ou na derrota de alguém.   Nem o Facebook salva. As listas com "os 10 livros prediletos de Sheila Melo" sumiram. Os testes também: desapareceram. O espaço foi todo preenchido pelas asneiras ditas no mundo real, variando a um grau sempre pior. Pais discutem com filhos, recriminando-os pela suposta rebeldia exacerbada. Gente tendo lampejos separatistas em um País que convive com as desigualdades desde a sua descoberta. Notícias mentirosas, gozações desmedidas, preconceito.   Saudade dos selfies, das fotos de comida, da futilidade irritante do Facebook. Saudade de ver as patricinhas e barbudos da FFLCH se pegando, sem que se preocupassem com o número que cada um colocou na urna. Saudade de quando a passagem de ônibus era capaz de unir todos os corações. A paz não custa nada. Nem mesmo 20 centavos.

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Participei de alguns atos das chamadas Jornadas de Junho no ano passado, protestando pelo mesmo que os coxinhas, os croquetes, os risoles e as bolinhas de queijo. Vi amigos petistas dando as mãos a amigos tucanos, todos cansados de tudo aquilo que estava aí. Aqui, naquela época, tínhamos Alckmin, como agora, e Dilma, como agora.

 

 Foto: Estadão

Ilustração: Felipe Blanco

Pouca coisa mudou desde a última vez que o gigante acordou, dia daquela belíssima esbórnia suprapartidária. Voltou a hibernar pouco depois, despertando outra vez recentemente - e, pelo visto, de mau humor. Não houve festa, cortaram os salgados, meus amigos romperam. Foi uma merda. E continuou uma merda. E ainda está uma merda.

No ano passado também tinha merda. Pouca, mas tinha. Foi o suficiente para dar no que deu. Hoje o que não falta é adubo para novos arroubos revolucionários. As pessoas sempre negam. Eu insisto em não querer acreditar. Mas o que parece é que foi tudo mesmo só pelos 20 centavos. Com eles no bolso, a Petrobrás ficou suja, a água secou e só o que dizem é que folia com Heineken e coxinha é coisa de playboy. Brahma e espetinho, de pobre. Lacoste é coisa de direita. Camisa xadrez, esquerda.

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Participei de alguns atos das chamadas Jornadas de Junho no ano passado, protestando pelo mesmo que os coxinhas, os croquetes, os risoles e as bolinhas de queijo. Vi amigos petistas dando as mãos a amigos tucanos, todos cansados de tudo aquilo que estava aí. Aqui, naquela época, tínhamos Alckmin, como agora, e Dilma, como agora.

 

 Foto: Estadão

Ilustração: Felipe Blanco

Pouca coisa mudou desde a última vez que o gigante acordou, dia daquela belíssima esbórnia suprapartidária. Voltou a hibernar pouco depois, despertando outra vez recentemente - e, pelo visto, de mau humor. Não houve festa, cortaram os salgados, meus amigos romperam. Foi uma merda. E continuou uma merda. E ainda está uma merda.

No ano passado também tinha merda. Pouca, mas tinha. Foi o suficiente para dar no que deu. Hoje o que não falta é adubo para novos arroubos revolucionários. As pessoas sempre negam. Eu insisto em não querer acreditar. Mas o que parece é que foi tudo mesmo só pelos 20 centavos. Com eles no bolso, a Petrobrás ficou suja, a água secou e só o que dizem é que folia com Heineken e coxinha é coisa de playboy. Brahma e espetinho, de pobre. Lacoste é coisa de direita. Camisa xadrez, esquerda.

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