Retratos e relatos do cotidiano

Somos todas vadias


Mulheres morrem, independentemente do que fazem ou de quem são.

Por Ruth Manus

Mulheres morrem todo dia. Homens também. Homens morrem de câncer, de enfarto, de bala perdida. Mulheres morrem de câncer, de enfarto, de bala perdida. Mas homens não morrem por serem homens. E mulheres morrem por serem mulheres. É uma lógica simples.

 

Mulheres morrem não apenas na chacina de Campinas. Mulheres morrem viajando na América Latina. Mulheres morrem no Oriente Médio. Mulheres morrem na China, na Índia, no Canadá. Morrem aí, do lado da sua casa. Morrem porque são mulheres. Porque nasceram mulheres e porque mulheres se fizeram.

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Mulheres morrem por ciúmes. Morrem porque olharam para o lado. Morrem porque tentaram ir embora. Porque tentaram. Mulheres morrem porque atrasaram o jantar. Porque saíram para jantar. Porque quiseram uma vida que fosse além de servir o almoço e servir o jantar.

 

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Mulheres morrem por serem mais bonitas do que deveriam. Por serem menos bonitas do que deveriam. Mulheres morrem porque sempre devem. Sempre estão devendo. Mulheres morrem por fazer muito sexo. Por fazer pouco sexo. Por não querer fazer sexo. Por pensar demais em sexo. Por pensar demais.

 

Mulheres morrem por causa da saia. Por causa da blusa. Do perfume. Do sapato. Da maquiagem. Do cabelo. Mulheres morrem porque alguém decidiu que poderia interpretar e julgar uma peça de roupa, a cor de um batom e um corte de cabelo. Cortes. Porque julgam que certos cortes não são para mulheres. E que outros são: o da navalha, o do canivete, o da faca.

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Mulheres morrem e não são vítimas. Mulheres levam tiros, facadas, chutes na cabeça. E seguem sem ser a vítima. Mulheres provocam. Mulheres dão causa. Mulheres não medem consequências. Mulheres sempre poderiam ter feito melhor. Mulheres tentam avisar. Tentam denunciar. Mas são sempre elas que deveriam ter tomado mais cuidado. Ter ficado dentro de casa. Ou ter trancado a casa. Ou ter fugido de casa.

 

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Poderia dizer que as mulheres que morrem são filhas de alguém. Esposas de alguém. Irmãs de alguém. Mães de alguém. Mas elas são mulheres, apenas mulheres. Que não deveriam precisar ser nada de ninguém para ter importância. Mas precisam. Deixou filhos, deixou um marido inconsolável, deixou um pai debruçado sobre seu caixão. Só assim elas importam. Porque se ela for só uma mulher, ela será só uma mulher.

 

Homens morrem. Morrem por causa do tráfico, por causa da briga, por causa do ódio. Homens não morrem por questões de gênero. Mulheres morrem. Morrem porque seguem não sendo livres. Livres para opinar, livres para mudar de ideia, livres para ir embora, livres para dizer "nunca mais".

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Mulheres morrem porque homens resolvem que elas são vadias. Vadias por não aguentar mais. Vadias por dizer basta. Vadias por errar como tantos deles erram. Vadias por querer o que todos eles querem. Vadias por acreditar que poderiam ser iguais. Vadias por querer viver.

 

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Mulheres morrem porque, independentemente do que façam, alguém se achará no direito de matá-la por julgá-la vadia. Não é um direito?! No fim, não importa quem somos, o que fazemos ou o quanto merecemos viver, porque aos olhos de alguém somos todas vadias e isso é o que basta para que mulheres morram.

Mulheres morrem todo dia. Homens também. Homens morrem de câncer, de enfarto, de bala perdida. Mulheres morrem de câncer, de enfarto, de bala perdida. Mas homens não morrem por serem homens. E mulheres morrem por serem mulheres. É uma lógica simples.

 

Mulheres morrem não apenas na chacina de Campinas. Mulheres morrem viajando na América Latina. Mulheres morrem no Oriente Médio. Mulheres morrem na China, na Índia, no Canadá. Morrem aí, do lado da sua casa. Morrem porque são mulheres. Porque nasceram mulheres e porque mulheres se fizeram.

 

Mulheres morrem por ciúmes. Morrem porque olharam para o lado. Morrem porque tentaram ir embora. Porque tentaram. Mulheres morrem porque atrasaram o jantar. Porque saíram para jantar. Porque quiseram uma vida que fosse além de servir o almoço e servir o jantar.

 

Mulheres morrem por serem mais bonitas do que deveriam. Por serem menos bonitas do que deveriam. Mulheres morrem porque sempre devem. Sempre estão devendo. Mulheres morrem por fazer muito sexo. Por fazer pouco sexo. Por não querer fazer sexo. Por pensar demais em sexo. Por pensar demais.

 

Mulheres morrem por causa da saia. Por causa da blusa. Do perfume. Do sapato. Da maquiagem. Do cabelo. Mulheres morrem porque alguém decidiu que poderia interpretar e julgar uma peça de roupa, a cor de um batom e um corte de cabelo. Cortes. Porque julgam que certos cortes não são para mulheres. E que outros são: o da navalha, o do canivete, o da faca.

 

Mulheres morrem e não são vítimas. Mulheres levam tiros, facadas, chutes na cabeça. E seguem sem ser a vítima. Mulheres provocam. Mulheres dão causa. Mulheres não medem consequências. Mulheres sempre poderiam ter feito melhor. Mulheres tentam avisar. Tentam denunciar. Mas são sempre elas que deveriam ter tomado mais cuidado. Ter ficado dentro de casa. Ou ter trancado a casa. Ou ter fugido de casa.

 

Poderia dizer que as mulheres que morrem são filhas de alguém. Esposas de alguém. Irmãs de alguém. Mães de alguém. Mas elas são mulheres, apenas mulheres. Que não deveriam precisar ser nada de ninguém para ter importância. Mas precisam. Deixou filhos, deixou um marido inconsolável, deixou um pai debruçado sobre seu caixão. Só assim elas importam. Porque se ela for só uma mulher, ela será só uma mulher.

 

Homens morrem. Morrem por causa do tráfico, por causa da briga, por causa do ódio. Homens não morrem por questões de gênero. Mulheres morrem. Morrem porque seguem não sendo livres. Livres para opinar, livres para mudar de ideia, livres para ir embora, livres para dizer "nunca mais".

 

Mulheres morrem porque homens resolvem que elas são vadias. Vadias por não aguentar mais. Vadias por dizer basta. Vadias por errar como tantos deles erram. Vadias por querer o que todos eles querem. Vadias por acreditar que poderiam ser iguais. Vadias por querer viver.

 

Mulheres morrem porque, independentemente do que façam, alguém se achará no direito de matá-la por julgá-la vadia. Não é um direito?! No fim, não importa quem somos, o que fazemos ou o quanto merecemos viver, porque aos olhos de alguém somos todas vadias e isso é o que basta para que mulheres morram.

Mulheres morrem todo dia. Homens também. Homens morrem de câncer, de enfarto, de bala perdida. Mulheres morrem de câncer, de enfarto, de bala perdida. Mas homens não morrem por serem homens. E mulheres morrem por serem mulheres. É uma lógica simples.

 

Mulheres morrem não apenas na chacina de Campinas. Mulheres morrem viajando na América Latina. Mulheres morrem no Oriente Médio. Mulheres morrem na China, na Índia, no Canadá. Morrem aí, do lado da sua casa. Morrem porque são mulheres. Porque nasceram mulheres e porque mulheres se fizeram.

 

Mulheres morrem por ciúmes. Morrem porque olharam para o lado. Morrem porque tentaram ir embora. Porque tentaram. Mulheres morrem porque atrasaram o jantar. Porque saíram para jantar. Porque quiseram uma vida que fosse além de servir o almoço e servir o jantar.

 

Mulheres morrem por serem mais bonitas do que deveriam. Por serem menos bonitas do que deveriam. Mulheres morrem porque sempre devem. Sempre estão devendo. Mulheres morrem por fazer muito sexo. Por fazer pouco sexo. Por não querer fazer sexo. Por pensar demais em sexo. Por pensar demais.

 

Mulheres morrem por causa da saia. Por causa da blusa. Do perfume. Do sapato. Da maquiagem. Do cabelo. Mulheres morrem porque alguém decidiu que poderia interpretar e julgar uma peça de roupa, a cor de um batom e um corte de cabelo. Cortes. Porque julgam que certos cortes não são para mulheres. E que outros são: o da navalha, o do canivete, o da faca.

 

Mulheres morrem e não são vítimas. Mulheres levam tiros, facadas, chutes na cabeça. E seguem sem ser a vítima. Mulheres provocam. Mulheres dão causa. Mulheres não medem consequências. Mulheres sempre poderiam ter feito melhor. Mulheres tentam avisar. Tentam denunciar. Mas são sempre elas que deveriam ter tomado mais cuidado. Ter ficado dentro de casa. Ou ter trancado a casa. Ou ter fugido de casa.

 

Poderia dizer que as mulheres que morrem são filhas de alguém. Esposas de alguém. Irmãs de alguém. Mães de alguém. Mas elas são mulheres, apenas mulheres. Que não deveriam precisar ser nada de ninguém para ter importância. Mas precisam. Deixou filhos, deixou um marido inconsolável, deixou um pai debruçado sobre seu caixão. Só assim elas importam. Porque se ela for só uma mulher, ela será só uma mulher.

 

Homens morrem. Morrem por causa do tráfico, por causa da briga, por causa do ódio. Homens não morrem por questões de gênero. Mulheres morrem. Morrem porque seguem não sendo livres. Livres para opinar, livres para mudar de ideia, livres para ir embora, livres para dizer "nunca mais".

 

Mulheres morrem porque homens resolvem que elas são vadias. Vadias por não aguentar mais. Vadias por dizer basta. Vadias por errar como tantos deles erram. Vadias por querer o que todos eles querem. Vadias por acreditar que poderiam ser iguais. Vadias por querer viver.

 

Mulheres morrem porque, independentemente do que façam, alguém se achará no direito de matá-la por julgá-la vadia. Não é um direito?! No fim, não importa quem somos, o que fazemos ou o quanto merecemos viver, porque aos olhos de alguém somos todas vadias e isso é o que basta para que mulheres morram.

Mulheres morrem todo dia. Homens também. Homens morrem de câncer, de enfarto, de bala perdida. Mulheres morrem de câncer, de enfarto, de bala perdida. Mas homens não morrem por serem homens. E mulheres morrem por serem mulheres. É uma lógica simples.

 

Mulheres morrem não apenas na chacina de Campinas. Mulheres morrem viajando na América Latina. Mulheres morrem no Oriente Médio. Mulheres morrem na China, na Índia, no Canadá. Morrem aí, do lado da sua casa. Morrem porque são mulheres. Porque nasceram mulheres e porque mulheres se fizeram.

 

Mulheres morrem por ciúmes. Morrem porque olharam para o lado. Morrem porque tentaram ir embora. Porque tentaram. Mulheres morrem porque atrasaram o jantar. Porque saíram para jantar. Porque quiseram uma vida que fosse além de servir o almoço e servir o jantar.

 

Mulheres morrem por serem mais bonitas do que deveriam. Por serem menos bonitas do que deveriam. Mulheres morrem porque sempre devem. Sempre estão devendo. Mulheres morrem por fazer muito sexo. Por fazer pouco sexo. Por não querer fazer sexo. Por pensar demais em sexo. Por pensar demais.

 

Mulheres morrem por causa da saia. Por causa da blusa. Do perfume. Do sapato. Da maquiagem. Do cabelo. Mulheres morrem porque alguém decidiu que poderia interpretar e julgar uma peça de roupa, a cor de um batom e um corte de cabelo. Cortes. Porque julgam que certos cortes não são para mulheres. E que outros são: o da navalha, o do canivete, o da faca.

 

Mulheres morrem e não são vítimas. Mulheres levam tiros, facadas, chutes na cabeça. E seguem sem ser a vítima. Mulheres provocam. Mulheres dão causa. Mulheres não medem consequências. Mulheres sempre poderiam ter feito melhor. Mulheres tentam avisar. Tentam denunciar. Mas são sempre elas que deveriam ter tomado mais cuidado. Ter ficado dentro de casa. Ou ter trancado a casa. Ou ter fugido de casa.

 

Poderia dizer que as mulheres que morrem são filhas de alguém. Esposas de alguém. Irmãs de alguém. Mães de alguém. Mas elas são mulheres, apenas mulheres. Que não deveriam precisar ser nada de ninguém para ter importância. Mas precisam. Deixou filhos, deixou um marido inconsolável, deixou um pai debruçado sobre seu caixão. Só assim elas importam. Porque se ela for só uma mulher, ela será só uma mulher.

 

Homens morrem. Morrem por causa do tráfico, por causa da briga, por causa do ódio. Homens não morrem por questões de gênero. Mulheres morrem. Morrem porque seguem não sendo livres. Livres para opinar, livres para mudar de ideia, livres para ir embora, livres para dizer "nunca mais".

 

Mulheres morrem porque homens resolvem que elas são vadias. Vadias por não aguentar mais. Vadias por dizer basta. Vadias por errar como tantos deles erram. Vadias por querer o que todos eles querem. Vadias por acreditar que poderiam ser iguais. Vadias por querer viver.

 

Mulheres morrem porque, independentemente do que façam, alguém se achará no direito de matá-la por julgá-la vadia. Não é um direito?! No fim, não importa quem somos, o que fazemos ou o quanto merecemos viver, porque aos olhos de alguém somos todas vadias e isso é o que basta para que mulheres morram.

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