Sabor de brincadeira


Experimentar várias modalidades esportivas é o mais indicado para crianças de até 11 anos

Por Fabiana Caso

Chutar bola, desfrutar da água, correr: o importante na infância é experimentar diversos esportes, testando potencialidades, desde que seja de forma lúdica. Os especialistas alertam: até os 11 anos a criança ainda não tem os grupos musculares e o sistema motor desenvolvidos a ponto de poder treinar com intensidade. E tendo contato com várias modalidades, estará melhor preparada para optar, mais tarde, pelo esporte que desperte seu interesse, ou no qual tenha maior habilidade. E atenção, pais! Nada de cobrança pelo próximo campeão. Sob pressão, a criança provavelmente perderá o interesse. Da esquerda para direita: Valerie, Ana Z. Spalter, Ariela e Alessandra praticam ginástica olímpica. Foto: Alex Silva/AE  Benjamin Apter, médico do esporte e diretor da academia B-Active, ressalta a importância de despertar o interesse dos pequenos, mas de forma espontânea. "Os pais que já praticam esportes devem incentivar os filhos, levando-os consigo nas atividades, ou colocando-os em uma escolinha, onde terão contato inicial em forma de brincadeira", recomenda. "A prática esportiva aumenta a consciência corporal. A concentração e a destreza são habilidades que a criança levará para seus aprendizados futuros, quer seja na escola ou no esporte de lazer e competitivo." Contudo, Benjamin ressalta que até os 11 anos a criança ainda está conhecendo o próprio corpo e suas habilidades. "Nessa fase, não é recomendado focar em nenhum esporte específico, e deve-se evitar competições", pondera. E o que é melhor: esporte coletivo ou individual? "Mesmo que a criança seja introvertida, é importante testar uma modalidade coletiva, porque ela pode se soltar quando perceber que outros têm as mesmas dificuldades." E cita os benefícios psicológicos: "muitas vezes os pais não conseguem lidar com as frustrações dos filhos. Em esportes coletivos, o tratamento é de igual para igual. Aprende-se a ganhar, perder e empatar: assim como acontece na rotina dos adultos. E convive-se com indivíduos de outras religiões, raças e níveis sociais." O médico do esporte e presidente da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte, Arnaldo José Hernandez, ressalta que, até os 6 anos, a prática de esportes deve ser introduzida de forma totalmente lúdica. "Pode-se aprender a correr, arremessar, entender regras, mas ainda não é uma fase para treino pesado." Até os 12 anos, acrescenta, a criança pode treinar três vezes por semana, desde que sejam respeitados os limites de cansaço do seu corpo. "As pessoas têm mania de achar que o que faz um campeão é começar cedo, mas isso é uma ilusão. A aptidão tem mais a ver com o potencial genético." DIVERSIDADE O conceito é seguido à risca em escolinhas de esporte como a do clube A Hebraica, que tem mais de 30 anos. Há programas diferentes de acordo com a faixa etária. Segundo a coordenadora pedagógica do Departamento de Esportes do clube, Ana Lucia Portaro, quando as crianças praticam diversas modalidades, podem desenvolver o corpo com maior equilíbrio e trabalhar várias conexões motoras. "Mesclamos modalidades individuais com coletivas, porque é importante para elas fazer parte do grupo." No Esporte Clube Pinheiros, o Centro de Aprendizado Desportivo (CAD) oferece um programa com 12 modalidades (vôlei, basquete, handebol, futebol, atletismo, ginástica artística, judô, xadrez, esgrima, salto ornamental, pólo aquático e esportes com raquete), apresentadas ao longo de um ano, para crianças de 3 a 10 anos. As aulas acontecem duas vezes por semana, com uma hora e meia de duração a cada dia. "Nosso objetivo é despertar o interesse. Acreditamos que, a partir dos 11 anos, a criança tenha capacidade e habilidade para optar por uma modalidade", explica a coordenadora do departamento, Ana Célia Osso da Costa. A microempresária Lucia Mendes de Almeida, mãe de Marcelo Nogueira, que acabou de concluir o programa do CAD, aponta resultados positivos. "Ele aprendeu a ter mais respeito pelos outros. Hoje é mais paciente quando fica numa fila esperando sua vez." MOVIMENTOS Meninas e meninos equilibram-se em barras, traves e fazem rolamentos na aula de ginástica olímpica da Hebraica. Alessandra Sister, de 8 anos, começou aos 4 anos, saiu, mas decidiu voltar. "É legal, gosto de fazer os exercícios", fala. Sua colega Valerie Osmo Katz, de 8 anos, também escolheu a modalidade porque queria aprender a fazer "estrela". "Ela praticava natação e jazz, mas quis mudar para ginástica olímpica depois que assistiu às Olimpíadas", conta sua mãe, Daniela Osmo Katz, que atravessa a cidade para levá-la às aulas. "Mas vale a pena: ela ficou mais ágil, desenvolveu a coordenação motora e a disciplina." Ariela, de 7 anos, faz natação, aulas de habilidades motoras e de expressão corporal desde os 3. Sua irmã, Daphne, também freqüenta aulas esportivas. "Aprendem que, na vida, se ganha e se perde. E, para ganhar, é preciso muito treino", acredita a mãe, a decoradora Alexandra (que preferiu não revelar o sobrenome). O engenheiro Beny Fiterman assiste da arquibancada às aulas de judô de seus dois filhos - Fellipe, de 8 anos, e Michel, de 5 -, também na Hebraica. O próprio pai praticou a modalidade até a adolescência. "O Fellipe ficou mais autoconfiante, aprendeu sobre respeito ao mestre, aos adversários e às regras. O desenvolvimento é físico e mental", acredita. "Também é bom para a socialização: convivem com gente de todo tipo." Os irmãos Rodrigo, de 8 anos, e Gustavo, de 6, são alunos do CAD, no Clube Pinheiros. "É um modo de aprenderem o esporte brincando, sem pressão", fala a mãe deles, a designer gráfica e escritora de livros infantis Beatriz Villela Martins. "É importante praticarem um esporte fora da escola porque é mostrado um universo diferente." Para a aluna Julia Bighetto, de 9 anos, o CAD também revelou surpresas. "Adoro porque é gostoso, divertido, e não é por obrigação", resume. "Gosto de experimentar as modalidades e já fiz um monte de amigas." Uma delas é Ana Luisa Alessandri Tomas, de 10 anos. "Adorei a esgrima! Foi a mesma coisa com o judô: me senti bem na aula", conta. ENCANTOS DA BOLA A paixão nacional motiva uma legião de pequenos aprendizes. A cidade está repleta de escolas de futebol, inclusive as dos grandes clubes. O São Paulo Futebol Clube, por exemplo, tem uma série de escolinhas licenciadas na capital paulista. Uma delas funciona na unidade de Santana, que oferece aulas para a faixa etária dos 3 aos 20 anos. Para os mais novinhos, o babyfoot é um trabalho totalmente recreativo: apostam corrida com a bola, entre outras atividades que desenvolvem a velocidade, mas sempre brincando. A partir dos 6 anos, há um trabalho mais direcionado ao futebol. "A decisão de vir para cá deve partir da criança", reforça o preparador físico Douglas Cristian Rosa Pereira, coordenador da unidade. O objetivo maior é formar cidadãos: os alunos têm temas para pesquisar uma vez por semana. À medida que vão crescendo, também passam a aprender os fundamentos do futebol. Luka Diniz Saubo, de 9 anos, está na escolinha há três anos. Atualmente, faz aulas de uma hora e meia, duas vezes por semana. Mas, em casa, o jogo todo tempo. "Está sempre com uma bola: no quintal, no quarto", conta sua avó, Lidioneti Konstantinovas Diniz da Silva, de 55 anos. Um de seus amiguinhos, Guilherme Cruz Esteves, de 7 anos, começou a freqüentar a escolinha no começo deste ano. "Gosto de encontrar mais amigos. Também fico mais forte", fala. Outro aprendiz, Matheus Caixeta, de 9 anos, diz que gosta das aulas porque lembra do seu ídolo Kaká. "Estou melhorando. Quem sabe um dia jogo como ele!"

Chutar bola, desfrutar da água, correr: o importante na infância é experimentar diversos esportes, testando potencialidades, desde que seja de forma lúdica. Os especialistas alertam: até os 11 anos a criança ainda não tem os grupos musculares e o sistema motor desenvolvidos a ponto de poder treinar com intensidade. E tendo contato com várias modalidades, estará melhor preparada para optar, mais tarde, pelo esporte que desperte seu interesse, ou no qual tenha maior habilidade. E atenção, pais! Nada de cobrança pelo próximo campeão. Sob pressão, a criança provavelmente perderá o interesse. Da esquerda para direita: Valerie, Ana Z. Spalter, Ariela e Alessandra praticam ginástica olímpica. Foto: Alex Silva/AE  Benjamin Apter, médico do esporte e diretor da academia B-Active, ressalta a importância de despertar o interesse dos pequenos, mas de forma espontânea. "Os pais que já praticam esportes devem incentivar os filhos, levando-os consigo nas atividades, ou colocando-os em uma escolinha, onde terão contato inicial em forma de brincadeira", recomenda. "A prática esportiva aumenta a consciência corporal. A concentração e a destreza são habilidades que a criança levará para seus aprendizados futuros, quer seja na escola ou no esporte de lazer e competitivo." Contudo, Benjamin ressalta que até os 11 anos a criança ainda está conhecendo o próprio corpo e suas habilidades. "Nessa fase, não é recomendado focar em nenhum esporte específico, e deve-se evitar competições", pondera. E o que é melhor: esporte coletivo ou individual? "Mesmo que a criança seja introvertida, é importante testar uma modalidade coletiva, porque ela pode se soltar quando perceber que outros têm as mesmas dificuldades." E cita os benefícios psicológicos: "muitas vezes os pais não conseguem lidar com as frustrações dos filhos. Em esportes coletivos, o tratamento é de igual para igual. Aprende-se a ganhar, perder e empatar: assim como acontece na rotina dos adultos. E convive-se com indivíduos de outras religiões, raças e níveis sociais." O médico do esporte e presidente da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte, Arnaldo José Hernandez, ressalta que, até os 6 anos, a prática de esportes deve ser introduzida de forma totalmente lúdica. "Pode-se aprender a correr, arremessar, entender regras, mas ainda não é uma fase para treino pesado." Até os 12 anos, acrescenta, a criança pode treinar três vezes por semana, desde que sejam respeitados os limites de cansaço do seu corpo. "As pessoas têm mania de achar que o que faz um campeão é começar cedo, mas isso é uma ilusão. A aptidão tem mais a ver com o potencial genético." DIVERSIDADE O conceito é seguido à risca em escolinhas de esporte como a do clube A Hebraica, que tem mais de 30 anos. Há programas diferentes de acordo com a faixa etária. Segundo a coordenadora pedagógica do Departamento de Esportes do clube, Ana Lucia Portaro, quando as crianças praticam diversas modalidades, podem desenvolver o corpo com maior equilíbrio e trabalhar várias conexões motoras. "Mesclamos modalidades individuais com coletivas, porque é importante para elas fazer parte do grupo." No Esporte Clube Pinheiros, o Centro de Aprendizado Desportivo (CAD) oferece um programa com 12 modalidades (vôlei, basquete, handebol, futebol, atletismo, ginástica artística, judô, xadrez, esgrima, salto ornamental, pólo aquático e esportes com raquete), apresentadas ao longo de um ano, para crianças de 3 a 10 anos. As aulas acontecem duas vezes por semana, com uma hora e meia de duração a cada dia. "Nosso objetivo é despertar o interesse. Acreditamos que, a partir dos 11 anos, a criança tenha capacidade e habilidade para optar por uma modalidade", explica a coordenadora do departamento, Ana Célia Osso da Costa. A microempresária Lucia Mendes de Almeida, mãe de Marcelo Nogueira, que acabou de concluir o programa do CAD, aponta resultados positivos. "Ele aprendeu a ter mais respeito pelos outros. Hoje é mais paciente quando fica numa fila esperando sua vez." MOVIMENTOS Meninas e meninos equilibram-se em barras, traves e fazem rolamentos na aula de ginástica olímpica da Hebraica. Alessandra Sister, de 8 anos, começou aos 4 anos, saiu, mas decidiu voltar. "É legal, gosto de fazer os exercícios", fala. Sua colega Valerie Osmo Katz, de 8 anos, também escolheu a modalidade porque queria aprender a fazer "estrela". "Ela praticava natação e jazz, mas quis mudar para ginástica olímpica depois que assistiu às Olimpíadas", conta sua mãe, Daniela Osmo Katz, que atravessa a cidade para levá-la às aulas. "Mas vale a pena: ela ficou mais ágil, desenvolveu a coordenação motora e a disciplina." Ariela, de 7 anos, faz natação, aulas de habilidades motoras e de expressão corporal desde os 3. Sua irmã, Daphne, também freqüenta aulas esportivas. "Aprendem que, na vida, se ganha e se perde. E, para ganhar, é preciso muito treino", acredita a mãe, a decoradora Alexandra (que preferiu não revelar o sobrenome). O engenheiro Beny Fiterman assiste da arquibancada às aulas de judô de seus dois filhos - Fellipe, de 8 anos, e Michel, de 5 -, também na Hebraica. O próprio pai praticou a modalidade até a adolescência. "O Fellipe ficou mais autoconfiante, aprendeu sobre respeito ao mestre, aos adversários e às regras. O desenvolvimento é físico e mental", acredita. "Também é bom para a socialização: convivem com gente de todo tipo." Os irmãos Rodrigo, de 8 anos, e Gustavo, de 6, são alunos do CAD, no Clube Pinheiros. "É um modo de aprenderem o esporte brincando, sem pressão", fala a mãe deles, a designer gráfica e escritora de livros infantis Beatriz Villela Martins. "É importante praticarem um esporte fora da escola porque é mostrado um universo diferente." Para a aluna Julia Bighetto, de 9 anos, o CAD também revelou surpresas. "Adoro porque é gostoso, divertido, e não é por obrigação", resume. "Gosto de experimentar as modalidades e já fiz um monte de amigas." Uma delas é Ana Luisa Alessandri Tomas, de 10 anos. "Adorei a esgrima! Foi a mesma coisa com o judô: me senti bem na aula", conta. ENCANTOS DA BOLA A paixão nacional motiva uma legião de pequenos aprendizes. A cidade está repleta de escolas de futebol, inclusive as dos grandes clubes. O São Paulo Futebol Clube, por exemplo, tem uma série de escolinhas licenciadas na capital paulista. Uma delas funciona na unidade de Santana, que oferece aulas para a faixa etária dos 3 aos 20 anos. Para os mais novinhos, o babyfoot é um trabalho totalmente recreativo: apostam corrida com a bola, entre outras atividades que desenvolvem a velocidade, mas sempre brincando. A partir dos 6 anos, há um trabalho mais direcionado ao futebol. "A decisão de vir para cá deve partir da criança", reforça o preparador físico Douglas Cristian Rosa Pereira, coordenador da unidade. O objetivo maior é formar cidadãos: os alunos têm temas para pesquisar uma vez por semana. À medida que vão crescendo, também passam a aprender os fundamentos do futebol. Luka Diniz Saubo, de 9 anos, está na escolinha há três anos. Atualmente, faz aulas de uma hora e meia, duas vezes por semana. Mas, em casa, o jogo todo tempo. "Está sempre com uma bola: no quintal, no quarto", conta sua avó, Lidioneti Konstantinovas Diniz da Silva, de 55 anos. Um de seus amiguinhos, Guilherme Cruz Esteves, de 7 anos, começou a freqüentar a escolinha no começo deste ano. "Gosto de encontrar mais amigos. Também fico mais forte", fala. Outro aprendiz, Matheus Caixeta, de 9 anos, diz que gosta das aulas porque lembra do seu ídolo Kaká. "Estou melhorando. Quem sabe um dia jogo como ele!"

Chutar bola, desfrutar da água, correr: o importante na infância é experimentar diversos esportes, testando potencialidades, desde que seja de forma lúdica. Os especialistas alertam: até os 11 anos a criança ainda não tem os grupos musculares e o sistema motor desenvolvidos a ponto de poder treinar com intensidade. E tendo contato com várias modalidades, estará melhor preparada para optar, mais tarde, pelo esporte que desperte seu interesse, ou no qual tenha maior habilidade. E atenção, pais! Nada de cobrança pelo próximo campeão. Sob pressão, a criança provavelmente perderá o interesse. Da esquerda para direita: Valerie, Ana Z. Spalter, Ariela e Alessandra praticam ginástica olímpica. Foto: Alex Silva/AE  Benjamin Apter, médico do esporte e diretor da academia B-Active, ressalta a importância de despertar o interesse dos pequenos, mas de forma espontânea. "Os pais que já praticam esportes devem incentivar os filhos, levando-os consigo nas atividades, ou colocando-os em uma escolinha, onde terão contato inicial em forma de brincadeira", recomenda. "A prática esportiva aumenta a consciência corporal. A concentração e a destreza são habilidades que a criança levará para seus aprendizados futuros, quer seja na escola ou no esporte de lazer e competitivo." Contudo, Benjamin ressalta que até os 11 anos a criança ainda está conhecendo o próprio corpo e suas habilidades. "Nessa fase, não é recomendado focar em nenhum esporte específico, e deve-se evitar competições", pondera. E o que é melhor: esporte coletivo ou individual? "Mesmo que a criança seja introvertida, é importante testar uma modalidade coletiva, porque ela pode se soltar quando perceber que outros têm as mesmas dificuldades." E cita os benefícios psicológicos: "muitas vezes os pais não conseguem lidar com as frustrações dos filhos. Em esportes coletivos, o tratamento é de igual para igual. Aprende-se a ganhar, perder e empatar: assim como acontece na rotina dos adultos. E convive-se com indivíduos de outras religiões, raças e níveis sociais." O médico do esporte e presidente da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte, Arnaldo José Hernandez, ressalta que, até os 6 anos, a prática de esportes deve ser introduzida de forma totalmente lúdica. "Pode-se aprender a correr, arremessar, entender regras, mas ainda não é uma fase para treino pesado." Até os 12 anos, acrescenta, a criança pode treinar três vezes por semana, desde que sejam respeitados os limites de cansaço do seu corpo. "As pessoas têm mania de achar que o que faz um campeão é começar cedo, mas isso é uma ilusão. A aptidão tem mais a ver com o potencial genético." DIVERSIDADE O conceito é seguido à risca em escolinhas de esporte como a do clube A Hebraica, que tem mais de 30 anos. Há programas diferentes de acordo com a faixa etária. Segundo a coordenadora pedagógica do Departamento de Esportes do clube, Ana Lucia Portaro, quando as crianças praticam diversas modalidades, podem desenvolver o corpo com maior equilíbrio e trabalhar várias conexões motoras. "Mesclamos modalidades individuais com coletivas, porque é importante para elas fazer parte do grupo." No Esporte Clube Pinheiros, o Centro de Aprendizado Desportivo (CAD) oferece um programa com 12 modalidades (vôlei, basquete, handebol, futebol, atletismo, ginástica artística, judô, xadrez, esgrima, salto ornamental, pólo aquático e esportes com raquete), apresentadas ao longo de um ano, para crianças de 3 a 10 anos. As aulas acontecem duas vezes por semana, com uma hora e meia de duração a cada dia. "Nosso objetivo é despertar o interesse. Acreditamos que, a partir dos 11 anos, a criança tenha capacidade e habilidade para optar por uma modalidade", explica a coordenadora do departamento, Ana Célia Osso da Costa. A microempresária Lucia Mendes de Almeida, mãe de Marcelo Nogueira, que acabou de concluir o programa do CAD, aponta resultados positivos. "Ele aprendeu a ter mais respeito pelos outros. Hoje é mais paciente quando fica numa fila esperando sua vez." MOVIMENTOS Meninas e meninos equilibram-se em barras, traves e fazem rolamentos na aula de ginástica olímpica da Hebraica. Alessandra Sister, de 8 anos, começou aos 4 anos, saiu, mas decidiu voltar. "É legal, gosto de fazer os exercícios", fala. Sua colega Valerie Osmo Katz, de 8 anos, também escolheu a modalidade porque queria aprender a fazer "estrela". "Ela praticava natação e jazz, mas quis mudar para ginástica olímpica depois que assistiu às Olimpíadas", conta sua mãe, Daniela Osmo Katz, que atravessa a cidade para levá-la às aulas. "Mas vale a pena: ela ficou mais ágil, desenvolveu a coordenação motora e a disciplina." Ariela, de 7 anos, faz natação, aulas de habilidades motoras e de expressão corporal desde os 3. Sua irmã, Daphne, também freqüenta aulas esportivas. "Aprendem que, na vida, se ganha e se perde. E, para ganhar, é preciso muito treino", acredita a mãe, a decoradora Alexandra (que preferiu não revelar o sobrenome). O engenheiro Beny Fiterman assiste da arquibancada às aulas de judô de seus dois filhos - Fellipe, de 8 anos, e Michel, de 5 -, também na Hebraica. O próprio pai praticou a modalidade até a adolescência. "O Fellipe ficou mais autoconfiante, aprendeu sobre respeito ao mestre, aos adversários e às regras. O desenvolvimento é físico e mental", acredita. "Também é bom para a socialização: convivem com gente de todo tipo." Os irmãos Rodrigo, de 8 anos, e Gustavo, de 6, são alunos do CAD, no Clube Pinheiros. "É um modo de aprenderem o esporte brincando, sem pressão", fala a mãe deles, a designer gráfica e escritora de livros infantis Beatriz Villela Martins. "É importante praticarem um esporte fora da escola porque é mostrado um universo diferente." Para a aluna Julia Bighetto, de 9 anos, o CAD também revelou surpresas. "Adoro porque é gostoso, divertido, e não é por obrigação", resume. "Gosto de experimentar as modalidades e já fiz um monte de amigas." Uma delas é Ana Luisa Alessandri Tomas, de 10 anos. "Adorei a esgrima! Foi a mesma coisa com o judô: me senti bem na aula", conta. ENCANTOS DA BOLA A paixão nacional motiva uma legião de pequenos aprendizes. A cidade está repleta de escolas de futebol, inclusive as dos grandes clubes. O São Paulo Futebol Clube, por exemplo, tem uma série de escolinhas licenciadas na capital paulista. Uma delas funciona na unidade de Santana, que oferece aulas para a faixa etária dos 3 aos 20 anos. Para os mais novinhos, o babyfoot é um trabalho totalmente recreativo: apostam corrida com a bola, entre outras atividades que desenvolvem a velocidade, mas sempre brincando. A partir dos 6 anos, há um trabalho mais direcionado ao futebol. "A decisão de vir para cá deve partir da criança", reforça o preparador físico Douglas Cristian Rosa Pereira, coordenador da unidade. O objetivo maior é formar cidadãos: os alunos têm temas para pesquisar uma vez por semana. À medida que vão crescendo, também passam a aprender os fundamentos do futebol. Luka Diniz Saubo, de 9 anos, está na escolinha há três anos. Atualmente, faz aulas de uma hora e meia, duas vezes por semana. Mas, em casa, o jogo todo tempo. "Está sempre com uma bola: no quintal, no quarto", conta sua avó, Lidioneti Konstantinovas Diniz da Silva, de 55 anos. Um de seus amiguinhos, Guilherme Cruz Esteves, de 7 anos, começou a freqüentar a escolinha no começo deste ano. "Gosto de encontrar mais amigos. Também fico mais forte", fala. Outro aprendiz, Matheus Caixeta, de 9 anos, diz que gosta das aulas porque lembra do seu ídolo Kaká. "Estou melhorando. Quem sabe um dia jogo como ele!"

Chutar bola, desfrutar da água, correr: o importante na infância é experimentar diversos esportes, testando potencialidades, desde que seja de forma lúdica. Os especialistas alertam: até os 11 anos a criança ainda não tem os grupos musculares e o sistema motor desenvolvidos a ponto de poder treinar com intensidade. E tendo contato com várias modalidades, estará melhor preparada para optar, mais tarde, pelo esporte que desperte seu interesse, ou no qual tenha maior habilidade. E atenção, pais! Nada de cobrança pelo próximo campeão. Sob pressão, a criança provavelmente perderá o interesse. Da esquerda para direita: Valerie, Ana Z. Spalter, Ariela e Alessandra praticam ginástica olímpica. Foto: Alex Silva/AE  Benjamin Apter, médico do esporte e diretor da academia B-Active, ressalta a importância de despertar o interesse dos pequenos, mas de forma espontânea. "Os pais que já praticam esportes devem incentivar os filhos, levando-os consigo nas atividades, ou colocando-os em uma escolinha, onde terão contato inicial em forma de brincadeira", recomenda. "A prática esportiva aumenta a consciência corporal. A concentração e a destreza são habilidades que a criança levará para seus aprendizados futuros, quer seja na escola ou no esporte de lazer e competitivo." Contudo, Benjamin ressalta que até os 11 anos a criança ainda está conhecendo o próprio corpo e suas habilidades. "Nessa fase, não é recomendado focar em nenhum esporte específico, e deve-se evitar competições", pondera. E o que é melhor: esporte coletivo ou individual? "Mesmo que a criança seja introvertida, é importante testar uma modalidade coletiva, porque ela pode se soltar quando perceber que outros têm as mesmas dificuldades." E cita os benefícios psicológicos: "muitas vezes os pais não conseguem lidar com as frustrações dos filhos. Em esportes coletivos, o tratamento é de igual para igual. Aprende-se a ganhar, perder e empatar: assim como acontece na rotina dos adultos. E convive-se com indivíduos de outras religiões, raças e níveis sociais." O médico do esporte e presidente da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte, Arnaldo José Hernandez, ressalta que, até os 6 anos, a prática de esportes deve ser introduzida de forma totalmente lúdica. "Pode-se aprender a correr, arremessar, entender regras, mas ainda não é uma fase para treino pesado." Até os 12 anos, acrescenta, a criança pode treinar três vezes por semana, desde que sejam respeitados os limites de cansaço do seu corpo. "As pessoas têm mania de achar que o que faz um campeão é começar cedo, mas isso é uma ilusão. A aptidão tem mais a ver com o potencial genético." DIVERSIDADE O conceito é seguido à risca em escolinhas de esporte como a do clube A Hebraica, que tem mais de 30 anos. Há programas diferentes de acordo com a faixa etária. Segundo a coordenadora pedagógica do Departamento de Esportes do clube, Ana Lucia Portaro, quando as crianças praticam diversas modalidades, podem desenvolver o corpo com maior equilíbrio e trabalhar várias conexões motoras. "Mesclamos modalidades individuais com coletivas, porque é importante para elas fazer parte do grupo." No Esporte Clube Pinheiros, o Centro de Aprendizado Desportivo (CAD) oferece um programa com 12 modalidades (vôlei, basquete, handebol, futebol, atletismo, ginástica artística, judô, xadrez, esgrima, salto ornamental, pólo aquático e esportes com raquete), apresentadas ao longo de um ano, para crianças de 3 a 10 anos. As aulas acontecem duas vezes por semana, com uma hora e meia de duração a cada dia. "Nosso objetivo é despertar o interesse. Acreditamos que, a partir dos 11 anos, a criança tenha capacidade e habilidade para optar por uma modalidade", explica a coordenadora do departamento, Ana Célia Osso da Costa. A microempresária Lucia Mendes de Almeida, mãe de Marcelo Nogueira, que acabou de concluir o programa do CAD, aponta resultados positivos. "Ele aprendeu a ter mais respeito pelos outros. Hoje é mais paciente quando fica numa fila esperando sua vez." MOVIMENTOS Meninas e meninos equilibram-se em barras, traves e fazem rolamentos na aula de ginástica olímpica da Hebraica. Alessandra Sister, de 8 anos, começou aos 4 anos, saiu, mas decidiu voltar. "É legal, gosto de fazer os exercícios", fala. Sua colega Valerie Osmo Katz, de 8 anos, também escolheu a modalidade porque queria aprender a fazer "estrela". "Ela praticava natação e jazz, mas quis mudar para ginástica olímpica depois que assistiu às Olimpíadas", conta sua mãe, Daniela Osmo Katz, que atravessa a cidade para levá-la às aulas. "Mas vale a pena: ela ficou mais ágil, desenvolveu a coordenação motora e a disciplina." Ariela, de 7 anos, faz natação, aulas de habilidades motoras e de expressão corporal desde os 3. Sua irmã, Daphne, também freqüenta aulas esportivas. "Aprendem que, na vida, se ganha e se perde. E, para ganhar, é preciso muito treino", acredita a mãe, a decoradora Alexandra (que preferiu não revelar o sobrenome). O engenheiro Beny Fiterman assiste da arquibancada às aulas de judô de seus dois filhos - Fellipe, de 8 anos, e Michel, de 5 -, também na Hebraica. O próprio pai praticou a modalidade até a adolescência. "O Fellipe ficou mais autoconfiante, aprendeu sobre respeito ao mestre, aos adversários e às regras. O desenvolvimento é físico e mental", acredita. "Também é bom para a socialização: convivem com gente de todo tipo." Os irmãos Rodrigo, de 8 anos, e Gustavo, de 6, são alunos do CAD, no Clube Pinheiros. "É um modo de aprenderem o esporte brincando, sem pressão", fala a mãe deles, a designer gráfica e escritora de livros infantis Beatriz Villela Martins. "É importante praticarem um esporte fora da escola porque é mostrado um universo diferente." Para a aluna Julia Bighetto, de 9 anos, o CAD também revelou surpresas. "Adoro porque é gostoso, divertido, e não é por obrigação", resume. "Gosto de experimentar as modalidades e já fiz um monte de amigas." Uma delas é Ana Luisa Alessandri Tomas, de 10 anos. "Adorei a esgrima! Foi a mesma coisa com o judô: me senti bem na aula", conta. ENCANTOS DA BOLA A paixão nacional motiva uma legião de pequenos aprendizes. A cidade está repleta de escolas de futebol, inclusive as dos grandes clubes. O São Paulo Futebol Clube, por exemplo, tem uma série de escolinhas licenciadas na capital paulista. Uma delas funciona na unidade de Santana, que oferece aulas para a faixa etária dos 3 aos 20 anos. Para os mais novinhos, o babyfoot é um trabalho totalmente recreativo: apostam corrida com a bola, entre outras atividades que desenvolvem a velocidade, mas sempre brincando. A partir dos 6 anos, há um trabalho mais direcionado ao futebol. "A decisão de vir para cá deve partir da criança", reforça o preparador físico Douglas Cristian Rosa Pereira, coordenador da unidade. O objetivo maior é formar cidadãos: os alunos têm temas para pesquisar uma vez por semana. À medida que vão crescendo, também passam a aprender os fundamentos do futebol. Luka Diniz Saubo, de 9 anos, está na escolinha há três anos. Atualmente, faz aulas de uma hora e meia, duas vezes por semana. Mas, em casa, o jogo todo tempo. "Está sempre com uma bola: no quintal, no quarto", conta sua avó, Lidioneti Konstantinovas Diniz da Silva, de 55 anos. Um de seus amiguinhos, Guilherme Cruz Esteves, de 7 anos, começou a freqüentar a escolinha no começo deste ano. "Gosto de encontrar mais amigos. Também fico mais forte", fala. Outro aprendiz, Matheus Caixeta, de 9 anos, diz que gosta das aulas porque lembra do seu ídolo Kaká. "Estou melhorando. Quem sabe um dia jogo como ele!"

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