Reflexões sobre histórias e clichês femininos

São Paulo: meu amor bandido


Sinto que te conheço tanto e há tanto tempo... É como se não soubesse viver sem você, São Paulo. Meu amor bandido. Um vício de amor que vai e volta o tempo todo.

Por Marilia Neustein

Existem momentos em não gosto mesmo de você. Quero ir embora. Afinal, você me maltrata, toda vez que sou carinhosa contigo. Você me vem com aquele seu trânsito insuportável, com uma violência assustadora, com muita gente em todo lugar. Vive exibindo na minha cara que não é só meu, que é de todo mundo. Mas, mesmo assim, toda vez que quero me separar, parece que você dá a volta por cima: me promete mudar, me dá um show da Esperanza Spalding com direito a pôr-do-sol no Auditório Ibirapuera; me apresenta um restaurante delícia e baratex na Liberdade; me promete que vai, cada vez mais, plantar árvores e, quando eu nem perceber, vou estar andando dentro de um parque. Diz que vai me tratar bem, que vai ter um milhão de linhas de metrô para a gente poder ser feliz sempre. Fala que vai até tentar copiar Amsterdã, com as ciclovias; Nova York, com parques suspensos; e promete que vai até... copiar Paris, com cinemas ao ar livre no Parque da Água Branca. E eu, toda boba, acredito. E volto a te amar, São Paulo.

Toda vez que, num rompante, a gente tenta se separar, eu fico - inicialmente - feliz, aliviada. Entretanto, depois de alguns dias, morro de saudade. Porque tem coisas que são só suas. E olha que não estou falando da sua garoa (que, cada vez, está mais rara), mas de cantinhos especiais. De surpresas. De achar um restaurantezinho diferente no centro da cidade. Ouencontrar o mesmo sapateiro que fazia os sapatos do seu avô. De velhinhos andando de mãos dadas no Parque da Luz, comer canolli no Juventus e ainda, de quebra, assistir ao que há de melhor no teatro mundial, em uma sessão perdida no Sesc. Mas também sei que você não é fácil. Não dá nada de mão beijada. Faz a gente ficar na fila oito horas para ver a exposição bombada, pagar caro, quase achar que não vai chegar no concerto por causa do engarrafamento. Mas, depois, depois você é carinhoso, me oferece hamburguerias maravilhosas, cervejas artesanais. Acho que é por isso que nem todo mundo vê a sua graça. Isso só faz de você mais complexo, mais interessante. Meu amor bandido.

Daí eu tento te trair. Vou para o Rio. O Rio que é o meu "outro". O malemolente Rio de Janeiro, que, aparentemente, me trata bem, mas que, depois, se revela um garanhão, um malandrão que só quer tirar vantagem. Então, corro para os seus braços, de volta. Quero essa coisa que só eu conheço de você. E, mesmo quando brigamos, ai de quem se atrever a te criticar. Gente de fora que te chama de feio, de sujo, de "lugar onde as pessoas só trabalham". Só eu posso falar mal de você e, ainda assim, nunca o faço querendo te deixar, sempre quero que a gente fique junto, mas também quero que você mude. Porque eu vejo os arranha-céus. E me comovo com o pôr-do-sol que cai entre eles. Eu amo e odeio e só a gente sabe o que é nosso, São Paulo.

continua após a publicidade

Me acompanhe no Facebookhttps://www.facebook.com/blogsemretoques

Me acompanhe no Twitter@maneustein

Leia mais textos do Sem Retoqueshttp://blogs.estadao.com.br/sem-retoques/

continua após a publicidade

Posts relacionadosMorar Junto Alérgico de todo o mundo univos;Pequenos prazeres;  MãeMulheres e Copa: um caso de amormulheres solteiras; perfume de mulher Amigas:quem tem sabeserá que vou dar conta? ;  mãetá trabalhando, tá namorando?feita com muito esmero Do que não estava planejadoquando a ficha cai ou não caiamizades tardiasfifi de mulheramor de carnavalo tema das princesas a ditadura do rosa;  a dois;  Fair Playautoestima 2balzacas modernas; alérgicos de todo o mundo cabeceira femininaa labuta de cada dia;  a arte da copilotagemcasa da mãe joanaimagina depois da Copa; por que as mulheres se sentem feias?a difícil arte de dar passagembriga de amigaso sofrimento de ser pontual cartilha de amigao reiro das bridezillasbom dia, flor do diavocê sabe o que te faz feliz?tamanho da maladezembro lotadosol de costasfriorentosvida aberta

Existem momentos em não gosto mesmo de você. Quero ir embora. Afinal, você me maltrata, toda vez que sou carinhosa contigo. Você me vem com aquele seu trânsito insuportável, com uma violência assustadora, com muita gente em todo lugar. Vive exibindo na minha cara que não é só meu, que é de todo mundo. Mas, mesmo assim, toda vez que quero me separar, parece que você dá a volta por cima: me promete mudar, me dá um show da Esperanza Spalding com direito a pôr-do-sol no Auditório Ibirapuera; me apresenta um restaurante delícia e baratex na Liberdade; me promete que vai, cada vez mais, plantar árvores e, quando eu nem perceber, vou estar andando dentro de um parque. Diz que vai me tratar bem, que vai ter um milhão de linhas de metrô para a gente poder ser feliz sempre. Fala que vai até tentar copiar Amsterdã, com as ciclovias; Nova York, com parques suspensos; e promete que vai até... copiar Paris, com cinemas ao ar livre no Parque da Água Branca. E eu, toda boba, acredito. E volto a te amar, São Paulo.

Toda vez que, num rompante, a gente tenta se separar, eu fico - inicialmente - feliz, aliviada. Entretanto, depois de alguns dias, morro de saudade. Porque tem coisas que são só suas. E olha que não estou falando da sua garoa (que, cada vez, está mais rara), mas de cantinhos especiais. De surpresas. De achar um restaurantezinho diferente no centro da cidade. Ouencontrar o mesmo sapateiro que fazia os sapatos do seu avô. De velhinhos andando de mãos dadas no Parque da Luz, comer canolli no Juventus e ainda, de quebra, assistir ao que há de melhor no teatro mundial, em uma sessão perdida no Sesc. Mas também sei que você não é fácil. Não dá nada de mão beijada. Faz a gente ficar na fila oito horas para ver a exposição bombada, pagar caro, quase achar que não vai chegar no concerto por causa do engarrafamento. Mas, depois, depois você é carinhoso, me oferece hamburguerias maravilhosas, cervejas artesanais. Acho que é por isso que nem todo mundo vê a sua graça. Isso só faz de você mais complexo, mais interessante. Meu amor bandido.

Daí eu tento te trair. Vou para o Rio. O Rio que é o meu "outro". O malemolente Rio de Janeiro, que, aparentemente, me trata bem, mas que, depois, se revela um garanhão, um malandrão que só quer tirar vantagem. Então, corro para os seus braços, de volta. Quero essa coisa que só eu conheço de você. E, mesmo quando brigamos, ai de quem se atrever a te criticar. Gente de fora que te chama de feio, de sujo, de "lugar onde as pessoas só trabalham". Só eu posso falar mal de você e, ainda assim, nunca o faço querendo te deixar, sempre quero que a gente fique junto, mas também quero que você mude. Porque eu vejo os arranha-céus. E me comovo com o pôr-do-sol que cai entre eles. Eu amo e odeio e só a gente sabe o que é nosso, São Paulo.

Me acompanhe no Facebookhttps://www.facebook.com/blogsemretoques

Me acompanhe no Twitter@maneustein

Leia mais textos do Sem Retoqueshttp://blogs.estadao.com.br/sem-retoques/

Posts relacionadosMorar Junto Alérgico de todo o mundo univos;Pequenos prazeres;  MãeMulheres e Copa: um caso de amormulheres solteiras; perfume de mulher Amigas:quem tem sabeserá que vou dar conta? ;  mãetá trabalhando, tá namorando?feita com muito esmero Do que não estava planejadoquando a ficha cai ou não caiamizades tardiasfifi de mulheramor de carnavalo tema das princesas a ditadura do rosa;  a dois;  Fair Playautoestima 2balzacas modernas; alérgicos de todo o mundo cabeceira femininaa labuta de cada dia;  a arte da copilotagemcasa da mãe joanaimagina depois da Copa; por que as mulheres se sentem feias?a difícil arte de dar passagembriga de amigaso sofrimento de ser pontual cartilha de amigao reiro das bridezillasbom dia, flor do diavocê sabe o que te faz feliz?tamanho da maladezembro lotadosol de costasfriorentosvida aberta

Existem momentos em não gosto mesmo de você. Quero ir embora. Afinal, você me maltrata, toda vez que sou carinhosa contigo. Você me vem com aquele seu trânsito insuportável, com uma violência assustadora, com muita gente em todo lugar. Vive exibindo na minha cara que não é só meu, que é de todo mundo. Mas, mesmo assim, toda vez que quero me separar, parece que você dá a volta por cima: me promete mudar, me dá um show da Esperanza Spalding com direito a pôr-do-sol no Auditório Ibirapuera; me apresenta um restaurante delícia e baratex na Liberdade; me promete que vai, cada vez mais, plantar árvores e, quando eu nem perceber, vou estar andando dentro de um parque. Diz que vai me tratar bem, que vai ter um milhão de linhas de metrô para a gente poder ser feliz sempre. Fala que vai até tentar copiar Amsterdã, com as ciclovias; Nova York, com parques suspensos; e promete que vai até... copiar Paris, com cinemas ao ar livre no Parque da Água Branca. E eu, toda boba, acredito. E volto a te amar, São Paulo.

Toda vez que, num rompante, a gente tenta se separar, eu fico - inicialmente - feliz, aliviada. Entretanto, depois de alguns dias, morro de saudade. Porque tem coisas que são só suas. E olha que não estou falando da sua garoa (que, cada vez, está mais rara), mas de cantinhos especiais. De surpresas. De achar um restaurantezinho diferente no centro da cidade. Ouencontrar o mesmo sapateiro que fazia os sapatos do seu avô. De velhinhos andando de mãos dadas no Parque da Luz, comer canolli no Juventus e ainda, de quebra, assistir ao que há de melhor no teatro mundial, em uma sessão perdida no Sesc. Mas também sei que você não é fácil. Não dá nada de mão beijada. Faz a gente ficar na fila oito horas para ver a exposição bombada, pagar caro, quase achar que não vai chegar no concerto por causa do engarrafamento. Mas, depois, depois você é carinhoso, me oferece hamburguerias maravilhosas, cervejas artesanais. Acho que é por isso que nem todo mundo vê a sua graça. Isso só faz de você mais complexo, mais interessante. Meu amor bandido.

Daí eu tento te trair. Vou para o Rio. O Rio que é o meu "outro". O malemolente Rio de Janeiro, que, aparentemente, me trata bem, mas que, depois, se revela um garanhão, um malandrão que só quer tirar vantagem. Então, corro para os seus braços, de volta. Quero essa coisa que só eu conheço de você. E, mesmo quando brigamos, ai de quem se atrever a te criticar. Gente de fora que te chama de feio, de sujo, de "lugar onde as pessoas só trabalham". Só eu posso falar mal de você e, ainda assim, nunca o faço querendo te deixar, sempre quero que a gente fique junto, mas também quero que você mude. Porque eu vejo os arranha-céus. E me comovo com o pôr-do-sol que cai entre eles. Eu amo e odeio e só a gente sabe o que é nosso, São Paulo.

Me acompanhe no Facebookhttps://www.facebook.com/blogsemretoques

Me acompanhe no Twitter@maneustein

Leia mais textos do Sem Retoqueshttp://blogs.estadao.com.br/sem-retoques/

Posts relacionadosMorar Junto Alérgico de todo o mundo univos;Pequenos prazeres;  MãeMulheres e Copa: um caso de amormulheres solteiras; perfume de mulher Amigas:quem tem sabeserá que vou dar conta? ;  mãetá trabalhando, tá namorando?feita com muito esmero Do que não estava planejadoquando a ficha cai ou não caiamizades tardiasfifi de mulheramor de carnavalo tema das princesas a ditadura do rosa;  a dois;  Fair Playautoestima 2balzacas modernas; alérgicos de todo o mundo cabeceira femininaa labuta de cada dia;  a arte da copilotagemcasa da mãe joanaimagina depois da Copa; por que as mulheres se sentem feias?a difícil arte de dar passagembriga de amigaso sofrimento de ser pontual cartilha de amigao reiro das bridezillasbom dia, flor do diavocê sabe o que te faz feliz?tamanho da maladezembro lotadosol de costasfriorentosvida aberta

Existem momentos em não gosto mesmo de você. Quero ir embora. Afinal, você me maltrata, toda vez que sou carinhosa contigo. Você me vem com aquele seu trânsito insuportável, com uma violência assustadora, com muita gente em todo lugar. Vive exibindo na minha cara que não é só meu, que é de todo mundo. Mas, mesmo assim, toda vez que quero me separar, parece que você dá a volta por cima: me promete mudar, me dá um show da Esperanza Spalding com direito a pôr-do-sol no Auditório Ibirapuera; me apresenta um restaurante delícia e baratex na Liberdade; me promete que vai, cada vez mais, plantar árvores e, quando eu nem perceber, vou estar andando dentro de um parque. Diz que vai me tratar bem, que vai ter um milhão de linhas de metrô para a gente poder ser feliz sempre. Fala que vai até tentar copiar Amsterdã, com as ciclovias; Nova York, com parques suspensos; e promete que vai até... copiar Paris, com cinemas ao ar livre no Parque da Água Branca. E eu, toda boba, acredito. E volto a te amar, São Paulo.

Toda vez que, num rompante, a gente tenta se separar, eu fico - inicialmente - feliz, aliviada. Entretanto, depois de alguns dias, morro de saudade. Porque tem coisas que são só suas. E olha que não estou falando da sua garoa (que, cada vez, está mais rara), mas de cantinhos especiais. De surpresas. De achar um restaurantezinho diferente no centro da cidade. Ouencontrar o mesmo sapateiro que fazia os sapatos do seu avô. De velhinhos andando de mãos dadas no Parque da Luz, comer canolli no Juventus e ainda, de quebra, assistir ao que há de melhor no teatro mundial, em uma sessão perdida no Sesc. Mas também sei que você não é fácil. Não dá nada de mão beijada. Faz a gente ficar na fila oito horas para ver a exposição bombada, pagar caro, quase achar que não vai chegar no concerto por causa do engarrafamento. Mas, depois, depois você é carinhoso, me oferece hamburguerias maravilhosas, cervejas artesanais. Acho que é por isso que nem todo mundo vê a sua graça. Isso só faz de você mais complexo, mais interessante. Meu amor bandido.

Daí eu tento te trair. Vou para o Rio. O Rio que é o meu "outro". O malemolente Rio de Janeiro, que, aparentemente, me trata bem, mas que, depois, se revela um garanhão, um malandrão que só quer tirar vantagem. Então, corro para os seus braços, de volta. Quero essa coisa que só eu conheço de você. E, mesmo quando brigamos, ai de quem se atrever a te criticar. Gente de fora que te chama de feio, de sujo, de "lugar onde as pessoas só trabalham". Só eu posso falar mal de você e, ainda assim, nunca o faço querendo te deixar, sempre quero que a gente fique junto, mas também quero que você mude. Porque eu vejo os arranha-céus. E me comovo com o pôr-do-sol que cai entre eles. Eu amo e odeio e só a gente sabe o que é nosso, São Paulo.

Me acompanhe no Facebookhttps://www.facebook.com/blogsemretoques

Me acompanhe no Twitter@maneustein

Leia mais textos do Sem Retoqueshttp://blogs.estadao.com.br/sem-retoques/

Posts relacionadosMorar Junto Alérgico de todo o mundo univos;Pequenos prazeres;  MãeMulheres e Copa: um caso de amormulheres solteiras; perfume de mulher Amigas:quem tem sabeserá que vou dar conta? ;  mãetá trabalhando, tá namorando?feita com muito esmero Do que não estava planejadoquando a ficha cai ou não caiamizades tardiasfifi de mulheramor de carnavalo tema das princesas a ditadura do rosa;  a dois;  Fair Playautoestima 2balzacas modernas; alérgicos de todo o mundo cabeceira femininaa labuta de cada dia;  a arte da copilotagemcasa da mãe joanaimagina depois da Copa; por que as mulheres se sentem feias?a difícil arte de dar passagembriga de amigaso sofrimento de ser pontual cartilha de amigao reiro das bridezillasbom dia, flor do diavocê sabe o que te faz feliz?tamanho da maladezembro lotadosol de costasfriorentosvida aberta

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.