É provável que um tropeço do São Paulo no ainda mais cambaleante Santos na quinta-feira custe o pescoço de Hernán Crespo.
O treinador tido como quase herói meses atrás, quando tirou o time do Morumbi de uma fila de título do tamanho daquelas que se vê em órgãos públicos, virou um quase vilão.
O Tricolor vai mal no Brasileirão. Alguém tem de ser culpado, alguém tem de pagar.
E como futebol é resultado acima de tudo...
É fato que o São Paulo de Crespo parou no tempo. O time não evolui, como se diz e se escreve por aí já há algumas semanas.
O argentino não encontra uma nova maneira de jogar que torne a equipe competitiva.
O São Paulo de hoje é um time inseguro, sem imaginação, carente de alternativas. Pobre taticamente.
E também tecnicamente.
Não vou nem perder tempo com a má fase do normalmente bom goleiro Tiago Volpi.
Nem com a estupidez que foi contratar (na gestão passada) um jogador egoista como Daniel Alves.
Os problemas do para esta temporada reforçado São Paulo são outros. Também outros, além dos que são bastante claros.
Um deles é a eterna mania dos são-paulinos de supervalorizarem seus jogadores.
Dos últimos reforços, o bom Miranda já não é o mesmo de outrora, Benítez vive machucado, Eder nunca foi jogador de resolver partidas...
E Calleri, tido como salvador da pátria e que tem a seu favor o fato de ainda estar se aclimatando, nada fez em nenhum dos vários times por que passou depois que saiu do Morumbi. Nada indica que vá ser tornar um artilheiro poderoso agora.
Outro problema é achar que todo jogador feito em Cotia é craque. O São Paulo produz muitos bons jogadores. Mas faz tempo que não aparece um capaz de decidir partidas.
Sem citar nomes por respeito ao noviciato de todos os saídos do forno de Cotia para o elenco principal neste momento, não há, entre os garotos, ninguém que faça a diferença.
Mas a cabeça que está a prêmio é a do treinador. Sempre foi assim. Por que mudar?
Crespo quase foi demitido na segunda-feira. Muricy Ramalho, conhecedor profundo do Morumbi e rara voz sensata neste momento, não deixou. Fez certo.
No entanto, talvez nem ele seja capaz de segurar o treinador se a vitória sobre o Santos não vier.
Não há anjo da guarda capaz de proteger alguém, quando há a tentação de fazer o mais fácil e jogar pra torcida.