São Paulo e Fluminense vinham bem na Libertadores. No momento de definição dos grupos, porém, acabaram se complicando por motivos diferentes, que podem ter consequências diferentes também.
O São Paulo possivelmente vá pagar com a perda do primeiro lugar no grupo a decisão de jogar com um time reserva contra o Racing.
O blog não criticou o planejamento feito pelo Tricolor paulista para enfrentar o insano calendário brasileiro e sul-americano, e não o fará agora que o primeiro lugar na chave escorre pelos dedos.
Mas acha necessário pontuar que o time reserva do São Paulo tinha plenas condições de vencer Ferroviária e Mirassol pelo Campeonato Paulista e também o Rentistas pela Libertadores - algo que só não ocorreu pelo pênalti perdido por Vitor Bueno e, sobretudo, pela atuação do goleiro uruguaio.
Bater o Racing, porém, desde o jogo em Buenos Aires ficou claro que seria missão mais afeita ao time titular.
A pressão pelo título paulista em um clube que há quase nove anos não sabe o que é levantar uma taça - o próprio estadual não é ganho desde 2005 -, porém, fez os titulares se cansarem em jogos fáceis.
Por isso, precisaram descansar para os jogos que serão complicados, os contra o Palmeiras, justamente no duelo contra o rival mais forte da Libertadores.
A conta veio. Derrota e virtual perda do primeiro lugar da chave, o que deve representar maiores dificuldades no mata-mata.
Faz diferença ser primeiro ou segundo na fase de grupos da Libertadores sim.
Esse papo de que time que quer ser campeão não escolhe adversário é mais uma das muitas mentiras, uma das maiores, do futebol.
Pelo simples motivo de que quanto menos pedra tem o caminho, mais fácil se chega ao destino, que é o que interessa.
Essa é uma opção que o São Paulo teve de arriscar desprezar. E que, na Libertadores, pode custar caro.
O Fluminense poderá pagar mais caro ainda, com a desclassificação, mas por outro motivo: a ilusão dos resultados.
O time não consegue fazer uma partida inteira de bom nível. Tem momentos bons, mas em todos os jogos, na maior parte do tempo, a produção é ruim.
A irregularidade apresentada jogo após jogo vinha sendo compensada com dedicação, vontade. E isso escondeu os muitos problemas da equipe.
Rotineiramente, o Fluminense sai atrás no placar - foi assim até no primeiro jogo com a pequena Portuguesa, na semifinal do Carioca - e depois corre atrás. Empata ou vira.
Estava na cara, pois o futebol é assim, que um dia isso não ocorreria.
E como o futebol também ensina, normalmente a "sorte'' falta em momentos decisivos. Foi o que aconteceu diante do Junior Barranquilla.
Ainda dá tempo de reagir, mas, para isso, o técnico Roger Machado precisa rever seus conceitos.
Não porque sejam ruins, mas porque sempre é preciso ter alternativas, algo que o Flu de Roger não tem.
O time joga sempre da mesma maneira, taticamente, e ele faz sempre as mesmas substituições.
Contra o Junior, ao contrário do que Roger disse, o time cedeu um contra-ataque atrás do outro.
Era preciso uma coisa básica, reforçar a marcação, até para poder de atacar sem se expor.
Roger não percebeu ou não quis mexer. E o castigo veio no segundo gol, quando o colombiano teve grande liberdade para concluir, situação ilustrada pela correria desesperada, e sem sucesso, de Yago Felipe para tentar combatê-lo.
O Flu também tem uma decisão pela frente, de um título que não conquista há oito anos e que, apesar de não ser muito importante, pode ser ganho em cima do maior rival - que, diga-se, tem muito, mas muito mais time.
Para isso, porém, o Tricolor carioca terá de rever conceitos, para ao menos poder lutar.
Isso vale para o Carioca e na próxima terça-feira, contra o River Plate.
Do contrário, o Fluminense será mais uma vítima da ilusão. E não poderá reclamar.