Eles falam português e vivem a ansiedade de uma decisão esportiva a milhares de quilômetros de onde vivem. No País do futebol, esses jovens são apaixonados por outra modalidade, o futebol americano, e contam os minutos até o pontapé inicial do Super Bowl, a final da competição nos Estados Unidos, marcada para domingo, às 20h30. Muitos deles queriam estar em Miami, palco do grande evento, para conferir de perto o duelo entre Kansas City Chiefs e San Francisco 49ers, que será mostrado no Brasil pela ESPN. Mas essa turma vai acompanhar pela TV e torcer como se estivesse no estádio Hard Rock.
A preferência pelos gigantes da NFL, a liga de futebol americano, é um fenômeno que vem crescendo a cada ano no Brasil. A tecnologia e as transmissões de TV aproximaram a modalidade dos brasileiros. Eles sabem as regras, usam uniformes oficiais e falam com familiaridade de jogadores como se estivessem se referindo a Neymar e Gabigol.
"O futebol americano para mim é uma paixão maior do que o futebol. Acompanho os jogos desde criança. Conheço outras pessoas que compartilham essa paixão e acabamos nos tornando uma família”, contou o empresário Jair Manzini em entrevista ao Estado.
Ansioso para a final da NFL, Manzini declara que sua torcida vai para o Kansas City Chiefs. "Estou esperando uma vitória do Chiefs. O quarterback do time é fantástico. Acredito que vai ser um placar bem acirrado. Estou chutando 35 a 29", aposta o torcedor.
Quem também vai torcer para o Chiefs é o cineasta Anderson Peter, de 25 anos. "Tenho certeza que eles vão superar o San Francisco 49ers", diz ele, que começou a acompanhar o futebol americano aos 14 anos quando viu um time jogando no Parque Villa-Lobos, em São Paulo. "Comecei a ver um pessoal jogando no Villa-Lobos e fiquei curioso para saber o que era aquilo. Na época, descobri que não era rúgbi e sim futebol americano", conta rindo. "Depois disso, comecei a ver onde passavam os jogos e me apaixonei pelo esporte. Em 2017 entrei em um time, o Crimson Fox, e desde então nunca mais parei de jogar".
No País do futebol, jovens dão preferência por jogos da NFL
Seu companheiro de equipe, Luiz Felipe Hummel, de 32 anos, revela que sempre gostou de futebol, mas o esporte que ganhou o seu coração foi o futebol dos EUA. "Gosto do modelo do esporte. É muita tática. A cada jogada você consegue analisar o que aconteceu e tudo isso foi me levando para o esporte. Os narradores também ajudam. Eles deixam todos empolgados". Para ele, quem vai levantar o troféu será o 49ers.
"Estou ansioso. Fico procurando informações sobre a partida, quero saber como os jogadores estão", diz Luiz Felipe. A professora universitária Carla Marcolin aposta nos Chiefs. O Super Bowl tem bom público feminino, inclusive no Brasil. "Ver o Patrick Mahomes em ação é espetacular. Esse cara é incrível. Não consigo deixar de torcer para ele. Estou animada também para o Show do Intervalo, gosto do espetáculo."
O Super Bowl será transmitido em salas de cinema por todo o País e em bares e pubs. Alguns deles, como o Bud Basement, no Morumbi, vão contar com decoração dos times. Um dos locais mais inusitados será o Salão Nobre do Parque São Jorge. De acordo com a organização do evento, mais de mil pessoas estão confirmadas. Com entrada gratuita, a sede do Corinthians vai abrir as portas às 17h. No local, a transmissão acontecerá em um telão e contará com Food Trucks. "Esperamos casa cheia", diz Ricardo Trigo, presidente da Federação Paulista de futebol americano e diretor do Corinthians Steamrollers.