Boxe: Federação x Confederação


Por Agencia Estado

No córner azul, um senhor de 78 anos, Newton Campos, representante da mais tradicional estirpe de lutadores; no córner vermelho, a nova cara do boxe nacional, Luiz Cláudio Braga Boselli, um quarentão bem articulado e amparado pelos principais nomes do esporte brasileiro. Apesar de os dois estarem intimidados ligados ao pugilismo, Newton preside a Federação Paulista de Boxe (FPB) e Boselli esta a frente da Confederação Brasileira de Boxe (CBBoxe), a luta entre ambos não se dá sobre os ringues, não chegou, ainda, às agressões físicas. O combate se dá por meio de acusações, palavras duras; uma briga de egos, não por títulos, mas por espaço, por poder. Newton Campos procurou a Agência Estado para, segundo ele, revelar o porquê do desentendimento entre as entidades, que prejudicou ainda mais o maltrapilho boxe nacional e culminou no processo de desfiliação da FPB. "Esse Boselli é um mentiroso de marca maior, precisamos desmascarar esse sujeito, um profissional da mentira", começou assim o dirigente paulista. Entre exemplos de supostas provas de má gestão estão a de que o presidente da confederação vem usando sua sede ? na Abílio Soares, 1300, na capital ?, como loja para vender materiais esportivos da marca América, de propriedade de Boselli. Antônio Bernardo, de 64 anos, árbitro de boxe ligado à FPB, mostrou uma gravação telefônica em que uma funcionária da CBBoxe de nome Patrícia, atende o telefone da sede da entidade e passa o orçamento de luvas, capacetes e protetores para lutadoras, todos da América. "Qual o problema nisso. Se ligarem para a Federação Paulista eu tenho certeza que eles também vão passar informações sobre as melhores marcas do mercado", justificou Boselli. O dirigente primeiro se esquivou, em seguida contra-atacou. "Engraçado são eles (Newton e Bernardo) falarem que eu me aproveito da Confederação. Eles enriqueceram com a Federação, se cansaram de desviar dinheiro. A diferença entre eles e eu é que eles vivem do boxe, comem boxe, eu apenas trabalho para o boxe" disse Boselli. Newton Campos garante nunca ter lucrado com o boxe, a não ser no tempo em que trabalhava como jornalista da Gazeta Esportiva, onde assinou por mais de 30 anos a coluna Na Onda Quente do Boxe. Se sustenta hoje com suas aposentadorias. "Isso aqui (FPB) não dá dinheiro. Não temos fonte de renda alguma", lamentou. "A Confederação é que recebe uma fortuna do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e não ajuda nenhuma federação." O COB destinou a CBBoxe em 2003 mais de R$ 700 mil. "Ele precisa arranjar um jeito de ganhar dinheiro e não só ficar lamentando", provocou Boselli. "A verba que nós recebemos do COB, por lei, não pode ser repassada. As federações têm de criar suas receitas." A FPB se mantém utilizando os rendimentos dos cerca de R$ 70 mil reais, aplicados no Banco Bradesco, acumulados da época em que a entidade recebia R$ 15 mil por mês de dois bingos da cidade. Gasta por volta de R$ 12 mil mensais. A CBBoxe investe o dinheiro recebido do COB na manutenção da seleção olímpica permanente, com 24 atletas hospedados em Santo André. Os dois lados não se entendem em um único ponto. "Essa seleção permanente é um absurdo. Onde foi que já se viu tirar o atleta da academia para ficar gastando dinheiro num alojamento" criticou Antônio Bernardo, que já anunciou sua candidatura à sucessão de Boselli, em 2005. Boselli é a favor da contagem eletrônica dos pontos e sempre repreendeu a FPB por não adotar tal sistema, utilizado no Pan e nos Jogos Olímpicos. Pela contagem eletrônica, o jurado aciona um botão a cada golpe visto e se três dos cinco jurados perceberem o mesmo soco, o boxeador que o desferiu ganha um ponto. Este e outros desentendimentos resultaram na assembléia da Confederação que, no ano passado, decidiu desfiliar a FPB e as federações paranaense e carioca, aliadas de Newton. O processo ainda não foi concluído, mas, antecipando-se à decisão, a Federação Paulista protocolou um ofício exigindo seu desligamento da entidade. Hoje, a CBBoxe se remete em São Paulo apenas à Federação de Boxe do Estado de São Paulo, criada recentemente com o apoio de Boselli. Pan ? A má campanha do Brasil no Pan-Americano de São Domingos este ano foi a gota d´água para Newton. "O sr. Boselli levou lutador nas 11 categorias apenas para enganar o COB, para levar mais verba. Fomos com 11 e ganhamos só duas medalhas de bronze. Ficamos em último lugar!" Ele não aceita sequer voltar a conversar com Boselli. Não admite o fato de a CBBoxe ter virado às costas para seu trabalho. "Ele sabe que nós é que sabemos fazer luta, ele não sabe nada", argumenta o dirigente. "Mas o Boselli não quer o bem do pugilismo, ele quer é ganhar dinheiro e vender seus materiais." Para Boselli, Newton Campos é um personagem ultrapassado. E chega a menosprezar as competições organizadas pela FPB. "Ele fica fazendo aquelas lutas todas as terças-feiras para quê? Elas servem para quê? Não levam a nada." Primeiros atritos ? Boselli, até 1998, quando assumiu a presidência da CBBoxe, era árbitro de lutas promovidas pela FPB. "E era bastante fraco, diga-se de passagem", alfineta Newton Campos. Em 2000, no Campeonato Brasileiro de Mauá, o primeiro atrito. "Ele ficou chateado porque o tratamos como qualquer outro presidente de federação. Mas ele não aceita isso, acha que é o maior de todos", disse Boselli. "São Paulo estava ganhando as lutas e mesmo assim ele brigava, esperneava, era grosso com todo mundo." Segundo o presidente da Confederação, as outras federações se sentiram ofendidas e pediram para tirar Newton da área técnica. "Não foi nada disso. Ele (Boselli) saía dizendo aos quatro cantos que era hora de acabar com a hegemonia de São Paulo no boxe. Ele saía com os árbitros tentando convencê-los disso. Aí eu fiquei uma fera, claro. Quando mexem com meu Estado eu sou malcriado mesmo", defendeu-se Newton. Outro entrevero. Uma delegação francesa veio a São Paulo em 2000 disputar cinco lutas contra os paulistas. Os visitantes perderam por 4 a 1 e pleitearam com a Federação Paulista a realização de um novo evento, para o ano seguinte, desta vez em Paris. "Pedimos aos franceses um prazo maior para mandarmos nossos atletas, afinal estávamos em pleno Torneio dos Campeões" explicou Newton. Por achar que o combate Brasil x França saía da alçada da FPB, mandou a correspondência a CBBoxe. "Na hora que o Boselli soube que tinha dinheiro na história, não pensou duas vezes. Mandou todo mundo às pressas, sem preparação alguma", irrita-se o ex-jornalista. "E você sabe o que aconteceu?! Perdemos por 8 a 0, isso mesmo, 8 a 0, por pura ganância!" Alguns anos antes, em agosto de 1999, Newton Campos lembra-se que foi ele quem deu a notícia a Boselli do recém conquistado título mundial de Acelino Popó, na França, contra Anatole Alexandrov, pelos superpenas. "Fazia 24 anos que o Brasil não tinha um campeão mundial. Era um momento histórico para o boxe nacional. Liguei para o Boselli (que estava no Pan-Americano de Winnipeg) e contei, empolgado, o que acabara de assistir. E sabe o que ele respondeu? Ah é, ganhou, que bom... Ah, fiquei bobo com o descaso dele. Naquele momento eu vi que ele não tinha jeito para dirigente, não era do boxe."

No córner azul, um senhor de 78 anos, Newton Campos, representante da mais tradicional estirpe de lutadores; no córner vermelho, a nova cara do boxe nacional, Luiz Cláudio Braga Boselli, um quarentão bem articulado e amparado pelos principais nomes do esporte brasileiro. Apesar de os dois estarem intimidados ligados ao pugilismo, Newton preside a Federação Paulista de Boxe (FPB) e Boselli esta a frente da Confederação Brasileira de Boxe (CBBoxe), a luta entre ambos não se dá sobre os ringues, não chegou, ainda, às agressões físicas. O combate se dá por meio de acusações, palavras duras; uma briga de egos, não por títulos, mas por espaço, por poder. Newton Campos procurou a Agência Estado para, segundo ele, revelar o porquê do desentendimento entre as entidades, que prejudicou ainda mais o maltrapilho boxe nacional e culminou no processo de desfiliação da FPB. "Esse Boselli é um mentiroso de marca maior, precisamos desmascarar esse sujeito, um profissional da mentira", começou assim o dirigente paulista. Entre exemplos de supostas provas de má gestão estão a de que o presidente da confederação vem usando sua sede ? na Abílio Soares, 1300, na capital ?, como loja para vender materiais esportivos da marca América, de propriedade de Boselli. Antônio Bernardo, de 64 anos, árbitro de boxe ligado à FPB, mostrou uma gravação telefônica em que uma funcionária da CBBoxe de nome Patrícia, atende o telefone da sede da entidade e passa o orçamento de luvas, capacetes e protetores para lutadoras, todos da América. "Qual o problema nisso. Se ligarem para a Federação Paulista eu tenho certeza que eles também vão passar informações sobre as melhores marcas do mercado", justificou Boselli. O dirigente primeiro se esquivou, em seguida contra-atacou. "Engraçado são eles (Newton e Bernardo) falarem que eu me aproveito da Confederação. Eles enriqueceram com a Federação, se cansaram de desviar dinheiro. A diferença entre eles e eu é que eles vivem do boxe, comem boxe, eu apenas trabalho para o boxe" disse Boselli. Newton Campos garante nunca ter lucrado com o boxe, a não ser no tempo em que trabalhava como jornalista da Gazeta Esportiva, onde assinou por mais de 30 anos a coluna Na Onda Quente do Boxe. Se sustenta hoje com suas aposentadorias. "Isso aqui (FPB) não dá dinheiro. Não temos fonte de renda alguma", lamentou. "A Confederação é que recebe uma fortuna do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e não ajuda nenhuma federação." O COB destinou a CBBoxe em 2003 mais de R$ 700 mil. "Ele precisa arranjar um jeito de ganhar dinheiro e não só ficar lamentando", provocou Boselli. "A verba que nós recebemos do COB, por lei, não pode ser repassada. As federações têm de criar suas receitas." A FPB se mantém utilizando os rendimentos dos cerca de R$ 70 mil reais, aplicados no Banco Bradesco, acumulados da época em que a entidade recebia R$ 15 mil por mês de dois bingos da cidade. Gasta por volta de R$ 12 mil mensais. A CBBoxe investe o dinheiro recebido do COB na manutenção da seleção olímpica permanente, com 24 atletas hospedados em Santo André. Os dois lados não se entendem em um único ponto. "Essa seleção permanente é um absurdo. Onde foi que já se viu tirar o atleta da academia para ficar gastando dinheiro num alojamento" criticou Antônio Bernardo, que já anunciou sua candidatura à sucessão de Boselli, em 2005. Boselli é a favor da contagem eletrônica dos pontos e sempre repreendeu a FPB por não adotar tal sistema, utilizado no Pan e nos Jogos Olímpicos. Pela contagem eletrônica, o jurado aciona um botão a cada golpe visto e se três dos cinco jurados perceberem o mesmo soco, o boxeador que o desferiu ganha um ponto. Este e outros desentendimentos resultaram na assembléia da Confederação que, no ano passado, decidiu desfiliar a FPB e as federações paranaense e carioca, aliadas de Newton. O processo ainda não foi concluído, mas, antecipando-se à decisão, a Federação Paulista protocolou um ofício exigindo seu desligamento da entidade. Hoje, a CBBoxe se remete em São Paulo apenas à Federação de Boxe do Estado de São Paulo, criada recentemente com o apoio de Boselli. Pan ? A má campanha do Brasil no Pan-Americano de São Domingos este ano foi a gota d´água para Newton. "O sr. Boselli levou lutador nas 11 categorias apenas para enganar o COB, para levar mais verba. Fomos com 11 e ganhamos só duas medalhas de bronze. Ficamos em último lugar!" Ele não aceita sequer voltar a conversar com Boselli. Não admite o fato de a CBBoxe ter virado às costas para seu trabalho. "Ele sabe que nós é que sabemos fazer luta, ele não sabe nada", argumenta o dirigente. "Mas o Boselli não quer o bem do pugilismo, ele quer é ganhar dinheiro e vender seus materiais." Para Boselli, Newton Campos é um personagem ultrapassado. E chega a menosprezar as competições organizadas pela FPB. "Ele fica fazendo aquelas lutas todas as terças-feiras para quê? Elas servem para quê? Não levam a nada." Primeiros atritos ? Boselli, até 1998, quando assumiu a presidência da CBBoxe, era árbitro de lutas promovidas pela FPB. "E era bastante fraco, diga-se de passagem", alfineta Newton Campos. Em 2000, no Campeonato Brasileiro de Mauá, o primeiro atrito. "Ele ficou chateado porque o tratamos como qualquer outro presidente de federação. Mas ele não aceita isso, acha que é o maior de todos", disse Boselli. "São Paulo estava ganhando as lutas e mesmo assim ele brigava, esperneava, era grosso com todo mundo." Segundo o presidente da Confederação, as outras federações se sentiram ofendidas e pediram para tirar Newton da área técnica. "Não foi nada disso. Ele (Boselli) saía dizendo aos quatro cantos que era hora de acabar com a hegemonia de São Paulo no boxe. Ele saía com os árbitros tentando convencê-los disso. Aí eu fiquei uma fera, claro. Quando mexem com meu Estado eu sou malcriado mesmo", defendeu-se Newton. Outro entrevero. Uma delegação francesa veio a São Paulo em 2000 disputar cinco lutas contra os paulistas. Os visitantes perderam por 4 a 1 e pleitearam com a Federação Paulista a realização de um novo evento, para o ano seguinte, desta vez em Paris. "Pedimos aos franceses um prazo maior para mandarmos nossos atletas, afinal estávamos em pleno Torneio dos Campeões" explicou Newton. Por achar que o combate Brasil x França saía da alçada da FPB, mandou a correspondência a CBBoxe. "Na hora que o Boselli soube que tinha dinheiro na história, não pensou duas vezes. Mandou todo mundo às pressas, sem preparação alguma", irrita-se o ex-jornalista. "E você sabe o que aconteceu?! Perdemos por 8 a 0, isso mesmo, 8 a 0, por pura ganância!" Alguns anos antes, em agosto de 1999, Newton Campos lembra-se que foi ele quem deu a notícia a Boselli do recém conquistado título mundial de Acelino Popó, na França, contra Anatole Alexandrov, pelos superpenas. "Fazia 24 anos que o Brasil não tinha um campeão mundial. Era um momento histórico para o boxe nacional. Liguei para o Boselli (que estava no Pan-Americano de Winnipeg) e contei, empolgado, o que acabara de assistir. E sabe o que ele respondeu? Ah é, ganhou, que bom... Ah, fiquei bobo com o descaso dele. Naquele momento eu vi que ele não tinha jeito para dirigente, não era do boxe."

No córner azul, um senhor de 78 anos, Newton Campos, representante da mais tradicional estirpe de lutadores; no córner vermelho, a nova cara do boxe nacional, Luiz Cláudio Braga Boselli, um quarentão bem articulado e amparado pelos principais nomes do esporte brasileiro. Apesar de os dois estarem intimidados ligados ao pugilismo, Newton preside a Federação Paulista de Boxe (FPB) e Boselli esta a frente da Confederação Brasileira de Boxe (CBBoxe), a luta entre ambos não se dá sobre os ringues, não chegou, ainda, às agressões físicas. O combate se dá por meio de acusações, palavras duras; uma briga de egos, não por títulos, mas por espaço, por poder. Newton Campos procurou a Agência Estado para, segundo ele, revelar o porquê do desentendimento entre as entidades, que prejudicou ainda mais o maltrapilho boxe nacional e culminou no processo de desfiliação da FPB. "Esse Boselli é um mentiroso de marca maior, precisamos desmascarar esse sujeito, um profissional da mentira", começou assim o dirigente paulista. Entre exemplos de supostas provas de má gestão estão a de que o presidente da confederação vem usando sua sede ? na Abílio Soares, 1300, na capital ?, como loja para vender materiais esportivos da marca América, de propriedade de Boselli. Antônio Bernardo, de 64 anos, árbitro de boxe ligado à FPB, mostrou uma gravação telefônica em que uma funcionária da CBBoxe de nome Patrícia, atende o telefone da sede da entidade e passa o orçamento de luvas, capacetes e protetores para lutadoras, todos da América. "Qual o problema nisso. Se ligarem para a Federação Paulista eu tenho certeza que eles também vão passar informações sobre as melhores marcas do mercado", justificou Boselli. O dirigente primeiro se esquivou, em seguida contra-atacou. "Engraçado são eles (Newton e Bernardo) falarem que eu me aproveito da Confederação. Eles enriqueceram com a Federação, se cansaram de desviar dinheiro. A diferença entre eles e eu é que eles vivem do boxe, comem boxe, eu apenas trabalho para o boxe" disse Boselli. Newton Campos garante nunca ter lucrado com o boxe, a não ser no tempo em que trabalhava como jornalista da Gazeta Esportiva, onde assinou por mais de 30 anos a coluna Na Onda Quente do Boxe. Se sustenta hoje com suas aposentadorias. "Isso aqui (FPB) não dá dinheiro. Não temos fonte de renda alguma", lamentou. "A Confederação é que recebe uma fortuna do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e não ajuda nenhuma federação." O COB destinou a CBBoxe em 2003 mais de R$ 700 mil. "Ele precisa arranjar um jeito de ganhar dinheiro e não só ficar lamentando", provocou Boselli. "A verba que nós recebemos do COB, por lei, não pode ser repassada. As federações têm de criar suas receitas." A FPB se mantém utilizando os rendimentos dos cerca de R$ 70 mil reais, aplicados no Banco Bradesco, acumulados da época em que a entidade recebia R$ 15 mil por mês de dois bingos da cidade. Gasta por volta de R$ 12 mil mensais. A CBBoxe investe o dinheiro recebido do COB na manutenção da seleção olímpica permanente, com 24 atletas hospedados em Santo André. Os dois lados não se entendem em um único ponto. "Essa seleção permanente é um absurdo. Onde foi que já se viu tirar o atleta da academia para ficar gastando dinheiro num alojamento" criticou Antônio Bernardo, que já anunciou sua candidatura à sucessão de Boselli, em 2005. Boselli é a favor da contagem eletrônica dos pontos e sempre repreendeu a FPB por não adotar tal sistema, utilizado no Pan e nos Jogos Olímpicos. Pela contagem eletrônica, o jurado aciona um botão a cada golpe visto e se três dos cinco jurados perceberem o mesmo soco, o boxeador que o desferiu ganha um ponto. Este e outros desentendimentos resultaram na assembléia da Confederação que, no ano passado, decidiu desfiliar a FPB e as federações paranaense e carioca, aliadas de Newton. O processo ainda não foi concluído, mas, antecipando-se à decisão, a Federação Paulista protocolou um ofício exigindo seu desligamento da entidade. Hoje, a CBBoxe se remete em São Paulo apenas à Federação de Boxe do Estado de São Paulo, criada recentemente com o apoio de Boselli. Pan ? A má campanha do Brasil no Pan-Americano de São Domingos este ano foi a gota d´água para Newton. "O sr. Boselli levou lutador nas 11 categorias apenas para enganar o COB, para levar mais verba. Fomos com 11 e ganhamos só duas medalhas de bronze. Ficamos em último lugar!" Ele não aceita sequer voltar a conversar com Boselli. Não admite o fato de a CBBoxe ter virado às costas para seu trabalho. "Ele sabe que nós é que sabemos fazer luta, ele não sabe nada", argumenta o dirigente. "Mas o Boselli não quer o bem do pugilismo, ele quer é ganhar dinheiro e vender seus materiais." Para Boselli, Newton Campos é um personagem ultrapassado. E chega a menosprezar as competições organizadas pela FPB. "Ele fica fazendo aquelas lutas todas as terças-feiras para quê? Elas servem para quê? Não levam a nada." Primeiros atritos ? Boselli, até 1998, quando assumiu a presidência da CBBoxe, era árbitro de lutas promovidas pela FPB. "E era bastante fraco, diga-se de passagem", alfineta Newton Campos. Em 2000, no Campeonato Brasileiro de Mauá, o primeiro atrito. "Ele ficou chateado porque o tratamos como qualquer outro presidente de federação. Mas ele não aceita isso, acha que é o maior de todos", disse Boselli. "São Paulo estava ganhando as lutas e mesmo assim ele brigava, esperneava, era grosso com todo mundo." Segundo o presidente da Confederação, as outras federações se sentiram ofendidas e pediram para tirar Newton da área técnica. "Não foi nada disso. Ele (Boselli) saía dizendo aos quatro cantos que era hora de acabar com a hegemonia de São Paulo no boxe. Ele saía com os árbitros tentando convencê-los disso. Aí eu fiquei uma fera, claro. Quando mexem com meu Estado eu sou malcriado mesmo", defendeu-se Newton. Outro entrevero. Uma delegação francesa veio a São Paulo em 2000 disputar cinco lutas contra os paulistas. Os visitantes perderam por 4 a 1 e pleitearam com a Federação Paulista a realização de um novo evento, para o ano seguinte, desta vez em Paris. "Pedimos aos franceses um prazo maior para mandarmos nossos atletas, afinal estávamos em pleno Torneio dos Campeões" explicou Newton. Por achar que o combate Brasil x França saía da alçada da FPB, mandou a correspondência a CBBoxe. "Na hora que o Boselli soube que tinha dinheiro na história, não pensou duas vezes. Mandou todo mundo às pressas, sem preparação alguma", irrita-se o ex-jornalista. "E você sabe o que aconteceu?! Perdemos por 8 a 0, isso mesmo, 8 a 0, por pura ganância!" Alguns anos antes, em agosto de 1999, Newton Campos lembra-se que foi ele quem deu a notícia a Boselli do recém conquistado título mundial de Acelino Popó, na França, contra Anatole Alexandrov, pelos superpenas. "Fazia 24 anos que o Brasil não tinha um campeão mundial. Era um momento histórico para o boxe nacional. Liguei para o Boselli (que estava no Pan-Americano de Winnipeg) e contei, empolgado, o que acabara de assistir. E sabe o que ele respondeu? Ah é, ganhou, que bom... Ah, fiquei bobo com o descaso dele. Naquele momento eu vi que ele não tinha jeito para dirigente, não era do boxe."

No córner azul, um senhor de 78 anos, Newton Campos, representante da mais tradicional estirpe de lutadores; no córner vermelho, a nova cara do boxe nacional, Luiz Cláudio Braga Boselli, um quarentão bem articulado e amparado pelos principais nomes do esporte brasileiro. Apesar de os dois estarem intimidados ligados ao pugilismo, Newton preside a Federação Paulista de Boxe (FPB) e Boselli esta a frente da Confederação Brasileira de Boxe (CBBoxe), a luta entre ambos não se dá sobre os ringues, não chegou, ainda, às agressões físicas. O combate se dá por meio de acusações, palavras duras; uma briga de egos, não por títulos, mas por espaço, por poder. Newton Campos procurou a Agência Estado para, segundo ele, revelar o porquê do desentendimento entre as entidades, que prejudicou ainda mais o maltrapilho boxe nacional e culminou no processo de desfiliação da FPB. "Esse Boselli é um mentiroso de marca maior, precisamos desmascarar esse sujeito, um profissional da mentira", começou assim o dirigente paulista. Entre exemplos de supostas provas de má gestão estão a de que o presidente da confederação vem usando sua sede ? na Abílio Soares, 1300, na capital ?, como loja para vender materiais esportivos da marca América, de propriedade de Boselli. Antônio Bernardo, de 64 anos, árbitro de boxe ligado à FPB, mostrou uma gravação telefônica em que uma funcionária da CBBoxe de nome Patrícia, atende o telefone da sede da entidade e passa o orçamento de luvas, capacetes e protetores para lutadoras, todos da América. "Qual o problema nisso. Se ligarem para a Federação Paulista eu tenho certeza que eles também vão passar informações sobre as melhores marcas do mercado", justificou Boselli. O dirigente primeiro se esquivou, em seguida contra-atacou. "Engraçado são eles (Newton e Bernardo) falarem que eu me aproveito da Confederação. Eles enriqueceram com a Federação, se cansaram de desviar dinheiro. A diferença entre eles e eu é que eles vivem do boxe, comem boxe, eu apenas trabalho para o boxe" disse Boselli. Newton Campos garante nunca ter lucrado com o boxe, a não ser no tempo em que trabalhava como jornalista da Gazeta Esportiva, onde assinou por mais de 30 anos a coluna Na Onda Quente do Boxe. Se sustenta hoje com suas aposentadorias. "Isso aqui (FPB) não dá dinheiro. Não temos fonte de renda alguma", lamentou. "A Confederação é que recebe uma fortuna do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e não ajuda nenhuma federação." O COB destinou a CBBoxe em 2003 mais de R$ 700 mil. "Ele precisa arranjar um jeito de ganhar dinheiro e não só ficar lamentando", provocou Boselli. "A verba que nós recebemos do COB, por lei, não pode ser repassada. As federações têm de criar suas receitas." A FPB se mantém utilizando os rendimentos dos cerca de R$ 70 mil reais, aplicados no Banco Bradesco, acumulados da época em que a entidade recebia R$ 15 mil por mês de dois bingos da cidade. Gasta por volta de R$ 12 mil mensais. A CBBoxe investe o dinheiro recebido do COB na manutenção da seleção olímpica permanente, com 24 atletas hospedados em Santo André. Os dois lados não se entendem em um único ponto. "Essa seleção permanente é um absurdo. Onde foi que já se viu tirar o atleta da academia para ficar gastando dinheiro num alojamento" criticou Antônio Bernardo, que já anunciou sua candidatura à sucessão de Boselli, em 2005. Boselli é a favor da contagem eletrônica dos pontos e sempre repreendeu a FPB por não adotar tal sistema, utilizado no Pan e nos Jogos Olímpicos. Pela contagem eletrônica, o jurado aciona um botão a cada golpe visto e se três dos cinco jurados perceberem o mesmo soco, o boxeador que o desferiu ganha um ponto. Este e outros desentendimentos resultaram na assembléia da Confederação que, no ano passado, decidiu desfiliar a FPB e as federações paranaense e carioca, aliadas de Newton. O processo ainda não foi concluído, mas, antecipando-se à decisão, a Federação Paulista protocolou um ofício exigindo seu desligamento da entidade. Hoje, a CBBoxe se remete em São Paulo apenas à Federação de Boxe do Estado de São Paulo, criada recentemente com o apoio de Boselli. Pan ? A má campanha do Brasil no Pan-Americano de São Domingos este ano foi a gota d´água para Newton. "O sr. Boselli levou lutador nas 11 categorias apenas para enganar o COB, para levar mais verba. Fomos com 11 e ganhamos só duas medalhas de bronze. Ficamos em último lugar!" Ele não aceita sequer voltar a conversar com Boselli. Não admite o fato de a CBBoxe ter virado às costas para seu trabalho. "Ele sabe que nós é que sabemos fazer luta, ele não sabe nada", argumenta o dirigente. "Mas o Boselli não quer o bem do pugilismo, ele quer é ganhar dinheiro e vender seus materiais." Para Boselli, Newton Campos é um personagem ultrapassado. E chega a menosprezar as competições organizadas pela FPB. "Ele fica fazendo aquelas lutas todas as terças-feiras para quê? Elas servem para quê? Não levam a nada." Primeiros atritos ? Boselli, até 1998, quando assumiu a presidência da CBBoxe, era árbitro de lutas promovidas pela FPB. "E era bastante fraco, diga-se de passagem", alfineta Newton Campos. Em 2000, no Campeonato Brasileiro de Mauá, o primeiro atrito. "Ele ficou chateado porque o tratamos como qualquer outro presidente de federação. Mas ele não aceita isso, acha que é o maior de todos", disse Boselli. "São Paulo estava ganhando as lutas e mesmo assim ele brigava, esperneava, era grosso com todo mundo." Segundo o presidente da Confederação, as outras federações se sentiram ofendidas e pediram para tirar Newton da área técnica. "Não foi nada disso. Ele (Boselli) saía dizendo aos quatro cantos que era hora de acabar com a hegemonia de São Paulo no boxe. Ele saía com os árbitros tentando convencê-los disso. Aí eu fiquei uma fera, claro. Quando mexem com meu Estado eu sou malcriado mesmo", defendeu-se Newton. Outro entrevero. Uma delegação francesa veio a São Paulo em 2000 disputar cinco lutas contra os paulistas. Os visitantes perderam por 4 a 1 e pleitearam com a Federação Paulista a realização de um novo evento, para o ano seguinte, desta vez em Paris. "Pedimos aos franceses um prazo maior para mandarmos nossos atletas, afinal estávamos em pleno Torneio dos Campeões" explicou Newton. Por achar que o combate Brasil x França saía da alçada da FPB, mandou a correspondência a CBBoxe. "Na hora que o Boselli soube que tinha dinheiro na história, não pensou duas vezes. Mandou todo mundo às pressas, sem preparação alguma", irrita-se o ex-jornalista. "E você sabe o que aconteceu?! Perdemos por 8 a 0, isso mesmo, 8 a 0, por pura ganância!" Alguns anos antes, em agosto de 1999, Newton Campos lembra-se que foi ele quem deu a notícia a Boselli do recém conquistado título mundial de Acelino Popó, na França, contra Anatole Alexandrov, pelos superpenas. "Fazia 24 anos que o Brasil não tinha um campeão mundial. Era um momento histórico para o boxe nacional. Liguei para o Boselli (que estava no Pan-Americano de Winnipeg) e contei, empolgado, o que acabara de assistir. E sabe o que ele respondeu? Ah é, ganhou, que bom... Ah, fiquei bobo com o descaso dele. Naquele momento eu vi que ele não tinha jeito para dirigente, não era do boxe."

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