Acabam de ser divulgado os dados preliminares da pesquisa "Os Impactos da COVID-19 em atletas profissionais", uma parceria do Strava, maior rede social esportiva do mundo, e Stanford University. Aliás esta universidade estadunidense está realizando mais de cem estudos relacionados à pandemia. Foram analisados os dados de 131 atletas de alto rendimento, praticantes de corrida de rua, ciclismo e triatlo, e a principal preocupação é econômica: 71% dos atletas pesquisados se preocupam em receber uma compensação financeira por suas atividades durante o período de restrições pela COVID-19. Fato que reflete a suspenção de todas as competições, inclusive da Olimpíada.
Os atletas responderam a uma pesquisa de 30 perguntas e 114 atletas deram autorização para que seus dados de atividade fossem analisados. Pré-COVID-19 significa datas entre 1º de janeiro de 2020 e 14 de março de 2020, e durante COVID-19 são as datas entre 15 de março de 2020 e 20 de agosto de 2020. A pesquisa foi realizada de 12 de agosto de 2020 a 25 de agosto de 2020. População de atletas profissionais: 44% corredores, 39% ciclistas, 11% triatletas, 6% outros.
Para o autor do estudo, o professor de Stanford e médico de medicina esportiva, Dr. Michael Fredericson, as descobertas desse estudo ajudarão a guiar a abordagem para maximizar a saúde dos atletas de elite em todo EUA durante esse período sem precedentes. "Embora esteja incrivelmente impressionado com a coragem desses profissionais, agora temos claras evidências do dano que isso está causando em sua saúde mental. O estresse descontrolado pode diminuir a resposta imunológica do corpo, bem como prejudicar a capacidade de recuperação completa dos exercícios intensos. Precisamos fornecer recursos adicionais para ajudar os atletas a enfrentar esses desafios", argumenta o médico.
Vamos ao dados fornecidos pelo Strava. Um terço dos atletas reportaram aumento da duração das sessões de treinos durante o período da pesquisa. Dentre os que aumentaram a duração dos treinos, os dados de atividade do Strava indicaram que eles se exercitavam por 92 minutos por dia, em média, antes das restrições da COVID-19, e 103 minutos por dia durante as restrições da COVID-19; 17% dos atletas reportaram crescimento da intensidade das sessões de treinamentos durante o período analisado. "A parceria com o Strava nos possibilitou ter um entendimento holístico do que os profissionais estão passando. Combinado com a mudança do cenário esportivo, nós podemos entender melhor os impactos desses efeitos a longo prazo nos atletas e como conseguimos ajudar com possíveis intervenções", observou Dra. , pesquisadora clínica e candidata a doutoranda em epidemiologia na Universidade de Stanford.
O ciclista profissional brasileiro Pippo Garnero se identificou com as conclusões do estudo. "Minha rotina como atleta profissional foi afetada pela pandemia, sobretudo em virtude do cancelamento de todas as competições e da incerteza quanto ao calendário esportivo anual. Sem competições, um atleta fica absolutamente sem norte" explica Pippo, que completa: "o ciclo de um atleta de alto rendimento não é muito longo. Um ano sem competições equivale a um ano perdido, pois é na competição que o profissional mostra o resultado de seu trabalho, de todo o seu esforço durante o treinamento. É competindo que se ganha visibilidade e dinheiro para seguir a vida como atleta profissional".
SAÚDE MENTAL:
- 1 em cada 5 atletas reportou dificuldade em se exercitar relacionada à motivação, saúde mental e COVID-19
- Antes das restrições impostas pela COVID-10, 3,9% dos atletas reportaram se sentir para baixo ou depressivos mais de metade dos dias da semana. Esse número sobe para 22,5% durante as restrições do coronavírus, o que equivale a um aumento de 5,8%.
- Antes das restrições da COVID-19, 4,7% dos atletas disseram se sentir nervoso/ansioso mais da metade dos dias da semana. Esse número sobe para 27,9% durante a pandemia, representando um aumento de 5,9%.
SAÚDE FINANCEIRA:
- 71% dos atletas pesquisados se preocupam em receber uma compensação financeira por suas atividades durante o período de restrições pela COVID-19
HÁBITOS:
- 31% dos atletas reportaram aumento da duração das sessões de treinos durante o período da pesquisa
- Dentre os que aumentaram a duração dos treinos, os dados de atividade do Strava indicaram que eles se exercitavam por 92 minutos por dia, em média, antes das restrições da COVID-19, e 103 minutos por dia durante as restrições da COVID-19
- 17% dos atletas reportaram crescimento da intensidade das sessões de treinamentos durante o período analisado
- Os atletas ajustaram o treinamento em grupo, seja com um parceiro, equipe ou técnico devido às restrições do COVID-19
- Antes da COVID-19, 91,2% dos atletas treinavam com um parceiro pelo menos uma vez por semana. O mesmo dado cai para 68,9% durante a pandemia.
- 39,7% dos participantes treinavam em equipe pelo menos uma vez por semana no período pré-pandemia e durante as restrições apenas 11,6% continuaram com essa rotina. O que representa uma queda de 3,4%.