Crianças adoram camisa amarela da seleção e não implicam com Neymar


No Brasil infantil, futebol não tem nada a ver com crise política e a Copa do Mundo é uma grande festa

Por Renata Cafardo

No Brasil das crianças, futebol não tem nada a ver com crise política, todo mundo quer vestir a camisa amarela e ninguém implica com o Neymar - a não ser as críticas bem humoradas ao cabelo “que parece macarrão”. A Copa do Mundo é uma grande festa e a seleção brasileira, um orgulho sem ressalvas. 

+ Na fábrica, muito cuidado com as figurinhas da Copa do Mundo

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+ Brasil é o país que mais consome figurinhas do álbum da Copa da Rússia

+ Paulinho manda presentes para crianças

Tudo começou com a febre do álbum de figurinhas, que fez com que até os pequenos decorassem nomes de atletas como Aleksander Kolarov, da Sérvia. E, quando as equipes iam ficando completas na publicação, aumentava a ansiedade pelo início do Mundial de verdade. “Um dia antes de começar a Copa, fiquei acordado até meia noite”, conta Rodrigo Ramos, de 10 anos. “Quando deu meia noite e um, falei: pronto, chegou o dia da Copa. Agora, já posso dormir.” Era como se fosse noite de ano-novo.

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Uniforme.Os garotos da Oswald de Andrade adotaram a camisa da seleção Foto: Valéria Gonçalvez/Estadão

Vestido com a camisa 10 do Brasil, o brincalhão Micael Klein, de 8 anos, pede para ser chamado de Neymar durante a conversa com o Estado. A camisa é a do craque. Ao ser questionado se seu cabelo pintado de loiro nas pontas é uma homenagem ao jogador, responde sério: “Não, ele que me imitou, fiz primeiro”. No grupo da Escola Municipal João Domingues Sampaio, na Vila Maria, zona norte de São Paulo, não há dúvidas sobre o desempenho do meia brasileiro. “Empurram muito o Neymar, é difícil jogar assim”, justifica Carlos Diógenes de Jesus, de 8 anos, que veste a camisa argentina de Messi “só porque a do Brasil está lavando”. 

E ai de quem diz que eles nunca viram a seleção brasileira ser campeã. “Claro que vi, pelo YouTube”, explica Micael. Também não titubeiam sobre quem leva a taça este ano. “A gente, óbvio.” Os meninos repetem em coro os nomes complicados das cidades russas que são sede dos jogos. A escola decidiu que não vai fechar hoje, dia da partida do Brasil, para que todos assistam juntos. Outras instituições de ensino da capital - particulares e públicas - farão o mesmo. 

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Sem rivalidade.Carlos(camisa argentina)abraça Micael Foto: Valéria Gonçalvez/Estadão

SEM ESTOQUE

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Apesar de muita gente acreditar que a camisa da CBF ganhou significado político nos protestos no País, dados da Nike mostram que o modelo infantil está em alta. Com pouco mais de uma semana de Copa, só há 15% do estoque nas lojas (8 a 12 anos), desempenho considerado “acima da expectativa” pela empresa. Já os kits completos para crianças, com camiseta, calção e meião, estão praticamente esgotados.

Na sala do 1.º ano do Colégio Oswald de Andrade, na zona oeste, boa parte dos meninos aparece todo dia com o uniforme completo de futebol. O interesse é tanto que a professora teve de interromper a hora do lanche para passar no computador o gol de Cristiano Ronaldo, que havia acabado de acontecer. Por causa da média de idade de 6 anos, é o primeiro Mundial que o grupo acompanha. Desde maio, todas as festinhas de aniversário de crianças da classe tiveram a Copa como tema. “Eles sabem muito mais do que eu, sempre dizem quem está jogando e perguntam toda hora os resultados”, diz a professora Laura Pimentel, de 35 anos. 

Eles sabem mais do que eu, sempre dizem quem está jogando e perguntam sobre resultados.

Laura Pimentel, professora

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Sentadas em roda, crianças que estão ainda se alfabetizando discutem com seriedade o uso do árbitro de vídeo (VAR). O erro ao validar o gol da Suíça no primeiro jogo do Brasil é unanimidade entre os comentaristas mirins. “O juiz não falou nada quando empurraram o Miranda, foi injusto”, diz Jorge Costa Kato, de 6 anos, vestido de verde e amarelo. “Ele nem usou a tecnologia”, concorda o amigo Pedro Buosi, também de 6 anos. O pai de Jorge, o arquiteto Cristiano Kato, de 41 anos, diz que não se sente à vontade para usar a camisa do Brasil, mas que não influencia o filho. “Ele não precisa saber das questões políticas, para ele é um festa das nações, de culturas.”

No 3.º ano do colégio, as meninas percebem outras alegrias no Mundial. “Na família, tem gente que torce para o Corinthians e outros que não. Agora, é o momento que todo mundo torce junto”, diz Isadora Villas Boas, de 8 anos. “A gente vai à casa da avó, se enrola na bandeira do Brasil e corre para ver no álbum os jogadores que aparecem na TV”, completa Marina Ciavolella, também de 8. 

Para a educadora da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), Maria Angela Barbato Carneiro, a empolgação das crianças é positiva e até pedagógica. “Envolve a fantasia, o imaginário, além de levantar discussões sobre ganhar e perder, respeito, regras.” Para ela, os pais não precisam discutir a crise no País com os filhos nesse momento. “O orgulho e a esperança deles são algo importante.”

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Educação.Crianças discutem com seriedade o VAR Foto: Valéria Gonçalvez/Estadão

Segundo pesquisa Datafolha feita dois dias antes do início da Copa, o desânimo do brasileiro - adulto - atingiu recorde histórico: 53% disseram não ter nenhum interesse no Mundial. Em 1994, quando o Brasil não ganhava um título há mais de 20 anos, o índice era de só 20%. “Quem sabe até o fim da Copa eu compre uma bandeirinha do Brasil pra ele”, diz a autônoma Pricila Barretos Blum, de 44 anos, referindo-se ao filho Pedro, de 10 anos. Ela não enfeitou de verde e amarelo nem a casa nem o carro, mas o menino é fanático pela seleção. “Ele grita na janela: ‘vai, Brasil’. A situação está muito difícil, mas eu entendo que o esporte é importante pra ele.”

A publicitária Larissa Lublinski, de 46 anos, ficou surpresa quando viu a filha Sofia, de 8, colocar o despertador para as 7 horas da manhã do sábado. A menina não queria perder o jogo de França e Austrália. “Eu não tenho paciência, mas ela assiste tudo, depois vê os gols que perdeu no aplicativo.” Sofia analisa o desempenho dos times até agora e conclui que é vitória certa do Brasil. “Rússia está indo bem, Egito não, só tem o Salah, Portugal sem Cristiano Ronaldo não é nada”, diz a menina. “A melhor coisa da Copa é que a gente se sente especial.”

Em imagens, a história da seleção brasileira na Copa do Mundo da Rússia

1 | 81

Final

Foto: Fábio Motta / Estadão Conteúdo
2 | 81

Dor

Foto: Frank Ausgtein / AP
3 | 81

Vencedores

Foto: Robert Ghement / EFE
4 | 81

Há tempo

Foto: Luis Acosta / AFP
5 | 81

Marcado

Foto: Gleb Baranich / Reuters
6 | 81

Esperança

Foto: Manan Vatsayana / AFP
7 | 81

Mortal

Foto: Frank Augstein / AP
8 | 81

Azar

Foto: Saeed Khan / AFP
9 | 81

Reforço na torcida

Foto: Twitter Oficial / CBF
10 | 81

Atenção redobrada

Foto: Matthias Schrader / AP
11 | 81

Volta do Canário

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
12 | 81

Calor da torcida

Foto: Eduardo Nicolau / Estadão
13 | 81

Última vez

Foto: Nelson Almeida / AFP
14 | 81

Volta

Foto: Ronald Wittek / EFE
15 | 81

Bom humor

Foto: Ronald Wittek / EFE
16 | 81

Pra garantir

Foto: Michael Dalder / Reuters
17 | 81

Agressão?

Foto: David Gray / Reuters
18 | 81

Marca do craque

Foto: Fabrice Coffrini / AFP
19 | 81

Muro mexicano

Foto: Benjamin Cremel / AFP
20 | 81

Últimos ajustes

Foto: Eduardo Nicolau/Estadão
21 | 81

Oitavas do PSG

Foto: David Gray/Reuters
22 | 81

Capitão repetido

Foto: Emmanuel Dunand/AFP
23 | 81

A volta de Marcelo

Foto: Lucas Figueiredo/CBF
24 | 81

Treino fechado

Foto: Lucas Figueiredo/CBF
25 | 81

Retorno e Ausência

Foto: Hannah McKay / Reuters
26 | 81

Voo da vitória

Foto: Reprodução Twitter CBF
27 | 81

Artilheiros

Foto: Eduardo Nicolau/Estadão
28 | 81

Perdeu!

Foto: Wilton Junior/Estadão
29 | 81

Pelo alto

Foto: Eduardo Nicolau/Estadão
30 | 81

Com estilo

Foto: Eduardo Nicolau/Estadão
31 | 81

Habilidade

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
32 | 81

Visita

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
33 | 81

Sem alterações

Foto: Wilton Júnior / Estadão
34 | 81

Na capital

Foto: Yuri Kadobnov / AFP
35 | 81

Pistola

Foto: Lucas Figueiredo/CBF
36 | 81

Alterações?

Foto: Wilton Junior/Estadão
37 | 81

Ainda não

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
38 | 81

Velho conhecido

Foto: Kai Pfaffenbach / Reuters
39 | 81

Obrigado

Foto: Wilton Junior/Estadão
40 | 81

Descontração

Foto: Wilton Junior / Estadão
41 | 81

'Gigantes por natureza'

Foto: Wilton Junior/Estadão
42 | 81

Preocupação

Foto: Lucas Figueiredo/CBF
43 | 81

Regenerativo

Foto: Lucas Figueiredo/CBF
44 | 81

Sofrimento

Foto: Juan Herrero / EFE
45 | 81

Iluminado

Foto: Lee Smith
46 | 81

Encenação

Foto: Michael Sohn / AP
47 | 81

Novo titular?

Foto: Olga Matseva / AFP
48 | 81

Manutenção

Foto: Dmitri Lovetsky / AP
49 | 81

Nova chance

Foto: Wilton Júnior / Estadão Conteúdo
50 | 81

Calor da torcida

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
51 | 81

Tudo bem

Foto: Twitter Oficial / CBF
52 | 81

Próximo

Foto: Tatyana Makeyeva / Reuters
53 | 81

Susto

Foto: Hannah McKay / Reuters
54 | 81

Treino regenerativo

Foto: Lucas Figueiredo/CBF
55 | 81

Agora sim?

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
56 | 81

Mudança?

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
57 | 81

Caçado

Foto: Wilton Junior/Estadão
58 | 81

Cadê o VAR?

Foto: Wilton Junior/Estadão
59 | 81

Comemoração

Foto: Eduardo Nicolau/Estadão
60 | 81

Nervosismo

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
61 | 81

Novo visual do craque

Foto: Wilton Junior/Estadão
62 | 81

Seleção 100% recuperada

Foto: Felipe Dana/AP
63 | 81

Olho no CR7

Foto: Lucas Figueiredo/CBF
64 | 81

Volta

Foto: Nelson Almeida / AFP
65 | 81

Definido

Foto: Hassan Anmar / AP
66 | 81

Preparação

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
67 | 81

Enquanto isso...

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
68 | 81

Amado

69 | 81

Ausência

Foto: Nelson Almeida / AFP
70 | 81

Treino

Foto: Nelson Almeida / AFP
71 | 81

Comemorações

Foto: André Penner / AP
72 | 81

Invasão

Foto: Nelson Almeida / AFP
73 | 81

Pequeno susto

Foto: Andre Penner / AP
74 | 81

Recepção

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
75 | 81

Desembarque

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
76 | 81

Segundo amistoso

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
77 | 81

Viena

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
78 | 81

Primeiro amistoso

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
79 | 81

Liverpool

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
80 | 81

Londres

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
81 | 81

Teresópolis

Foto: Lucas Figueiredo / CBF

No Brasil das crianças, futebol não tem nada a ver com crise política, todo mundo quer vestir a camisa amarela e ninguém implica com o Neymar - a não ser as críticas bem humoradas ao cabelo “que parece macarrão”. A Copa do Mundo é uma grande festa e a seleção brasileira, um orgulho sem ressalvas. 

+ Na fábrica, muito cuidado com as figurinhas da Copa do Mundo

+ Brasil é o país que mais consome figurinhas do álbum da Copa da Rússia

+ Paulinho manda presentes para crianças

Tudo começou com a febre do álbum de figurinhas, que fez com que até os pequenos decorassem nomes de atletas como Aleksander Kolarov, da Sérvia. E, quando as equipes iam ficando completas na publicação, aumentava a ansiedade pelo início do Mundial de verdade. “Um dia antes de começar a Copa, fiquei acordado até meia noite”, conta Rodrigo Ramos, de 10 anos. “Quando deu meia noite e um, falei: pronto, chegou o dia da Copa. Agora, já posso dormir.” Era como se fosse noite de ano-novo.

Uniforme.Os garotos da Oswald de Andrade adotaram a camisa da seleção Foto: Valéria Gonçalvez/Estadão

Vestido com a camisa 10 do Brasil, o brincalhão Micael Klein, de 8 anos, pede para ser chamado de Neymar durante a conversa com o Estado. A camisa é a do craque. Ao ser questionado se seu cabelo pintado de loiro nas pontas é uma homenagem ao jogador, responde sério: “Não, ele que me imitou, fiz primeiro”. No grupo da Escola Municipal João Domingues Sampaio, na Vila Maria, zona norte de São Paulo, não há dúvidas sobre o desempenho do meia brasileiro. “Empurram muito o Neymar, é difícil jogar assim”, justifica Carlos Diógenes de Jesus, de 8 anos, que veste a camisa argentina de Messi “só porque a do Brasil está lavando”. 

E ai de quem diz que eles nunca viram a seleção brasileira ser campeã. “Claro que vi, pelo YouTube”, explica Micael. Também não titubeiam sobre quem leva a taça este ano. “A gente, óbvio.” Os meninos repetem em coro os nomes complicados das cidades russas que são sede dos jogos. A escola decidiu que não vai fechar hoje, dia da partida do Brasil, para que todos assistam juntos. Outras instituições de ensino da capital - particulares e públicas - farão o mesmo. 

Sem rivalidade.Carlos(camisa argentina)abraça Micael Foto: Valéria Gonçalvez/Estadão

SEM ESTOQUE

Apesar de muita gente acreditar que a camisa da CBF ganhou significado político nos protestos no País, dados da Nike mostram que o modelo infantil está em alta. Com pouco mais de uma semana de Copa, só há 15% do estoque nas lojas (8 a 12 anos), desempenho considerado “acima da expectativa” pela empresa. Já os kits completos para crianças, com camiseta, calção e meião, estão praticamente esgotados.

Na sala do 1.º ano do Colégio Oswald de Andrade, na zona oeste, boa parte dos meninos aparece todo dia com o uniforme completo de futebol. O interesse é tanto que a professora teve de interromper a hora do lanche para passar no computador o gol de Cristiano Ronaldo, que havia acabado de acontecer. Por causa da média de idade de 6 anos, é o primeiro Mundial que o grupo acompanha. Desde maio, todas as festinhas de aniversário de crianças da classe tiveram a Copa como tema. “Eles sabem muito mais do que eu, sempre dizem quem está jogando e perguntam toda hora os resultados”, diz a professora Laura Pimentel, de 35 anos. 

Eles sabem mais do que eu, sempre dizem quem está jogando e perguntam sobre resultados.

Laura Pimentel, professora

Sentadas em roda, crianças que estão ainda se alfabetizando discutem com seriedade o uso do árbitro de vídeo (VAR). O erro ao validar o gol da Suíça no primeiro jogo do Brasil é unanimidade entre os comentaristas mirins. “O juiz não falou nada quando empurraram o Miranda, foi injusto”, diz Jorge Costa Kato, de 6 anos, vestido de verde e amarelo. “Ele nem usou a tecnologia”, concorda o amigo Pedro Buosi, também de 6 anos. O pai de Jorge, o arquiteto Cristiano Kato, de 41 anos, diz que não se sente à vontade para usar a camisa do Brasil, mas que não influencia o filho. “Ele não precisa saber das questões políticas, para ele é um festa das nações, de culturas.”

No 3.º ano do colégio, as meninas percebem outras alegrias no Mundial. “Na família, tem gente que torce para o Corinthians e outros que não. Agora, é o momento que todo mundo torce junto”, diz Isadora Villas Boas, de 8 anos. “A gente vai à casa da avó, se enrola na bandeira do Brasil e corre para ver no álbum os jogadores que aparecem na TV”, completa Marina Ciavolella, também de 8. 

Para a educadora da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), Maria Angela Barbato Carneiro, a empolgação das crianças é positiva e até pedagógica. “Envolve a fantasia, o imaginário, além de levantar discussões sobre ganhar e perder, respeito, regras.” Para ela, os pais não precisam discutir a crise no País com os filhos nesse momento. “O orgulho e a esperança deles são algo importante.”

Educação.Crianças discutem com seriedade o VAR Foto: Valéria Gonçalvez/Estadão

Segundo pesquisa Datafolha feita dois dias antes do início da Copa, o desânimo do brasileiro - adulto - atingiu recorde histórico: 53% disseram não ter nenhum interesse no Mundial. Em 1994, quando o Brasil não ganhava um título há mais de 20 anos, o índice era de só 20%. “Quem sabe até o fim da Copa eu compre uma bandeirinha do Brasil pra ele”, diz a autônoma Pricila Barretos Blum, de 44 anos, referindo-se ao filho Pedro, de 10 anos. Ela não enfeitou de verde e amarelo nem a casa nem o carro, mas o menino é fanático pela seleção. “Ele grita na janela: ‘vai, Brasil’. A situação está muito difícil, mas eu entendo que o esporte é importante pra ele.”

A publicitária Larissa Lublinski, de 46 anos, ficou surpresa quando viu a filha Sofia, de 8, colocar o despertador para as 7 horas da manhã do sábado. A menina não queria perder o jogo de França e Austrália. “Eu não tenho paciência, mas ela assiste tudo, depois vê os gols que perdeu no aplicativo.” Sofia analisa o desempenho dos times até agora e conclui que é vitória certa do Brasil. “Rússia está indo bem, Egito não, só tem o Salah, Portugal sem Cristiano Ronaldo não é nada”, diz a menina. “A melhor coisa da Copa é que a gente se sente especial.”

Em imagens, a história da seleção brasileira na Copa do Mundo da Rússia

1 | 81

Final

Foto: Fábio Motta / Estadão Conteúdo
2 | 81

Dor

Foto: Frank Ausgtein / AP
3 | 81

Vencedores

Foto: Robert Ghement / EFE
4 | 81

Há tempo

Foto: Luis Acosta / AFP
5 | 81

Marcado

Foto: Gleb Baranich / Reuters
6 | 81

Esperança

Foto: Manan Vatsayana / AFP
7 | 81

Mortal

Foto: Frank Augstein / AP
8 | 81

Azar

Foto: Saeed Khan / AFP
9 | 81

Reforço na torcida

Foto: Twitter Oficial / CBF
10 | 81

Atenção redobrada

Foto: Matthias Schrader / AP
11 | 81

Volta do Canário

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
12 | 81

Calor da torcida

Foto: Eduardo Nicolau / Estadão
13 | 81

Última vez

Foto: Nelson Almeida / AFP
14 | 81

Volta

Foto: Ronald Wittek / EFE
15 | 81

Bom humor

Foto: Ronald Wittek / EFE
16 | 81

Pra garantir

Foto: Michael Dalder / Reuters
17 | 81

Agressão?

Foto: David Gray / Reuters
18 | 81

Marca do craque

Foto: Fabrice Coffrini / AFP
19 | 81

Muro mexicano

Foto: Benjamin Cremel / AFP
20 | 81

Últimos ajustes

Foto: Eduardo Nicolau/Estadão
21 | 81

Oitavas do PSG

Foto: David Gray/Reuters
22 | 81

Capitão repetido

Foto: Emmanuel Dunand/AFP
23 | 81

A volta de Marcelo

Foto: Lucas Figueiredo/CBF
24 | 81

Treino fechado

Foto: Lucas Figueiredo/CBF
25 | 81

Retorno e Ausência

Foto: Hannah McKay / Reuters
26 | 81

Voo da vitória

Foto: Reprodução Twitter CBF
27 | 81

Artilheiros

Foto: Eduardo Nicolau/Estadão
28 | 81

Perdeu!

Foto: Wilton Junior/Estadão
29 | 81

Pelo alto

Foto: Eduardo Nicolau/Estadão
30 | 81

Com estilo

Foto: Eduardo Nicolau/Estadão
31 | 81

Habilidade

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
32 | 81

Visita

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
33 | 81

Sem alterações

Foto: Wilton Júnior / Estadão
34 | 81

Na capital

Foto: Yuri Kadobnov / AFP
35 | 81

Pistola

Foto: Lucas Figueiredo/CBF
36 | 81

Alterações?

Foto: Wilton Junior/Estadão
37 | 81

Ainda não

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
38 | 81

Velho conhecido

Foto: Kai Pfaffenbach / Reuters
39 | 81

Obrigado

Foto: Wilton Junior/Estadão
40 | 81

Descontração

Foto: Wilton Junior / Estadão
41 | 81

'Gigantes por natureza'

Foto: Wilton Junior/Estadão
42 | 81

Preocupação

Foto: Lucas Figueiredo/CBF
43 | 81

Regenerativo

Foto: Lucas Figueiredo/CBF
44 | 81

Sofrimento

Foto: Juan Herrero / EFE
45 | 81

Iluminado

Foto: Lee Smith
46 | 81

Encenação

Foto: Michael Sohn / AP
47 | 81

Novo titular?

Foto: Olga Matseva / AFP
48 | 81

Manutenção

Foto: Dmitri Lovetsky / AP
49 | 81

Nova chance

Foto: Wilton Júnior / Estadão Conteúdo
50 | 81

Calor da torcida

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
51 | 81

Tudo bem

Foto: Twitter Oficial / CBF
52 | 81

Próximo

Foto: Tatyana Makeyeva / Reuters
53 | 81

Susto

Foto: Hannah McKay / Reuters
54 | 81

Treino regenerativo

Foto: Lucas Figueiredo/CBF
55 | 81

Agora sim?

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
56 | 81

Mudança?

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
57 | 81

Caçado

Foto: Wilton Junior/Estadão
58 | 81

Cadê o VAR?

Foto: Wilton Junior/Estadão
59 | 81

Comemoração

Foto: Eduardo Nicolau/Estadão
60 | 81

Nervosismo

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
61 | 81

Novo visual do craque

Foto: Wilton Junior/Estadão
62 | 81

Seleção 100% recuperada

Foto: Felipe Dana/AP
63 | 81

Olho no CR7

Foto: Lucas Figueiredo/CBF
64 | 81

Volta

Foto: Nelson Almeida / AFP
65 | 81

Definido

Foto: Hassan Anmar / AP
66 | 81

Preparação

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
67 | 81

Enquanto isso...

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
68 | 81

Amado

69 | 81

Ausência

Foto: Nelson Almeida / AFP
70 | 81

Treino

Foto: Nelson Almeida / AFP
71 | 81

Comemorações

Foto: André Penner / AP
72 | 81

Invasão

Foto: Nelson Almeida / AFP
73 | 81

Pequeno susto

Foto: Andre Penner / AP
74 | 81

Recepção

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
75 | 81

Desembarque

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
76 | 81

Segundo amistoso

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
77 | 81

Viena

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
78 | 81

Primeiro amistoso

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
79 | 81

Liverpool

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
80 | 81

Londres

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
81 | 81

Teresópolis

Foto: Lucas Figueiredo / CBF

No Brasil das crianças, futebol não tem nada a ver com crise política, todo mundo quer vestir a camisa amarela e ninguém implica com o Neymar - a não ser as críticas bem humoradas ao cabelo “que parece macarrão”. A Copa do Mundo é uma grande festa e a seleção brasileira, um orgulho sem ressalvas. 

+ Na fábrica, muito cuidado com as figurinhas da Copa do Mundo

+ Brasil é o país que mais consome figurinhas do álbum da Copa da Rússia

+ Paulinho manda presentes para crianças

Tudo começou com a febre do álbum de figurinhas, que fez com que até os pequenos decorassem nomes de atletas como Aleksander Kolarov, da Sérvia. E, quando as equipes iam ficando completas na publicação, aumentava a ansiedade pelo início do Mundial de verdade. “Um dia antes de começar a Copa, fiquei acordado até meia noite”, conta Rodrigo Ramos, de 10 anos. “Quando deu meia noite e um, falei: pronto, chegou o dia da Copa. Agora, já posso dormir.” Era como se fosse noite de ano-novo.

Uniforme.Os garotos da Oswald de Andrade adotaram a camisa da seleção Foto: Valéria Gonçalvez/Estadão

Vestido com a camisa 10 do Brasil, o brincalhão Micael Klein, de 8 anos, pede para ser chamado de Neymar durante a conversa com o Estado. A camisa é a do craque. Ao ser questionado se seu cabelo pintado de loiro nas pontas é uma homenagem ao jogador, responde sério: “Não, ele que me imitou, fiz primeiro”. No grupo da Escola Municipal João Domingues Sampaio, na Vila Maria, zona norte de São Paulo, não há dúvidas sobre o desempenho do meia brasileiro. “Empurram muito o Neymar, é difícil jogar assim”, justifica Carlos Diógenes de Jesus, de 8 anos, que veste a camisa argentina de Messi “só porque a do Brasil está lavando”. 

E ai de quem diz que eles nunca viram a seleção brasileira ser campeã. “Claro que vi, pelo YouTube”, explica Micael. Também não titubeiam sobre quem leva a taça este ano. “A gente, óbvio.” Os meninos repetem em coro os nomes complicados das cidades russas que são sede dos jogos. A escola decidiu que não vai fechar hoje, dia da partida do Brasil, para que todos assistam juntos. Outras instituições de ensino da capital - particulares e públicas - farão o mesmo. 

Sem rivalidade.Carlos(camisa argentina)abraça Micael Foto: Valéria Gonçalvez/Estadão

SEM ESTOQUE

Apesar de muita gente acreditar que a camisa da CBF ganhou significado político nos protestos no País, dados da Nike mostram que o modelo infantil está em alta. Com pouco mais de uma semana de Copa, só há 15% do estoque nas lojas (8 a 12 anos), desempenho considerado “acima da expectativa” pela empresa. Já os kits completos para crianças, com camiseta, calção e meião, estão praticamente esgotados.

Na sala do 1.º ano do Colégio Oswald de Andrade, na zona oeste, boa parte dos meninos aparece todo dia com o uniforme completo de futebol. O interesse é tanto que a professora teve de interromper a hora do lanche para passar no computador o gol de Cristiano Ronaldo, que havia acabado de acontecer. Por causa da média de idade de 6 anos, é o primeiro Mundial que o grupo acompanha. Desde maio, todas as festinhas de aniversário de crianças da classe tiveram a Copa como tema. “Eles sabem muito mais do que eu, sempre dizem quem está jogando e perguntam toda hora os resultados”, diz a professora Laura Pimentel, de 35 anos. 

Eles sabem mais do que eu, sempre dizem quem está jogando e perguntam sobre resultados.

Laura Pimentel, professora

Sentadas em roda, crianças que estão ainda se alfabetizando discutem com seriedade o uso do árbitro de vídeo (VAR). O erro ao validar o gol da Suíça no primeiro jogo do Brasil é unanimidade entre os comentaristas mirins. “O juiz não falou nada quando empurraram o Miranda, foi injusto”, diz Jorge Costa Kato, de 6 anos, vestido de verde e amarelo. “Ele nem usou a tecnologia”, concorda o amigo Pedro Buosi, também de 6 anos. O pai de Jorge, o arquiteto Cristiano Kato, de 41 anos, diz que não se sente à vontade para usar a camisa do Brasil, mas que não influencia o filho. “Ele não precisa saber das questões políticas, para ele é um festa das nações, de culturas.”

No 3.º ano do colégio, as meninas percebem outras alegrias no Mundial. “Na família, tem gente que torce para o Corinthians e outros que não. Agora, é o momento que todo mundo torce junto”, diz Isadora Villas Boas, de 8 anos. “A gente vai à casa da avó, se enrola na bandeira do Brasil e corre para ver no álbum os jogadores que aparecem na TV”, completa Marina Ciavolella, também de 8. 

Para a educadora da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), Maria Angela Barbato Carneiro, a empolgação das crianças é positiva e até pedagógica. “Envolve a fantasia, o imaginário, além de levantar discussões sobre ganhar e perder, respeito, regras.” Para ela, os pais não precisam discutir a crise no País com os filhos nesse momento. “O orgulho e a esperança deles são algo importante.”

Educação.Crianças discutem com seriedade o VAR Foto: Valéria Gonçalvez/Estadão

Segundo pesquisa Datafolha feita dois dias antes do início da Copa, o desânimo do brasileiro - adulto - atingiu recorde histórico: 53% disseram não ter nenhum interesse no Mundial. Em 1994, quando o Brasil não ganhava um título há mais de 20 anos, o índice era de só 20%. “Quem sabe até o fim da Copa eu compre uma bandeirinha do Brasil pra ele”, diz a autônoma Pricila Barretos Blum, de 44 anos, referindo-se ao filho Pedro, de 10 anos. Ela não enfeitou de verde e amarelo nem a casa nem o carro, mas o menino é fanático pela seleção. “Ele grita na janela: ‘vai, Brasil’. A situação está muito difícil, mas eu entendo que o esporte é importante pra ele.”

A publicitária Larissa Lublinski, de 46 anos, ficou surpresa quando viu a filha Sofia, de 8, colocar o despertador para as 7 horas da manhã do sábado. A menina não queria perder o jogo de França e Austrália. “Eu não tenho paciência, mas ela assiste tudo, depois vê os gols que perdeu no aplicativo.” Sofia analisa o desempenho dos times até agora e conclui que é vitória certa do Brasil. “Rússia está indo bem, Egito não, só tem o Salah, Portugal sem Cristiano Ronaldo não é nada”, diz a menina. “A melhor coisa da Copa é que a gente se sente especial.”

Em imagens, a história da seleção brasileira na Copa do Mundo da Rússia

1 | 81

Final

Foto: Fábio Motta / Estadão Conteúdo
2 | 81

Dor

Foto: Frank Ausgtein / AP
3 | 81

Vencedores

Foto: Robert Ghement / EFE
4 | 81

Há tempo

Foto: Luis Acosta / AFP
5 | 81

Marcado

Foto: Gleb Baranich / Reuters
6 | 81

Esperança

Foto: Manan Vatsayana / AFP
7 | 81

Mortal

Foto: Frank Augstein / AP
8 | 81

Azar

Foto: Saeed Khan / AFP
9 | 81

Reforço na torcida

Foto: Twitter Oficial / CBF
10 | 81

Atenção redobrada

Foto: Matthias Schrader / AP
11 | 81

Volta do Canário

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
12 | 81

Calor da torcida

Foto: Eduardo Nicolau / Estadão
13 | 81

Última vez

Foto: Nelson Almeida / AFP
14 | 81

Volta

Foto: Ronald Wittek / EFE
15 | 81

Bom humor

Foto: Ronald Wittek / EFE
16 | 81

Pra garantir

Foto: Michael Dalder / Reuters
17 | 81

Agressão?

Foto: David Gray / Reuters
18 | 81

Marca do craque

Foto: Fabrice Coffrini / AFP
19 | 81

Muro mexicano

Foto: Benjamin Cremel / AFP
20 | 81

Últimos ajustes

Foto: Eduardo Nicolau/Estadão
21 | 81

Oitavas do PSG

Foto: David Gray/Reuters
22 | 81

Capitão repetido

Foto: Emmanuel Dunand/AFP
23 | 81

A volta de Marcelo

Foto: Lucas Figueiredo/CBF
24 | 81

Treino fechado

Foto: Lucas Figueiredo/CBF
25 | 81

Retorno e Ausência

Foto: Hannah McKay / Reuters
26 | 81

Voo da vitória

Foto: Reprodução Twitter CBF
27 | 81

Artilheiros

Foto: Eduardo Nicolau/Estadão
28 | 81

Perdeu!

Foto: Wilton Junior/Estadão
29 | 81

Pelo alto

Foto: Eduardo Nicolau/Estadão
30 | 81

Com estilo

Foto: Eduardo Nicolau/Estadão
31 | 81

Habilidade

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
32 | 81

Visita

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
33 | 81

Sem alterações

Foto: Wilton Júnior / Estadão
34 | 81

Na capital

Foto: Yuri Kadobnov / AFP
35 | 81

Pistola

Foto: Lucas Figueiredo/CBF
36 | 81

Alterações?

Foto: Wilton Junior/Estadão
37 | 81

Ainda não

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
38 | 81

Velho conhecido

Foto: Kai Pfaffenbach / Reuters
39 | 81

Obrigado

Foto: Wilton Junior/Estadão
40 | 81

Descontração

Foto: Wilton Junior / Estadão
41 | 81

'Gigantes por natureza'

Foto: Wilton Junior/Estadão
42 | 81

Preocupação

Foto: Lucas Figueiredo/CBF
43 | 81

Regenerativo

Foto: Lucas Figueiredo/CBF
44 | 81

Sofrimento

Foto: Juan Herrero / EFE
45 | 81

Iluminado

Foto: Lee Smith
46 | 81

Encenação

Foto: Michael Sohn / AP
47 | 81

Novo titular?

Foto: Olga Matseva / AFP
48 | 81

Manutenção

Foto: Dmitri Lovetsky / AP
49 | 81

Nova chance

Foto: Wilton Júnior / Estadão Conteúdo
50 | 81

Calor da torcida

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
51 | 81

Tudo bem

Foto: Twitter Oficial / CBF
52 | 81

Próximo

Foto: Tatyana Makeyeva / Reuters
53 | 81

Susto

Foto: Hannah McKay / Reuters
54 | 81

Treino regenerativo

Foto: Lucas Figueiredo/CBF
55 | 81

Agora sim?

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
56 | 81

Mudança?

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
57 | 81

Caçado

Foto: Wilton Junior/Estadão
58 | 81

Cadê o VAR?

Foto: Wilton Junior/Estadão
59 | 81

Comemoração

Foto: Eduardo Nicolau/Estadão
60 | 81

Nervosismo

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
61 | 81

Novo visual do craque

Foto: Wilton Junior/Estadão
62 | 81

Seleção 100% recuperada

Foto: Felipe Dana/AP
63 | 81

Olho no CR7

Foto: Lucas Figueiredo/CBF
64 | 81

Volta

Foto: Nelson Almeida / AFP
65 | 81

Definido

Foto: Hassan Anmar / AP
66 | 81

Preparação

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
67 | 81

Enquanto isso...

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
68 | 81

Amado

69 | 81

Ausência

Foto: Nelson Almeida / AFP
70 | 81

Treino

Foto: Nelson Almeida / AFP
71 | 81

Comemorações

Foto: André Penner / AP
72 | 81

Invasão

Foto: Nelson Almeida / AFP
73 | 81

Pequeno susto

Foto: Andre Penner / AP
74 | 81

Recepção

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
75 | 81

Desembarque

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
76 | 81

Segundo amistoso

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
77 | 81

Viena

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
78 | 81

Primeiro amistoso

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
79 | 81

Liverpool

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
80 | 81

Londres

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
81 | 81

Teresópolis

Foto: Lucas Figueiredo / CBF

No Brasil das crianças, futebol não tem nada a ver com crise política, todo mundo quer vestir a camisa amarela e ninguém implica com o Neymar - a não ser as críticas bem humoradas ao cabelo “que parece macarrão”. A Copa do Mundo é uma grande festa e a seleção brasileira, um orgulho sem ressalvas. 

+ Na fábrica, muito cuidado com as figurinhas da Copa do Mundo

+ Brasil é o país que mais consome figurinhas do álbum da Copa da Rússia

+ Paulinho manda presentes para crianças

Tudo começou com a febre do álbum de figurinhas, que fez com que até os pequenos decorassem nomes de atletas como Aleksander Kolarov, da Sérvia. E, quando as equipes iam ficando completas na publicação, aumentava a ansiedade pelo início do Mundial de verdade. “Um dia antes de começar a Copa, fiquei acordado até meia noite”, conta Rodrigo Ramos, de 10 anos. “Quando deu meia noite e um, falei: pronto, chegou o dia da Copa. Agora, já posso dormir.” Era como se fosse noite de ano-novo.

Uniforme.Os garotos da Oswald de Andrade adotaram a camisa da seleção Foto: Valéria Gonçalvez/Estadão

Vestido com a camisa 10 do Brasil, o brincalhão Micael Klein, de 8 anos, pede para ser chamado de Neymar durante a conversa com o Estado. A camisa é a do craque. Ao ser questionado se seu cabelo pintado de loiro nas pontas é uma homenagem ao jogador, responde sério: “Não, ele que me imitou, fiz primeiro”. No grupo da Escola Municipal João Domingues Sampaio, na Vila Maria, zona norte de São Paulo, não há dúvidas sobre o desempenho do meia brasileiro. “Empurram muito o Neymar, é difícil jogar assim”, justifica Carlos Diógenes de Jesus, de 8 anos, que veste a camisa argentina de Messi “só porque a do Brasil está lavando”. 

E ai de quem diz que eles nunca viram a seleção brasileira ser campeã. “Claro que vi, pelo YouTube”, explica Micael. Também não titubeiam sobre quem leva a taça este ano. “A gente, óbvio.” Os meninos repetem em coro os nomes complicados das cidades russas que são sede dos jogos. A escola decidiu que não vai fechar hoje, dia da partida do Brasil, para que todos assistam juntos. Outras instituições de ensino da capital - particulares e públicas - farão o mesmo. 

Sem rivalidade.Carlos(camisa argentina)abraça Micael Foto: Valéria Gonçalvez/Estadão

SEM ESTOQUE

Apesar de muita gente acreditar que a camisa da CBF ganhou significado político nos protestos no País, dados da Nike mostram que o modelo infantil está em alta. Com pouco mais de uma semana de Copa, só há 15% do estoque nas lojas (8 a 12 anos), desempenho considerado “acima da expectativa” pela empresa. Já os kits completos para crianças, com camiseta, calção e meião, estão praticamente esgotados.

Na sala do 1.º ano do Colégio Oswald de Andrade, na zona oeste, boa parte dos meninos aparece todo dia com o uniforme completo de futebol. O interesse é tanto que a professora teve de interromper a hora do lanche para passar no computador o gol de Cristiano Ronaldo, que havia acabado de acontecer. Por causa da média de idade de 6 anos, é o primeiro Mundial que o grupo acompanha. Desde maio, todas as festinhas de aniversário de crianças da classe tiveram a Copa como tema. “Eles sabem muito mais do que eu, sempre dizem quem está jogando e perguntam toda hora os resultados”, diz a professora Laura Pimentel, de 35 anos. 

Eles sabem mais do que eu, sempre dizem quem está jogando e perguntam sobre resultados.

Laura Pimentel, professora

Sentadas em roda, crianças que estão ainda se alfabetizando discutem com seriedade o uso do árbitro de vídeo (VAR). O erro ao validar o gol da Suíça no primeiro jogo do Brasil é unanimidade entre os comentaristas mirins. “O juiz não falou nada quando empurraram o Miranda, foi injusto”, diz Jorge Costa Kato, de 6 anos, vestido de verde e amarelo. “Ele nem usou a tecnologia”, concorda o amigo Pedro Buosi, também de 6 anos. O pai de Jorge, o arquiteto Cristiano Kato, de 41 anos, diz que não se sente à vontade para usar a camisa do Brasil, mas que não influencia o filho. “Ele não precisa saber das questões políticas, para ele é um festa das nações, de culturas.”

No 3.º ano do colégio, as meninas percebem outras alegrias no Mundial. “Na família, tem gente que torce para o Corinthians e outros que não. Agora, é o momento que todo mundo torce junto”, diz Isadora Villas Boas, de 8 anos. “A gente vai à casa da avó, se enrola na bandeira do Brasil e corre para ver no álbum os jogadores que aparecem na TV”, completa Marina Ciavolella, também de 8. 

Para a educadora da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), Maria Angela Barbato Carneiro, a empolgação das crianças é positiva e até pedagógica. “Envolve a fantasia, o imaginário, além de levantar discussões sobre ganhar e perder, respeito, regras.” Para ela, os pais não precisam discutir a crise no País com os filhos nesse momento. “O orgulho e a esperança deles são algo importante.”

Educação.Crianças discutem com seriedade o VAR Foto: Valéria Gonçalvez/Estadão

Segundo pesquisa Datafolha feita dois dias antes do início da Copa, o desânimo do brasileiro - adulto - atingiu recorde histórico: 53% disseram não ter nenhum interesse no Mundial. Em 1994, quando o Brasil não ganhava um título há mais de 20 anos, o índice era de só 20%. “Quem sabe até o fim da Copa eu compre uma bandeirinha do Brasil pra ele”, diz a autônoma Pricila Barretos Blum, de 44 anos, referindo-se ao filho Pedro, de 10 anos. Ela não enfeitou de verde e amarelo nem a casa nem o carro, mas o menino é fanático pela seleção. “Ele grita na janela: ‘vai, Brasil’. A situação está muito difícil, mas eu entendo que o esporte é importante pra ele.”

A publicitária Larissa Lublinski, de 46 anos, ficou surpresa quando viu a filha Sofia, de 8, colocar o despertador para as 7 horas da manhã do sábado. A menina não queria perder o jogo de França e Austrália. “Eu não tenho paciência, mas ela assiste tudo, depois vê os gols que perdeu no aplicativo.” Sofia analisa o desempenho dos times até agora e conclui que é vitória certa do Brasil. “Rússia está indo bem, Egito não, só tem o Salah, Portugal sem Cristiano Ronaldo não é nada”, diz a menina. “A melhor coisa da Copa é que a gente se sente especial.”

Em imagens, a história da seleção brasileira na Copa do Mundo da Rússia

1 | 81

Final

Foto: Fábio Motta / Estadão Conteúdo
2 | 81

Dor

Foto: Frank Ausgtein / AP
3 | 81

Vencedores

Foto: Robert Ghement / EFE
4 | 81

Há tempo

Foto: Luis Acosta / AFP
5 | 81

Marcado

Foto: Gleb Baranich / Reuters
6 | 81

Esperança

Foto: Manan Vatsayana / AFP
7 | 81

Mortal

Foto: Frank Augstein / AP
8 | 81

Azar

Foto: Saeed Khan / AFP
9 | 81

Reforço na torcida

Foto: Twitter Oficial / CBF
10 | 81

Atenção redobrada

Foto: Matthias Schrader / AP
11 | 81

Volta do Canário

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
12 | 81

Calor da torcida

Foto: Eduardo Nicolau / Estadão
13 | 81

Última vez

Foto: Nelson Almeida / AFP
14 | 81

Volta

Foto: Ronald Wittek / EFE
15 | 81

Bom humor

Foto: Ronald Wittek / EFE
16 | 81

Pra garantir

Foto: Michael Dalder / Reuters
17 | 81

Agressão?

Foto: David Gray / Reuters
18 | 81

Marca do craque

Foto: Fabrice Coffrini / AFP
19 | 81

Muro mexicano

Foto: Benjamin Cremel / AFP
20 | 81

Últimos ajustes

Foto: Eduardo Nicolau/Estadão
21 | 81

Oitavas do PSG

Foto: David Gray/Reuters
22 | 81

Capitão repetido

Foto: Emmanuel Dunand/AFP
23 | 81

A volta de Marcelo

Foto: Lucas Figueiredo/CBF
24 | 81

Treino fechado

Foto: Lucas Figueiredo/CBF
25 | 81

Retorno e Ausência

Foto: Hannah McKay / Reuters
26 | 81

Voo da vitória

Foto: Reprodução Twitter CBF
27 | 81

Artilheiros

Foto: Eduardo Nicolau/Estadão
28 | 81

Perdeu!

Foto: Wilton Junior/Estadão
29 | 81

Pelo alto

Foto: Eduardo Nicolau/Estadão
30 | 81

Com estilo

Foto: Eduardo Nicolau/Estadão
31 | 81

Habilidade

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
32 | 81

Visita

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
33 | 81

Sem alterações

Foto: Wilton Júnior / Estadão
34 | 81

Na capital

Foto: Yuri Kadobnov / AFP
35 | 81

Pistola

Foto: Lucas Figueiredo/CBF
36 | 81

Alterações?

Foto: Wilton Junior/Estadão
37 | 81

Ainda não

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
38 | 81

Velho conhecido

Foto: Kai Pfaffenbach / Reuters
39 | 81

Obrigado

Foto: Wilton Junior/Estadão
40 | 81

Descontração

Foto: Wilton Junior / Estadão
41 | 81

'Gigantes por natureza'

Foto: Wilton Junior/Estadão
42 | 81

Preocupação

Foto: Lucas Figueiredo/CBF
43 | 81

Regenerativo

Foto: Lucas Figueiredo/CBF
44 | 81

Sofrimento

Foto: Juan Herrero / EFE
45 | 81

Iluminado

Foto: Lee Smith
46 | 81

Encenação

Foto: Michael Sohn / AP
47 | 81

Novo titular?

Foto: Olga Matseva / AFP
48 | 81

Manutenção

Foto: Dmitri Lovetsky / AP
49 | 81

Nova chance

Foto: Wilton Júnior / Estadão Conteúdo
50 | 81

Calor da torcida

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
51 | 81

Tudo bem

Foto: Twitter Oficial / CBF
52 | 81

Próximo

Foto: Tatyana Makeyeva / Reuters
53 | 81

Susto

Foto: Hannah McKay / Reuters
54 | 81

Treino regenerativo

Foto: Lucas Figueiredo/CBF
55 | 81

Agora sim?

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
56 | 81

Mudança?

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
57 | 81

Caçado

Foto: Wilton Junior/Estadão
58 | 81

Cadê o VAR?

Foto: Wilton Junior/Estadão
59 | 81

Comemoração

Foto: Eduardo Nicolau/Estadão
60 | 81

Nervosismo

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
61 | 81

Novo visual do craque

Foto: Wilton Junior/Estadão
62 | 81

Seleção 100% recuperada

Foto: Felipe Dana/AP
63 | 81

Olho no CR7

Foto: Lucas Figueiredo/CBF
64 | 81

Volta

Foto: Nelson Almeida / AFP
65 | 81

Definido

Foto: Hassan Anmar / AP
66 | 81

Preparação

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
67 | 81

Enquanto isso...

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
68 | 81

Amado

69 | 81

Ausência

Foto: Nelson Almeida / AFP
70 | 81

Treino

Foto: Nelson Almeida / AFP
71 | 81

Comemorações

Foto: André Penner / AP
72 | 81

Invasão

Foto: Nelson Almeida / AFP
73 | 81

Pequeno susto

Foto: Andre Penner / AP
74 | 81

Recepção

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
75 | 81

Desembarque

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
76 | 81

Segundo amistoso

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
77 | 81

Viena

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
78 | 81

Primeiro amistoso

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
79 | 81

Liverpool

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
80 | 81

Londres

Foto: Lucas Figueiredo / CBF
81 | 81

Teresópolis

Foto: Lucas Figueiredo / CBF

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