As perspectivas de resolução do problema dos calotes da Copa não parecem ser as melhores, visto que a responsabilidade pelos débitos vem sendo jogada de mão em mão desde 2014.
Em troca de e-mails a que o Estado teve aceso, entre representantes da Team Spirit com uma das empresas que levaram prejuízo, a agência chega a pedir desculpas pelos transtornos sem resolvê-los. "Ainda não tenho a confirmação se iremos conseguir pagar algum valor para vocês, estamos no aguardo e assim que tiver notícias, informamos", respondeu a Team Spirit em 19 de agosto de 2014, após sucessivas cobranças da firma.
No dia seguinte, outra má notícia. "Infelizmente hoje não tenho como efetuar nada, estou tentando para amanhã, mas só consigo te confirmar amanhã. Desculpe o transtorno."
Consultada sobre os débitos, a Fifa não quis se pronunciar, argumentando que o assunto é de responsabilidade do Comitê Organizador Local (COL).
Em nota, o COL afirma ter cumprido suas obrigações com os prestadores de serviço. "O COL não responde pelas relações entre as empresas que lhe prestaram serviços e seus fornecedores", informou.
Criado em 2008 e presidido por Marco Polo Del Nero, também presidente da CBF, para organizar e realizar a Copa das Confederações de 2013 e a Copa do Mundo de 2014, a previsão era que o COL fosse "dissolvido e liquidado" em até 18 meses após o fim do Mundial.
O prazo já acabou, mas há uma ressalva regimental que permite ao órgão funcionar por tempo indeterminado até que conclua todas as suas atividades e obrigações. E são justamente questões financeiras que impedem que o Comitê encerre suas atividades no Brasil.
Conforme o Estado noticiou há alguns meses, as pendências financeiras nos tribunais referentes à realização da Copa podem chegar a R$ 1 bilhão, ainda que advogados que trabalham nos casos digam que será preciso desembolsar "apenas" entre R$ 10 milhões e R$ 20 milhões. São contas que precisam ser acertadas, mas que não tiveram ações na Justiça. A Fifa diz confiar no Comitê Organizador.
Em 2014, o COL recebeu US$ 440 milhões (R$ 1,4 bilhão) da entidade. Parte do dinheiro foi destinada a pagar salários de cartolas como Ricardo Teixeira e José Maria Marin. Enquanto as dívidas não forem pagar, o COL não deixará de existir.