Pedrinho se destaca como comentarista e diz que futebol de hoje é mais difícil do que na sua época


Ex-jogador vê atletas mais pressionados por causa da evolução física e afirma que parte tática ganhou importância nos jogos

Por Toni Assis
Atualização:

Toca o telefone. Do outro lado da linha, um convite inesperado durante a ida para a gravação de um programa pega Pedrinho de surpresa. O desafio de abraçar uma nova função ligada ao futebol, no entanto, fala mais alto. "Recebi o telefonema e aceitei na hora. Já tinha feito um curso de jornalismo e não hesitei mesmo sabendo que seria uma troca radical na minha vida, porque sou muito tímido." O diferencial do ex-jogador surge quando a parte tática entra em cena. Nada de jargões e comentários superficiais. Ligado na evolução do esporte, ele não tem dúvida em afirmar ao Estadão que "hoje é mais difícil jogar futebol."

Para não sucumbir num universo onde qualquer deslize pode ser traumático, Pedrinho se preparou. Estudioso, ele fez cursos na CBF e tem as licenças A e B de treinador. A carreira de técnico, no entanto, parece estar descartada neste momento. No complemento de sua rotina, o ex-vascaíno também acompanha o noticiário, analisa o histórico dos times e observa o momento e o perfil dos jogadores. Já são dois anos de casa no time de comentaristas da Globo.

Pedrinho faz parte da equipe de comentarista da Globo há dois anos Foto: Reprodução/SporTV
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Como aconteceu a sua migração para a televisão?

O convite para trabalhar na TV Globo foi feito durante a ida para a gravação de um programa. Recebi o telefonema e aceitei na hora. Já tinha feito um curso de jornalismo e não hesitei, mesmo sabendo que seria uma troca radical na minha vida, por ser muito tímido. Na televisão você precisa se comunicar com coragem, personalidade, posicionamento e foi bem delicada essa transformação.

Você tem um conhecimento tático muito amplo. Já pensou em ser treinador alguma vez? Fez algum curso nesse sentido?

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A questão de o meu comentário ser voltado para o jogo é porque eutento explicar para o público o porquê de as coisas acontecerem. É para evitar que o comentário fique superficial. Por exemplo, se a defesa falhou, foi por algum princípio de jogo daquele modelo que não funcionou. Nessa explanação, utilizo uma nomenclatura acadêmica com o linguajar mais popular. Quero transmitir minha visão de forma clara. Acho essencial mostrar o que aconteceu e o que poderia ser feito para que não acontecesse. Sobre ser treinador, não tenho vontade, mas fiz os cursos da CBF. Tenho as licenças A e B.

Qual a diferença do futebol de hoje para o da sua época. E o comportamento dos jogadores mudou muito?

Sempre digo que hoje é mais difícil jogar futebol. E isso não é um demérito para quem jogou na minha época ou em momentos anteriores. Os campos continuam basicamente do mesmo tamanho, mas o jogo em si diminuiu muito dentro deste espaço. As equipes atualmente atuam mais compactas e a partida se parece muito com o futsal, já que são muitos jogadores dentro de um curto espaço. Além disso, a pressão na bola é intensa, fazendo com que o jogador precise cada vez mais da velocidade de raciocínio na tomada de decisão. O domínio precisa também já ser orientado, para que não haja perda de tempo, que é tão valioso no jogo de hoje. Acho que a mudança é basicamente essa. O jogo, por ter ficado mais apertado, ficou muito tático. Assim, as estratégias se tornam muito necessárias. Antes, com mais espaço, a questão intuitiva prevalecia, pela qualidade, espaço e o tempo para a melhor tomada de decisão.

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Como é a sua preparação antes de trabalhar em algum jogo como comentarista?

Antes dos jogos me preparo vendo as notícias atualizadas sobre as equipes e faço uma retrospectiva do que já aconteceu com elas dentro do campeonato. Se o torneio ainda estiver no início, vejo as negociações, quem chegou, quem saiu, assim como a expectativa dos clubes. Analiso também alguns pontos individuais dos dois elencos. Durante a partida, fico muito preso ao que acontece dentro de campo. Essa é uma característica minha, de tentar, no momento do jogo, falar somente o que acontece nas quatro linhas.

Qual a resposta que você tem dos torcedores em relação ao seu trabalho de comentarista?

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Sempre que consigo tempo atendo os torcedores quando sou abordado. O torcedor quer ouvir uma coisa bacana. Naturalmente sou uma pessoa simpática, aberta e que gosta de conversar. Quando o assunto é futebol procuro dar ainda mais atenção. A receptividade das pessoas tem sido muito legal, não só pelo conteúdo, mas também pela forma respeitosa com a qual eu faço os elogios e as críticas. A minha percepção é de que o público gosta do meu trabalho.

Você é muito identificado com o Vasco pela sua trajetória. Já teve alguma situação curiosa nesse sentido envolvendo torcedores e o seu trabalho de comentarista?

Sou muito profissional em tudo que faço e mesmo durante os jogos do Vasco não deixo de fazer críticas ou julgamentos, colocando sempre a minha opinião. Acertando ou errando, tento sempre ser justo. Elogio quando merece e critico quando entendo ser necessário.

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Quem foi, ou é a sua referência nos comentários? Você se espelhou ou se inspira em alguém?

Tem algumas pessoas muito especiais, como o Caio Ribeiro, o Raphael Rezende, que recentemente nos deixou para assumir um cargo no Botafogo. São pessoas que a gente observa, admira e vai pegando um pouquinho do jeito de cada um, as características, os pontos fortes. Acho que todos possuem uma coisa boa para entregar.

Ano de Copa do Mundo. Como está a seleção brasileira na sua opinião? Seguimos dependentes de Neymar?

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Acho que somos muito resistentes em relação à seleção brasileira, o que não acontece com outras seleções. Tenho alguns pensamentos bem particulares sobre o porquê de isso acontecer, mas acho que a gente tem muita dificuldade de fazer elogios à seleção. O Neymar é, sem dúvida, o grande diferencial técnico, mas não acho que somos dependentes dele. Existe um modelo que pode ou não ser do agrado das pessoas, com jogadas de construção desde a defesa. Não é simplesmente entregar a bola no Neymar e ele que se vire. Acho que a técnica e o talento resolvem partidas, mas eles podem ser potencializados através de um estilo de jogo. Outras seleções brasileiras já tiveram jogadores assim. É o que acontece atualmente na Argentina com o Messi.

Toca o telefone. Do outro lado da linha, um convite inesperado durante a ida para a gravação de um programa pega Pedrinho de surpresa. O desafio de abraçar uma nova função ligada ao futebol, no entanto, fala mais alto. "Recebi o telefonema e aceitei na hora. Já tinha feito um curso de jornalismo e não hesitei mesmo sabendo que seria uma troca radical na minha vida, porque sou muito tímido." O diferencial do ex-jogador surge quando a parte tática entra em cena. Nada de jargões e comentários superficiais. Ligado na evolução do esporte, ele não tem dúvida em afirmar ao Estadão que "hoje é mais difícil jogar futebol."

Para não sucumbir num universo onde qualquer deslize pode ser traumático, Pedrinho se preparou. Estudioso, ele fez cursos na CBF e tem as licenças A e B de treinador. A carreira de técnico, no entanto, parece estar descartada neste momento. No complemento de sua rotina, o ex-vascaíno também acompanha o noticiário, analisa o histórico dos times e observa o momento e o perfil dos jogadores. Já são dois anos de casa no time de comentaristas da Globo.

Pedrinho faz parte da equipe de comentarista da Globo há dois anos Foto: Reprodução/SporTV

Como aconteceu a sua migração para a televisão?

O convite para trabalhar na TV Globo foi feito durante a ida para a gravação de um programa. Recebi o telefonema e aceitei na hora. Já tinha feito um curso de jornalismo e não hesitei, mesmo sabendo que seria uma troca radical na minha vida, por ser muito tímido. Na televisão você precisa se comunicar com coragem, personalidade, posicionamento e foi bem delicada essa transformação.

Você tem um conhecimento tático muito amplo. Já pensou em ser treinador alguma vez? Fez algum curso nesse sentido?

A questão de o meu comentário ser voltado para o jogo é porque eutento explicar para o público o porquê de as coisas acontecerem. É para evitar que o comentário fique superficial. Por exemplo, se a defesa falhou, foi por algum princípio de jogo daquele modelo que não funcionou. Nessa explanação, utilizo uma nomenclatura acadêmica com o linguajar mais popular. Quero transmitir minha visão de forma clara. Acho essencial mostrar o que aconteceu e o que poderia ser feito para que não acontecesse. Sobre ser treinador, não tenho vontade, mas fiz os cursos da CBF. Tenho as licenças A e B.

Qual a diferença do futebol de hoje para o da sua época. E o comportamento dos jogadores mudou muito?

Sempre digo que hoje é mais difícil jogar futebol. E isso não é um demérito para quem jogou na minha época ou em momentos anteriores. Os campos continuam basicamente do mesmo tamanho, mas o jogo em si diminuiu muito dentro deste espaço. As equipes atualmente atuam mais compactas e a partida se parece muito com o futsal, já que são muitos jogadores dentro de um curto espaço. Além disso, a pressão na bola é intensa, fazendo com que o jogador precise cada vez mais da velocidade de raciocínio na tomada de decisão. O domínio precisa também já ser orientado, para que não haja perda de tempo, que é tão valioso no jogo de hoje. Acho que a mudança é basicamente essa. O jogo, por ter ficado mais apertado, ficou muito tático. Assim, as estratégias se tornam muito necessárias. Antes, com mais espaço, a questão intuitiva prevalecia, pela qualidade, espaço e o tempo para a melhor tomada de decisão.

Como é a sua preparação antes de trabalhar em algum jogo como comentarista?

Antes dos jogos me preparo vendo as notícias atualizadas sobre as equipes e faço uma retrospectiva do que já aconteceu com elas dentro do campeonato. Se o torneio ainda estiver no início, vejo as negociações, quem chegou, quem saiu, assim como a expectativa dos clubes. Analiso também alguns pontos individuais dos dois elencos. Durante a partida, fico muito preso ao que acontece dentro de campo. Essa é uma característica minha, de tentar, no momento do jogo, falar somente o que acontece nas quatro linhas.

Qual a resposta que você tem dos torcedores em relação ao seu trabalho de comentarista?

Sempre que consigo tempo atendo os torcedores quando sou abordado. O torcedor quer ouvir uma coisa bacana. Naturalmente sou uma pessoa simpática, aberta e que gosta de conversar. Quando o assunto é futebol procuro dar ainda mais atenção. A receptividade das pessoas tem sido muito legal, não só pelo conteúdo, mas também pela forma respeitosa com a qual eu faço os elogios e as críticas. A minha percepção é de que o público gosta do meu trabalho.

Você é muito identificado com o Vasco pela sua trajetória. Já teve alguma situação curiosa nesse sentido envolvendo torcedores e o seu trabalho de comentarista?

Sou muito profissional em tudo que faço e mesmo durante os jogos do Vasco não deixo de fazer críticas ou julgamentos, colocando sempre a minha opinião. Acertando ou errando, tento sempre ser justo. Elogio quando merece e critico quando entendo ser necessário.

Quem foi, ou é a sua referência nos comentários? Você se espelhou ou se inspira em alguém?

Tem algumas pessoas muito especiais, como o Caio Ribeiro, o Raphael Rezende, que recentemente nos deixou para assumir um cargo no Botafogo. São pessoas que a gente observa, admira e vai pegando um pouquinho do jeito de cada um, as características, os pontos fortes. Acho que todos possuem uma coisa boa para entregar.

Ano de Copa do Mundo. Como está a seleção brasileira na sua opinião? Seguimos dependentes de Neymar?

Acho que somos muito resistentes em relação à seleção brasileira, o que não acontece com outras seleções. Tenho alguns pensamentos bem particulares sobre o porquê de isso acontecer, mas acho que a gente tem muita dificuldade de fazer elogios à seleção. O Neymar é, sem dúvida, o grande diferencial técnico, mas não acho que somos dependentes dele. Existe um modelo que pode ou não ser do agrado das pessoas, com jogadas de construção desde a defesa. Não é simplesmente entregar a bola no Neymar e ele que se vire. Acho que a técnica e o talento resolvem partidas, mas eles podem ser potencializados através de um estilo de jogo. Outras seleções brasileiras já tiveram jogadores assim. É o que acontece atualmente na Argentina com o Messi.

Toca o telefone. Do outro lado da linha, um convite inesperado durante a ida para a gravação de um programa pega Pedrinho de surpresa. O desafio de abraçar uma nova função ligada ao futebol, no entanto, fala mais alto. "Recebi o telefonema e aceitei na hora. Já tinha feito um curso de jornalismo e não hesitei mesmo sabendo que seria uma troca radical na minha vida, porque sou muito tímido." O diferencial do ex-jogador surge quando a parte tática entra em cena. Nada de jargões e comentários superficiais. Ligado na evolução do esporte, ele não tem dúvida em afirmar ao Estadão que "hoje é mais difícil jogar futebol."

Para não sucumbir num universo onde qualquer deslize pode ser traumático, Pedrinho se preparou. Estudioso, ele fez cursos na CBF e tem as licenças A e B de treinador. A carreira de técnico, no entanto, parece estar descartada neste momento. No complemento de sua rotina, o ex-vascaíno também acompanha o noticiário, analisa o histórico dos times e observa o momento e o perfil dos jogadores. Já são dois anos de casa no time de comentaristas da Globo.

Pedrinho faz parte da equipe de comentarista da Globo há dois anos Foto: Reprodução/SporTV

Como aconteceu a sua migração para a televisão?

O convite para trabalhar na TV Globo foi feito durante a ida para a gravação de um programa. Recebi o telefonema e aceitei na hora. Já tinha feito um curso de jornalismo e não hesitei, mesmo sabendo que seria uma troca radical na minha vida, por ser muito tímido. Na televisão você precisa se comunicar com coragem, personalidade, posicionamento e foi bem delicada essa transformação.

Você tem um conhecimento tático muito amplo. Já pensou em ser treinador alguma vez? Fez algum curso nesse sentido?

A questão de o meu comentário ser voltado para o jogo é porque eutento explicar para o público o porquê de as coisas acontecerem. É para evitar que o comentário fique superficial. Por exemplo, se a defesa falhou, foi por algum princípio de jogo daquele modelo que não funcionou. Nessa explanação, utilizo uma nomenclatura acadêmica com o linguajar mais popular. Quero transmitir minha visão de forma clara. Acho essencial mostrar o que aconteceu e o que poderia ser feito para que não acontecesse. Sobre ser treinador, não tenho vontade, mas fiz os cursos da CBF. Tenho as licenças A e B.

Qual a diferença do futebol de hoje para o da sua época. E o comportamento dos jogadores mudou muito?

Sempre digo que hoje é mais difícil jogar futebol. E isso não é um demérito para quem jogou na minha época ou em momentos anteriores. Os campos continuam basicamente do mesmo tamanho, mas o jogo em si diminuiu muito dentro deste espaço. As equipes atualmente atuam mais compactas e a partida se parece muito com o futsal, já que são muitos jogadores dentro de um curto espaço. Além disso, a pressão na bola é intensa, fazendo com que o jogador precise cada vez mais da velocidade de raciocínio na tomada de decisão. O domínio precisa também já ser orientado, para que não haja perda de tempo, que é tão valioso no jogo de hoje. Acho que a mudança é basicamente essa. O jogo, por ter ficado mais apertado, ficou muito tático. Assim, as estratégias se tornam muito necessárias. Antes, com mais espaço, a questão intuitiva prevalecia, pela qualidade, espaço e o tempo para a melhor tomada de decisão.

Como é a sua preparação antes de trabalhar em algum jogo como comentarista?

Antes dos jogos me preparo vendo as notícias atualizadas sobre as equipes e faço uma retrospectiva do que já aconteceu com elas dentro do campeonato. Se o torneio ainda estiver no início, vejo as negociações, quem chegou, quem saiu, assim como a expectativa dos clubes. Analiso também alguns pontos individuais dos dois elencos. Durante a partida, fico muito preso ao que acontece dentro de campo. Essa é uma característica minha, de tentar, no momento do jogo, falar somente o que acontece nas quatro linhas.

Qual a resposta que você tem dos torcedores em relação ao seu trabalho de comentarista?

Sempre que consigo tempo atendo os torcedores quando sou abordado. O torcedor quer ouvir uma coisa bacana. Naturalmente sou uma pessoa simpática, aberta e que gosta de conversar. Quando o assunto é futebol procuro dar ainda mais atenção. A receptividade das pessoas tem sido muito legal, não só pelo conteúdo, mas também pela forma respeitosa com a qual eu faço os elogios e as críticas. A minha percepção é de que o público gosta do meu trabalho.

Você é muito identificado com o Vasco pela sua trajetória. Já teve alguma situação curiosa nesse sentido envolvendo torcedores e o seu trabalho de comentarista?

Sou muito profissional em tudo que faço e mesmo durante os jogos do Vasco não deixo de fazer críticas ou julgamentos, colocando sempre a minha opinião. Acertando ou errando, tento sempre ser justo. Elogio quando merece e critico quando entendo ser necessário.

Quem foi, ou é a sua referência nos comentários? Você se espelhou ou se inspira em alguém?

Tem algumas pessoas muito especiais, como o Caio Ribeiro, o Raphael Rezende, que recentemente nos deixou para assumir um cargo no Botafogo. São pessoas que a gente observa, admira e vai pegando um pouquinho do jeito de cada um, as características, os pontos fortes. Acho que todos possuem uma coisa boa para entregar.

Ano de Copa do Mundo. Como está a seleção brasileira na sua opinião? Seguimos dependentes de Neymar?

Acho que somos muito resistentes em relação à seleção brasileira, o que não acontece com outras seleções. Tenho alguns pensamentos bem particulares sobre o porquê de isso acontecer, mas acho que a gente tem muita dificuldade de fazer elogios à seleção. O Neymar é, sem dúvida, o grande diferencial técnico, mas não acho que somos dependentes dele. Existe um modelo que pode ou não ser do agrado das pessoas, com jogadas de construção desde a defesa. Não é simplesmente entregar a bola no Neymar e ele que se vire. Acho que a técnica e o talento resolvem partidas, mas eles podem ser potencializados através de um estilo de jogo. Outras seleções brasileiras já tiveram jogadores assim. É o que acontece atualmente na Argentina com o Messi.

Toca o telefone. Do outro lado da linha, um convite inesperado durante a ida para a gravação de um programa pega Pedrinho de surpresa. O desafio de abraçar uma nova função ligada ao futebol, no entanto, fala mais alto. "Recebi o telefonema e aceitei na hora. Já tinha feito um curso de jornalismo e não hesitei mesmo sabendo que seria uma troca radical na minha vida, porque sou muito tímido." O diferencial do ex-jogador surge quando a parte tática entra em cena. Nada de jargões e comentários superficiais. Ligado na evolução do esporte, ele não tem dúvida em afirmar ao Estadão que "hoje é mais difícil jogar futebol."

Para não sucumbir num universo onde qualquer deslize pode ser traumático, Pedrinho se preparou. Estudioso, ele fez cursos na CBF e tem as licenças A e B de treinador. A carreira de técnico, no entanto, parece estar descartada neste momento. No complemento de sua rotina, o ex-vascaíno também acompanha o noticiário, analisa o histórico dos times e observa o momento e o perfil dos jogadores. Já são dois anos de casa no time de comentaristas da Globo.

Pedrinho faz parte da equipe de comentarista da Globo há dois anos Foto: Reprodução/SporTV

Como aconteceu a sua migração para a televisão?

O convite para trabalhar na TV Globo foi feito durante a ida para a gravação de um programa. Recebi o telefonema e aceitei na hora. Já tinha feito um curso de jornalismo e não hesitei, mesmo sabendo que seria uma troca radical na minha vida, por ser muito tímido. Na televisão você precisa se comunicar com coragem, personalidade, posicionamento e foi bem delicada essa transformação.

Você tem um conhecimento tático muito amplo. Já pensou em ser treinador alguma vez? Fez algum curso nesse sentido?

A questão de o meu comentário ser voltado para o jogo é porque eutento explicar para o público o porquê de as coisas acontecerem. É para evitar que o comentário fique superficial. Por exemplo, se a defesa falhou, foi por algum princípio de jogo daquele modelo que não funcionou. Nessa explanação, utilizo uma nomenclatura acadêmica com o linguajar mais popular. Quero transmitir minha visão de forma clara. Acho essencial mostrar o que aconteceu e o que poderia ser feito para que não acontecesse. Sobre ser treinador, não tenho vontade, mas fiz os cursos da CBF. Tenho as licenças A e B.

Qual a diferença do futebol de hoje para o da sua época. E o comportamento dos jogadores mudou muito?

Sempre digo que hoje é mais difícil jogar futebol. E isso não é um demérito para quem jogou na minha época ou em momentos anteriores. Os campos continuam basicamente do mesmo tamanho, mas o jogo em si diminuiu muito dentro deste espaço. As equipes atualmente atuam mais compactas e a partida se parece muito com o futsal, já que são muitos jogadores dentro de um curto espaço. Além disso, a pressão na bola é intensa, fazendo com que o jogador precise cada vez mais da velocidade de raciocínio na tomada de decisão. O domínio precisa também já ser orientado, para que não haja perda de tempo, que é tão valioso no jogo de hoje. Acho que a mudança é basicamente essa. O jogo, por ter ficado mais apertado, ficou muito tático. Assim, as estratégias se tornam muito necessárias. Antes, com mais espaço, a questão intuitiva prevalecia, pela qualidade, espaço e o tempo para a melhor tomada de decisão.

Como é a sua preparação antes de trabalhar em algum jogo como comentarista?

Antes dos jogos me preparo vendo as notícias atualizadas sobre as equipes e faço uma retrospectiva do que já aconteceu com elas dentro do campeonato. Se o torneio ainda estiver no início, vejo as negociações, quem chegou, quem saiu, assim como a expectativa dos clubes. Analiso também alguns pontos individuais dos dois elencos. Durante a partida, fico muito preso ao que acontece dentro de campo. Essa é uma característica minha, de tentar, no momento do jogo, falar somente o que acontece nas quatro linhas.

Qual a resposta que você tem dos torcedores em relação ao seu trabalho de comentarista?

Sempre que consigo tempo atendo os torcedores quando sou abordado. O torcedor quer ouvir uma coisa bacana. Naturalmente sou uma pessoa simpática, aberta e que gosta de conversar. Quando o assunto é futebol procuro dar ainda mais atenção. A receptividade das pessoas tem sido muito legal, não só pelo conteúdo, mas também pela forma respeitosa com a qual eu faço os elogios e as críticas. A minha percepção é de que o público gosta do meu trabalho.

Você é muito identificado com o Vasco pela sua trajetória. Já teve alguma situação curiosa nesse sentido envolvendo torcedores e o seu trabalho de comentarista?

Sou muito profissional em tudo que faço e mesmo durante os jogos do Vasco não deixo de fazer críticas ou julgamentos, colocando sempre a minha opinião. Acertando ou errando, tento sempre ser justo. Elogio quando merece e critico quando entendo ser necessário.

Quem foi, ou é a sua referência nos comentários? Você se espelhou ou se inspira em alguém?

Tem algumas pessoas muito especiais, como o Caio Ribeiro, o Raphael Rezende, que recentemente nos deixou para assumir um cargo no Botafogo. São pessoas que a gente observa, admira e vai pegando um pouquinho do jeito de cada um, as características, os pontos fortes. Acho que todos possuem uma coisa boa para entregar.

Ano de Copa do Mundo. Como está a seleção brasileira na sua opinião? Seguimos dependentes de Neymar?

Acho que somos muito resistentes em relação à seleção brasileira, o que não acontece com outras seleções. Tenho alguns pensamentos bem particulares sobre o porquê de isso acontecer, mas acho que a gente tem muita dificuldade de fazer elogios à seleção. O Neymar é, sem dúvida, o grande diferencial técnico, mas não acho que somos dependentes dele. Existe um modelo que pode ou não ser do agrado das pessoas, com jogadas de construção desde a defesa. Não é simplesmente entregar a bola no Neymar e ele que se vire. Acho que a técnica e o talento resolvem partidas, mas eles podem ser potencializados através de um estilo de jogo. Outras seleções brasileiras já tiveram jogadores assim. É o que acontece atualmente na Argentina com o Messi.

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