Russos que não jogam xadrez


Os estereótipos são sempre perigosos, reunindo diferentes como se iguais fossem

Por Milton Leite

Em 2006, meses antes da Copa do Mundo da Alemanha, um grupo de jornalistas reunia-se duas vezes por semana para receber aulas de alemão. O objetivo não era ser fluente no idioma, não haveria tempo para tanto, mas ter algumas ferramentas para interagir minimamente com a população local. Eram maneiras de se apresentar, cumprimentar, saber pedir no restaurante, questionar um atendente na recepção do hotel. 

+ ANTERO GRECO: Que baixe o espírito de 70

continua após a publicidade

+ Leia outros colunistas de Esportes

Passados 12 anos daquela Copa do Mundo, sobraram apenas alguns “Guten Morgen”, “Gute Nacht”, “Danke”, “Entschuldigung”, “Auf Wiedersehen”... Ou, na mesma ordem, “bom dia”, “boa noite”, “obrigado”, “com licença”, “até logo...”

Milton Leite. Foto: Gabriela Biló/Estadão
continua após a publicidade

A simpática professora não se preocupava apenas com vocabulário, gramática e concordância verbal. Dava dicas de comportamento, porque algo muito corriqueiro em uma cultura, muitas vezes é uma ofensa em outra. Em uma das aulas, foi taxativa: “não encontraríamos nos alemães nada parecido com as manifestações de emoção às quais os latinos estão acostumados, principalmente os brasileiros” - contatos físicos, alegria exacerbada, calor humano não estavam no repertório dos anfitriões.

A recordação daquelas aulas voltou nesta viagem à Rússia. Afinal, diz o senso popular, os russos são frios, até soturnos. À distância, seria fácil concluir: quem enfrenta temperaturas de 30 graus negativos, dias com pouco mais de quatro horas de luz e metros de neve no inverno, de acordo com nossos olhos tropicais, não deve ter razões para ser expansivo, sorridente e sair por aí beijando e abraçando desconhecidos.

continua após a publicidade

Mas nada como uma boa vitória no futebol para que um estereótipo seja destruído.

Quando a nossa equipe de trabalho deixava o estúdio montado pertinho da Praça Vermelha, no centro de Moscou, na madrugada da última quarta-feira, parecíamos caminhar por ruas de São Paulo, Rio de Janeiro ou qualquer cidade brasileira. Carros passavam em velocidade, bandeirinhas russas ao vento, buzinas gritando, jovens com o corpo para fora da janela. 

Centenas de pessoas caminhavam pelas ruas da capital russa gargalhando e cantando, saindo dos bares, restaurantes e Fan Fests. A seleção da Rússia acabara de derrotar o Egito e garantir vaga nas oitavas de final, contrariando as análises que colocavam em dúvida a capacidade de o time de avançar na competição de seu país.

continua após a publicidade

Naquela Alemanha de 2006, um jovem time dirigido por Jürgen Klinsmann tinha provocado fenômeno semelhante. Mesmo sendo um país acostumado a vitórias e títulos - e com ligações muito mais sólidas com o futebol do que a Rússia tem -, não se esperava que milhões fossem para as ruas, pintassem o rosto, buzinassem freneticamente nos seus carros, festejando o time que caminhou até as semifinais do Mundial.

Não satisfeitos, os torcedores, daquele distante 2006, até então considerados sisudos, invadiram a área do Portão de Brandemburgo, em Berlim, para festejar o terceiro lugar na Copa do Mundo que recebiam. Sim, eles comemoraram efusivamente o terceiro lugar.

Os estereótipos são sempre perigosos, reunindo diferentes como se iguais fossem. Mas, em tempos de mundo globalizado, meios de comunicação velozes e eficientes, internet e redes sociais, têm menos sentido ainda. Nem todo brasileiro é apaixonado por futebol e expansivo, como nem todo russo é circunspecto e louco por xadrez.

continua após a publicidade

*MILTON LEITE É NARRADOR DO SPORTV

Veja as melhores imagens da Copa do Mundo na Rússia

1 | 39

Pós-Copa

Foto: Thomas Samson / AFP
2 | 39

Pós-Copa

Foto: Antonio Bronic / Reuters
3 | 39

32º dia

Foto: Franck Fife / AFP
4 | 39

32º dia

Foto: Kai Pfaffenbach/Reuters
5 | 39

31º DIA

Foto: Tolga Bozoglu/EFE
6 | 39

29º dia

Foto: Sérgio Perez / Reuters
7 | 39

28º dia

Foto: Carl Recine / Reuters
8 | 39

28º dia

Foto: Carl Recine/Reuters
9 | 39

28º dia

Foto: Grigory Dukor/Reuters
10 | 39

28º dia

Foto: Lavandeira Jr./EFE
11 | 39

27º dia

Foto: Gabriel Bouys/AFP
12 | 39

24º dia

Foto: Peter Powell/EFE
13 | 39

24º dia

Foto: Facundo Arrizabalaga/EFE
14 | 39

22º dia

Foto: Henry Romero / Reuters
15 | 39

21º dia

Foto: Johannes Eisele / AFP
16 | 39

20º dia

Foto: Yuri Kochetkov/EFE
17 | 39

20º dia

Foto: Kai Pfaffenbach/Reuters
18 | 39

20º dia

Foto: Martin Meissner / AP
19 | 39

20º dia

Foto: Gregorio Borgia / AP
20 | 39

19º dia

Foto: Wilton Júnior / Estadão
21 | 39

18º dia

Foto: Darren Staples/Reuters
22 | 39

18º dia

Foto: David Vincent/AP
23 | 39

15º dia

Foto: Gregorio Borgia / AP
24 | 39

15º dia

Foto: Toru Hanai / Reuters
25 | 39

14º dia

Foto: Eduardo Nicolau/Estadão
26 | 39

14º dia

Foto: Andrew Couldridge / Reuters
27 | 39

14º dia

Foto: Lee Jin-man / AP
28 | 39

13º dia

Foto: Henry Romero/Reuters
29 | 39

12º dia

Foto: Ueslei Marcelino / Reuters
30 | 39

Décimo dia

Foto: Jewel Samad/AFP
31 | 39

Oitavo dia

Foto: Damir Sagolj / Reuters
32 | 39

Oitavo dia

Foto: Anatoly Maltsev / EFE
33 | 39

Sexto dia

Foto: Maxim Shemetov / Reuters
34 | 39

Sexto dia

Foto: Jason Cairnduff/Reuters
35 | 39

Quarto dia

Foto: Carl Recine/Reuters
36 | 39

Primeiro dia

Foto: Christian Hartmann / Reuters
37 | 39

Pré-Copa (de 2026)

Foto: Kena Betancur / AFP
38 | 39

Pré-Copa

Foto: Bernd Wuesteneck / AFP
39 | 39

Pré-Copa

Foto: Anton Vaganov / Reuters

Em 2006, meses antes da Copa do Mundo da Alemanha, um grupo de jornalistas reunia-se duas vezes por semana para receber aulas de alemão. O objetivo não era ser fluente no idioma, não haveria tempo para tanto, mas ter algumas ferramentas para interagir minimamente com a população local. Eram maneiras de se apresentar, cumprimentar, saber pedir no restaurante, questionar um atendente na recepção do hotel. 

+ ANTERO GRECO: Que baixe o espírito de 70

+ Leia outros colunistas de Esportes

Passados 12 anos daquela Copa do Mundo, sobraram apenas alguns “Guten Morgen”, “Gute Nacht”, “Danke”, “Entschuldigung”, “Auf Wiedersehen”... Ou, na mesma ordem, “bom dia”, “boa noite”, “obrigado”, “com licença”, “até logo...”

Milton Leite. Foto: Gabriela Biló/Estadão

A simpática professora não se preocupava apenas com vocabulário, gramática e concordância verbal. Dava dicas de comportamento, porque algo muito corriqueiro em uma cultura, muitas vezes é uma ofensa em outra. Em uma das aulas, foi taxativa: “não encontraríamos nos alemães nada parecido com as manifestações de emoção às quais os latinos estão acostumados, principalmente os brasileiros” - contatos físicos, alegria exacerbada, calor humano não estavam no repertório dos anfitriões.

A recordação daquelas aulas voltou nesta viagem à Rússia. Afinal, diz o senso popular, os russos são frios, até soturnos. À distância, seria fácil concluir: quem enfrenta temperaturas de 30 graus negativos, dias com pouco mais de quatro horas de luz e metros de neve no inverno, de acordo com nossos olhos tropicais, não deve ter razões para ser expansivo, sorridente e sair por aí beijando e abraçando desconhecidos.

Mas nada como uma boa vitória no futebol para que um estereótipo seja destruído.

Quando a nossa equipe de trabalho deixava o estúdio montado pertinho da Praça Vermelha, no centro de Moscou, na madrugada da última quarta-feira, parecíamos caminhar por ruas de São Paulo, Rio de Janeiro ou qualquer cidade brasileira. Carros passavam em velocidade, bandeirinhas russas ao vento, buzinas gritando, jovens com o corpo para fora da janela. 

Centenas de pessoas caminhavam pelas ruas da capital russa gargalhando e cantando, saindo dos bares, restaurantes e Fan Fests. A seleção da Rússia acabara de derrotar o Egito e garantir vaga nas oitavas de final, contrariando as análises que colocavam em dúvida a capacidade de o time de avançar na competição de seu país.

Naquela Alemanha de 2006, um jovem time dirigido por Jürgen Klinsmann tinha provocado fenômeno semelhante. Mesmo sendo um país acostumado a vitórias e títulos - e com ligações muito mais sólidas com o futebol do que a Rússia tem -, não se esperava que milhões fossem para as ruas, pintassem o rosto, buzinassem freneticamente nos seus carros, festejando o time que caminhou até as semifinais do Mundial.

Não satisfeitos, os torcedores, daquele distante 2006, até então considerados sisudos, invadiram a área do Portão de Brandemburgo, em Berlim, para festejar o terceiro lugar na Copa do Mundo que recebiam. Sim, eles comemoraram efusivamente o terceiro lugar.

Os estereótipos são sempre perigosos, reunindo diferentes como se iguais fossem. Mas, em tempos de mundo globalizado, meios de comunicação velozes e eficientes, internet e redes sociais, têm menos sentido ainda. Nem todo brasileiro é apaixonado por futebol e expansivo, como nem todo russo é circunspecto e louco por xadrez.

*MILTON LEITE É NARRADOR DO SPORTV

Veja as melhores imagens da Copa do Mundo na Rússia

1 | 39

Pós-Copa

Foto: Thomas Samson / AFP
2 | 39

Pós-Copa

Foto: Antonio Bronic / Reuters
3 | 39

32º dia

Foto: Franck Fife / AFP
4 | 39

32º dia

Foto: Kai Pfaffenbach/Reuters
5 | 39

31º DIA

Foto: Tolga Bozoglu/EFE
6 | 39

29º dia

Foto: Sérgio Perez / Reuters
7 | 39

28º dia

Foto: Carl Recine / Reuters
8 | 39

28º dia

Foto: Carl Recine/Reuters
9 | 39

28º dia

Foto: Grigory Dukor/Reuters
10 | 39

28º dia

Foto: Lavandeira Jr./EFE
11 | 39

27º dia

Foto: Gabriel Bouys/AFP
12 | 39

24º dia

Foto: Peter Powell/EFE
13 | 39

24º dia

Foto: Facundo Arrizabalaga/EFE
14 | 39

22º dia

Foto: Henry Romero / Reuters
15 | 39

21º dia

Foto: Johannes Eisele / AFP
16 | 39

20º dia

Foto: Yuri Kochetkov/EFE
17 | 39

20º dia

Foto: Kai Pfaffenbach/Reuters
18 | 39

20º dia

Foto: Martin Meissner / AP
19 | 39

20º dia

Foto: Gregorio Borgia / AP
20 | 39

19º dia

Foto: Wilton Júnior / Estadão
21 | 39

18º dia

Foto: Darren Staples/Reuters
22 | 39

18º dia

Foto: David Vincent/AP
23 | 39

15º dia

Foto: Gregorio Borgia / AP
24 | 39

15º dia

Foto: Toru Hanai / Reuters
25 | 39

14º dia

Foto: Eduardo Nicolau/Estadão
26 | 39

14º dia

Foto: Andrew Couldridge / Reuters
27 | 39

14º dia

Foto: Lee Jin-man / AP
28 | 39

13º dia

Foto: Henry Romero/Reuters
29 | 39

12º dia

Foto: Ueslei Marcelino / Reuters
30 | 39

Décimo dia

Foto: Jewel Samad/AFP
31 | 39

Oitavo dia

Foto: Damir Sagolj / Reuters
32 | 39

Oitavo dia

Foto: Anatoly Maltsev / EFE
33 | 39

Sexto dia

Foto: Maxim Shemetov / Reuters
34 | 39

Sexto dia

Foto: Jason Cairnduff/Reuters
35 | 39

Quarto dia

Foto: Carl Recine/Reuters
36 | 39

Primeiro dia

Foto: Christian Hartmann / Reuters
37 | 39

Pré-Copa (de 2026)

Foto: Kena Betancur / AFP
38 | 39

Pré-Copa

Foto: Bernd Wuesteneck / AFP
39 | 39

Pré-Copa

Foto: Anton Vaganov / Reuters

Em 2006, meses antes da Copa do Mundo da Alemanha, um grupo de jornalistas reunia-se duas vezes por semana para receber aulas de alemão. O objetivo não era ser fluente no idioma, não haveria tempo para tanto, mas ter algumas ferramentas para interagir minimamente com a população local. Eram maneiras de se apresentar, cumprimentar, saber pedir no restaurante, questionar um atendente na recepção do hotel. 

+ ANTERO GRECO: Que baixe o espírito de 70

+ Leia outros colunistas de Esportes

Passados 12 anos daquela Copa do Mundo, sobraram apenas alguns “Guten Morgen”, “Gute Nacht”, “Danke”, “Entschuldigung”, “Auf Wiedersehen”... Ou, na mesma ordem, “bom dia”, “boa noite”, “obrigado”, “com licença”, “até logo...”

Milton Leite. Foto: Gabriela Biló/Estadão

A simpática professora não se preocupava apenas com vocabulário, gramática e concordância verbal. Dava dicas de comportamento, porque algo muito corriqueiro em uma cultura, muitas vezes é uma ofensa em outra. Em uma das aulas, foi taxativa: “não encontraríamos nos alemães nada parecido com as manifestações de emoção às quais os latinos estão acostumados, principalmente os brasileiros” - contatos físicos, alegria exacerbada, calor humano não estavam no repertório dos anfitriões.

A recordação daquelas aulas voltou nesta viagem à Rússia. Afinal, diz o senso popular, os russos são frios, até soturnos. À distância, seria fácil concluir: quem enfrenta temperaturas de 30 graus negativos, dias com pouco mais de quatro horas de luz e metros de neve no inverno, de acordo com nossos olhos tropicais, não deve ter razões para ser expansivo, sorridente e sair por aí beijando e abraçando desconhecidos.

Mas nada como uma boa vitória no futebol para que um estereótipo seja destruído.

Quando a nossa equipe de trabalho deixava o estúdio montado pertinho da Praça Vermelha, no centro de Moscou, na madrugada da última quarta-feira, parecíamos caminhar por ruas de São Paulo, Rio de Janeiro ou qualquer cidade brasileira. Carros passavam em velocidade, bandeirinhas russas ao vento, buzinas gritando, jovens com o corpo para fora da janela. 

Centenas de pessoas caminhavam pelas ruas da capital russa gargalhando e cantando, saindo dos bares, restaurantes e Fan Fests. A seleção da Rússia acabara de derrotar o Egito e garantir vaga nas oitavas de final, contrariando as análises que colocavam em dúvida a capacidade de o time de avançar na competição de seu país.

Naquela Alemanha de 2006, um jovem time dirigido por Jürgen Klinsmann tinha provocado fenômeno semelhante. Mesmo sendo um país acostumado a vitórias e títulos - e com ligações muito mais sólidas com o futebol do que a Rússia tem -, não se esperava que milhões fossem para as ruas, pintassem o rosto, buzinassem freneticamente nos seus carros, festejando o time que caminhou até as semifinais do Mundial.

Não satisfeitos, os torcedores, daquele distante 2006, até então considerados sisudos, invadiram a área do Portão de Brandemburgo, em Berlim, para festejar o terceiro lugar na Copa do Mundo que recebiam. Sim, eles comemoraram efusivamente o terceiro lugar.

Os estereótipos são sempre perigosos, reunindo diferentes como se iguais fossem. Mas, em tempos de mundo globalizado, meios de comunicação velozes e eficientes, internet e redes sociais, têm menos sentido ainda. Nem todo brasileiro é apaixonado por futebol e expansivo, como nem todo russo é circunspecto e louco por xadrez.

*MILTON LEITE É NARRADOR DO SPORTV

Veja as melhores imagens da Copa do Mundo na Rússia

1 | 39

Pós-Copa

Foto: Thomas Samson / AFP
2 | 39

Pós-Copa

Foto: Antonio Bronic / Reuters
3 | 39

32º dia

Foto: Franck Fife / AFP
4 | 39

32º dia

Foto: Kai Pfaffenbach/Reuters
5 | 39

31º DIA

Foto: Tolga Bozoglu/EFE
6 | 39

29º dia

Foto: Sérgio Perez / Reuters
7 | 39

28º dia

Foto: Carl Recine / Reuters
8 | 39

28º dia

Foto: Carl Recine/Reuters
9 | 39

28º dia

Foto: Grigory Dukor/Reuters
10 | 39

28º dia

Foto: Lavandeira Jr./EFE
11 | 39

27º dia

Foto: Gabriel Bouys/AFP
12 | 39

24º dia

Foto: Peter Powell/EFE
13 | 39

24º dia

Foto: Facundo Arrizabalaga/EFE
14 | 39

22º dia

Foto: Henry Romero / Reuters
15 | 39

21º dia

Foto: Johannes Eisele / AFP
16 | 39

20º dia

Foto: Yuri Kochetkov/EFE
17 | 39

20º dia

Foto: Kai Pfaffenbach/Reuters
18 | 39

20º dia

Foto: Martin Meissner / AP
19 | 39

20º dia

Foto: Gregorio Borgia / AP
20 | 39

19º dia

Foto: Wilton Júnior / Estadão
21 | 39

18º dia

Foto: Darren Staples/Reuters
22 | 39

18º dia

Foto: David Vincent/AP
23 | 39

15º dia

Foto: Gregorio Borgia / AP
24 | 39

15º dia

Foto: Toru Hanai / Reuters
25 | 39

14º dia

Foto: Eduardo Nicolau/Estadão
26 | 39

14º dia

Foto: Andrew Couldridge / Reuters
27 | 39

14º dia

Foto: Lee Jin-man / AP
28 | 39

13º dia

Foto: Henry Romero/Reuters
29 | 39

12º dia

Foto: Ueslei Marcelino / Reuters
30 | 39

Décimo dia

Foto: Jewel Samad/AFP
31 | 39

Oitavo dia

Foto: Damir Sagolj / Reuters
32 | 39

Oitavo dia

Foto: Anatoly Maltsev / EFE
33 | 39

Sexto dia

Foto: Maxim Shemetov / Reuters
34 | 39

Sexto dia

Foto: Jason Cairnduff/Reuters
35 | 39

Quarto dia

Foto: Carl Recine/Reuters
36 | 39

Primeiro dia

Foto: Christian Hartmann / Reuters
37 | 39

Pré-Copa (de 2026)

Foto: Kena Betancur / AFP
38 | 39

Pré-Copa

Foto: Bernd Wuesteneck / AFP
39 | 39

Pré-Copa

Foto: Anton Vaganov / Reuters

Em 2006, meses antes da Copa do Mundo da Alemanha, um grupo de jornalistas reunia-se duas vezes por semana para receber aulas de alemão. O objetivo não era ser fluente no idioma, não haveria tempo para tanto, mas ter algumas ferramentas para interagir minimamente com a população local. Eram maneiras de se apresentar, cumprimentar, saber pedir no restaurante, questionar um atendente na recepção do hotel. 

+ ANTERO GRECO: Que baixe o espírito de 70

+ Leia outros colunistas de Esportes

Passados 12 anos daquela Copa do Mundo, sobraram apenas alguns “Guten Morgen”, “Gute Nacht”, “Danke”, “Entschuldigung”, “Auf Wiedersehen”... Ou, na mesma ordem, “bom dia”, “boa noite”, “obrigado”, “com licença”, “até logo...”

Milton Leite. Foto: Gabriela Biló/Estadão

A simpática professora não se preocupava apenas com vocabulário, gramática e concordância verbal. Dava dicas de comportamento, porque algo muito corriqueiro em uma cultura, muitas vezes é uma ofensa em outra. Em uma das aulas, foi taxativa: “não encontraríamos nos alemães nada parecido com as manifestações de emoção às quais os latinos estão acostumados, principalmente os brasileiros” - contatos físicos, alegria exacerbada, calor humano não estavam no repertório dos anfitriões.

A recordação daquelas aulas voltou nesta viagem à Rússia. Afinal, diz o senso popular, os russos são frios, até soturnos. À distância, seria fácil concluir: quem enfrenta temperaturas de 30 graus negativos, dias com pouco mais de quatro horas de luz e metros de neve no inverno, de acordo com nossos olhos tropicais, não deve ter razões para ser expansivo, sorridente e sair por aí beijando e abraçando desconhecidos.

Mas nada como uma boa vitória no futebol para que um estereótipo seja destruído.

Quando a nossa equipe de trabalho deixava o estúdio montado pertinho da Praça Vermelha, no centro de Moscou, na madrugada da última quarta-feira, parecíamos caminhar por ruas de São Paulo, Rio de Janeiro ou qualquer cidade brasileira. Carros passavam em velocidade, bandeirinhas russas ao vento, buzinas gritando, jovens com o corpo para fora da janela. 

Centenas de pessoas caminhavam pelas ruas da capital russa gargalhando e cantando, saindo dos bares, restaurantes e Fan Fests. A seleção da Rússia acabara de derrotar o Egito e garantir vaga nas oitavas de final, contrariando as análises que colocavam em dúvida a capacidade de o time de avançar na competição de seu país.

Naquela Alemanha de 2006, um jovem time dirigido por Jürgen Klinsmann tinha provocado fenômeno semelhante. Mesmo sendo um país acostumado a vitórias e títulos - e com ligações muito mais sólidas com o futebol do que a Rússia tem -, não se esperava que milhões fossem para as ruas, pintassem o rosto, buzinassem freneticamente nos seus carros, festejando o time que caminhou até as semifinais do Mundial.

Não satisfeitos, os torcedores, daquele distante 2006, até então considerados sisudos, invadiram a área do Portão de Brandemburgo, em Berlim, para festejar o terceiro lugar na Copa do Mundo que recebiam. Sim, eles comemoraram efusivamente o terceiro lugar.

Os estereótipos são sempre perigosos, reunindo diferentes como se iguais fossem. Mas, em tempos de mundo globalizado, meios de comunicação velozes e eficientes, internet e redes sociais, têm menos sentido ainda. Nem todo brasileiro é apaixonado por futebol e expansivo, como nem todo russo é circunspecto e louco por xadrez.

*MILTON LEITE É NARRADOR DO SPORTV

Veja as melhores imagens da Copa do Mundo na Rússia

1 | 39

Pós-Copa

Foto: Thomas Samson / AFP
2 | 39

Pós-Copa

Foto: Antonio Bronic / Reuters
3 | 39

32º dia

Foto: Franck Fife / AFP
4 | 39

32º dia

Foto: Kai Pfaffenbach/Reuters
5 | 39

31º DIA

Foto: Tolga Bozoglu/EFE
6 | 39

29º dia

Foto: Sérgio Perez / Reuters
7 | 39

28º dia

Foto: Carl Recine / Reuters
8 | 39

28º dia

Foto: Carl Recine/Reuters
9 | 39

28º dia

Foto: Grigory Dukor/Reuters
10 | 39

28º dia

Foto: Lavandeira Jr./EFE
11 | 39

27º dia

Foto: Gabriel Bouys/AFP
12 | 39

24º dia

Foto: Peter Powell/EFE
13 | 39

24º dia

Foto: Facundo Arrizabalaga/EFE
14 | 39

22º dia

Foto: Henry Romero / Reuters
15 | 39

21º dia

Foto: Johannes Eisele / AFP
16 | 39

20º dia

Foto: Yuri Kochetkov/EFE
17 | 39

20º dia

Foto: Kai Pfaffenbach/Reuters
18 | 39

20º dia

Foto: Martin Meissner / AP
19 | 39

20º dia

Foto: Gregorio Borgia / AP
20 | 39

19º dia

Foto: Wilton Júnior / Estadão
21 | 39

18º dia

Foto: Darren Staples/Reuters
22 | 39

18º dia

Foto: David Vincent/AP
23 | 39

15º dia

Foto: Gregorio Borgia / AP
24 | 39

15º dia

Foto: Toru Hanai / Reuters
25 | 39

14º dia

Foto: Eduardo Nicolau/Estadão
26 | 39

14º dia

Foto: Andrew Couldridge / Reuters
27 | 39

14º dia

Foto: Lee Jin-man / AP
28 | 39

13º dia

Foto: Henry Romero/Reuters
29 | 39

12º dia

Foto: Ueslei Marcelino / Reuters
30 | 39

Décimo dia

Foto: Jewel Samad/AFP
31 | 39

Oitavo dia

Foto: Damir Sagolj / Reuters
32 | 39

Oitavo dia

Foto: Anatoly Maltsev / EFE
33 | 39

Sexto dia

Foto: Maxim Shemetov / Reuters
34 | 39

Sexto dia

Foto: Jason Cairnduff/Reuters
35 | 39

Quarto dia

Foto: Carl Recine/Reuters
36 | 39

Primeiro dia

Foto: Christian Hartmann / Reuters
37 | 39

Pré-Copa (de 2026)

Foto: Kena Betancur / AFP
38 | 39

Pré-Copa

Foto: Bernd Wuesteneck / AFP
39 | 39

Pré-Copa

Foto: Anton Vaganov / Reuters

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.