“Não estamos na final por acaso. Não é sorte.” Foi assim que Davor Suker, o ex-craque croata e atual presidente da Federação de Futebol do país explicou ao Estado a classificação para a decisão da Copa. Após cair na primeira fase do Mundial do Brasil, em 2014, quatro anos depois a Croácia está na final do torneio e conta com um dos sistema próprio para identificar bons jogadores desde os sete anos de idade, bem diferente, por exemplo, do modelo da França, adversária de domingo, em Moscou.
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“Somos um país pequeno, mas com uma estrutura importante para o futebol”, disse o diretor executivo do Lokomotiva Zagreb, Dennis Gudasic. Dos 23 jogadores da seleção, seis foram formados por seu clube.
Segundo Gudasic, a formação de jogadores tem um objetivo econômico - apenas 10% da renda do futebol croata vem de acordos comerciais. “Dependemos da exportação de jogadores para garantir nossa sobrevivência”, afirmou. “Se não produzirmos jogadores, não há como bancar o futebol nacional.”
Hoje, segundo ele, a Croácia é um dos líderes mundiais na venda de jogadores para o exterior, pelo menos em termos per capita. Com 4 milhões de habitantes, o país conta com 323 profissionais atuando no exterior. O Brasil, com 200 milhões de habitantes, possui 1,2 mil atletas no exterior.
Entre os 32 times na Copa do Mundo, a Croácia também lidera em termos de jogadores atuando no exterior: todos jogam fora do país.
Dados coletados por Gudasic revelam a dimensão dessa estrutura criada em todo o país para identificar craques desde suas infâncias. A cada fim de semana, 60 mil garotos entre 7 e 19 anos participam de 9 mil partidas de futebol pelo país. Só em Zagreb, 5 mil crianças entre 7 e 12 anos competem.
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PENEIRA
Um grupo de elite de jovens é pré-selecionado. São as principais apostas do país. Os melhores são selecionados para clubes da primeira divisão do Campeonato Croata. Os melhores são escolhidos para participar de acampamentos especiais destinados a formar os futuros craques.
“Um dos fatores mais importantes desse sistema é a existência de competições que formam de fato esses jovens”, disse o dirigente do Lokomotiva. Dos 23 jogadores que estão na final da Copa, 22 deles foram criados e identificados dentro dessa estrutura.
Gudasic, porém, insiste que tal sistema não teria o mesmo sucesso se não fosse pela motivação dos garotos em deixar uma situação econômica ainda delicada no país. “Há muita fome por subir na vida”, disse. O resultado desse plano e dessa “fome” permitiu que a Croácia tenha se classificado para doze competições internacionais em somente 25 anos de história independente.