Tá russo! As aventuras de pegar um táxi na Rússia


Alugue um carro, contrate um serviço de motorista, recorra a aplicativo, use o metrô... Faça qualquer coisa, mas não entre em um táxi

Por Almir Leite e Moscou

Um dos primeiros conselhos que alguém recebe quando fala que vai à Rússia é: evite pegar táxi, principalmente em Moscou. Alugue um carro, contrate um serviço de motorista, recorra a aplicativo, use o metrô... Faça qualquer coisa, mas não entre em um táxi, principalmente no meio da rua. É roubada. 

+ Tá russo! Sochi, a cidade das crianças

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+ Tá russo! Kursk se divide entre o passado e o presente

+ Tá russo! O luxo de assistir a um jogo da Copa quando se trabalha nela

O perigo representado pelos sempre espertalhões motoristas de táxi russos - que têm fama pior, mas bem pior, que seus colegas de profissão de algumas capitais brasileiras - foi, e ainda é, alvo de muitas reportagens na imprensa nacional. Mas será que os taxistas são tão vigaristas assim no país-sede da Copa do Mundo? Muitos são, outros tantos não. O problema é que você não sabe quem é “boa alma” e quem não é. Então, como às vezes é inevitável recorrer a um táxi, o negócio é contar com a sorte (rezar talvez ajude). E ter bom humor.

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Perigo.Pessoas tentam pegar táxi em praça de Moscou Foto: Gleb Garanich/Reuters

Para pegar um táxi, seja no aeroporto, num ponto turístico, na porta do hotel (algumas vezes requisitado pelo próprio hotel), no meio da rua, ou em qualquer outro lugar, é preciso estar preparado para conviver com algumas regras. A primeira é: taxista tem pé pesado (o que não é vantagem da classe, pois todo motorista russo acha que é Ayrton Senna). A segunda: eles têm veneração pela buzina. A terceira, decorrente da segunda: paciência não é o forte de nenhum deles.

Se o taxista fuma, vai fumar enquanto te transporta. E não adianta pedir para apagar o cigarro, o cara vai se fazer de desentendido. Se gosta de música alta, vai deixar o volume no talo. E se ele tiver algo a fazer no caminho, vai dar uma paradinha.

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Dia desses, um taxista (que pelo jeito é bom filho) deu carona para a mãe enquanto transportava um jornalista brasileiro. Um outro, quando levava a equipe do Estado para o aeroporto de Sochi, fez um pit stop para entregar um envelope a uma senhora. Era sua esposa, e o envelope tinha dinheiro para pagar não sei o quê.

Há exceção quando se trata de motoristas velozes. Em Rostov, o profissional que levava a equipe do aeroporto ao hotel, em viagem de mais de uma hora, feita à noite por uma estrada no meio da floresta, vez ou outra parava o carro, pegava o celular e conversava com alguém. Como ninguém sabe russo e não passava nenhum carro, rolou uma certa apreensão. Mas, no fim, tudo acabou bem.

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Um jornalista de outro veículo, porém, não teve a mesma sorte. Ficou refém por cinco minutos, no meio do mato, porque o taxista queria receber mais do que havia combinado. Recebeu. Combinar o preço às vezes diminui o prejuízo. Mas a corrida sempre, repito sempre, sairá mais cara do que deveria. 

E há situações em que o preço é tabelado. Exemplo: mil rublos (R$ 60) por uma corrida de pouco mais de 3 quilômetros em Sochi, a partir do estádio, depois de um jogo à noite. “Não adianta procurar outro, todos vão te cobrar o mesmo preço”, alertou o taxista. Ele sabia o que estava dizendo.

Pegar recibo é outra aventura. Resumidamente: há os que dizem que não tem e os que te dão opção do tipo: “Sem recibo é mil rubros, com recibo é 1.800”. E não adianta nem tentar entender por quê. Também há aquele que se faz de boa praça, enrola para dizer o preço da corrida e aproveita a pressa do passageiro para tentar extorqui-lo. Aconteceu em São Petersburgo, com um cara que disse ser do Usbequistão, fã do Real Madrid, bom de papo, mas, ao fim da corrida, pediu mil rublos por um trecho de menos de três quilômetros. Levou 400 rublos (R$ 25), ficou falando sozinho, mas certamente saiu no lucro.

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Um outro, em Sochi, para mostrar intimidade abriu o porta-luvas e sacou um revólver. Começou a brincar com a arma enquanto ria das expressões assustadas e deu a letra: “Aqui é comum, todo taxista anda armado”. Pelo sim pelo não, a turma achou melhor pagar a quantia “solicitada” e abrir mão do recibo.

Mas é injusto falar que não há taxista prestativo na Rússia. Dias dessas, com a equipe atrasada para o embarque rumo a Samara, onde o Brasil enfrentou o México, a necessidade de chegar ao aeroporto em 10 minutos foi explicada ao “motora” - por gestos, evidentemente. Ele entendeu e chegou em oito num percurso que leva 20. Chegamos, e inteiros. Ninguém perdeu o voo nem a oportunidade de escrever esta coluna.

*ALMIR LEITE É REPÓRTER DO ‘ESTADÃO’

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Veja as melhores imagens da Copa do Mundo na Rússia

1 | 39

Pós-Copa

Foto: Thomas Samson / AFP
2 | 39

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Foto: Franck Fife / AFP
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Foto: Kai Pfaffenbach/Reuters
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31º DIA

Foto: Tolga Bozoglu/EFE
6 | 39

29º dia

Foto: Sérgio Perez / Reuters
7 | 39

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Foto: Carl Recine / Reuters
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Foto: Carl Recine/Reuters
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Foto: Grigory Dukor/Reuters
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Foto: Gabriel Bouys/AFP
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Foto: Peter Powell/EFE
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Foto: Facundo Arrizabalaga/EFE
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Foto: Henry Romero / Reuters
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Foto: Gregorio Borgia / AP
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Foto: Wilton Júnior / Estadão
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Foto: Darren Staples/Reuters
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Foto: Toru Hanai / Reuters
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Foto: Eduardo Nicolau/Estadão
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Foto: Andrew Couldridge / Reuters
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Foto: Lee Jin-man / AP
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Foto: Ueslei Marcelino / Reuters
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Foto: Jewel Samad/AFP
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Quarto dia

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Primeiro dia

Foto: Christian Hartmann / Reuters
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Foto: Kena Betancur / AFP
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Um dos primeiros conselhos que alguém recebe quando fala que vai à Rússia é: evite pegar táxi, principalmente em Moscou. Alugue um carro, contrate um serviço de motorista, recorra a aplicativo, use o metrô... Faça qualquer coisa, mas não entre em um táxi, principalmente no meio da rua. É roubada. 

+ Tá russo! Sochi, a cidade das crianças

+ Tá russo! Kursk se divide entre o passado e o presente

+ Tá russo! O luxo de assistir a um jogo da Copa quando se trabalha nela

O perigo representado pelos sempre espertalhões motoristas de táxi russos - que têm fama pior, mas bem pior, que seus colegas de profissão de algumas capitais brasileiras - foi, e ainda é, alvo de muitas reportagens na imprensa nacional. Mas será que os taxistas são tão vigaristas assim no país-sede da Copa do Mundo? Muitos são, outros tantos não. O problema é que você não sabe quem é “boa alma” e quem não é. Então, como às vezes é inevitável recorrer a um táxi, o negócio é contar com a sorte (rezar talvez ajude). E ter bom humor.

Perigo.Pessoas tentam pegar táxi em praça de Moscou Foto: Gleb Garanich/Reuters

Para pegar um táxi, seja no aeroporto, num ponto turístico, na porta do hotel (algumas vezes requisitado pelo próprio hotel), no meio da rua, ou em qualquer outro lugar, é preciso estar preparado para conviver com algumas regras. A primeira é: taxista tem pé pesado (o que não é vantagem da classe, pois todo motorista russo acha que é Ayrton Senna). A segunda: eles têm veneração pela buzina. A terceira, decorrente da segunda: paciência não é o forte de nenhum deles.

Se o taxista fuma, vai fumar enquanto te transporta. E não adianta pedir para apagar o cigarro, o cara vai se fazer de desentendido. Se gosta de música alta, vai deixar o volume no talo. E se ele tiver algo a fazer no caminho, vai dar uma paradinha.

Dia desses, um taxista (que pelo jeito é bom filho) deu carona para a mãe enquanto transportava um jornalista brasileiro. Um outro, quando levava a equipe do Estado para o aeroporto de Sochi, fez um pit stop para entregar um envelope a uma senhora. Era sua esposa, e o envelope tinha dinheiro para pagar não sei o quê.

Há exceção quando se trata de motoristas velozes. Em Rostov, o profissional que levava a equipe do aeroporto ao hotel, em viagem de mais de uma hora, feita à noite por uma estrada no meio da floresta, vez ou outra parava o carro, pegava o celular e conversava com alguém. Como ninguém sabe russo e não passava nenhum carro, rolou uma certa apreensão. Mas, no fim, tudo acabou bem.

Um jornalista de outro veículo, porém, não teve a mesma sorte. Ficou refém por cinco minutos, no meio do mato, porque o taxista queria receber mais do que havia combinado. Recebeu. Combinar o preço às vezes diminui o prejuízo. Mas a corrida sempre, repito sempre, sairá mais cara do que deveria. 

E há situações em que o preço é tabelado. Exemplo: mil rublos (R$ 60) por uma corrida de pouco mais de 3 quilômetros em Sochi, a partir do estádio, depois de um jogo à noite. “Não adianta procurar outro, todos vão te cobrar o mesmo preço”, alertou o taxista. Ele sabia o que estava dizendo.

Pegar recibo é outra aventura. Resumidamente: há os que dizem que não tem e os que te dão opção do tipo: “Sem recibo é mil rubros, com recibo é 1.800”. E não adianta nem tentar entender por quê. Também há aquele que se faz de boa praça, enrola para dizer o preço da corrida e aproveita a pressa do passageiro para tentar extorqui-lo. Aconteceu em São Petersburgo, com um cara que disse ser do Usbequistão, fã do Real Madrid, bom de papo, mas, ao fim da corrida, pediu mil rublos por um trecho de menos de três quilômetros. Levou 400 rublos (R$ 25), ficou falando sozinho, mas certamente saiu no lucro.

Um outro, em Sochi, para mostrar intimidade abriu o porta-luvas e sacou um revólver. Começou a brincar com a arma enquanto ria das expressões assustadas e deu a letra: “Aqui é comum, todo taxista anda armado”. Pelo sim pelo não, a turma achou melhor pagar a quantia “solicitada” e abrir mão do recibo.

Mas é injusto falar que não há taxista prestativo na Rússia. Dias dessas, com a equipe atrasada para o embarque rumo a Samara, onde o Brasil enfrentou o México, a necessidade de chegar ao aeroporto em 10 minutos foi explicada ao “motora” - por gestos, evidentemente. Ele entendeu e chegou em oito num percurso que leva 20. Chegamos, e inteiros. Ninguém perdeu o voo nem a oportunidade de escrever esta coluna.

*ALMIR LEITE É REPÓRTER DO ‘ESTADÃO’

Veja as melhores imagens da Copa do Mundo na Rússia

1 | 39

Pós-Copa

Foto: Thomas Samson / AFP
2 | 39

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32º dia

Foto: Franck Fife / AFP
4 | 39

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Foto: Kai Pfaffenbach/Reuters
5 | 39

31º DIA

Foto: Tolga Bozoglu/EFE
6 | 39

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Foto: Sérgio Perez / Reuters
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Foto: Carl Recine / Reuters
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Foto: Kena Betancur / AFP
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Pré-Copa

Foto: Bernd Wuesteneck / AFP
39 | 39

Pré-Copa

Foto: Anton Vaganov / Reuters

Um dos primeiros conselhos que alguém recebe quando fala que vai à Rússia é: evite pegar táxi, principalmente em Moscou. Alugue um carro, contrate um serviço de motorista, recorra a aplicativo, use o metrô... Faça qualquer coisa, mas não entre em um táxi, principalmente no meio da rua. É roubada. 

+ Tá russo! Sochi, a cidade das crianças

+ Tá russo! Kursk se divide entre o passado e o presente

+ Tá russo! O luxo de assistir a um jogo da Copa quando se trabalha nela

O perigo representado pelos sempre espertalhões motoristas de táxi russos - que têm fama pior, mas bem pior, que seus colegas de profissão de algumas capitais brasileiras - foi, e ainda é, alvo de muitas reportagens na imprensa nacional. Mas será que os taxistas são tão vigaristas assim no país-sede da Copa do Mundo? Muitos são, outros tantos não. O problema é que você não sabe quem é “boa alma” e quem não é. Então, como às vezes é inevitável recorrer a um táxi, o negócio é contar com a sorte (rezar talvez ajude). E ter bom humor.

Perigo.Pessoas tentam pegar táxi em praça de Moscou Foto: Gleb Garanich/Reuters

Para pegar um táxi, seja no aeroporto, num ponto turístico, na porta do hotel (algumas vezes requisitado pelo próprio hotel), no meio da rua, ou em qualquer outro lugar, é preciso estar preparado para conviver com algumas regras. A primeira é: taxista tem pé pesado (o que não é vantagem da classe, pois todo motorista russo acha que é Ayrton Senna). A segunda: eles têm veneração pela buzina. A terceira, decorrente da segunda: paciência não é o forte de nenhum deles.

Se o taxista fuma, vai fumar enquanto te transporta. E não adianta pedir para apagar o cigarro, o cara vai se fazer de desentendido. Se gosta de música alta, vai deixar o volume no talo. E se ele tiver algo a fazer no caminho, vai dar uma paradinha.

Dia desses, um taxista (que pelo jeito é bom filho) deu carona para a mãe enquanto transportava um jornalista brasileiro. Um outro, quando levava a equipe do Estado para o aeroporto de Sochi, fez um pit stop para entregar um envelope a uma senhora. Era sua esposa, e o envelope tinha dinheiro para pagar não sei o quê.

Há exceção quando se trata de motoristas velozes. Em Rostov, o profissional que levava a equipe do aeroporto ao hotel, em viagem de mais de uma hora, feita à noite por uma estrada no meio da floresta, vez ou outra parava o carro, pegava o celular e conversava com alguém. Como ninguém sabe russo e não passava nenhum carro, rolou uma certa apreensão. Mas, no fim, tudo acabou bem.

Um jornalista de outro veículo, porém, não teve a mesma sorte. Ficou refém por cinco minutos, no meio do mato, porque o taxista queria receber mais do que havia combinado. Recebeu. Combinar o preço às vezes diminui o prejuízo. Mas a corrida sempre, repito sempre, sairá mais cara do que deveria. 

E há situações em que o preço é tabelado. Exemplo: mil rublos (R$ 60) por uma corrida de pouco mais de 3 quilômetros em Sochi, a partir do estádio, depois de um jogo à noite. “Não adianta procurar outro, todos vão te cobrar o mesmo preço”, alertou o taxista. Ele sabia o que estava dizendo.

Pegar recibo é outra aventura. Resumidamente: há os que dizem que não tem e os que te dão opção do tipo: “Sem recibo é mil rubros, com recibo é 1.800”. E não adianta nem tentar entender por quê. Também há aquele que se faz de boa praça, enrola para dizer o preço da corrida e aproveita a pressa do passageiro para tentar extorqui-lo. Aconteceu em São Petersburgo, com um cara que disse ser do Usbequistão, fã do Real Madrid, bom de papo, mas, ao fim da corrida, pediu mil rublos por um trecho de menos de três quilômetros. Levou 400 rublos (R$ 25), ficou falando sozinho, mas certamente saiu no lucro.

Um outro, em Sochi, para mostrar intimidade abriu o porta-luvas e sacou um revólver. Começou a brincar com a arma enquanto ria das expressões assustadas e deu a letra: “Aqui é comum, todo taxista anda armado”. Pelo sim pelo não, a turma achou melhor pagar a quantia “solicitada” e abrir mão do recibo.

Mas é injusto falar que não há taxista prestativo na Rússia. Dias dessas, com a equipe atrasada para o embarque rumo a Samara, onde o Brasil enfrentou o México, a necessidade de chegar ao aeroporto em 10 minutos foi explicada ao “motora” - por gestos, evidentemente. Ele entendeu e chegou em oito num percurso que leva 20. Chegamos, e inteiros. Ninguém perdeu o voo nem a oportunidade de escrever esta coluna.

*ALMIR LEITE É REPÓRTER DO ‘ESTADÃO’

Veja as melhores imagens da Copa do Mundo na Rússia

1 | 39

Pós-Copa

Foto: Thomas Samson / AFP
2 | 39

Pós-Copa

Foto: Antonio Bronic / Reuters
3 | 39

32º dia

Foto: Franck Fife / AFP
4 | 39

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Foto: Kai Pfaffenbach/Reuters
5 | 39

31º DIA

Foto: Tolga Bozoglu/EFE
6 | 39

29º dia

Foto: Sérgio Perez / Reuters
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28º dia

Foto: Carl Recine / Reuters
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Oitavo dia

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Oitavo dia

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Sexto dia

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Sexto dia

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Quarto dia

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Primeiro dia

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Pré-Copa

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39 | 39

Pré-Copa

Foto: Anton Vaganov / Reuters

Um dos primeiros conselhos que alguém recebe quando fala que vai à Rússia é: evite pegar táxi, principalmente em Moscou. Alugue um carro, contrate um serviço de motorista, recorra a aplicativo, use o metrô... Faça qualquer coisa, mas não entre em um táxi, principalmente no meio da rua. É roubada. 

+ Tá russo! Sochi, a cidade das crianças

+ Tá russo! Kursk se divide entre o passado e o presente

+ Tá russo! O luxo de assistir a um jogo da Copa quando se trabalha nela

O perigo representado pelos sempre espertalhões motoristas de táxi russos - que têm fama pior, mas bem pior, que seus colegas de profissão de algumas capitais brasileiras - foi, e ainda é, alvo de muitas reportagens na imprensa nacional. Mas será que os taxistas são tão vigaristas assim no país-sede da Copa do Mundo? Muitos são, outros tantos não. O problema é que você não sabe quem é “boa alma” e quem não é. Então, como às vezes é inevitável recorrer a um táxi, o negócio é contar com a sorte (rezar talvez ajude). E ter bom humor.

Perigo.Pessoas tentam pegar táxi em praça de Moscou Foto: Gleb Garanich/Reuters

Para pegar um táxi, seja no aeroporto, num ponto turístico, na porta do hotel (algumas vezes requisitado pelo próprio hotel), no meio da rua, ou em qualquer outro lugar, é preciso estar preparado para conviver com algumas regras. A primeira é: taxista tem pé pesado (o que não é vantagem da classe, pois todo motorista russo acha que é Ayrton Senna). A segunda: eles têm veneração pela buzina. A terceira, decorrente da segunda: paciência não é o forte de nenhum deles.

Se o taxista fuma, vai fumar enquanto te transporta. E não adianta pedir para apagar o cigarro, o cara vai se fazer de desentendido. Se gosta de música alta, vai deixar o volume no talo. E se ele tiver algo a fazer no caminho, vai dar uma paradinha.

Dia desses, um taxista (que pelo jeito é bom filho) deu carona para a mãe enquanto transportava um jornalista brasileiro. Um outro, quando levava a equipe do Estado para o aeroporto de Sochi, fez um pit stop para entregar um envelope a uma senhora. Era sua esposa, e o envelope tinha dinheiro para pagar não sei o quê.

Há exceção quando se trata de motoristas velozes. Em Rostov, o profissional que levava a equipe do aeroporto ao hotel, em viagem de mais de uma hora, feita à noite por uma estrada no meio da floresta, vez ou outra parava o carro, pegava o celular e conversava com alguém. Como ninguém sabe russo e não passava nenhum carro, rolou uma certa apreensão. Mas, no fim, tudo acabou bem.

Um jornalista de outro veículo, porém, não teve a mesma sorte. Ficou refém por cinco minutos, no meio do mato, porque o taxista queria receber mais do que havia combinado. Recebeu. Combinar o preço às vezes diminui o prejuízo. Mas a corrida sempre, repito sempre, sairá mais cara do que deveria. 

E há situações em que o preço é tabelado. Exemplo: mil rublos (R$ 60) por uma corrida de pouco mais de 3 quilômetros em Sochi, a partir do estádio, depois de um jogo à noite. “Não adianta procurar outro, todos vão te cobrar o mesmo preço”, alertou o taxista. Ele sabia o que estava dizendo.

Pegar recibo é outra aventura. Resumidamente: há os que dizem que não tem e os que te dão opção do tipo: “Sem recibo é mil rubros, com recibo é 1.800”. E não adianta nem tentar entender por quê. Também há aquele que se faz de boa praça, enrola para dizer o preço da corrida e aproveita a pressa do passageiro para tentar extorqui-lo. Aconteceu em São Petersburgo, com um cara que disse ser do Usbequistão, fã do Real Madrid, bom de papo, mas, ao fim da corrida, pediu mil rublos por um trecho de menos de três quilômetros. Levou 400 rublos (R$ 25), ficou falando sozinho, mas certamente saiu no lucro.

Um outro, em Sochi, para mostrar intimidade abriu o porta-luvas e sacou um revólver. Começou a brincar com a arma enquanto ria das expressões assustadas e deu a letra: “Aqui é comum, todo taxista anda armado”. Pelo sim pelo não, a turma achou melhor pagar a quantia “solicitada” e abrir mão do recibo.

Mas é injusto falar que não há taxista prestativo na Rússia. Dias dessas, com a equipe atrasada para o embarque rumo a Samara, onde o Brasil enfrentou o México, a necessidade de chegar ao aeroporto em 10 minutos foi explicada ao “motora” - por gestos, evidentemente. Ele entendeu e chegou em oito num percurso que leva 20. Chegamos, e inteiros. Ninguém perdeu o voo nem a oportunidade de escrever esta coluna.

*ALMIR LEITE É REPÓRTER DO ‘ESTADÃO’

Veja as melhores imagens da Copa do Mundo na Rússia

1 | 39

Pós-Copa

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4 | 39

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31º DIA

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29º dia

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28º dia

Foto: Carl Recine / Reuters
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Foto: Carl Recine/Reuters
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18º dia

Foto: Darren Staples/Reuters
22 | 39

18º dia

Foto: David Vincent/AP
23 | 39

15º dia

Foto: Gregorio Borgia / AP
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15º dia

Foto: Toru Hanai / Reuters
25 | 39

14º dia

Foto: Eduardo Nicolau/Estadão
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14º dia

Foto: Andrew Couldridge / Reuters
27 | 39

14º dia

Foto: Lee Jin-man / AP
28 | 39

13º dia

Foto: Henry Romero/Reuters
29 | 39

12º dia

Foto: Ueslei Marcelino / Reuters
30 | 39

Décimo dia

Foto: Jewel Samad/AFP
31 | 39

Oitavo dia

Foto: Damir Sagolj / Reuters
32 | 39

Oitavo dia

Foto: Anatoly Maltsev / EFE
33 | 39

Sexto dia

Foto: Maxim Shemetov / Reuters
34 | 39

Sexto dia

Foto: Jason Cairnduff/Reuters
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Quarto dia

Foto: Carl Recine/Reuters
36 | 39

Primeiro dia

Foto: Christian Hartmann / Reuters
37 | 39

Pré-Copa (de 2026)

Foto: Kena Betancur / AFP
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Pré-Copa

Foto: Bernd Wuesteneck / AFP
39 | 39

Pré-Copa

Foto: Anton Vaganov / Reuters

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