Técnicos alemães dão as cartas e dominam as quartas de final da Liga dos Campeões. Saiba por quê


Das oito equipes, metade é dirigida por treinadores do país, entre eles os dois últimos campeões

Por Fábio Hecico

Os confrontos das quartas de final da Liga dos Campeões têm uma curiosa semelhança. Em todos eles um dos times é dirigido por um técnico alemão. Os treinadores do futebol tetracampeão mundial estão em alta por propostas vistosas de jogo, esquemas arrojados e extremamente ofensivos. Não à toa, três deles entram com leve favoritismo e o quarto tem enorme condição de surpreender. Há a chance de as semifinais serem somente entre comandantes germânicos. Os dois últimos campeões foram dirigidos por treinadores da Alemanha, que podem chegar à 10.ª conquista na história da competição, igualando os espanhóis e ficando atrás apenas de italianos, com 11 taças.

Os técnicos alemães que estão na briga pela Liga dos Campeões são: Hans-Dieter Flick (Bayern de Munique), Jürgen Klopp (Liverpool), Edin Terzic (Borussia Dortmund) e Thomas Tuchel (Chelsea). Eles brilham num momento em que a seleçao do país não vai bem. Perdeu em casa nas Eliminatórias da Copa para a Macedônia. E ocupa a terceira colocação do seu grupo.

Jürgen Klopp tem na Liga dos Campeões sua maior esperança de título relevante na temporada Foto: John Walton/Reuters
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O Bayern de Flick, atual campeão de tudo, terá pela frente o Paris Saint-Germain, perigoso, empolgado e com sede de vingança. O técnico espera levar a melhor sobre o bom argentino Maurício Pochettino. Será um duelo com sentimento de revanche após os alemães ganharem a final da edição passada por 1 a 0, frustrando os sonhos de Neymar e Mbappé. O Bayern é um time organizado, que ataca em bloco e com muita rapidez, deixando suas presas sem reação.

Apesar de o Bayern de Flick jogar no 4-2-3-1 no papel, na maioria das vezes o que presenciamos é um surpreendente e arriscado 3-2-5 e até 3-1-6. Apenas os zagueiros se mantêm mais na defensiva. O time parece um rolo compressor, com os laterais Davies ou Alaba e Pavard surgindo a todo instante como pontas, e os volantes Goretzka e Kimmich se tornando meias por vezes. Com Gnabry, Coman ou Sané e Müller colados em Lewandowski (desfalque de peso nas quartas de final por lesão), os gols surgem a todo momento. É pressão na saída de bola, velocidade e muita gente atacando.

São 19 jogos de invencibilidade do Bayern na Liga dos Campeões, com 18 vitórias, um empate e 69 gols anotados. Nesta edição, a média é de três bolas na rede por partida, o que dá leve favoritismo aos poderosos campeões. "(Esse destaque), acredito ser, principalmente, pelo tempo de trabalho, a continuidade que os técnicos têm. Esse é o segredo. Claro que tem a metodologia de trabalho, a agressividade, a intensidade, mas principalmente a continuidade que os diretores de lá dão para eles realizarem seu trabalho", afirma ao Estadão o técnico Jorginho, tetracampeão mundial com a seleção brasileira em 1994 e que defendeu o Bayern de Munique como jogador.

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O ex-atacante Paulo Sérgio, de Corinthians e seleção brasileira, que atuou por quatro temporadas na Alemanha defendendo Bayer Leverkusen e Bayern de Munique e hoje é comentarista na RedeTV, também vê no tempo de preparação um diferencial dos treinadores do país. "Sou até suspeito de falar, pois joguei lá e acompanhei bem de perto. Eles sempre fazem um trabalho de médio e longo prazo com os técnicos e isso faz os resultados aparecerem", diz. "Antigamente falavam que o futebol alemão não era atrativo e hoje, muito pelo contrário, estão jogando bem e bonito. Graças aos treinadores, que são bem preparados e cobram muita determinação e um futebol vistoso de seus atletas."

O Liverpool de Jürgen Kloop caiu muito de produtividade no Campeonato Inglês e acabou "deixando de lado" a competição para se dedicar à Liga dos Campeões. Em busca do seu segundo título europeu no clube - venceu em 2019 -, o treinador aposta em um trio ofensivo e na velocidade em contragolpear.

Os Reds são implacáveis como visitantes na atual edição, ganhando três dos quatro jogos que usou os titulares. Despachou o Ajax na Holanda, fez 5 a 0 na Atalanta, na Itália, e nas oitavas freou o ótimo RB Leipzig com contundente 2 a 0 na Alemanha. E esperam repetir a dose na casa do Real Madrid, o maior campeão da Liga, de Zinédine Zidane.

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A rapidez de cruzar o campo e balançar as redes dos rivais deve ser a tônica do jogo. Klopp é especialista em contra-ataque. Jorginho vê Liverpool e Bayern de Munique como os maiores candidatos ao título. "Pela continuidade, acaba, naturalmente, com um ou outro tendo destaque maior. Klopp levou quatro anos para conquistar um título no Liverpool, e Flick já vem há algum tempo como auxiliar na seleção, no Bayern, e conseguiram agora desenvolver um trabalho com suas metodologias nos treinamentos."

Thomas Tuchel assumiu o Chelsea após deixar o PSG Foto: Justin Tallis/AFP

Confiança em alta

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Correndo por fora aparecem outros dois alemães: Edin Terzic, do Borussia Dortmund, e Thomas Tuchel, que sofreu apenas uma derrota desde que assumiu o Chelsea, há 15 partidas. Um terá a ingrata missão de tentar frear a boa fase do Manchester City, enquanto o outro chega confiante diante do Porto, sobretudo pelo poder de sua defesa.

Tuchel, vice-campeão com o PSG ano passado e eleito o técnico de março na Inglaterra, quer levar o Chelsea à segunda conquista da Europa. E, para isso, investe num esquema de enorme marcação, eficácia no ataque e defesa intransponível. Desde que substituiu o ídolo Frank Lampard, o alemão revolucionou os Azuis com muito papo com todo o elenco, orientações táticas dos rivais e mudança no esquema do 4-2-3-1 para um seguro 3-4-2-1. Com o meio com mais peças, a equipe aumentou a pressão aos oponentes e fica sempre mais perto do gol.

Atrás, sofrer gols virou coisa rara. Ao longo das 10 vitórias, quatro empates e somente uma derrota sob seu comando, o Chelsea foi vazado somente sete vezes. E estava invicto com Tuchel até sábado, quando teve sua primeira derrota após ter o brasileiro Thiago Silva expulso injustamente com apenas 29 minutos, em Stamford Bridge, quando vencia por 1 a 0.

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Para o treinador, um "acidente de percurso" com erro de arbitragem. Quer que o time esqueça o atípico 5 a 2 para o West Bromwich (não perdia do rival em seus domínios desde 1979) e repita tudo de bom realizado nos outros 14 jogos. Como os duelos com o Porto serão em campo neutro por causa da pandemia do novo coronavírus, ambos em Sevilha, na Espanha, ele voltará a investir na tática de marcar bem atrás e ser preciso na frente. "Os treinadores alemães vêm conseguindo resultados bons na Bundesliga e também na Europa graças a suas táticas de cobrar empenho e jogo bonito", avalia Paulo Sérgio.

Edin Terzic assumiu um instável Borussia Dortmund em dezembro de maneira interina. O torcedor do clube, de 38 anos, tinha a missão de melhorar o desempenho do time, que não embalava. Ele ainda sofre mas, avançou às quartas da Liga dos Campeões despachando o Sevilla e está nas semifinais da Copa da Alemanha. No Alemão, em quinto, briga por vaga à Liga de 2021/22. Confiante nos gols de Halland, o Dortmund investe pesado nas inversões de jogadas e na pressão ofensiva imposta por Thorgan Hazard, Sancho e Brandt. Se tem um ataque positivo, a defesa passará por uma grande teste diante do embalado e favorito Manchester City de Pep Guardiola. Com oito gols sofridos em cinco jogos, Terzic sabe que o setor terá de ser preciso para o time surpreender.

Os confrontos das quartas de final da Liga dos Campeões têm uma curiosa semelhança. Em todos eles um dos times é dirigido por um técnico alemão. Os treinadores do futebol tetracampeão mundial estão em alta por propostas vistosas de jogo, esquemas arrojados e extremamente ofensivos. Não à toa, três deles entram com leve favoritismo e o quarto tem enorme condição de surpreender. Há a chance de as semifinais serem somente entre comandantes germânicos. Os dois últimos campeões foram dirigidos por treinadores da Alemanha, que podem chegar à 10.ª conquista na história da competição, igualando os espanhóis e ficando atrás apenas de italianos, com 11 taças.

Os técnicos alemães que estão na briga pela Liga dos Campeões são: Hans-Dieter Flick (Bayern de Munique), Jürgen Klopp (Liverpool), Edin Terzic (Borussia Dortmund) e Thomas Tuchel (Chelsea). Eles brilham num momento em que a seleçao do país não vai bem. Perdeu em casa nas Eliminatórias da Copa para a Macedônia. E ocupa a terceira colocação do seu grupo.

Jürgen Klopp tem na Liga dos Campeões sua maior esperança de título relevante na temporada Foto: John Walton/Reuters

O Bayern de Flick, atual campeão de tudo, terá pela frente o Paris Saint-Germain, perigoso, empolgado e com sede de vingança. O técnico espera levar a melhor sobre o bom argentino Maurício Pochettino. Será um duelo com sentimento de revanche após os alemães ganharem a final da edição passada por 1 a 0, frustrando os sonhos de Neymar e Mbappé. O Bayern é um time organizado, que ataca em bloco e com muita rapidez, deixando suas presas sem reação.

Apesar de o Bayern de Flick jogar no 4-2-3-1 no papel, na maioria das vezes o que presenciamos é um surpreendente e arriscado 3-2-5 e até 3-1-6. Apenas os zagueiros se mantêm mais na defensiva. O time parece um rolo compressor, com os laterais Davies ou Alaba e Pavard surgindo a todo instante como pontas, e os volantes Goretzka e Kimmich se tornando meias por vezes. Com Gnabry, Coman ou Sané e Müller colados em Lewandowski (desfalque de peso nas quartas de final por lesão), os gols surgem a todo momento. É pressão na saída de bola, velocidade e muita gente atacando.

São 19 jogos de invencibilidade do Bayern na Liga dos Campeões, com 18 vitórias, um empate e 69 gols anotados. Nesta edição, a média é de três bolas na rede por partida, o que dá leve favoritismo aos poderosos campeões. "(Esse destaque), acredito ser, principalmente, pelo tempo de trabalho, a continuidade que os técnicos têm. Esse é o segredo. Claro que tem a metodologia de trabalho, a agressividade, a intensidade, mas principalmente a continuidade que os diretores de lá dão para eles realizarem seu trabalho", afirma ao Estadão o técnico Jorginho, tetracampeão mundial com a seleção brasileira em 1994 e que defendeu o Bayern de Munique como jogador.

O ex-atacante Paulo Sérgio, de Corinthians e seleção brasileira, que atuou por quatro temporadas na Alemanha defendendo Bayer Leverkusen e Bayern de Munique e hoje é comentarista na RedeTV, também vê no tempo de preparação um diferencial dos treinadores do país. "Sou até suspeito de falar, pois joguei lá e acompanhei bem de perto. Eles sempre fazem um trabalho de médio e longo prazo com os técnicos e isso faz os resultados aparecerem", diz. "Antigamente falavam que o futebol alemão não era atrativo e hoje, muito pelo contrário, estão jogando bem e bonito. Graças aos treinadores, que são bem preparados e cobram muita determinação e um futebol vistoso de seus atletas."

O Liverpool de Jürgen Kloop caiu muito de produtividade no Campeonato Inglês e acabou "deixando de lado" a competição para se dedicar à Liga dos Campeões. Em busca do seu segundo título europeu no clube - venceu em 2019 -, o treinador aposta em um trio ofensivo e na velocidade em contragolpear.

Os Reds são implacáveis como visitantes na atual edição, ganhando três dos quatro jogos que usou os titulares. Despachou o Ajax na Holanda, fez 5 a 0 na Atalanta, na Itália, e nas oitavas freou o ótimo RB Leipzig com contundente 2 a 0 na Alemanha. E esperam repetir a dose na casa do Real Madrid, o maior campeão da Liga, de Zinédine Zidane.

A rapidez de cruzar o campo e balançar as redes dos rivais deve ser a tônica do jogo. Klopp é especialista em contra-ataque. Jorginho vê Liverpool e Bayern de Munique como os maiores candidatos ao título. "Pela continuidade, acaba, naturalmente, com um ou outro tendo destaque maior. Klopp levou quatro anos para conquistar um título no Liverpool, e Flick já vem há algum tempo como auxiliar na seleção, no Bayern, e conseguiram agora desenvolver um trabalho com suas metodologias nos treinamentos."

Thomas Tuchel assumiu o Chelsea após deixar o PSG Foto: Justin Tallis/AFP

Confiança em alta

Correndo por fora aparecem outros dois alemães: Edin Terzic, do Borussia Dortmund, e Thomas Tuchel, que sofreu apenas uma derrota desde que assumiu o Chelsea, há 15 partidas. Um terá a ingrata missão de tentar frear a boa fase do Manchester City, enquanto o outro chega confiante diante do Porto, sobretudo pelo poder de sua defesa.

Tuchel, vice-campeão com o PSG ano passado e eleito o técnico de março na Inglaterra, quer levar o Chelsea à segunda conquista da Europa. E, para isso, investe num esquema de enorme marcação, eficácia no ataque e defesa intransponível. Desde que substituiu o ídolo Frank Lampard, o alemão revolucionou os Azuis com muito papo com todo o elenco, orientações táticas dos rivais e mudança no esquema do 4-2-3-1 para um seguro 3-4-2-1. Com o meio com mais peças, a equipe aumentou a pressão aos oponentes e fica sempre mais perto do gol.

Atrás, sofrer gols virou coisa rara. Ao longo das 10 vitórias, quatro empates e somente uma derrota sob seu comando, o Chelsea foi vazado somente sete vezes. E estava invicto com Tuchel até sábado, quando teve sua primeira derrota após ter o brasileiro Thiago Silva expulso injustamente com apenas 29 minutos, em Stamford Bridge, quando vencia por 1 a 0.

Para o treinador, um "acidente de percurso" com erro de arbitragem. Quer que o time esqueça o atípico 5 a 2 para o West Bromwich (não perdia do rival em seus domínios desde 1979) e repita tudo de bom realizado nos outros 14 jogos. Como os duelos com o Porto serão em campo neutro por causa da pandemia do novo coronavírus, ambos em Sevilha, na Espanha, ele voltará a investir na tática de marcar bem atrás e ser preciso na frente. "Os treinadores alemães vêm conseguindo resultados bons na Bundesliga e também na Europa graças a suas táticas de cobrar empenho e jogo bonito", avalia Paulo Sérgio.

Edin Terzic assumiu um instável Borussia Dortmund em dezembro de maneira interina. O torcedor do clube, de 38 anos, tinha a missão de melhorar o desempenho do time, que não embalava. Ele ainda sofre mas, avançou às quartas da Liga dos Campeões despachando o Sevilla e está nas semifinais da Copa da Alemanha. No Alemão, em quinto, briga por vaga à Liga de 2021/22. Confiante nos gols de Halland, o Dortmund investe pesado nas inversões de jogadas e na pressão ofensiva imposta por Thorgan Hazard, Sancho e Brandt. Se tem um ataque positivo, a defesa passará por uma grande teste diante do embalado e favorito Manchester City de Pep Guardiola. Com oito gols sofridos em cinco jogos, Terzic sabe que o setor terá de ser preciso para o time surpreender.

Os confrontos das quartas de final da Liga dos Campeões têm uma curiosa semelhança. Em todos eles um dos times é dirigido por um técnico alemão. Os treinadores do futebol tetracampeão mundial estão em alta por propostas vistosas de jogo, esquemas arrojados e extremamente ofensivos. Não à toa, três deles entram com leve favoritismo e o quarto tem enorme condição de surpreender. Há a chance de as semifinais serem somente entre comandantes germânicos. Os dois últimos campeões foram dirigidos por treinadores da Alemanha, que podem chegar à 10.ª conquista na história da competição, igualando os espanhóis e ficando atrás apenas de italianos, com 11 taças.

Os técnicos alemães que estão na briga pela Liga dos Campeões são: Hans-Dieter Flick (Bayern de Munique), Jürgen Klopp (Liverpool), Edin Terzic (Borussia Dortmund) e Thomas Tuchel (Chelsea). Eles brilham num momento em que a seleçao do país não vai bem. Perdeu em casa nas Eliminatórias da Copa para a Macedônia. E ocupa a terceira colocação do seu grupo.

Jürgen Klopp tem na Liga dos Campeões sua maior esperança de título relevante na temporada Foto: John Walton/Reuters

O Bayern de Flick, atual campeão de tudo, terá pela frente o Paris Saint-Germain, perigoso, empolgado e com sede de vingança. O técnico espera levar a melhor sobre o bom argentino Maurício Pochettino. Será um duelo com sentimento de revanche após os alemães ganharem a final da edição passada por 1 a 0, frustrando os sonhos de Neymar e Mbappé. O Bayern é um time organizado, que ataca em bloco e com muita rapidez, deixando suas presas sem reação.

Apesar de o Bayern de Flick jogar no 4-2-3-1 no papel, na maioria das vezes o que presenciamos é um surpreendente e arriscado 3-2-5 e até 3-1-6. Apenas os zagueiros se mantêm mais na defensiva. O time parece um rolo compressor, com os laterais Davies ou Alaba e Pavard surgindo a todo instante como pontas, e os volantes Goretzka e Kimmich se tornando meias por vezes. Com Gnabry, Coman ou Sané e Müller colados em Lewandowski (desfalque de peso nas quartas de final por lesão), os gols surgem a todo momento. É pressão na saída de bola, velocidade e muita gente atacando.

São 19 jogos de invencibilidade do Bayern na Liga dos Campeões, com 18 vitórias, um empate e 69 gols anotados. Nesta edição, a média é de três bolas na rede por partida, o que dá leve favoritismo aos poderosos campeões. "(Esse destaque), acredito ser, principalmente, pelo tempo de trabalho, a continuidade que os técnicos têm. Esse é o segredo. Claro que tem a metodologia de trabalho, a agressividade, a intensidade, mas principalmente a continuidade que os diretores de lá dão para eles realizarem seu trabalho", afirma ao Estadão o técnico Jorginho, tetracampeão mundial com a seleção brasileira em 1994 e que defendeu o Bayern de Munique como jogador.

O ex-atacante Paulo Sérgio, de Corinthians e seleção brasileira, que atuou por quatro temporadas na Alemanha defendendo Bayer Leverkusen e Bayern de Munique e hoje é comentarista na RedeTV, também vê no tempo de preparação um diferencial dos treinadores do país. "Sou até suspeito de falar, pois joguei lá e acompanhei bem de perto. Eles sempre fazem um trabalho de médio e longo prazo com os técnicos e isso faz os resultados aparecerem", diz. "Antigamente falavam que o futebol alemão não era atrativo e hoje, muito pelo contrário, estão jogando bem e bonito. Graças aos treinadores, que são bem preparados e cobram muita determinação e um futebol vistoso de seus atletas."

O Liverpool de Jürgen Kloop caiu muito de produtividade no Campeonato Inglês e acabou "deixando de lado" a competição para se dedicar à Liga dos Campeões. Em busca do seu segundo título europeu no clube - venceu em 2019 -, o treinador aposta em um trio ofensivo e na velocidade em contragolpear.

Os Reds são implacáveis como visitantes na atual edição, ganhando três dos quatro jogos que usou os titulares. Despachou o Ajax na Holanda, fez 5 a 0 na Atalanta, na Itália, e nas oitavas freou o ótimo RB Leipzig com contundente 2 a 0 na Alemanha. E esperam repetir a dose na casa do Real Madrid, o maior campeão da Liga, de Zinédine Zidane.

A rapidez de cruzar o campo e balançar as redes dos rivais deve ser a tônica do jogo. Klopp é especialista em contra-ataque. Jorginho vê Liverpool e Bayern de Munique como os maiores candidatos ao título. "Pela continuidade, acaba, naturalmente, com um ou outro tendo destaque maior. Klopp levou quatro anos para conquistar um título no Liverpool, e Flick já vem há algum tempo como auxiliar na seleção, no Bayern, e conseguiram agora desenvolver um trabalho com suas metodologias nos treinamentos."

Thomas Tuchel assumiu o Chelsea após deixar o PSG Foto: Justin Tallis/AFP

Confiança em alta

Correndo por fora aparecem outros dois alemães: Edin Terzic, do Borussia Dortmund, e Thomas Tuchel, que sofreu apenas uma derrota desde que assumiu o Chelsea, há 15 partidas. Um terá a ingrata missão de tentar frear a boa fase do Manchester City, enquanto o outro chega confiante diante do Porto, sobretudo pelo poder de sua defesa.

Tuchel, vice-campeão com o PSG ano passado e eleito o técnico de março na Inglaterra, quer levar o Chelsea à segunda conquista da Europa. E, para isso, investe num esquema de enorme marcação, eficácia no ataque e defesa intransponível. Desde que substituiu o ídolo Frank Lampard, o alemão revolucionou os Azuis com muito papo com todo o elenco, orientações táticas dos rivais e mudança no esquema do 4-2-3-1 para um seguro 3-4-2-1. Com o meio com mais peças, a equipe aumentou a pressão aos oponentes e fica sempre mais perto do gol.

Atrás, sofrer gols virou coisa rara. Ao longo das 10 vitórias, quatro empates e somente uma derrota sob seu comando, o Chelsea foi vazado somente sete vezes. E estava invicto com Tuchel até sábado, quando teve sua primeira derrota após ter o brasileiro Thiago Silva expulso injustamente com apenas 29 minutos, em Stamford Bridge, quando vencia por 1 a 0.

Para o treinador, um "acidente de percurso" com erro de arbitragem. Quer que o time esqueça o atípico 5 a 2 para o West Bromwich (não perdia do rival em seus domínios desde 1979) e repita tudo de bom realizado nos outros 14 jogos. Como os duelos com o Porto serão em campo neutro por causa da pandemia do novo coronavírus, ambos em Sevilha, na Espanha, ele voltará a investir na tática de marcar bem atrás e ser preciso na frente. "Os treinadores alemães vêm conseguindo resultados bons na Bundesliga e também na Europa graças a suas táticas de cobrar empenho e jogo bonito", avalia Paulo Sérgio.

Edin Terzic assumiu um instável Borussia Dortmund em dezembro de maneira interina. O torcedor do clube, de 38 anos, tinha a missão de melhorar o desempenho do time, que não embalava. Ele ainda sofre mas, avançou às quartas da Liga dos Campeões despachando o Sevilla e está nas semifinais da Copa da Alemanha. No Alemão, em quinto, briga por vaga à Liga de 2021/22. Confiante nos gols de Halland, o Dortmund investe pesado nas inversões de jogadas e na pressão ofensiva imposta por Thorgan Hazard, Sancho e Brandt. Se tem um ataque positivo, a defesa passará por uma grande teste diante do embalado e favorito Manchester City de Pep Guardiola. Com oito gols sofridos em cinco jogos, Terzic sabe que o setor terá de ser preciso para o time surpreender.

Os confrontos das quartas de final da Liga dos Campeões têm uma curiosa semelhança. Em todos eles um dos times é dirigido por um técnico alemão. Os treinadores do futebol tetracampeão mundial estão em alta por propostas vistosas de jogo, esquemas arrojados e extremamente ofensivos. Não à toa, três deles entram com leve favoritismo e o quarto tem enorme condição de surpreender. Há a chance de as semifinais serem somente entre comandantes germânicos. Os dois últimos campeões foram dirigidos por treinadores da Alemanha, que podem chegar à 10.ª conquista na história da competição, igualando os espanhóis e ficando atrás apenas de italianos, com 11 taças.

Os técnicos alemães que estão na briga pela Liga dos Campeões são: Hans-Dieter Flick (Bayern de Munique), Jürgen Klopp (Liverpool), Edin Terzic (Borussia Dortmund) e Thomas Tuchel (Chelsea). Eles brilham num momento em que a seleçao do país não vai bem. Perdeu em casa nas Eliminatórias da Copa para a Macedônia. E ocupa a terceira colocação do seu grupo.

Jürgen Klopp tem na Liga dos Campeões sua maior esperança de título relevante na temporada Foto: John Walton/Reuters

O Bayern de Flick, atual campeão de tudo, terá pela frente o Paris Saint-Germain, perigoso, empolgado e com sede de vingança. O técnico espera levar a melhor sobre o bom argentino Maurício Pochettino. Será um duelo com sentimento de revanche após os alemães ganharem a final da edição passada por 1 a 0, frustrando os sonhos de Neymar e Mbappé. O Bayern é um time organizado, que ataca em bloco e com muita rapidez, deixando suas presas sem reação.

Apesar de o Bayern de Flick jogar no 4-2-3-1 no papel, na maioria das vezes o que presenciamos é um surpreendente e arriscado 3-2-5 e até 3-1-6. Apenas os zagueiros se mantêm mais na defensiva. O time parece um rolo compressor, com os laterais Davies ou Alaba e Pavard surgindo a todo instante como pontas, e os volantes Goretzka e Kimmich se tornando meias por vezes. Com Gnabry, Coman ou Sané e Müller colados em Lewandowski (desfalque de peso nas quartas de final por lesão), os gols surgem a todo momento. É pressão na saída de bola, velocidade e muita gente atacando.

São 19 jogos de invencibilidade do Bayern na Liga dos Campeões, com 18 vitórias, um empate e 69 gols anotados. Nesta edição, a média é de três bolas na rede por partida, o que dá leve favoritismo aos poderosos campeões. "(Esse destaque), acredito ser, principalmente, pelo tempo de trabalho, a continuidade que os técnicos têm. Esse é o segredo. Claro que tem a metodologia de trabalho, a agressividade, a intensidade, mas principalmente a continuidade que os diretores de lá dão para eles realizarem seu trabalho", afirma ao Estadão o técnico Jorginho, tetracampeão mundial com a seleção brasileira em 1994 e que defendeu o Bayern de Munique como jogador.

O ex-atacante Paulo Sérgio, de Corinthians e seleção brasileira, que atuou por quatro temporadas na Alemanha defendendo Bayer Leverkusen e Bayern de Munique e hoje é comentarista na RedeTV, também vê no tempo de preparação um diferencial dos treinadores do país. "Sou até suspeito de falar, pois joguei lá e acompanhei bem de perto. Eles sempre fazem um trabalho de médio e longo prazo com os técnicos e isso faz os resultados aparecerem", diz. "Antigamente falavam que o futebol alemão não era atrativo e hoje, muito pelo contrário, estão jogando bem e bonito. Graças aos treinadores, que são bem preparados e cobram muita determinação e um futebol vistoso de seus atletas."

O Liverpool de Jürgen Kloop caiu muito de produtividade no Campeonato Inglês e acabou "deixando de lado" a competição para se dedicar à Liga dos Campeões. Em busca do seu segundo título europeu no clube - venceu em 2019 -, o treinador aposta em um trio ofensivo e na velocidade em contragolpear.

Os Reds são implacáveis como visitantes na atual edição, ganhando três dos quatro jogos que usou os titulares. Despachou o Ajax na Holanda, fez 5 a 0 na Atalanta, na Itália, e nas oitavas freou o ótimo RB Leipzig com contundente 2 a 0 na Alemanha. E esperam repetir a dose na casa do Real Madrid, o maior campeão da Liga, de Zinédine Zidane.

A rapidez de cruzar o campo e balançar as redes dos rivais deve ser a tônica do jogo. Klopp é especialista em contra-ataque. Jorginho vê Liverpool e Bayern de Munique como os maiores candidatos ao título. "Pela continuidade, acaba, naturalmente, com um ou outro tendo destaque maior. Klopp levou quatro anos para conquistar um título no Liverpool, e Flick já vem há algum tempo como auxiliar na seleção, no Bayern, e conseguiram agora desenvolver um trabalho com suas metodologias nos treinamentos."

Thomas Tuchel assumiu o Chelsea após deixar o PSG Foto: Justin Tallis/AFP

Confiança em alta

Correndo por fora aparecem outros dois alemães: Edin Terzic, do Borussia Dortmund, e Thomas Tuchel, que sofreu apenas uma derrota desde que assumiu o Chelsea, há 15 partidas. Um terá a ingrata missão de tentar frear a boa fase do Manchester City, enquanto o outro chega confiante diante do Porto, sobretudo pelo poder de sua defesa.

Tuchel, vice-campeão com o PSG ano passado e eleito o técnico de março na Inglaterra, quer levar o Chelsea à segunda conquista da Europa. E, para isso, investe num esquema de enorme marcação, eficácia no ataque e defesa intransponível. Desde que substituiu o ídolo Frank Lampard, o alemão revolucionou os Azuis com muito papo com todo o elenco, orientações táticas dos rivais e mudança no esquema do 4-2-3-1 para um seguro 3-4-2-1. Com o meio com mais peças, a equipe aumentou a pressão aos oponentes e fica sempre mais perto do gol.

Atrás, sofrer gols virou coisa rara. Ao longo das 10 vitórias, quatro empates e somente uma derrota sob seu comando, o Chelsea foi vazado somente sete vezes. E estava invicto com Tuchel até sábado, quando teve sua primeira derrota após ter o brasileiro Thiago Silva expulso injustamente com apenas 29 minutos, em Stamford Bridge, quando vencia por 1 a 0.

Para o treinador, um "acidente de percurso" com erro de arbitragem. Quer que o time esqueça o atípico 5 a 2 para o West Bromwich (não perdia do rival em seus domínios desde 1979) e repita tudo de bom realizado nos outros 14 jogos. Como os duelos com o Porto serão em campo neutro por causa da pandemia do novo coronavírus, ambos em Sevilha, na Espanha, ele voltará a investir na tática de marcar bem atrás e ser preciso na frente. "Os treinadores alemães vêm conseguindo resultados bons na Bundesliga e também na Europa graças a suas táticas de cobrar empenho e jogo bonito", avalia Paulo Sérgio.

Edin Terzic assumiu um instável Borussia Dortmund em dezembro de maneira interina. O torcedor do clube, de 38 anos, tinha a missão de melhorar o desempenho do time, que não embalava. Ele ainda sofre mas, avançou às quartas da Liga dos Campeões despachando o Sevilla e está nas semifinais da Copa da Alemanha. No Alemão, em quinto, briga por vaga à Liga de 2021/22. Confiante nos gols de Halland, o Dortmund investe pesado nas inversões de jogadas e na pressão ofensiva imposta por Thorgan Hazard, Sancho e Brandt. Se tem um ataque positivo, a defesa passará por uma grande teste diante do embalado e favorito Manchester City de Pep Guardiola. Com oito gols sofridos em cinco jogos, Terzic sabe que o setor terá de ser preciso para o time surpreender.

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