O Corinthians jogou o suficiente para eliminar, no campo do Horto, a esperança do time de Levir Culpi. Os 55% de posse de bola podem dar a impressão de que o Atlético dominou o adversário e o pressionou a ponto de desestabilizá-lo. Por sorte, os números não funcionam sem o contexto do campo.
O Atlético não conseguiu fazer o Corinthians sofrer. Para não ser controlado, Tite trabalhou cada peça, cada movimento, setor por setor, individualidade por individualidade. Isso explica a dificuldade de encontrar um Lucas Pratto efetivo na partida e de sentir a eletricidade, representada por Luan, contagiar a equipe.
No primeiro tempo, durante 25 minutos, o Corinthians conseguiu subir a marcação, pressionou pela recuperação da bola e abocanhou espaços. Essa é uma das dificuldades do Galo, melhor e mais confortável do meio de campo para frente, sem combate na sua transição.
No ideário atleticano, a intensidade no campo ofensivo produz pressão até espremer o adversário contra seu próprio gol. Jogar no campo corintiano pode custar caro, afinal os contra-ataques foram responsáveis pelas últimas vitórias, inclusive em casa, contra o Flamengo.
Símbolo da maturidade da equipe, o primeiro gol foi primoroso. Felipe, o zagueiro, recuperou a bola de Pratto, o centroavante, e seguiu pela lateral. Cruzou para Jadson, o meia, que deu um passe espetacular para Malcom, o atacante, fazer de cabeça. Vagner Love e Lucca terminaram o serviço.
O Corinthians é uma grande obra coletiva realizada por jogadores tecnicamente muito capazes. No jogo que praticamente decidiu o campeonato, entretanto, vale ressaltar o futebol de dois deles, de Felipe e de Jadson, com e sem a bola. Jogaram tanto que o gol se tornou um detalhe.CLÁSSICO Desde que Dorival Junior trouxe equilíbrio aos dois times que habitavam o gramado da Vila Belmiro, o que atacava muito bem e o que defendia mal, o Santos mudou o sentido do seu futebol.
Havia uma divisão incompatível com o futebol que se joga atualmente. Quando atacantes e defensores perceberam fazer parte da mesma equipe, e que a sobrevivência de todos dependeria da coesão de tarefas, o Santos decolou.
Gabriel tornou-se um jogador mais solidário e Marquinhos Gabriel não só substituiu Geuvânio como superou o companheiro. No meio de campo, Tiago Maia e Renato formaram dupla afinada, o menino e o veterano, de recuperação e de passe.
É uma delícia ver a equipe jogar, principalmente nas partidas disputadas em casa. Fora ainda é necessário fazer ajustes, mesmo tendo vencido o São Paulo com facilidade na semifinal da Copa do Brasil, no Morumbi.
Até o primeiro jogo da final, dia 25, é possível melhorar, mas a missão é manter o que vem funcionando em ordem. Três semanas é tempo demais para Dorival, tempo demais para quem está pronto aguardando um adversário que ainda precisa trabalhar duro.
Talvez o tempo não seja suficiente para Marcelo Oliveira fazer os ajustes necessários, como reconstruir o meio de campo, afinar a marcação e a condução da bola ao ataque.
Mas se Arouca conseguir voltar a tempo, é possível que o Palmeiras evolua e lute de verdade pelo título da competição, apesar da derrota na Vila.