Refundação antropofágica?


Por Luiz Zanin

Finda a Copa, e assimilada a decepção com as contratações da CBF, resta voltarmos a atenção para o Campeonato Brasileiro. Para vermos o quê? Nada de muito edificante, diga-se. Vamos tomar o derby de domingo entre Corinthians e Palmeiras. Quem pode dizer que foi um bom jogo? Nem o mais fanático integrante do bando de loucos. Claro, para a torcida, vale o resultado. Vale a vitória sobre o rival de sempre. Mas jogo de bola não houve. Ou muito pouco. O Corinthians teve domínio sobre o Palmeiras, mas o que mostrou de muito interessante? Pouca coisa. Já o Palmeiras mostrou-se incapaz de colocar em perigo a meta adversária. Vai fazer gol como? Para quem apenas via o jogo, como eu, ficou a impressão de um espetáculo muito abaixo da tradição desse clássico. Mas isso não é chover no molhado? Mas vezes precisamos dizer o óbvio. Porque o futebol brasileiro anda tão nivelado por baixo que nos espantamos de ver como um time - um único time, na verdade - está sobrando. Trata-se do Cruzeiro, como todos sabem. E o que faz o time mineiro? Qual a magia lhe permite abater os adversários, uns após os outros, como se jogasse contra o vento? A última vítima foi o Figueirense, que tomou cinco gols e não fez nenhum. Bem, segundo tenho ouvido, não existe segredo. Acontece o seguinte: o Cruzeiro joga como europeu enquanto os outros continuam brasileiros. Vejam a que ponto chegamos! Além de termos um campeonato de segundo, ou terceiro escalão, o único time que se destaca, nos dizem, o faz porque joga como os europeus. E, de fato tenho de admitir, assistindo-se ao Cruzeiro jogar nos lembramos dos belos espetáculos oferecidos há pouco ao longo da Copa do Mundo. Como aquele time desconjuntado, sem meio de campo, com ligações diretas entre a defesa e o ataque poderia de fato ganhar alguma coisa em torneio daquele nível? O Brasil foi até longe. Poderia já ter caído antes diante do Chile, ou da Colômbia, ambos muito mais bem montados. Mas isso é passado. O que há de significativo no novo presente que agora vivemos é que ninguém mais reivindica um "estilo brasileiro de jogar". Como se esse estilo já estivesse morto e enterrado havia tempos, coisa de que só nos demos conta durante a Copa do Mundo e, em especial, depois das derrotas para Alemanha e Holanda. Esse naufrágio teve uma virtude, comum a todas as hecatombes: nos despertou. Sonhávamos com uma hipotética escola brasileira de futebol, que acabaria por se impor como havia acontecido nos anos milagrosos de 1958 a 1970. E, de repente, fomos arrancados desse sonho e acordamos para o pesadelo. E acabou a tal ponto que o único time realmente bom do campeonato, aquele que, além de vencer, como é de sua obrigação, ainda nos proporciona prazer, é aquele que assimilou a lição dos europeus e joga como eles. Aprendeu antes da Copa do Mundo, ressalte-se. Foi campeão brasileiro ano passado e, salvo acidente de percurso, caminha para o bicampeonato. Como garantir com tanta certeza? Bem, não dá mesmo para cravar uma tal afirmativa. Mas o fato é que o Cruzeiro de Marcelo de Oliveira está sobrando. Não apenas pelos cinco pontos sobre o segundo colocado, o Corinthians, mas porque está gastando a bola. É favorito ao título. Se os intérpretes do jogo do Cruzeiro tiverem razão, veremos algo de muito interessante neste Campeonato Brasileiro de 2014. Por efeito da competição, poderemos assistir a uma convergência dos times para a tal maneira europeia de jogar. Será a peça final da desconstrução do modelo brasileiro de jogo. E primeiro passo para uma outra coisa, que não se sabe ainda de que natureza. Seremos meros imitadores de um estilo que não é o nosso? Ou, como fizemos em outras áreas da cultura, "imitaremos" de maneira criativa, isto é, digerindo o conhecimento alheio e dando a ele um sotaque muito nosso? Ora, essa sempre foi a magia brasileira, a que Oswald de Andrade batizou de "antropofágica" e outro pensador definiu como "incapacidade criativa em copiar", fonte maior da nossa inventividade. Vem aí uma refundação antropofágica do futebol brasileiro?

Finda a Copa, e assimilada a decepção com as contratações da CBF, resta voltarmos a atenção para o Campeonato Brasileiro. Para vermos o quê? Nada de muito edificante, diga-se. Vamos tomar o derby de domingo entre Corinthians e Palmeiras. Quem pode dizer que foi um bom jogo? Nem o mais fanático integrante do bando de loucos. Claro, para a torcida, vale o resultado. Vale a vitória sobre o rival de sempre. Mas jogo de bola não houve. Ou muito pouco. O Corinthians teve domínio sobre o Palmeiras, mas o que mostrou de muito interessante? Pouca coisa. Já o Palmeiras mostrou-se incapaz de colocar em perigo a meta adversária. Vai fazer gol como? Para quem apenas via o jogo, como eu, ficou a impressão de um espetáculo muito abaixo da tradição desse clássico. Mas isso não é chover no molhado? Mas vezes precisamos dizer o óbvio. Porque o futebol brasileiro anda tão nivelado por baixo que nos espantamos de ver como um time - um único time, na verdade - está sobrando. Trata-se do Cruzeiro, como todos sabem. E o que faz o time mineiro? Qual a magia lhe permite abater os adversários, uns após os outros, como se jogasse contra o vento? A última vítima foi o Figueirense, que tomou cinco gols e não fez nenhum. Bem, segundo tenho ouvido, não existe segredo. Acontece o seguinte: o Cruzeiro joga como europeu enquanto os outros continuam brasileiros. Vejam a que ponto chegamos! Além de termos um campeonato de segundo, ou terceiro escalão, o único time que se destaca, nos dizem, o faz porque joga como os europeus. E, de fato tenho de admitir, assistindo-se ao Cruzeiro jogar nos lembramos dos belos espetáculos oferecidos há pouco ao longo da Copa do Mundo. Como aquele time desconjuntado, sem meio de campo, com ligações diretas entre a defesa e o ataque poderia de fato ganhar alguma coisa em torneio daquele nível? O Brasil foi até longe. Poderia já ter caído antes diante do Chile, ou da Colômbia, ambos muito mais bem montados. Mas isso é passado. O que há de significativo no novo presente que agora vivemos é que ninguém mais reivindica um "estilo brasileiro de jogar". Como se esse estilo já estivesse morto e enterrado havia tempos, coisa de que só nos demos conta durante a Copa do Mundo e, em especial, depois das derrotas para Alemanha e Holanda. Esse naufrágio teve uma virtude, comum a todas as hecatombes: nos despertou. Sonhávamos com uma hipotética escola brasileira de futebol, que acabaria por se impor como havia acontecido nos anos milagrosos de 1958 a 1970. E, de repente, fomos arrancados desse sonho e acordamos para o pesadelo. E acabou a tal ponto que o único time realmente bom do campeonato, aquele que, além de vencer, como é de sua obrigação, ainda nos proporciona prazer, é aquele que assimilou a lição dos europeus e joga como eles. Aprendeu antes da Copa do Mundo, ressalte-se. Foi campeão brasileiro ano passado e, salvo acidente de percurso, caminha para o bicampeonato. Como garantir com tanta certeza? Bem, não dá mesmo para cravar uma tal afirmativa. Mas o fato é que o Cruzeiro de Marcelo de Oliveira está sobrando. Não apenas pelos cinco pontos sobre o segundo colocado, o Corinthians, mas porque está gastando a bola. É favorito ao título. Se os intérpretes do jogo do Cruzeiro tiverem razão, veremos algo de muito interessante neste Campeonato Brasileiro de 2014. Por efeito da competição, poderemos assistir a uma convergência dos times para a tal maneira europeia de jogar. Será a peça final da desconstrução do modelo brasileiro de jogo. E primeiro passo para uma outra coisa, que não se sabe ainda de que natureza. Seremos meros imitadores de um estilo que não é o nosso? Ou, como fizemos em outras áreas da cultura, "imitaremos" de maneira criativa, isto é, digerindo o conhecimento alheio e dando a ele um sotaque muito nosso? Ora, essa sempre foi a magia brasileira, a que Oswald de Andrade batizou de "antropofágica" e outro pensador definiu como "incapacidade criativa em copiar", fonte maior da nossa inventividade. Vem aí uma refundação antropofágica do futebol brasileiro?

Finda a Copa, e assimilada a decepção com as contratações da CBF, resta voltarmos a atenção para o Campeonato Brasileiro. Para vermos o quê? Nada de muito edificante, diga-se. Vamos tomar o derby de domingo entre Corinthians e Palmeiras. Quem pode dizer que foi um bom jogo? Nem o mais fanático integrante do bando de loucos. Claro, para a torcida, vale o resultado. Vale a vitória sobre o rival de sempre. Mas jogo de bola não houve. Ou muito pouco. O Corinthians teve domínio sobre o Palmeiras, mas o que mostrou de muito interessante? Pouca coisa. Já o Palmeiras mostrou-se incapaz de colocar em perigo a meta adversária. Vai fazer gol como? Para quem apenas via o jogo, como eu, ficou a impressão de um espetáculo muito abaixo da tradição desse clássico. Mas isso não é chover no molhado? Mas vezes precisamos dizer o óbvio. Porque o futebol brasileiro anda tão nivelado por baixo que nos espantamos de ver como um time - um único time, na verdade - está sobrando. Trata-se do Cruzeiro, como todos sabem. E o que faz o time mineiro? Qual a magia lhe permite abater os adversários, uns após os outros, como se jogasse contra o vento? A última vítima foi o Figueirense, que tomou cinco gols e não fez nenhum. Bem, segundo tenho ouvido, não existe segredo. Acontece o seguinte: o Cruzeiro joga como europeu enquanto os outros continuam brasileiros. Vejam a que ponto chegamos! Além de termos um campeonato de segundo, ou terceiro escalão, o único time que se destaca, nos dizem, o faz porque joga como os europeus. E, de fato tenho de admitir, assistindo-se ao Cruzeiro jogar nos lembramos dos belos espetáculos oferecidos há pouco ao longo da Copa do Mundo. Como aquele time desconjuntado, sem meio de campo, com ligações diretas entre a defesa e o ataque poderia de fato ganhar alguma coisa em torneio daquele nível? O Brasil foi até longe. Poderia já ter caído antes diante do Chile, ou da Colômbia, ambos muito mais bem montados. Mas isso é passado. O que há de significativo no novo presente que agora vivemos é que ninguém mais reivindica um "estilo brasileiro de jogar". Como se esse estilo já estivesse morto e enterrado havia tempos, coisa de que só nos demos conta durante a Copa do Mundo e, em especial, depois das derrotas para Alemanha e Holanda. Esse naufrágio teve uma virtude, comum a todas as hecatombes: nos despertou. Sonhávamos com uma hipotética escola brasileira de futebol, que acabaria por se impor como havia acontecido nos anos milagrosos de 1958 a 1970. E, de repente, fomos arrancados desse sonho e acordamos para o pesadelo. E acabou a tal ponto que o único time realmente bom do campeonato, aquele que, além de vencer, como é de sua obrigação, ainda nos proporciona prazer, é aquele que assimilou a lição dos europeus e joga como eles. Aprendeu antes da Copa do Mundo, ressalte-se. Foi campeão brasileiro ano passado e, salvo acidente de percurso, caminha para o bicampeonato. Como garantir com tanta certeza? Bem, não dá mesmo para cravar uma tal afirmativa. Mas o fato é que o Cruzeiro de Marcelo de Oliveira está sobrando. Não apenas pelos cinco pontos sobre o segundo colocado, o Corinthians, mas porque está gastando a bola. É favorito ao título. Se os intérpretes do jogo do Cruzeiro tiverem razão, veremos algo de muito interessante neste Campeonato Brasileiro de 2014. Por efeito da competição, poderemos assistir a uma convergência dos times para a tal maneira europeia de jogar. Será a peça final da desconstrução do modelo brasileiro de jogo. E primeiro passo para uma outra coisa, que não se sabe ainda de que natureza. Seremos meros imitadores de um estilo que não é o nosso? Ou, como fizemos em outras áreas da cultura, "imitaremos" de maneira criativa, isto é, digerindo o conhecimento alheio e dando a ele um sotaque muito nosso? Ora, essa sempre foi a magia brasileira, a que Oswald de Andrade batizou de "antropofágica" e outro pensador definiu como "incapacidade criativa em copiar", fonte maior da nossa inventividade. Vem aí uma refundação antropofágica do futebol brasileiro?

Finda a Copa, e assimilada a decepção com as contratações da CBF, resta voltarmos a atenção para o Campeonato Brasileiro. Para vermos o quê? Nada de muito edificante, diga-se. Vamos tomar o derby de domingo entre Corinthians e Palmeiras. Quem pode dizer que foi um bom jogo? Nem o mais fanático integrante do bando de loucos. Claro, para a torcida, vale o resultado. Vale a vitória sobre o rival de sempre. Mas jogo de bola não houve. Ou muito pouco. O Corinthians teve domínio sobre o Palmeiras, mas o que mostrou de muito interessante? Pouca coisa. Já o Palmeiras mostrou-se incapaz de colocar em perigo a meta adversária. Vai fazer gol como? Para quem apenas via o jogo, como eu, ficou a impressão de um espetáculo muito abaixo da tradição desse clássico. Mas isso não é chover no molhado? Mas vezes precisamos dizer o óbvio. Porque o futebol brasileiro anda tão nivelado por baixo que nos espantamos de ver como um time - um único time, na verdade - está sobrando. Trata-se do Cruzeiro, como todos sabem. E o que faz o time mineiro? Qual a magia lhe permite abater os adversários, uns após os outros, como se jogasse contra o vento? A última vítima foi o Figueirense, que tomou cinco gols e não fez nenhum. Bem, segundo tenho ouvido, não existe segredo. Acontece o seguinte: o Cruzeiro joga como europeu enquanto os outros continuam brasileiros. Vejam a que ponto chegamos! Além de termos um campeonato de segundo, ou terceiro escalão, o único time que se destaca, nos dizem, o faz porque joga como os europeus. E, de fato tenho de admitir, assistindo-se ao Cruzeiro jogar nos lembramos dos belos espetáculos oferecidos há pouco ao longo da Copa do Mundo. Como aquele time desconjuntado, sem meio de campo, com ligações diretas entre a defesa e o ataque poderia de fato ganhar alguma coisa em torneio daquele nível? O Brasil foi até longe. Poderia já ter caído antes diante do Chile, ou da Colômbia, ambos muito mais bem montados. Mas isso é passado. O que há de significativo no novo presente que agora vivemos é que ninguém mais reivindica um "estilo brasileiro de jogar". Como se esse estilo já estivesse morto e enterrado havia tempos, coisa de que só nos demos conta durante a Copa do Mundo e, em especial, depois das derrotas para Alemanha e Holanda. Esse naufrágio teve uma virtude, comum a todas as hecatombes: nos despertou. Sonhávamos com uma hipotética escola brasileira de futebol, que acabaria por se impor como havia acontecido nos anos milagrosos de 1958 a 1970. E, de repente, fomos arrancados desse sonho e acordamos para o pesadelo. E acabou a tal ponto que o único time realmente bom do campeonato, aquele que, além de vencer, como é de sua obrigação, ainda nos proporciona prazer, é aquele que assimilou a lição dos europeus e joga como eles. Aprendeu antes da Copa do Mundo, ressalte-se. Foi campeão brasileiro ano passado e, salvo acidente de percurso, caminha para o bicampeonato. Como garantir com tanta certeza? Bem, não dá mesmo para cravar uma tal afirmativa. Mas o fato é que o Cruzeiro de Marcelo de Oliveira está sobrando. Não apenas pelos cinco pontos sobre o segundo colocado, o Corinthians, mas porque está gastando a bola. É favorito ao título. Se os intérpretes do jogo do Cruzeiro tiverem razão, veremos algo de muito interessante neste Campeonato Brasileiro de 2014. Por efeito da competição, poderemos assistir a uma convergência dos times para a tal maneira europeia de jogar. Será a peça final da desconstrução do modelo brasileiro de jogo. E primeiro passo para uma outra coisa, que não se sabe ainda de que natureza. Seremos meros imitadores de um estilo que não é o nosso? Ou, como fizemos em outras áreas da cultura, "imitaremos" de maneira criativa, isto é, digerindo o conhecimento alheio e dando a ele um sotaque muito nosso? Ora, essa sempre foi a magia brasileira, a que Oswald de Andrade batizou de "antropofágica" e outro pensador definiu como "incapacidade criativa em copiar", fonte maior da nossa inventividade. Vem aí uma refundação antropofágica do futebol brasileiro?

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