A lição que fica para o Palmeiras é uma só: é preciso comprar bons jogadores e homens, acima de tudo. Homens que saibam respeitar os companheiros, o ambiente de vestiário, o técnico, a história do clube, a torcida e tudo o que envolve um time dentro de uma temporada. Ao que consta, Felipe Melo quebrou todas essas regras e só fez gerar desconfiança dentro do elenco, passando por cima de tudo e de todos, com seu jeito pitbull de ser. Não dá para ganhar de qualquer forma. Felipe Melo tem disposição de sobra para vencer e ajudar, mas ele extrapola na maioria das vezes, é provocativo, não tem freios. E foi assim que construiu sua curta história no Palmeiras. Felipe Melo foi afastado primeiro pelo técnico Cuca e depois pela diretoria de futebol do Palmeiras. Não joga mais no time.
Ele brigou com membros da comissão técnica, pegou no pé de companheiros em derrotas da equipe, falou mal do técnico, movimentou o departamento jurídico do clube para salvá-lo de punição na Copa da Libertadores e nunca se ambientou no vestiário. Felipe Melo ainda é aquele que pisou no holandês Robben na Copa do Mundo da África do Sul e teve papel fundamental na eliminação do Brasil na competição de 2010. Não mudou nada. Ele vive do apoio da torcida dos clubes em que passa. Faz o tipo valentão e cai na graça. Sua ira dentro de campo é a mesma ira com que os torcedores apoiam seus times, para o bem ou para o mal. Geralmente é para o mal, brigando com rivais e, em momentos ruins, cobrando e destruindo o próprio patrimônio, como fizeram recentemente torcedores do Inter de Porto Alegre.
O Palmeiras foi elegante ao comentar e anunciar sua decisão de afastar o jogador. Ressaltou o nome do Palmeiras e a centenária instituição. Ninguém está acima do clube. Ninguém. Ocorre que há contrato e vínculo, salários e despesas. Se livrar de Felipe Melo em campo e no vestiário é apenas parte do problema. É preciso saber o que fazer agora para negociá-lo, recuperar parte do dinheiro investido, encontrar outro time que o queira. E esperar que o jogador mude ou tenha aprendido algo com o episódio. O futebol não vai deixar de contratar jogadores como Felipe Melo, mas os clubes estão cada vez mais precavidos em relação a atletas como ele. Foi assim também em relação aos treinadores que se tornaram obsoletos. Há uma lista deles sem emprego e esquecidos. A mesma coisa pode ocorrer com jogadores que não se encaixam mais nas filosofias dos clubes.
O Palmeiras toma a decisão certa, fica com o elenco e com o treinador e afasta o jogador que estava dando trabalho. O próximo passo é encontrar uma solução definitiva para o caso. Vender Felipe Melo. E tocar sua vida tentando ainda se restabelecer para conseguir ao menos uma conquista no ano. O clube sonha com a Libertadores, e volta a pensar com mais carinho no Campeonato Brasileiro.