Câmeras, ação!


Por UGO GIORGETTI

Nunca se reclamou tanto de arbitragens. Realmente os erros são inúmeros, alguns francamente grotescos. Nunca se viu juízes tão perdidos em campo. Há muitas explicações para o fenômeno, a começar pela diferença de postura e liderança dos juízes em atividade. Não todos, mas muitos. Juiz requer personalidade, isto é, um conjunto de qualidades de difícil definição, mas que, quando não existe, nota-se imediatamente.O juiz de personalidade infunde respeito só com sua presença, move-se em campo de outro modo, olha os jogadores de outro modo. A maioria dos árbitros que vemos por aí tem personalidade, digamos, um pouco opaca, tímidos, inseguros e, contraditoriamente, mais autoritários. Mas há um outro fator que desestabiliza os juízes enormemente e é também causa das más arbitragens. Trata-se do endeusamento da câmera. Tudo é resolvido tendo como árbitro não aquele senhor que está ali perto, ao lado do lance, mas a câmera, a máquina infalível que, exatamente por ser máquina, acredita-se que não erre. O verdadeiro juiz atual é a câmera. É por medo dela que o juiz se encolhe. É pensando nela que, muitas vezes, ele fica indeciso, olha para os auxiliares, parece que à procura de ajuda. "O que será que a câmera viu que eu não vi ?", pensa em desespero. E o fato é que a câmera não vê coisa alguma. Ou melhor, as câmeras, pois hoje existe uma profusão delas tentando desvendar o lance de todos os ângulos possíveis. E nenhuma vê nada.Tenho lidado com câmeras há muitos e muitos anos. Se há coisas criadas especificamente para enganar são as câmeras, ou melhor, as lentes. Cinema por definição é mentira, ilusão e artifício. Câmeras foram feitas para dar a impressão de que você está vendo algo real, mas todos sabem que não é verdade. Ninguém, numa sala de cinema, acha que está vendo algo real. Nem em documentários a câmera capta a verdade. Todas as fotografias mentem e distorcem, umas mais, outras menos. Somos todos ficcionistas, inclusive fotógrafos e documentaristas. As câmeras e as lentes são artefatos que parecem perseguir a realidade, mas, na verdade, prescindem olimpicamente dela. No futebol, no entanto, a câmera é usada como suprema autoridade na apuração da verdade de um lance. E, de fato, ela só capta o óbvio, aquilo que salta aos olhos de todos, os lances indiscutíveis. Quando se trata de lances complicados, confusos, incertos, elas, as câmeras, valem tanto quanto a opinião do juiz, dos jogadores ou dos torcedores. Lentes distorcem as imagens que captam. A câmera está colocada a 40 metros do lance, mas a lente faz com que pareça que está ao lado, próxima, em cima. Isso já é iludir. Essas lentes que aproximam a imagem a distorcem ao mesmo tempo. Um pé que parece colado a outro pé, não está. Há uma sempre uma distância, um intervalo, que a lente ignora. É tão incerta a imagem que se ouve frequentemente alguém dizer: "Bem, por esse ângulo eu tinha certeza, mas agora vendo desse outro ângulo me parece, etc, etc". Esse outro ângulo também é mentiroso, tão mentiroso quanto o primeiro. Todo mundo sai do lance convencido de que alguma coisa aconteceu. A lente é ótica avançada, é ciência, e ciência não pode mentir. Não pode estar errada. Mas está porque, como disse antes, há uma mentira essencial na finalidade da câmera. O resultado de toda essa autoridade, desse oráculo que todos consultam e se submetem, é que se criou uma geração de juízes que já entram em campo apavorados. Olham para a quantidade de câmeras rezando para que a ninguém ocorra consultá-las. Tenho certeza de que árbitros, mesmo tendo a convicção de que viram corretamente, nos dias subsequentes mudam de opinião ao ver o lance esmiuçado de todas as maneiras, repetido à exaustão, até que o que podia estar certo parece errado. É o mundo das aparências, tomadas como a verdade. Não é uma coisa comum hoje em dia?

Nunca se reclamou tanto de arbitragens. Realmente os erros são inúmeros, alguns francamente grotescos. Nunca se viu juízes tão perdidos em campo. Há muitas explicações para o fenômeno, a começar pela diferença de postura e liderança dos juízes em atividade. Não todos, mas muitos. Juiz requer personalidade, isto é, um conjunto de qualidades de difícil definição, mas que, quando não existe, nota-se imediatamente.O juiz de personalidade infunde respeito só com sua presença, move-se em campo de outro modo, olha os jogadores de outro modo. A maioria dos árbitros que vemos por aí tem personalidade, digamos, um pouco opaca, tímidos, inseguros e, contraditoriamente, mais autoritários. Mas há um outro fator que desestabiliza os juízes enormemente e é também causa das más arbitragens. Trata-se do endeusamento da câmera. Tudo é resolvido tendo como árbitro não aquele senhor que está ali perto, ao lado do lance, mas a câmera, a máquina infalível que, exatamente por ser máquina, acredita-se que não erre. O verdadeiro juiz atual é a câmera. É por medo dela que o juiz se encolhe. É pensando nela que, muitas vezes, ele fica indeciso, olha para os auxiliares, parece que à procura de ajuda. "O que será que a câmera viu que eu não vi ?", pensa em desespero. E o fato é que a câmera não vê coisa alguma. Ou melhor, as câmeras, pois hoje existe uma profusão delas tentando desvendar o lance de todos os ângulos possíveis. E nenhuma vê nada.Tenho lidado com câmeras há muitos e muitos anos. Se há coisas criadas especificamente para enganar são as câmeras, ou melhor, as lentes. Cinema por definição é mentira, ilusão e artifício. Câmeras foram feitas para dar a impressão de que você está vendo algo real, mas todos sabem que não é verdade. Ninguém, numa sala de cinema, acha que está vendo algo real. Nem em documentários a câmera capta a verdade. Todas as fotografias mentem e distorcem, umas mais, outras menos. Somos todos ficcionistas, inclusive fotógrafos e documentaristas. As câmeras e as lentes são artefatos que parecem perseguir a realidade, mas, na verdade, prescindem olimpicamente dela. No futebol, no entanto, a câmera é usada como suprema autoridade na apuração da verdade de um lance. E, de fato, ela só capta o óbvio, aquilo que salta aos olhos de todos, os lances indiscutíveis. Quando se trata de lances complicados, confusos, incertos, elas, as câmeras, valem tanto quanto a opinião do juiz, dos jogadores ou dos torcedores. Lentes distorcem as imagens que captam. A câmera está colocada a 40 metros do lance, mas a lente faz com que pareça que está ao lado, próxima, em cima. Isso já é iludir. Essas lentes que aproximam a imagem a distorcem ao mesmo tempo. Um pé que parece colado a outro pé, não está. Há uma sempre uma distância, um intervalo, que a lente ignora. É tão incerta a imagem que se ouve frequentemente alguém dizer: "Bem, por esse ângulo eu tinha certeza, mas agora vendo desse outro ângulo me parece, etc, etc". Esse outro ângulo também é mentiroso, tão mentiroso quanto o primeiro. Todo mundo sai do lance convencido de que alguma coisa aconteceu. A lente é ótica avançada, é ciência, e ciência não pode mentir. Não pode estar errada. Mas está porque, como disse antes, há uma mentira essencial na finalidade da câmera. O resultado de toda essa autoridade, desse oráculo que todos consultam e se submetem, é que se criou uma geração de juízes que já entram em campo apavorados. Olham para a quantidade de câmeras rezando para que a ninguém ocorra consultá-las. Tenho certeza de que árbitros, mesmo tendo a convicção de que viram corretamente, nos dias subsequentes mudam de opinião ao ver o lance esmiuçado de todas as maneiras, repetido à exaustão, até que o que podia estar certo parece errado. É o mundo das aparências, tomadas como a verdade. Não é uma coisa comum hoje em dia?

Nunca se reclamou tanto de arbitragens. Realmente os erros são inúmeros, alguns francamente grotescos. Nunca se viu juízes tão perdidos em campo. Há muitas explicações para o fenômeno, a começar pela diferença de postura e liderança dos juízes em atividade. Não todos, mas muitos. Juiz requer personalidade, isto é, um conjunto de qualidades de difícil definição, mas que, quando não existe, nota-se imediatamente.O juiz de personalidade infunde respeito só com sua presença, move-se em campo de outro modo, olha os jogadores de outro modo. A maioria dos árbitros que vemos por aí tem personalidade, digamos, um pouco opaca, tímidos, inseguros e, contraditoriamente, mais autoritários. Mas há um outro fator que desestabiliza os juízes enormemente e é também causa das más arbitragens. Trata-se do endeusamento da câmera. Tudo é resolvido tendo como árbitro não aquele senhor que está ali perto, ao lado do lance, mas a câmera, a máquina infalível que, exatamente por ser máquina, acredita-se que não erre. O verdadeiro juiz atual é a câmera. É por medo dela que o juiz se encolhe. É pensando nela que, muitas vezes, ele fica indeciso, olha para os auxiliares, parece que à procura de ajuda. "O que será que a câmera viu que eu não vi ?", pensa em desespero. E o fato é que a câmera não vê coisa alguma. Ou melhor, as câmeras, pois hoje existe uma profusão delas tentando desvendar o lance de todos os ângulos possíveis. E nenhuma vê nada.Tenho lidado com câmeras há muitos e muitos anos. Se há coisas criadas especificamente para enganar são as câmeras, ou melhor, as lentes. Cinema por definição é mentira, ilusão e artifício. Câmeras foram feitas para dar a impressão de que você está vendo algo real, mas todos sabem que não é verdade. Ninguém, numa sala de cinema, acha que está vendo algo real. Nem em documentários a câmera capta a verdade. Todas as fotografias mentem e distorcem, umas mais, outras menos. Somos todos ficcionistas, inclusive fotógrafos e documentaristas. As câmeras e as lentes são artefatos que parecem perseguir a realidade, mas, na verdade, prescindem olimpicamente dela. No futebol, no entanto, a câmera é usada como suprema autoridade na apuração da verdade de um lance. E, de fato, ela só capta o óbvio, aquilo que salta aos olhos de todos, os lances indiscutíveis. Quando se trata de lances complicados, confusos, incertos, elas, as câmeras, valem tanto quanto a opinião do juiz, dos jogadores ou dos torcedores. Lentes distorcem as imagens que captam. A câmera está colocada a 40 metros do lance, mas a lente faz com que pareça que está ao lado, próxima, em cima. Isso já é iludir. Essas lentes que aproximam a imagem a distorcem ao mesmo tempo. Um pé que parece colado a outro pé, não está. Há uma sempre uma distância, um intervalo, que a lente ignora. É tão incerta a imagem que se ouve frequentemente alguém dizer: "Bem, por esse ângulo eu tinha certeza, mas agora vendo desse outro ângulo me parece, etc, etc". Esse outro ângulo também é mentiroso, tão mentiroso quanto o primeiro. Todo mundo sai do lance convencido de que alguma coisa aconteceu. A lente é ótica avançada, é ciência, e ciência não pode mentir. Não pode estar errada. Mas está porque, como disse antes, há uma mentira essencial na finalidade da câmera. O resultado de toda essa autoridade, desse oráculo que todos consultam e se submetem, é que se criou uma geração de juízes que já entram em campo apavorados. Olham para a quantidade de câmeras rezando para que a ninguém ocorra consultá-las. Tenho certeza de que árbitros, mesmo tendo a convicção de que viram corretamente, nos dias subsequentes mudam de opinião ao ver o lance esmiuçado de todas as maneiras, repetido à exaustão, até que o que podia estar certo parece errado. É o mundo das aparências, tomadas como a verdade. Não é uma coisa comum hoje em dia?

Nunca se reclamou tanto de arbitragens. Realmente os erros são inúmeros, alguns francamente grotescos. Nunca se viu juízes tão perdidos em campo. Há muitas explicações para o fenômeno, a começar pela diferença de postura e liderança dos juízes em atividade. Não todos, mas muitos. Juiz requer personalidade, isto é, um conjunto de qualidades de difícil definição, mas que, quando não existe, nota-se imediatamente.O juiz de personalidade infunde respeito só com sua presença, move-se em campo de outro modo, olha os jogadores de outro modo. A maioria dos árbitros que vemos por aí tem personalidade, digamos, um pouco opaca, tímidos, inseguros e, contraditoriamente, mais autoritários. Mas há um outro fator que desestabiliza os juízes enormemente e é também causa das más arbitragens. Trata-se do endeusamento da câmera. Tudo é resolvido tendo como árbitro não aquele senhor que está ali perto, ao lado do lance, mas a câmera, a máquina infalível que, exatamente por ser máquina, acredita-se que não erre. O verdadeiro juiz atual é a câmera. É por medo dela que o juiz se encolhe. É pensando nela que, muitas vezes, ele fica indeciso, olha para os auxiliares, parece que à procura de ajuda. "O que será que a câmera viu que eu não vi ?", pensa em desespero. E o fato é que a câmera não vê coisa alguma. Ou melhor, as câmeras, pois hoje existe uma profusão delas tentando desvendar o lance de todos os ângulos possíveis. E nenhuma vê nada.Tenho lidado com câmeras há muitos e muitos anos. Se há coisas criadas especificamente para enganar são as câmeras, ou melhor, as lentes. Cinema por definição é mentira, ilusão e artifício. Câmeras foram feitas para dar a impressão de que você está vendo algo real, mas todos sabem que não é verdade. Ninguém, numa sala de cinema, acha que está vendo algo real. Nem em documentários a câmera capta a verdade. Todas as fotografias mentem e distorcem, umas mais, outras menos. Somos todos ficcionistas, inclusive fotógrafos e documentaristas. As câmeras e as lentes são artefatos que parecem perseguir a realidade, mas, na verdade, prescindem olimpicamente dela. No futebol, no entanto, a câmera é usada como suprema autoridade na apuração da verdade de um lance. E, de fato, ela só capta o óbvio, aquilo que salta aos olhos de todos, os lances indiscutíveis. Quando se trata de lances complicados, confusos, incertos, elas, as câmeras, valem tanto quanto a opinião do juiz, dos jogadores ou dos torcedores. Lentes distorcem as imagens que captam. A câmera está colocada a 40 metros do lance, mas a lente faz com que pareça que está ao lado, próxima, em cima. Isso já é iludir. Essas lentes que aproximam a imagem a distorcem ao mesmo tempo. Um pé que parece colado a outro pé, não está. Há uma sempre uma distância, um intervalo, que a lente ignora. É tão incerta a imagem que se ouve frequentemente alguém dizer: "Bem, por esse ângulo eu tinha certeza, mas agora vendo desse outro ângulo me parece, etc, etc". Esse outro ângulo também é mentiroso, tão mentiroso quanto o primeiro. Todo mundo sai do lance convencido de que alguma coisa aconteceu. A lente é ótica avançada, é ciência, e ciência não pode mentir. Não pode estar errada. Mas está porque, como disse antes, há uma mentira essencial na finalidade da câmera. O resultado de toda essa autoridade, desse oráculo que todos consultam e se submetem, é que se criou uma geração de juízes que já entram em campo apavorados. Olham para a quantidade de câmeras rezando para que a ninguém ocorra consultá-las. Tenho certeza de que árbitros, mesmo tendo a convicção de que viram corretamente, nos dias subsequentes mudam de opinião ao ver o lance esmiuçado de todas as maneiras, repetido à exaustão, até que o que podia estar certo parece errado. É o mundo das aparências, tomadas como a verdade. Não é uma coisa comum hoje em dia?

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