Jogador não é atleta


Por UGO GIORGETTI

A mim agrada a exceção, não a regra. Por alguma deformidade quase infantil me agrada quem diz não, quem não se enquadra, quem está fora, e não segue todas as normas. Talvez isso se deva aos meus anos de formação, os terríveis anos 60, com sua rebeldia e sua mediocridade, às vezes misturadas de modo indistinguível. Espero ter ficado apenas com a rebeldia. Isso tudo pra dizer que procuro sempre exemplos de que a exceção não está morta e o diferente encontra ainda seu lugar. No futebol está difícil. Todos parecem iguais repetindo as mesmas frases e principalmente jogando da mesma maneira. Mas de vez em quando aparece alguém para me redimir. Apareceu agora o tal de Walter. Misterioso personagem, andou por aqui e ali, sempre desfilando um futebol de nível, mas não teve sucesso. Porque é gordo. Curiosamente não parece gordo, pelo menos da maneira como se aplica a palavra a seres humanos comuns. Mas para um "atleta" de hoje é gordo. E aí está todo o pecado. Se alguém joga bola gordo, alguma coisa está errada. Se a exceção se antepõe à regra alguma coisa está errada. Como pode esse gordo desafiar esse exército de musculosos atletas que passam o dia nos aparelhos de ginástica dos clubes tentando, não aprender mais sobre o jogo de bola, mas conquistar mais músculos? E vem esse Walter que já andou de cá pra lá com seu corpinho e decide partidas! Ultimamente só se fala dele. Outro dia via um programa esportivo na TV , um bom programa, diga-se, com gente inteligente. Pois bem, nem os mais inteligentes conseguiam aceitar Walter. Os argumentos eram curiosos. Primeiro se trabalhava com uma hipótese, deliciosa, mas inverificável : se com esse peso Walter faz tudo o que faz, imagine-se o que não faria se estivesse no peso "ideal"? Parece lógico, mas não é. Me parece que Walter faz tudo o que faz exatamente porque tem o corpo que tem. Assim é a natureza, não precisa mudar nada. Outro argumento é que nos dias de hoje um atleta de nível não pode ter aquele peso. Nesse momento, no programa, surgiu a figura de outro homem dos anos 60, outro que prefere a exceção e não a regra: Alberto Helena Jr. E o Helena conseguiu imediatamente colocar as coisas no seu devido lugar, com seu sorriso irônico e sua visão de mundo privilegiada. Ele disse: jogador de futebol não é atleta. É outra coisa. Está embutida na noção de jogador de bola uma série de outras características e virtudes que frequentemente prescindem da qualidade atlética. E desfilou nomes e mais nomes de exceções, de Tostão a Sócrates, e para não se referir apenas ao passado, acrescentou nada menos que Messi, tudo, menos um atleta. Mas não conseguiu demover os outros. Ficou só com sua opinião, como convém a quem desafia a regra. Eu, para voltar ao assunto de jogadores não atletas, acrescentaria aos nomes anteriores, o do Ganso. Também não parece atleta, também é chamado de jogador antigo, dos anos 50, que não corre e não marca. Mas se alguém está sendo o responsável por essa reação que o São Paulo empreende é esse jogador diferente. Para completar vi, na quinta, Walter, em dois lances apenas destruir o Vasco e classificar o Goiás. Dois toques na bola, nada mais, mas de um jogador de alto nível. O primeiro num passe daqueles que se dizia "com a mão", que achou Hugo na frente do goleiro. Outro, uma jogada de pivô, feita só de inteligência. Dentro da área, recebendo a bola de um arremesso lateral, com zagueiros às suas costas, à sua frente e ao seu lado, deu de peito na bola colocando um companheiro em condições de marcar. Por causa de uma contusão na cabeça, Walter jogava com uma touca cirúrgica. Ficava por isso, distinguível e diferenciado no meio dos outros. Só não sei se os médicos do Goiás colocaram a touca por causa da contusão ou se foi uma homenagem, um sinal, para individualizar um craque em campo.

A mim agrada a exceção, não a regra. Por alguma deformidade quase infantil me agrada quem diz não, quem não se enquadra, quem está fora, e não segue todas as normas. Talvez isso se deva aos meus anos de formação, os terríveis anos 60, com sua rebeldia e sua mediocridade, às vezes misturadas de modo indistinguível. Espero ter ficado apenas com a rebeldia. Isso tudo pra dizer que procuro sempre exemplos de que a exceção não está morta e o diferente encontra ainda seu lugar. No futebol está difícil. Todos parecem iguais repetindo as mesmas frases e principalmente jogando da mesma maneira. Mas de vez em quando aparece alguém para me redimir. Apareceu agora o tal de Walter. Misterioso personagem, andou por aqui e ali, sempre desfilando um futebol de nível, mas não teve sucesso. Porque é gordo. Curiosamente não parece gordo, pelo menos da maneira como se aplica a palavra a seres humanos comuns. Mas para um "atleta" de hoje é gordo. E aí está todo o pecado. Se alguém joga bola gordo, alguma coisa está errada. Se a exceção se antepõe à regra alguma coisa está errada. Como pode esse gordo desafiar esse exército de musculosos atletas que passam o dia nos aparelhos de ginástica dos clubes tentando, não aprender mais sobre o jogo de bola, mas conquistar mais músculos? E vem esse Walter que já andou de cá pra lá com seu corpinho e decide partidas! Ultimamente só se fala dele. Outro dia via um programa esportivo na TV , um bom programa, diga-se, com gente inteligente. Pois bem, nem os mais inteligentes conseguiam aceitar Walter. Os argumentos eram curiosos. Primeiro se trabalhava com uma hipótese, deliciosa, mas inverificável : se com esse peso Walter faz tudo o que faz, imagine-se o que não faria se estivesse no peso "ideal"? Parece lógico, mas não é. Me parece que Walter faz tudo o que faz exatamente porque tem o corpo que tem. Assim é a natureza, não precisa mudar nada. Outro argumento é que nos dias de hoje um atleta de nível não pode ter aquele peso. Nesse momento, no programa, surgiu a figura de outro homem dos anos 60, outro que prefere a exceção e não a regra: Alberto Helena Jr. E o Helena conseguiu imediatamente colocar as coisas no seu devido lugar, com seu sorriso irônico e sua visão de mundo privilegiada. Ele disse: jogador de futebol não é atleta. É outra coisa. Está embutida na noção de jogador de bola uma série de outras características e virtudes que frequentemente prescindem da qualidade atlética. E desfilou nomes e mais nomes de exceções, de Tostão a Sócrates, e para não se referir apenas ao passado, acrescentou nada menos que Messi, tudo, menos um atleta. Mas não conseguiu demover os outros. Ficou só com sua opinião, como convém a quem desafia a regra. Eu, para voltar ao assunto de jogadores não atletas, acrescentaria aos nomes anteriores, o do Ganso. Também não parece atleta, também é chamado de jogador antigo, dos anos 50, que não corre e não marca. Mas se alguém está sendo o responsável por essa reação que o São Paulo empreende é esse jogador diferente. Para completar vi, na quinta, Walter, em dois lances apenas destruir o Vasco e classificar o Goiás. Dois toques na bola, nada mais, mas de um jogador de alto nível. O primeiro num passe daqueles que se dizia "com a mão", que achou Hugo na frente do goleiro. Outro, uma jogada de pivô, feita só de inteligência. Dentro da área, recebendo a bola de um arremesso lateral, com zagueiros às suas costas, à sua frente e ao seu lado, deu de peito na bola colocando um companheiro em condições de marcar. Por causa de uma contusão na cabeça, Walter jogava com uma touca cirúrgica. Ficava por isso, distinguível e diferenciado no meio dos outros. Só não sei se os médicos do Goiás colocaram a touca por causa da contusão ou se foi uma homenagem, um sinal, para individualizar um craque em campo.

A mim agrada a exceção, não a regra. Por alguma deformidade quase infantil me agrada quem diz não, quem não se enquadra, quem está fora, e não segue todas as normas. Talvez isso se deva aos meus anos de formação, os terríveis anos 60, com sua rebeldia e sua mediocridade, às vezes misturadas de modo indistinguível. Espero ter ficado apenas com a rebeldia. Isso tudo pra dizer que procuro sempre exemplos de que a exceção não está morta e o diferente encontra ainda seu lugar. No futebol está difícil. Todos parecem iguais repetindo as mesmas frases e principalmente jogando da mesma maneira. Mas de vez em quando aparece alguém para me redimir. Apareceu agora o tal de Walter. Misterioso personagem, andou por aqui e ali, sempre desfilando um futebol de nível, mas não teve sucesso. Porque é gordo. Curiosamente não parece gordo, pelo menos da maneira como se aplica a palavra a seres humanos comuns. Mas para um "atleta" de hoje é gordo. E aí está todo o pecado. Se alguém joga bola gordo, alguma coisa está errada. Se a exceção se antepõe à regra alguma coisa está errada. Como pode esse gordo desafiar esse exército de musculosos atletas que passam o dia nos aparelhos de ginástica dos clubes tentando, não aprender mais sobre o jogo de bola, mas conquistar mais músculos? E vem esse Walter que já andou de cá pra lá com seu corpinho e decide partidas! Ultimamente só se fala dele. Outro dia via um programa esportivo na TV , um bom programa, diga-se, com gente inteligente. Pois bem, nem os mais inteligentes conseguiam aceitar Walter. Os argumentos eram curiosos. Primeiro se trabalhava com uma hipótese, deliciosa, mas inverificável : se com esse peso Walter faz tudo o que faz, imagine-se o que não faria se estivesse no peso "ideal"? Parece lógico, mas não é. Me parece que Walter faz tudo o que faz exatamente porque tem o corpo que tem. Assim é a natureza, não precisa mudar nada. Outro argumento é que nos dias de hoje um atleta de nível não pode ter aquele peso. Nesse momento, no programa, surgiu a figura de outro homem dos anos 60, outro que prefere a exceção e não a regra: Alberto Helena Jr. E o Helena conseguiu imediatamente colocar as coisas no seu devido lugar, com seu sorriso irônico e sua visão de mundo privilegiada. Ele disse: jogador de futebol não é atleta. É outra coisa. Está embutida na noção de jogador de bola uma série de outras características e virtudes que frequentemente prescindem da qualidade atlética. E desfilou nomes e mais nomes de exceções, de Tostão a Sócrates, e para não se referir apenas ao passado, acrescentou nada menos que Messi, tudo, menos um atleta. Mas não conseguiu demover os outros. Ficou só com sua opinião, como convém a quem desafia a regra. Eu, para voltar ao assunto de jogadores não atletas, acrescentaria aos nomes anteriores, o do Ganso. Também não parece atleta, também é chamado de jogador antigo, dos anos 50, que não corre e não marca. Mas se alguém está sendo o responsável por essa reação que o São Paulo empreende é esse jogador diferente. Para completar vi, na quinta, Walter, em dois lances apenas destruir o Vasco e classificar o Goiás. Dois toques na bola, nada mais, mas de um jogador de alto nível. O primeiro num passe daqueles que se dizia "com a mão", que achou Hugo na frente do goleiro. Outro, uma jogada de pivô, feita só de inteligência. Dentro da área, recebendo a bola de um arremesso lateral, com zagueiros às suas costas, à sua frente e ao seu lado, deu de peito na bola colocando um companheiro em condições de marcar. Por causa de uma contusão na cabeça, Walter jogava com uma touca cirúrgica. Ficava por isso, distinguível e diferenciado no meio dos outros. Só não sei se os médicos do Goiás colocaram a touca por causa da contusão ou se foi uma homenagem, um sinal, para individualizar um craque em campo.

A mim agrada a exceção, não a regra. Por alguma deformidade quase infantil me agrada quem diz não, quem não se enquadra, quem está fora, e não segue todas as normas. Talvez isso se deva aos meus anos de formação, os terríveis anos 60, com sua rebeldia e sua mediocridade, às vezes misturadas de modo indistinguível. Espero ter ficado apenas com a rebeldia. Isso tudo pra dizer que procuro sempre exemplos de que a exceção não está morta e o diferente encontra ainda seu lugar. No futebol está difícil. Todos parecem iguais repetindo as mesmas frases e principalmente jogando da mesma maneira. Mas de vez em quando aparece alguém para me redimir. Apareceu agora o tal de Walter. Misterioso personagem, andou por aqui e ali, sempre desfilando um futebol de nível, mas não teve sucesso. Porque é gordo. Curiosamente não parece gordo, pelo menos da maneira como se aplica a palavra a seres humanos comuns. Mas para um "atleta" de hoje é gordo. E aí está todo o pecado. Se alguém joga bola gordo, alguma coisa está errada. Se a exceção se antepõe à regra alguma coisa está errada. Como pode esse gordo desafiar esse exército de musculosos atletas que passam o dia nos aparelhos de ginástica dos clubes tentando, não aprender mais sobre o jogo de bola, mas conquistar mais músculos? E vem esse Walter que já andou de cá pra lá com seu corpinho e decide partidas! Ultimamente só se fala dele. Outro dia via um programa esportivo na TV , um bom programa, diga-se, com gente inteligente. Pois bem, nem os mais inteligentes conseguiam aceitar Walter. Os argumentos eram curiosos. Primeiro se trabalhava com uma hipótese, deliciosa, mas inverificável : se com esse peso Walter faz tudo o que faz, imagine-se o que não faria se estivesse no peso "ideal"? Parece lógico, mas não é. Me parece que Walter faz tudo o que faz exatamente porque tem o corpo que tem. Assim é a natureza, não precisa mudar nada. Outro argumento é que nos dias de hoje um atleta de nível não pode ter aquele peso. Nesse momento, no programa, surgiu a figura de outro homem dos anos 60, outro que prefere a exceção e não a regra: Alberto Helena Jr. E o Helena conseguiu imediatamente colocar as coisas no seu devido lugar, com seu sorriso irônico e sua visão de mundo privilegiada. Ele disse: jogador de futebol não é atleta. É outra coisa. Está embutida na noção de jogador de bola uma série de outras características e virtudes que frequentemente prescindem da qualidade atlética. E desfilou nomes e mais nomes de exceções, de Tostão a Sócrates, e para não se referir apenas ao passado, acrescentou nada menos que Messi, tudo, menos um atleta. Mas não conseguiu demover os outros. Ficou só com sua opinião, como convém a quem desafia a regra. Eu, para voltar ao assunto de jogadores não atletas, acrescentaria aos nomes anteriores, o do Ganso. Também não parece atleta, também é chamado de jogador antigo, dos anos 50, que não corre e não marca. Mas se alguém está sendo o responsável por essa reação que o São Paulo empreende é esse jogador diferente. Para completar vi, na quinta, Walter, em dois lances apenas destruir o Vasco e classificar o Goiás. Dois toques na bola, nada mais, mas de um jogador de alto nível. O primeiro num passe daqueles que se dizia "com a mão", que achou Hugo na frente do goleiro. Outro, uma jogada de pivô, feita só de inteligência. Dentro da área, recebendo a bola de um arremesso lateral, com zagueiros às suas costas, à sua frente e ao seu lado, deu de peito na bola colocando um companheiro em condições de marcar. Por causa de uma contusão na cabeça, Walter jogava com uma touca cirúrgica. Ficava por isso, distinguível e diferenciado no meio dos outros. Só não sei se os médicos do Goiás colocaram a touca por causa da contusão ou se foi uma homenagem, um sinal, para individualizar um craque em campo.

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