Comer alimentos alcalinos não previne infecção pelo novo coronavírus


Imagem compartilhada no Facebook que lista pH de comidas erra conceitos científicos básicos

Por Health Feedback

Esta checagem foi originalmente publicada pelo Health Feedback, parceiro da aliança global CoronavirusFacts. Leia mais sobre a coalizão aqui e veja o link da verificação original aqui.

Uma imagem com a alegação de que comer alimentos alcalinos pode "combater" o SARS-CoV-2, o vírus que causa a covid-19, foi compartilhada pelo menos 800 mil vezes no Facebook desde o início de abril de 2020. Esta alegação é incorreta e revela uma má compreensão fundamental dos princípios científicos básicos.

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Imagem lista pHs errados de alimentos. Foto: Reprodução/Facebook

Em primeiro lugar, os vírus não têm o seu próprio pH. Sarah Stanley, professora associada de doenças infecciosas e vacinologia na Universidade da Califórnia, em Berkeley, explicou à The Associated Press que "o pH é algo que se aplica a uma solução à base de água, o que um vírus não é".

Além disso, o pH dos diferentes tecidos, sangue e células do corpo são todos muito bem controlados, tal como o ambiente extracelular onde o vírus primeiramente se liga às células. "O corpo mantém um intervalo de pH muito estreito (de 7 a 7,4), que é o espaço em que as reações químicas que nos mantêm vivos são ideais", escreve Steven Novella, neurologista clínico da Faculdade de Medicina da Universidade de Yale.

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"Se o pH se desviar para fora deste intervalo, você ficará gravemente doente", continua Novella. "Por esta razão, os animais desenvolveram uma série de mecanismos poderosos para manter o sangue e os tecidos dentro deste intervalo muito estreito de pH. Estes mecanismos (numa pessoa saudável) se sobrepõem ao efeito do que quer que você coma ou beba".

O pH da saliva pode efetivamente variar em função da saúde global, da presença de doença periodontal ou do consumo alimentar, mas a boca não é a única via de entrada para o novo coronavírus e até agora parece não conter a mesma densidade de células contendo os receptores ACE2 aos quais o vírus visa, tal como os outros tecidos do corpo humano. Atualmente, os tecidos tidos como mais vulneráveis à infecção incluem os pulmões, o esôfago, o coração, os rins, a bexiga e os intestinos; mais uma vez, todos eles são rigorosamente controlados em termos de pH.

Finalmente, e talvez mais gritantemente, o post lista os valores de pH errados para todos os alimentos que recomenda comer para combater o SARS-CoV-2. Na verdade, todos os alimentos da lista têm um pH ácido -- isto é, abaixo do pH 7 -- e não têm pH alcalino, como o post sugere. Além disso, dois dos alimentos, o abacate e o alho, são rotulados com valores de pH que raramente ou nunca são encontrados na natureza, e muito menos em alimentos que as pessoas possam consumir com segurança.

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PH dos alimentos

Em resumo, os alimentos com qualquer pH não irão alterar o pH muito controlado dos tecidos visados pelo novo coronavírus. Por conseguinte, uma dieta alcalina não irá prevenir nem tratar a infecção pelo SARS-CoV-2.

Outros checadores também desmentiram esta alegação: o Lead Stories classificou como "Falso" e o Africa Check rotulou como "Incorreto".

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O Health Feedback tem parceria com o CoronaVirusFacts, uma coalizão de mais de 100 verificadores que combatem a desinformação relacionada à pandemia da covid-19. O Estadão Verifica é um dos integrantes da aliança. Saiba mais aqui.

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Uma imagem com a alegação de que comer alimentos alcalinos pode "combater" o SARS-CoV-2, o vírus que causa a covid-19, foi compartilhada pelo menos 800 mil vezes no Facebook desde o início de abril de 2020. Esta alegação é incorreta e revela uma má compreensão fundamental dos princípios científicos básicos.

Imagem lista pHs errados de alimentos. Foto: Reprodução/Facebook

Em primeiro lugar, os vírus não têm o seu próprio pH. Sarah Stanley, professora associada de doenças infecciosas e vacinologia na Universidade da Califórnia, em Berkeley, explicou à The Associated Press que "o pH é algo que se aplica a uma solução à base de água, o que um vírus não é".

Além disso, o pH dos diferentes tecidos, sangue e células do corpo são todos muito bem controlados, tal como o ambiente extracelular onde o vírus primeiramente se liga às células. "O corpo mantém um intervalo de pH muito estreito (de 7 a 7,4), que é o espaço em que as reações químicas que nos mantêm vivos são ideais", escreve Steven Novella, neurologista clínico da Faculdade de Medicina da Universidade de Yale.

"Se o pH se desviar para fora deste intervalo, você ficará gravemente doente", continua Novella. "Por esta razão, os animais desenvolveram uma série de mecanismos poderosos para manter o sangue e os tecidos dentro deste intervalo muito estreito de pH. Estes mecanismos (numa pessoa saudável) se sobrepõem ao efeito do que quer que você coma ou beba".

O pH da saliva pode efetivamente variar em função da saúde global, da presença de doença periodontal ou do consumo alimentar, mas a boca não é a única via de entrada para o novo coronavírus e até agora parece não conter a mesma densidade de células contendo os receptores ACE2 aos quais o vírus visa, tal como os outros tecidos do corpo humano. Atualmente, os tecidos tidos como mais vulneráveis à infecção incluem os pulmões, o esôfago, o coração, os rins, a bexiga e os intestinos; mais uma vez, todos eles são rigorosamente controlados em termos de pH.

Finalmente, e talvez mais gritantemente, o post lista os valores de pH errados para todos os alimentos que recomenda comer para combater o SARS-CoV-2. Na verdade, todos os alimentos da lista têm um pH ácido -- isto é, abaixo do pH 7 -- e não têm pH alcalino, como o post sugere. Além disso, dois dos alimentos, o abacate e o alho, são rotulados com valores de pH que raramente ou nunca são encontrados na natureza, e muito menos em alimentos que as pessoas possam consumir com segurança.

PH dos alimentos

Em resumo, os alimentos com qualquer pH não irão alterar o pH muito controlado dos tecidos visados pelo novo coronavírus. Por conseguinte, uma dieta alcalina não irá prevenir nem tratar a infecção pelo SARS-CoV-2.

Outros checadores também desmentiram esta alegação: o Lead Stories classificou como "Falso" e o Africa Check rotulou como "Incorreto".

O Health Feedback tem parceria com o CoronaVirusFacts, uma coalizão de mais de 100 verificadores que combatem a desinformação relacionada à pandemia da covid-19. O Estadão Verifica é um dos integrantes da aliança. Saiba mais aqui.

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Uma imagem com a alegação de que comer alimentos alcalinos pode "combater" o SARS-CoV-2, o vírus que causa a covid-19, foi compartilhada pelo menos 800 mil vezes no Facebook desde o início de abril de 2020. Esta alegação é incorreta e revela uma má compreensão fundamental dos princípios científicos básicos.

Imagem lista pHs errados de alimentos. Foto: Reprodução/Facebook

Em primeiro lugar, os vírus não têm o seu próprio pH. Sarah Stanley, professora associada de doenças infecciosas e vacinologia na Universidade da Califórnia, em Berkeley, explicou à The Associated Press que "o pH é algo que se aplica a uma solução à base de água, o que um vírus não é".

Além disso, o pH dos diferentes tecidos, sangue e células do corpo são todos muito bem controlados, tal como o ambiente extracelular onde o vírus primeiramente se liga às células. "O corpo mantém um intervalo de pH muito estreito (de 7 a 7,4), que é o espaço em que as reações químicas que nos mantêm vivos são ideais", escreve Steven Novella, neurologista clínico da Faculdade de Medicina da Universidade de Yale.

"Se o pH se desviar para fora deste intervalo, você ficará gravemente doente", continua Novella. "Por esta razão, os animais desenvolveram uma série de mecanismos poderosos para manter o sangue e os tecidos dentro deste intervalo muito estreito de pH. Estes mecanismos (numa pessoa saudável) se sobrepõem ao efeito do que quer que você coma ou beba".

O pH da saliva pode efetivamente variar em função da saúde global, da presença de doença periodontal ou do consumo alimentar, mas a boca não é a única via de entrada para o novo coronavírus e até agora parece não conter a mesma densidade de células contendo os receptores ACE2 aos quais o vírus visa, tal como os outros tecidos do corpo humano. Atualmente, os tecidos tidos como mais vulneráveis à infecção incluem os pulmões, o esôfago, o coração, os rins, a bexiga e os intestinos; mais uma vez, todos eles são rigorosamente controlados em termos de pH.

Finalmente, e talvez mais gritantemente, o post lista os valores de pH errados para todos os alimentos que recomenda comer para combater o SARS-CoV-2. Na verdade, todos os alimentos da lista têm um pH ácido -- isto é, abaixo do pH 7 -- e não têm pH alcalino, como o post sugere. Além disso, dois dos alimentos, o abacate e o alho, são rotulados com valores de pH que raramente ou nunca são encontrados na natureza, e muito menos em alimentos que as pessoas possam consumir com segurança.

PH dos alimentos

Em resumo, os alimentos com qualquer pH não irão alterar o pH muito controlado dos tecidos visados pelo novo coronavírus. Por conseguinte, uma dieta alcalina não irá prevenir nem tratar a infecção pelo SARS-CoV-2.

Outros checadores também desmentiram esta alegação: o Lead Stories classificou como "Falso" e o Africa Check rotulou como "Incorreto".

O Health Feedback tem parceria com o CoronaVirusFacts, uma coalizão de mais de 100 verificadores que combatem a desinformação relacionada à pandemia da covid-19. O Estadão Verifica é um dos integrantes da aliança. Saiba mais aqui.

Esta checagem foi originalmente publicada pelo Health Feedback, parceiro da aliança global CoronavirusFacts. Leia mais sobre a coalizão aqui e veja o link da verificação original aqui.

Uma imagem com a alegação de que comer alimentos alcalinos pode "combater" o SARS-CoV-2, o vírus que causa a covid-19, foi compartilhada pelo menos 800 mil vezes no Facebook desde o início de abril de 2020. Esta alegação é incorreta e revela uma má compreensão fundamental dos princípios científicos básicos.

Imagem lista pHs errados de alimentos. Foto: Reprodução/Facebook

Em primeiro lugar, os vírus não têm o seu próprio pH. Sarah Stanley, professora associada de doenças infecciosas e vacinologia na Universidade da Califórnia, em Berkeley, explicou à The Associated Press que "o pH é algo que se aplica a uma solução à base de água, o que um vírus não é".

Além disso, o pH dos diferentes tecidos, sangue e células do corpo são todos muito bem controlados, tal como o ambiente extracelular onde o vírus primeiramente se liga às células. "O corpo mantém um intervalo de pH muito estreito (de 7 a 7,4), que é o espaço em que as reações químicas que nos mantêm vivos são ideais", escreve Steven Novella, neurologista clínico da Faculdade de Medicina da Universidade de Yale.

"Se o pH se desviar para fora deste intervalo, você ficará gravemente doente", continua Novella. "Por esta razão, os animais desenvolveram uma série de mecanismos poderosos para manter o sangue e os tecidos dentro deste intervalo muito estreito de pH. Estes mecanismos (numa pessoa saudável) se sobrepõem ao efeito do que quer que você coma ou beba".

O pH da saliva pode efetivamente variar em função da saúde global, da presença de doença periodontal ou do consumo alimentar, mas a boca não é a única via de entrada para o novo coronavírus e até agora parece não conter a mesma densidade de células contendo os receptores ACE2 aos quais o vírus visa, tal como os outros tecidos do corpo humano. Atualmente, os tecidos tidos como mais vulneráveis à infecção incluem os pulmões, o esôfago, o coração, os rins, a bexiga e os intestinos; mais uma vez, todos eles são rigorosamente controlados em termos de pH.

Finalmente, e talvez mais gritantemente, o post lista os valores de pH errados para todos os alimentos que recomenda comer para combater o SARS-CoV-2. Na verdade, todos os alimentos da lista têm um pH ácido -- isto é, abaixo do pH 7 -- e não têm pH alcalino, como o post sugere. Além disso, dois dos alimentos, o abacate e o alho, são rotulados com valores de pH que raramente ou nunca são encontrados na natureza, e muito menos em alimentos que as pessoas possam consumir com segurança.

PH dos alimentos

Em resumo, os alimentos com qualquer pH não irão alterar o pH muito controlado dos tecidos visados pelo novo coronavírus. Por conseguinte, uma dieta alcalina não irá prevenir nem tratar a infecção pelo SARS-CoV-2.

Outros checadores também desmentiram esta alegação: o Lead Stories classificou como "Falso" e o Africa Check rotulou como "Incorreto".

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